O crescimento baseado em investimento público e agropecuária

Comentário ao post “Crescimento, a médio prazo”

Caro Nassif, como publiquei hoje em meu blog do Terra Magazine, uma empurradinha de curto prazo poderá ajudar a sua tese. Abaixo:

“Tudo indica estar temporariamente esgotada a possibilidade do crescimento da economia brasileira estar fincado sobre o consumo das famílias.

Para emprego e renda voltarem com vigor seria necessário novo impulso à mobilidade vertical de classes sociais, o que estamos assistindo impossível no momento.

Dito isso, para que no próximo ano retorne ao crescimento em taxas mais elevadas o País deverá contar com apenas dois vetores: o investimento público e a agropecuária.

Investimento na iniciativa privada, sempre com um (às vezes dois) pé atrás, só voltará quando houver certeza de expansão da demanda. Ou mais três BNDES.

Vamos, então, à agropecuária, cortando para o último mês de abril, quando a consultoria norte-americana Hackett Financial Advisors anunciou estar próxima uma queda histórica nas cotações da soja e aconselhou seus clientes a venderem tudo, pois o miserê seria prolongado.

Na mesma época, folhas e telas cotidianas contavam desastres similares para a agropecuária brasileira.

Nos dois casos manifestei aqui pensamento contrário.

Diante da estrondosa carência de argumentos do conselheiro Hackett, somente poder-se-ia pensar estar tentando jogada financeira cavernosa (ver 24/04). Menos culpada, a mídia nacional, mais uma vez, reproduzia o vodu pessimista dos analistas que usa consultar (ver 14/06).

Pois bem, a soja, que já estava com bons preços, disparou 32% neste ano, em Chicago. Aqui e lá fora, ajudada por problemas climáticos e consumo sustentado.

Prevê-se grande plantio da cultura na próxima safra. O dólar mais caro e a oferta de crédito irão ajudar. Um maior uso de tecnologia já está garantido pela compra antecipada de insumos.

Outra barbada é o milho. Estava bom e agora melhorou. A cotação internacional aumentou 12% em um ano e o Brasil acabou de colher a 2ª safra do cereal, com aumento de 23% na área e 61% na produção.

Notaram que evitei chamar a 2ª safra de safrinha como ela é conhecida? Claro, como “inha” se os mesmos 35 milhões de toneladas colhidos na 1ª se repetiram na 2ª?

Na carona do milho e da soja, nos últimos 30 dias, tiveram cotações mais altas café, cacau, suco de laranja, trigo, açúcar, ítens do complexo de carnes. Sim, houve algumas quedas. Assim vivem as commodities.

Mas fundamental nessa conversa é saber que enquanto a peteca do setor industrial estiver caindo feio, 2013 dependerá de que nenhum desastre climático perturbe o desempenho do agronegócio e sua capacidade de irrigar riqueza para outros setores.

Feliz 2013, pois, meus caros. Graças à produção rural”.

Luis Nassif

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