O avanço nas pesquisas com energias sustentáveis

Do Valor 

Pesquisas avançam em todas as áreas

Soraia Duarte

Em apenas três anos, o Programa Fapesp de Pesquisa em Bioenergia (Bioen) multiplicou por dez a quantidade de projetos relacionados ao uso da biomassa de cana. Quando criado, em 2008, contabilizava nove. Hoje, são 90. “Há interesse da indústria e de toda a sociedade para gerar soluções”, destaca Glaucia Mendes Souza, uma das coordenadoras do Bioen.

O Bioen é a principal frente de atuação da Fapesp em energias sustentáveis. “Concentra a maior parte dos esforços”, destaca Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp. A Fundação já destinou R$ 80 milhões ao Bioen, recursos que se somam a aportes de R$ 55 milhões feitos pelo governo do Estado de São Paulo e aos R$ 10 milhões investidos pelas empresas parceiras do projeto. Dentre elas estão Dedini, Braskem, Oxiteno e Microsoft.

A Fapesp, ressalta Brito Cruz, também apoia outras pesquisas relacionadas a energias sustentáveis, principalmente sobre energia eólica, solar e mudanças climáticas. “Mas é um conjunto menor que o Bioen”, afirma.

Os resultados atingidos pelo Bioen, programa criado para durar até 2019, já gerou um “spin off” (empresa ou entidade que nasce a partir de um grupo de pesquisa). As três universidades estaduais de São Paulo – Unicamp, Unesp e USP – uniram-se para criar o Centro Paulista de Pesquisa em Bioenergia que, a partir do próximo ano, irá abrigar os projetos do Bioen. As universidades destinarão R$ 100 milhões, nos próximos anos, diz Brito Cruz.

As pesquisas desenvolvidas no Bioen, diz Glaucia, estão divididas em cinco grupos: bioenergia, fabricação de biocombustíveis, biorrefinarias, aplicação para motores automotivos e impactos socioeconômicos, ambientais e uso da terra. Entre as já realizadas, está o desenvolvimento de um tipo de cana resistente à seca. Em curso, estão projetos para a criação de uma biorrefinaria, que somará a produção de eletricidade, querosene, biodiesel e plásticos. “Nosso desafio é integrar tudo isso, produzindo compostos que agregam valor e diminuem a emissão de carbono, de poluentes e o consumo de água”.

Enquanto São Paulo se destaca nas pesquisas em biomassa, os estudos relacionados a energia eólica se concentram no Nordeste, região que apresenta maior potencial eólico. Tais pesquisas, diz Ivonice Campos, diretora da Associação Brasileira das Empresas de Energias Renováveis (Abeer), foram fundamentais para desenvolver essa alternativa. “Tornaram a energia eólica competitiva em custos e tecnologia”, diz.

Ela destaca o Centro Brasileiro de Energia Eólica (CBEE), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Dentre as várias iniciativas lá desenvolvidas, Alexandre Costa, diretor de Eólica do Centro de Energias Renováveis (CER) da UFPE, menciona a instalação do primeiro aerogerador comercial de grande porte na América do Sul. “Era uma máquina de 75 kW de potência nominal conectada à rede elétrica de Fernando de Noronha, que é alimentada por um grupo de geradores a diesel”, afirma. Mais recentemente, diz Costa, o CBEE voltou a conectar um aerogerador de grande porte ao sistema de Fernando de Noronha, porém com tecnologias mais avançadas e uma potência três vezes superior, chegando a 225 kW.

Para continuar suas atividades de pesquisa, o CBEE passa por uma remodelação. Está se unindo ao Grupo de Fontes Alternativas (FAE), também da UFPE, parceria que está dando origem ao Centro de Energias Renováveis. “Nossa perspectiva é somar a tradição do CBEE em eólica à trajetória do FAE, que é igualmente longa e sólida, mas em energia solar”. O novo centro será abrigado pela UFPE, e deve estar em operação até o final de 2013.

Outras pesquisas em energia solar estão em curso no Rio Grande do Sul, onde a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) desenvolve um projeto para geração de energia fotovoltaica de 550 kW. “Será uma espécie de microusina geradora, instalada no centro de Porto Alegre”, diz Marcelo Sampaio, chefe da Divisão de Projetos Especiais da CEEE. Nesse projeto piloto, a energia solar, captada em painéis fotovoltaicos, será injetada na rede de energia elétrica. 

Luis Nassif

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