O Pibinho de Paulo Guedes, por Luis Nassif

Em pouco tempo, comandando o superministério que lhe foi conferido, Guedes conseguiu jogar fora até os 6 meses de bônus que acompanha todo início de governo.

O PIB do 1º trimestre é responsabilidade total de Paulo Guedes, o Ministro da Economia. Em pouco tempo, comandando o superministério que lhe foi conferido, Guedes conseguiu jogar fora até os 6 meses de bônus que acompanha todo início de governo.

Os dados divulgados pelo IBGE mostram uma queda de 0,5 ponto no PIB estimado do trimestre. Os setores que subiram têm pouca repercussão no PIB. Os que caíram, tem muita: indústria extrativa, de transformação e de construção.

O quadro é pior quando se compara com os dados do país pré-crise. Em relação ao 1º trimestre de 2014, há uma redução de 5% no PIB, 3,1% no consumo das famílias, 1,3% no consumo do governo e de trágicos 27,8% da Formação Bruta de Capital Fixo.

Entre as maiores quedas, há 31,4% na construção, 13,7% na indústria de transformação, 12,9% na indústria total.

Não há o menor sinal da vida da parte de Paulo Guedes, mesmo se estando a poucos meses de um apagão nas contas públicas – amarradas pela Lei do Teto.

Está semana, um grupo de empresários esteve com Carlos Costa, o preposto de Guedes para o que era o Ministério de Desenvolvimento, Investimento e Comércio Exterior. Pediram planos, novidades, alguma iniciativa visando estimular a indústria. A resposta foi que Guedes colocou toda a responsabilidade nas costas do Banco Central, e não quer nenhum subordinado interferindo no assunto.

O BC não toma nenhuma medida para destravar o mercado de crédito, para conter os spreads, que estão em alta, para limpar o nome dos milhões de consumidores jogados no limbo por uma crise sistêmica.

A gestão de política econômica, assim como de uma empresa, não pode se restringir à Tesouraria: a fixação exclusiva no déficit público. Guedes se comporta como o cirurgião que leu os livros sobre o corpo humano, mas só sabe utilizar antibióticos. Ante qualquer outra restrição trava e fica esperando a pneumonia – a frustração da reforma da Previdência – para recorrer aos antibióticos.

Há algumas decisões que exigem o enfrentamento dos próprios fantasmas, que seria o caso de gastos públicos em investimento, seja pela venda de parte das reservas ou pela autorização para uma aumento da dívida pública.

Há os bancos públicos podendo estimular a oferta de crédito e a redução dos spreads bancários. Ou então, montar um programa nacional para resolver a questão da inadimplência e das restrições de crédito de pessoas físicas e jurídicas.

Mas Guedes não veio para resolver problemas, e sim para se esconder atrás de bordões ideológicos.

É incapaz de acelerar os programas de concessões, as PPPs, menos ainda  criar frentes de trabalho para contornar um desemprego desesperador.

As decisões de investimento não dependem apenas da maior ou menor rigidez fiscal de um país. Dependem de demanda, da confiança na estabilidade política e social, da crença na vocação de crescimento, nas redes de apoio aos desassistidos sabendo que, sem elas, haverá o crescimento exponencial da criminalidade, em um  país já dirigido por um aliado de organizações criminosas.

Mas não se exija de Guedes nenhum pensamento mais sofisticado sobre ambientes econômicos, políticos e sociais adequados para o desenvolvimento.

Em algum momento, cairá a ficha do próprio Bolsonaro sobre os riscos políticos provocados pela incapacidade abismal de Guedes de tomar qualquer atitude pro ativa.

Luis Nassif

11 Comentários

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  1. “Em algum momento, cairá a ficha do próprio Bolsonaro sobre os riscos políticos provocados pela incapacidade abismal de Guedes de tomar qualquer atitude pro ativa.”

    Tá de brincadeira, Nassif?! Ou a sua torcida está embaçando a sua bola de cristal? Todos, todos foram avisados que se trata de um aglomerado de estúpidos!

    De um FHC, por exemplo, não surpreende uma frase dessas…Mas, “me admira” ler você cometer uma dessas…

    É respirar fundo, agora…

  2. Parece que o Guedes quer mesmo que o ambiente econômico se deteriora mais para justificar privatizações de empresas públicas como o Banco do Brasil, a Caixa e a Petrobras!

  3. Bolsonaro não irá fazer nada porque na bolha onde ele vive a economia real não importa. Lembra da entrevista onde ele admitia que sonegava tudo que pudesse?

    Desde que consiga armar os milicianos, o resto não importa. E ainda há pobres de direita defendendo esse presidente incapaz…

  4. “Em algum momento, cairá a ficha do próprio Bolsonaro sobre os riscos políticos provocados pela incapacidade abismal de Guedes de tomar qualquer atitude pro ativa.”
    Você tem algum palpite para a Mega-Sena acumulada?

  5. Você deve considerar que o único objetivo de Guedes é entregar o sistema de previdência para os bancos e depois fugir do país para desfrutar da generosa comissão que ele irá receber no processo.

  6. Embora politicamente seja correto atribuir ao atual ocupante do ministério da economia a culpa pelo fracasso estrondoso da economia,é preciso lembrar,para que não se faça simplesmente uma torca de peças futuramente,que eles,assim como todos os golpistas,defendem esta política econômica,esta sim a verdadeira culpada pelo fracasso.
    Pode ser que este fantoche de ministro,assim como outros que desfilam de guarda-chuva,esteja somente cumprindo ordens.Ordens que levam o país a um buraco ainda maior para utilizar como arma a chantagear a parte ignara da população a apoiar medidas inócuas e que somente beneficiam o sistema financeiro e os rentistas.
    Algumas formulas para minimizar o impacto foram elencadas no post mas,uma em especial não pode ser deixada de lado: Os spreads bancários. Como pode,com a taxa de juros em patamr historicamente mais baixo de sua história manter este spread? Porque o governo não utiliza os bancos públicos,como feito no saudoso passado dos governos populares do presidente Lula e presidenta Dilma,para baixar essa taxa de juros escandalosa de quase 3005 ao ano cobrada dos consumidores e que impactam diretamente na produção e no emprego?
    Os bancos brasileiros,aquele que o narigudinho anuncia à frente,estão entre os de maior rentabilidade no mundo.
    Como é possível,em um pais que está,como gostam de frisar estes ocupantes do governo nacional,a beira do precipício,explicar que no pós golpe,mesmo com o país ainda abaixo do patamar de antes do golpe,o bancos tenham acumulado um crescimento de quase 20%?
    Essa gente,manipulada pela mão quase visível do golpe,não tem compromisso nenhum com o país e quanto antes forem defenestrados de seus postos melhor será para todos.

  7. eleito com um fake mito anti-sistema, o que o Capitão-Presidente oferece à imensa maioria de uma população endividada, desempregada e precarizada?

    ainda mais dívidas. ainda mais desemprego. ainda mais precarização. sem nenhuma medida concreta sobre geração de renda.

    através do aprofundamento do austericídio encaminhado pelo Chicago’s Oldie Paulo Guedes, Bolsonaro repete a mesma velha política econômica do sistema: concentração e desigualdade.

    como nenhum austericídio se viabiliza sem um Estado Autoritário, a aplicação deste ultra-liberalismo selvagem, no qual até o Palácio do Planalto é passível de privatização, exige um processo de fechamento.

    lento, gradual e seguro?

    passo a passo, os Generais farão uma volta redonda no tempo num retorno ao AI-5, numa de nossas sinistras sextas-feiras em 13/12/1968?

    mas tudo conspira contra o projeto ditatorial dos Generais, desde uma economia em flagelos até um cenário externo entre uma nova crise financeira e o escalonamento das guerras localizadas.

    agora é o próprio Diabo, sem qualquer misericórdia, que aponta aos Generais a entrada do Inferno.

    bem-vindo sejam!
    .

  8. O grande problema do Brasil, um dos maiores, é que esses Ministros não sofrem as consequências de suas péssimas gestões. Qualquer servidor público, se fizer uma cagada, cometer um erro, poderá sofrer um PAD. No caso de um Guedes da vida, não acontece nada. Quando chegar a hora ele será demitido, pegará o bone e voltará para sua vida confortável. É uma longa lista de tecnocratas que só pensam em sua própria turma. O povo é um mero detalhe. Enquanto um Ministro da Economia não for responsabilizado diretamente por suas ações ou omissões, nada mudará.

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