Há uma falta de informação generalizada sobre a situação do abastecimento de insumos na indústria. Disseminam-se situações de falta de matéria prima, aumento descontrolado dos preços, especialmente dos comercializáveis, a formação de bolhas de estoques.
Vamos a um retrato de uma pequena cidade do sul de Minas, onde me encontro.
Nos salões de beleza, o conselho é para estocar material de beleza, porque irá faltar nos próximos meses. Na limpeza da piscina, o especialista recomenda estocar cloro, porque pode faltar.
Na fábrica de toalhas, as vendas ainda estão aquecidas. Mas houve explosão nos preços do algodão, do material plástico (inclusive reciclados) e de papelão. Para conseguir algodão, há uma caça a produtores sem condições de exportar, por razões burocráticas. Quem pode, exporta.
Até agora, tem-se um mercado aquecido para produtos de menor valor, em geral garantidos pela renda básica aprovada pelo Congresso. Para 2021, tem-se o seguinte quadro:
1. Fim da renda básica.
2. Pressão sobre preços ao produtor, especialmente de produtos influenciados pelo dólar. Este ano o IGP-M, que reflete as variações cambiais, aumentou mais de 20%.
3. Explosão do desemprego, com o fim da renda básica despejando no mercado de trabalho milhões de pessoas sem acesso a emprego.
4. Atraso na vacinação, postergando a normalização da economia.
5. Queda drástica na arrecadação fiscal da União, estados e municípios, com a queda do nível de atividade e a sujeição irracional da Economia à Lei do Teto. Este ano, uma das razões do aumento do déficit público foi, justamente, a queda da receita, decorrente da recessão.
6. Um presidente da República cada vez mais perdido e propenso a aventuras irracionais.
7. Uma oposição que não se entende, na qual todas as partes defendem o pacto, mas nenhuma abre mão de ser o protagonista mais relevante.
8. Um Supremo Tribunal Federal que só se ada foi pmove quando é diretamente ameaçado por Bolsonaro. Basta Bolsonaro refrear a fala para ganhar enorme espaço na destruição de todas as políticas públicas, sem reação do STF.
E Bolsonaro continua recorrendo à escatologia para desviar as discussões dos temas essenciais. Desviou o tema do fracasso enorme da sua política de vacinação com declarações ironizando a tortura de Dilma Rousseff. Conseguiu, ao mesmo tempo, diluir o tema da vacina e contentar sua base de seguidores.
A política de vacinação tem sido um amplo fracasso.
O Ministério da Saúde já deveria ter seu plano de vacinação acertado com estados e municípios. Já deveria ter adquirido seringas e outros equipamentos necessários. Finalmente, já deveria ter acertado a compra de vacinas, mesmo condicionando o fechamento do negócio à aprovação da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Até agora, nada foi providenciado. A temeridade de colocar um general jejuno em saúde à frente da pasta certamente custou milhares de vidas a mais, exterminadas ou prejudicadas pela doença.
Mas o país padece de uma insensibilidade crônica em relação aos seus. Continua permitindo todas as estripulias a Bolsonaro, desde que garanta a continuidade do grande negócio do desmonte do Estado.
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8. “que só se ada foi pmove” ???
A destruição é projeto. Enquanto as instituições estiverem ganhando o seu, nada farão:
https://veja.abril.com.br/politica/stf-faz-licitacao-de-r-11-milhao-para-comprar-lagostas-e-vinhos/
https://veja.abril.com.br/brasil/no-exercito-bebida-alcoolica-vira-item-da-cesta-basica/
Acho que foi erro de digitação o “…que só se ada foi pmove quando…” . Acho que quiseram dizer “que só se move”.
“…nenhuma abre mão de ser o protagonista mais relevante”
“Protagonista” de quê, meu deuxxx?!
As boçalidades de mercado fazem a cabeça de 2/3 do Congresso; o boçalnaro REPRESENTA 1/3 do eleitorado que engoliu doutrinação meritocrática e antissocial ao longo de décadas.
Poucos entenderam o “cambio” do boçalão ao abraçar a cartilha neoliberal: “era o que tinha” de discurso econômico antipetista; ele viu o cavalo selado e montou. Até anteontem ele vociferava contra as privatizaçoes de estatais criadas pelos militares e outras mais.
A coalizao pela desigualdade continua firme e forte. Estão se estranhando na chamada “pauta moral” e nas relações internacionais, “e olhe lá”. Como o Mourão bem disse, o 00 é somente “mais fisico”. Ou seja, são feitos da mesma lama, do mesmo barro, só o tempo de cozimento que difere. Ali Kamel, FH, Lara Resende, veio da Havan, Caiado….tudo a mesma sopa.
…Duas gerações pra reverter isso aí, “taok”?
E olhe lá! Com cagação de tese é que nao vai ser.
e a inflação? perfunta de trabalhador q toma ônibus e leu Brecht e Honneth…
E provavelmente não teremos o “Festival de Música das Montanhas”. Arrume uma turma e vá tocar.
E nesse panorama econômico, vá entender o comportamento da bolsa. Abraços e Feliz 2021.
Qual é o nome da música: Réquiem.
Bozo, o It, vai fazendo suas palhaçadas enquanto Paulo Guedes abraça o inimigo e põe uma granada em seu bolso. O inimigo é o povo.
Existe uma disfuncionalidade na economia, atualmente, mas que pelo visto ninguem está se apercebendo.
A taxa de juros excessivamente baixa, atualmente negativa em torno de 3% ( selic a 2% e uma inflação corrente em torno de 5%). O correto, atualmente, seria uma selic de 6 a 8%, o que levaria a uma taxa real de juros de 2%.
Essa taxa, ridiculamente baixa, está impactando os ativos reais, imóveis e ações principalmente e causando uma espécie de bolha, ou pré-bolha.
Essa situação não pode perdurar por muito tempo, não tem como.
Ou a selic vai subir, impactando assim a dívida pública e aumentando ainda mais todos os juros por ela balizados ou a inflação vai cair, voltando a corrente, próxima a zero, e isso só será possível se a economia voltar a não crescer nada este ano, que é algo que parece que não irá acontecer, até pela queda grande que houve ano passado.
Enfim, a meu ver é uma grande disfuncionalidade, e de dificil solução e que me parece que ninguem está enxergando.
Vamos aguardar para ver como esse fator será resolvido este ano.