O Ajuste Levy (até hoje), a crise e os interesses das grandes potências

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Samuel Pinheiro Guimarães

No Brasil 247

1. O Brasil não se encontra em um vácuo econômico e político mundial, pois o Brasil não é um pequeno país de qualquer ponto de vista, seja de território, de população, de recursos naturais, de parque econômico.

2. Além de tudo aquilo que seus trabalhadores e empresários conquistaram e construíram, o Brasil tem um enorme potencial econômico em termos de mercado, de recursos naturais, de parque industrial, agrícola e de serviços instalados. E um enorme potencial político.

3. Mas o Brasil se encontra no meio, e sofrendo os efeitos, de uma persistente, quase crônica, crise econômica internacional.

4. E duas graves disputas políticas, em esferas regionais, se desenrolam entre os Estados Unidos e a Rússia e entre os Estados Unidos e a China, com consequências para a América do Sul.

5. A Operação Lava Jato e o Ajuste Levy (que esperamos possa ser abandonado com a substituição de Joaquim Levy por Nelson Barbosa) criaram uma crise econômica interna de graves consequências e seu desenrolar tem se verificado muito útil às Grandes Potências,inclusive aos interesses da China.

6. Ao lado dos efeitos catastróficos do Ajuste Levy, a economia e o Estado, às vésperas de um necessário programa de expansão da infraestrutura brasileira, em que extraordinários recursos terão de ser investidos pelo Estado, são atingidos pela Operação Lava Jato.

7. Esta Operação, executada através de um sistema autoritário de delações premiadas, seletivamente vasadas para a imprensa, e de punições extremas, sem condenação final, de executivos dasprincipais empresas brasileiras de capital privado as tornam vulneráveis a aquisição por megaempresas multinacionais de engenharia, em nome de um moralismo unilateral e midiático,  que tem data no tempo,  pois, até 2003, como todos sabemos, o Brasil vivia no paraíso das virgens e dos anjos emplumados de longos bicos. 

8. O fracasso do Ajuste Levy, que criou a recessão e o desemprego, através de altíssimas taxas de juros, do corte de investimentosauto-justificado pela queda das receitas tributárias, permitiu, apesar de fracassado, que executassem seus objetivos ocultos de privatização, flexibilização do mercado de trabalho, redução das conquistas e programas sociais e desnacionalização, com o objetivo de agradar ao “Mercado”, sempre insaciável.

9. Executam um programa de privatização, disfarçado de venda de ativos das empresas estatais, tal como a alienação de dois dos mais lucrativos campos do pré-sal; está em curso um processo de desnacionalização da economia, sem que haja qualquer reação das autoridades, como mostram os episódios recentes da compra de 27% da AZUL pelos chineses,e do IBMEC, por 750 milhões, por uma empresa americana, entre dezenas de outras aquisições, inclusive nas áreas estratégicas da educação e da saúde.

10. Os movimentos sociais defendem a democracia contra o golpismo e a legitimidade do mandato da Presidente Dilma Rousseff,e deixam claro que este apoio se verifica na medida em que a Presidenta execute um programa de desenvolvimento e abandone o programa de recessão e desemprego,que é o Ajuste Levy, ou que nome tenha.

11. É indispensável e urgente que os movimentos sociais enxerguem para além da situação interna e indaguem a quem, no exterior, o Ajuste Levy e arecessão estão beneficiando.

12. O Brasil, como projeto de fortalecimento de uma economia mista capitalista, com inclusão social e soberania externa, está sendo desarticulado pela ação dos grupos conservadores que, no Brasil, adotaram a ideologia econômica neoliberal em sua forma extremada, em aliança com aquelas Grandes Potências, e seus pequenos associados, a quem não interessa o desenvolvimento autônomo do Brasil e a emergência de uma nova Potência.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

6 Comentários

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  1. A menos ruim

    Perdoe-me, mas Dilma esqueceu da velha expressão “errar é humano; persistir no erro, burrice”. As melhores qualidades do líder são coragem de arriscar  e coragem de recuar quando necessário, tudo em favor do bom projeto político. Dilma, infelizmente, na área econômica, até agora, não teve coragem de arriscar. Entrou na conversa mole conservadora e segura do ajuste neoliberal tentando agradar o mercado, e persistiu no erro, mantendo a política neoliberal corporificada por Levy até não mais poder. Só se desfez de Levy quando o governo chegou à beira do abismo, quer dizer, não recuou, foi recuada. Nas circunstâncias, o recuo a que Dilma foi obrigada é expressão de fraqueza e desespero, mas não precisava ter sido assim. Dilma poderia ter recuado por iniciativa própria, sem se enfraquecer desnecessariamente.

    Já vi muita gente boa sucumbir à arrogância que é subproduto nefasto do poder, e Dilma parece não ter fugido à regra (é por estas e outras que admiro rapazotes jogadores de futebol, vindos da pobreza, teoricamente menos preparados para a vida, que conseguem, com o mundo a seus pés, conservar a humildade e, principalmente, o bom senso, a lucidez).

    Peço perdão, mas o fato é este mesmo, e é desagradável, para quem, assim como eu, acreditava que Dilma era a melhor opção (sob o ponto de vista dos verdadeiros democratas) entre os candidatos a dirigente do país. Hoje, infelizmente, acredito que Dilma seja, apenas, a opção menos ruim. 

    Espero que Dilma compreenda a extrema generosidade e sabedoria política de sua base eleitoral que, mesmo tendo sido posta de lado pela presidente, para se dizer o mínimo, continuou sustentando-a. Dilma preferiu ser cortês com os adversários políticos e duramente inflexível com a própria base eleitoral. Isto é o que se chama de ingratidão burra.

    A propósito: há alguém no governo que consiga discordar de Dilma e que consiga ser verdadeiramente ouvido por ela? Ou a turma toda fica a balançar a cabeça assentido como vaquinha de presépio (eis que o Natal está a chegar)?

  2. O PT perdeu para os rentistas…

    Toda vez que sair post assim vou repetir isto. O PT perdeu para os rentistas (frase anonima) na crise de 2008. Os juros da Selic estavam em 7,8% e com viés de baixa, aí o Meirelles criou o factóide de que estava impactando a poupança e os títulos de renda fixa, a partir deste momento impulsionado pela marolinha do Lula foi-se aumentando a Selic novamente até chegar onde estamos e falar de aumento de juros e corte de gastos num país com demanda reprimida e achar que vão diminuir as dívidas do setor público é uma falácia e tanto.

    O PT perdeu junto com o PSDB a guerra contra os rentistas. Nova esperança está em outro partido. Talvez daqui há 20 anos.

    1. Perdeu devido a uma campanha

      Perdeu devido a uma campanha terrível feita pela midia hegemônica, para subir o juros. Talvez se houvesse uma mobilização da massa trabalhadora teria vencido. O desemprego iniciou o seu caminho de alta a partir do Lava Jato, a massa trabalhadora deveria se mobiilizar e não fez. O resultado está aqui. Talvez haja esperança!! Agora.

  3. A função do levy foi essa….

    Não….Não foi servir de ponte para nenhuma transição…..Foi apenas  para compor o cenário dos  telejornais do agente no. 1 do PIG  desde a ditadura…

  4. Esse senhor é patético. Dizer

    Esse senhor é patético. Dizer que o país “sofre os efeitos de uma persistente, quase crônica, crise econômica internacional” não faz nenhum sentido, sabendo que nossos índices de crescimento (ou de retração, na verdade), por incompetência do governo,  são desastrosos em comparação com os demais emergentes e latinos. Será que ele crê enganar alguém, ou é só a satisfação do auto-engano?

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