O que arrebentou a economia foi o câmbio, diz Bresser-Pereira

Jornal GGN – Professor da Fundação Getúlio Vargas e ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso, Luiz Carlos Bresser-Pereira defende o ajuste fiscal promovido pelo Ministério da Fazenda e afirmou que o dólar a R$ 2 foi uma “bomba” deixada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para sua sucessora, Dilma Rousseff. “O que arrebentou a economia foi o câmbio, que provocou uma desindustrialização”.

Em entrevista para a BBC Brasil, Bresser-Pereira defendeu o retorno da CPMF, que considera um imposto “pequeno e necessário”, e critica a taxa de juros praticada pelo Banco Central: “com essa recessão não precisamos de juros mais altos para segurar os preços – o que, além de ser um empecilho para a retomada dos investimentos, têm um custo financeiro enorme”.

Enviado por bfcosta

Da BBC Brasil

‘O que arrebentou a economia foi o real forte’, diz ex-ministro
 
Ruth Costas

Em tempos de polarização da política e do debate econômico, o professor da Fundação Getúlio Vargas Luiz Carlos Bresser-Pereira se recusa a se enquadrar em categorias preconcebidas.

Amigo pessoal e ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso (FHC), ele apoiou Dilma Rousseff nas últimas eleições.

É um orgulhoso desenvolvimentista (linha que defende ação ativa do Estado na promoção do desenvolvimento econômico), mas também um defensor do ajuste fiscal que está cortando o orçamento da saúde e educação.

Seu apoio ao governo também não o dissuade de classificar a gestão Dilma como “desastrosa” em muitos aspectos.

Nem de acusar Luiz Inácio Lula da Silva de promover um “populismo cambial” ao manter o dólar a R$ 2 para garantir a eleição de sua sucessora e apaziguar a classe média, que hoje, segundo ele, teria desenvolvido um ódio “profundo” e “irracional” ao PT.

“O dólar a R$ 2 foi o pior legado de Lula, a bomba que ele deixou para Dilma”, afirma. “Fala-se no superávit primário, mas até 2012 não tivemos problema nessa área (…) O que arrebentou a economia foi o câmbio, que provocou uma desindustrialização.”

Aos 81 anos, Bresser já esteve no PMDB e foi um dos fundadores do PSDB. Foi ministro da Fazenda do governo José Sarney (quando um plano com seu nome falhou no controle da inflação), ministro da Reforma do Estado no primeiro mandato de FHC e de Ciência e Tecnologia no segundo.

Ele falou com a BBC Brasil em seu escritório, em São Paulo, dias antes de receber o Prêmio Juca Pato de Intelectual do Ano da União Brasileira de Escritores.

BBC Brasil – Muitos de seus colegas desenvolvimentistas estão criticando o ajuste fiscal. Como vê essas críticas?

Luiz Carlos Bresser-Pereira – São críticas dos desenvolvimentistas populistas ou keynesianos vulgares. Acredito que o Estado deve ter uma intervenção moderada na economia e uma política macroeconômica ativa.

O mercado é uma maravilha para coordenar setores competitivos, mas os baseados em monopólios ou quase monopólios, como o de infraestrutura, precisam de uma intervenção forte e planejada. Mas não há nenhuma razão para eu defender a irresponsabilidade fiscal, que o governo possa gastar dinheiro sempre que quiser. John Maynard Keynes (economista britânico) deve estar rolando na cova de irritação diante dessa irresponsabilidade que a gente vê em nome dele.

BBC Brasil – O governo está cortando onde deveria?

Bresser – Nenhum ajuste corta no lugar certo. Estamos reduzindo o investimento (público), que já estava baixo. O governo está cortando onde pode, no fundo é isso. Defendo o retorno da CPMF: é um imposto pequeno, necessário.

Mas o ajuste é o que tem de ser feito. Por outro lado, não sou a favor desse aperto monetário. Sei que a inflação está alta, mas com essa recessão não precisamos de juros mais altos para segurar os preços – o que, além de ser um empecilho para a retomada dos investimentos, têm um custo financeiro enorme.

O Banco Central está ‘descontando’, como dizem as crianças. Em 2011 fizeram uma redução grande na taxa de juros que não deu certo. A inflação subiu, a Dilma teve que voltar atrás e eles ficaram com a imagem prejudicada junto ao sistema financeiro. Agora, disseram à sociedade brasileira: ‘vocês vão ver’. E estamos vendo.

BBC Brasil – No seu livro A Construção Política do Brasil (Editora 34), o sr. fala das coalizões de classes que se formaram no país. A Lava Jato colocou em evidencia um problema estrutural da relação do Estado com o grande empresariado ou o que revelou foi uma exceção?

Bresser – Não vejo nada de estrutural nisso. É natural que existam estatais e um Estado que faz compras e, nesse quadro, infelizmente, sabemos que a corrupção é grande. Nesse caso, ainda temos um fato adicional: o partido de esquerda no poder fez uma coisa que normalmente os partidos não fazem. Só posso entender isso como uma loucura stalinista que atingiu uma minoria do PT, mas o fato é que algumas pessoas com posição de líderes, especialmente o José Dirceu, inventaram essa história de que era legítimo no capitalismo você financiar um partido com dinheiro de corrupção.

Quando você financia uma campanha específica é diferente. É menor. A coisa ficou muito grande e foi um desastre. E está desmoralizando um partido que tem pessoas admiráveis e que dedicaram sua vida para fazer um Brasil melhor.

Mas uma coisa boa dessa crise é que ela não foi denunciada por políticos, nem pela imprensa, e sim pelo próprio Estado. O Ministério Público já tem liberdade há muito tempo. E a partir de 2004, houve uma série de mudanças que deram à polícia mais autonomia e melhores salários. Hoje, temos órgãos do Estado capazes de defender o Estado. O que mostra que nossa política vai mal, mas o Estado não vai tão mal assim.

BBC Brasil – Mas se há uma ideologia de que um Estado forte deve defender o interesse dos grandes empresários, não se cria muitas oportunidades para associações espúrias?

Bresser – Essa é a tese liberal: o Estado tem de ser pequeno para evitar a corrupção. Mas sabemos que a corrupção dentro das empresas também é grande.

Não sou a favor de um Estado imenso. A grande maioria dos investimentos tem de ser feita pelo setor privado. Agora, o Estado tem um papel social fundamental – e para isso precisa de recursos. Estão querendo até acabar com o SUS (Sistema Único de Saúde), imagine.

O sistema de saúde pública é uma grande conquista da democracia e do capitalismo. O consumo coletivo (de serviços de saúde) não é só mais justo, é mais barato e eficiente. Na Europa, o total gasto com saúde é de 11% do PIB, por exemplo. Nos EUA, onde o serviço é baseado no setor privado, é 17%.

BBC Brasil – O sr. apoiou a Dilma na campanha. Ela prometeu uma política econômica e ao ser eleita aderiu a outra, fazendo cortes até em áreas como educação e saúde. Houve estelionato eleitoral?

Bresser – De nenhuma maneira. A Dilma cometeu erros graves como a irresponsabilidade fiscal, que atribuo ao desespero. Não conseguia fazer o país crescer e, de repente, acreditou na bobagem de fazer uma política industrial agressiva.

Mas, em outubro de 2014, quem estava prevendo que o Brasil entraria em uma gravíssima recessão econômica, com queda de 3% do PIB? Ninguém. Não sabíamos. A economia é uma cienciazinha muito modesta, só é perfeita na cabeça dos economistas ortodoxos. Só se começou a falar em crise em dezembro.

As pessoas dizem que ela (Dilma) passou a fazer o que “a direita quer”, mas a mudança de política mostra algo admirável: ela reconheceu o erro. O que ela é, de fato, é incrivelmente incompetente do ponto de vista político. Em dezembro ela já devia estar sabendo que a situação das contas estava ruim e precisava reajustar o que havia desajustado.

BBC Brasil – Por que a crise chegou a esse ponto?

Bresser – Essa crise está ligada a uma grande insatisfação da classe média tradicional, que nos anos 80 liderou a transição democrática. Tivemos 35 anos de baixo crescimento e (mais recentemente) uma clara preferência pelos pobres. O PT não traiu os pobres, foi coerente nesse ponto, embora também tenha deixado os ricos ganharem muito dinheiro. Então os ricos e os pobres ganharam e a classe media ficou de fora.

Quando o PT começou a se perder, primeiro com o mensalão e depois com o problema da expansão fiscal, começaram as manifestações. Essa classe (média) desenvolveu um ódio profundo ao PT e o governo. Uma coisa irracional, perigosa e antidemocrática.

A democracia é uma forma de governo de pessoas que lutam entre si, mas é uma luta de adversários. De repente nos vimos em uma luta de inimigos. Ainda é um setor minoritário, mas há um setor da sociedade brasileira que radicalizou para a direita e passou a adotar posições pior que udenistas, fascistas.

BBC Brasil – O sr. já tinha defendido essa tese do ódio das elites ao PT. Mas a Dilma tem uma aprovação em torno de 10%. Não é exagero falar que a rejeição vem só da elite e classe média? 90% da população é elite?

Bresser – A Dilma de fato perdeu popularidade em todos os setores. Quando ela percebeu que tinha errado tinha de falar para a imprensa: “Olha, fiz uma reavaliação, algumas coisas não deram certo e vou ter de mudar a política. Peço desculpas por não ter previsto isso antes.”

Em vez disso, depois que ela foi eleita, desapareceu, e só apareceu de novo ao lado do (ministro da Fazenda Joaquim) Levy, já com a política definida e sem explicações. Só reconheceu que errou há um mês. Como disse, ela é muito inábil politicamente. Isso dificulta a sua vida. E a nossa.

BBC Brasil – Como o sr vê o debate sobre o impeachment?

Bresser – Acho que é resultado desse ódio (da classe média ao PT) e do oportunismo de alguns deputados, que se sentem ameaçados por essas investigações (de corrupção). Resolveram contra-atacar.

E o contra-ataque se faz à presidente, porque ela não barrou a Polícia Federal e o Ministério Público (nas investigações). Mas o debate amorteceu. O grande problema do país hoje é se a Dilma consegue levar o ajuste fiscal adiante.

 

BBC Brasil – Quais seriam as consequências econômicas de um impeachment?

Bresser – Seria um caos danado. Até eu iria para a rua. Nunca vou para a rua, sou um intelectual, mas se houvesse um impeachment com as razões que eles tem aí, pedaladas, TCU, eu iria. Agora, se descobrirem algum crime que a Dilma praticou é outra coisa. Como no caso do Collor.

Acho que as elites brasileiras, e as empresariais principalmente, perceberam que isso (impeachment) não adiantaria nada. Poderia até piorar a crise. Então de um ponto de vista conservador, eles são contra.

BBC Brasil: É uma crise de um modelo de desenvolvimento?

Bresser – A crise é por falta de modelo. Não temos modelo desde os anos 80. Estamos semiestagnados e sem saber o que fazer.

BBC Brasil – Houve um momento em que muitos intelectuais acreditaram que o Brasil estaria criando um novo modelo. A Economist chamou de Capitalismo de Estado, alguns acadêmicos, de um desenvolvimentismo repaginado.

Bresser – De fato houve quem visse um novo modelo e quem tenha se entusiasmado. A própria Economist colocou o Cristo Redentor decolando na sua capa. Foi um grande equívoco. O que houve no Brasil entre 2005 e 2010 foi um boom de commodities, que fez as exportações triplicarem. Isso enganou os economistas da esquerda e da direita.

BBC Brasil – É possível ter um governo um governo de esquerda e um Estado forte com equilíbrio fiscal?

Bresser – Um ajuste fiscal é necessário para por as finanças do Estado em boa forma, uma condição para um Estado forte, capaz. Para que (esse Estado) não quebre, nem dependa de credores. O mesmo vale para o Estado-nação, que inclui o setor privado: você fica devendo para outros países quando tem deficits em conta corrente (que inclui importações e exportações e transferências unilaterais). Em 2014, esse deficit foi de 4,6% do PIB. Uma loucura.

Esse problema começou há algum tempo. Eu participei do governo Fernando Henrique, que é meu amigo, mas descobri que discordava fortemente da parte econômica dele. Foi no governo Itamar (Franco) – sem duvida, com a liderança de Fernando Henrique – que o Brasil estabilizou seus preços. Mas os oito anos do governo FHC foram muito ruins, o crescimento foi baixo. Ele começou dizendo que o Brasil cresceria com poupança externa, ou seja, com deficit em conta corrente financiado com empréstimos (lá fora) ou (atração de investimentos de) multinacionais. Naquela época não havia arcabouço teórico para criticar isso. Fiquei assistindo. Depois passei a fazer a crítica a esse esquema.

BBC Brasil – Como?

Bresser – A questão é que quando o dinheiro entra no Brasil, o câmbio aprecia (o real fica mais forte em relação ao dólar). Mas os investimentos caem, porque sem um câmbio competitivo os empresários não têm acesso a demanda efetiva (os consumidores preferem importados). Portanto, a taxa de investimento depende do câmbio. Mas dizer isso é uma revolução.

Nos países em desenvolvimento há uma tendência à sobreapreciação cíclica e crônica da taxa de câmbio que leva o país de crise em crise. Na crise, a taxa cai, depois começa a subir de novo. Até que um dia a dívida começa a aumentar, os credores se preocupam, há um efeito manada e o país quebra. É o ciclo.

BBC Brasil – Ou seja, o sr. está dizendo que se um jantar em São Paulo está mais caro que um em Nova York algo vai mal, uma crise se avizinha?

Bresser – É isso.

 

BBC Brasil – Que patamar do dólar é ideal para o crescimento?

Bresser – Hoje deve estar perto de R$ 3,8. Já foi R$ 3,6, mas teve a inflação. Mas agora está no lugar certo porque houve uma crise. Não uma crise total, mas uma semicrise. Em 2002, a taxa a preços de hoje foi a R$ 7. Agora foi a R$ 4 – e já está caindo.

BBC Brasil – O sr. é bastante crítico do governo FHC nessa questão. E o governo Lula?

Bresser – Foi um desastre do ponto de vista cambial. Lula recebeu o governo com uma taxa de cambio que seria hoje equivalente a R$ 7 por dólar. E entregou para a Dilma a uma taxa de R$ 2, R$ 2,10. Com isso segurou a inflação, aumentou os salários dos trabalhadores e elegeu sua sucessora. Agora, para Dilma receber essa taxa de R$ 2 foi receber uma missão impossível. Como a Dilma não é o Tom Cruise – é uma mulher corajosa, meio turrona, nem sempre muito brilhante -, fez o que pode. Não conseguiu o desenvolvimento econômico nos primeiros dois anos de seu primeiro mandato e depois foi irresponsável fiscalmente. E aí foi um desastre.

O dólar a R$ 2 foi o pior legado de Lula, a bomba que ele deixou para Dilma. Fala-se no superavit primário (economia que o governo deve fazer para pagar juros da dívida), mas até 2012 não tivemos problema (nessa área). A própria Dilma só se perdeu nos dois últimos anos, quando inventou as desonerações e outras coisas do tipo. A história que contam do déficit estrutural, isso e aquilo, não existia há três anos. O que arrebentou a economia foi o câmbio, que provocou uma desindustrialização.

O Brasil por muito tempo teve um projeto nacional que se resumia nessa palavra: industrialização. Chegamos a ter 28% de participação da indústria no PIB. Hoje é 10%. Foi uma queda brutal e prematura. De duas, uma: ou nossos empresários são todos incompetentes, ou a taxa de câmbio inviabilizou seu negócio.

Brasil – A quem interessa uma taxa sobrevalorizada?

Bresser – Aos rentistas, aos interesses estrangeiros.

Isso é o populismo cambial. Temos o populismo o fiscal, que é o Estado gastar mais que arrecada, e esse cambial. Quem percebeu esse processo primeiro foi o economista argentino Adolfo Canitrot, nos anos 70.

 

Quando você aprecia o câmbio, todos os rendimentos, salários, lucros e dividendos, aluguéis, tudo vale mais em dólar. Como muitas mercadorias em uma economia aberta têm seu preço impactado pelos preços internacionais, você fica mais “rico”. Os eleitores ficam felicíssimos. E é mais fácil para um político a se reeleger. O Fernando Henrique fez isso – e o Lula fez mais.

Mas logo há uma desvalorização (do real), o salário cai de qualquer maneira. Tudo fica mais caro. A classe media perdeu muito com a queda do real. Continua viajando para Miami, mas menos. A quantidade de brasileiros que comprou casas lá… uma tristeza.

A perda da ideia de nação mais essa preferência pelo consumo imediato são dois males da sociedade brasileira que precisam ser repensados. O Brasil só voltará a crescer se fizer essa crítica da taxa de cambio apreciada.

BBC Brasil – Em 2008 o senhor previu o fim da onda neoliberal, mas países que apostaram no desenvolvimentismo enfrentam problemas. Brasil, Venezuela, Argentina… Fala-se em refluxo da esquerda na região.

Bresser – Tivemos uma crise do capitalismo americano em 2008 que expandiu para o europeu. Foi uma crise do liberalismo econômico, porque foi a aplicação de suas teorias que deu nesse desastre com o qual o mundo sofre até hoje. O neoliberalismo continua em baixa, mas isso não significa que caminhamos para um desenvolvimentismo progressista.

Agora, sobre a América Latina, a Venezuela teve um presidente corajoso, com vontade de salvar o país e beneficiado pela alta do petróleo, mas que adotou um populismo violento que está liquidando com a economia local. Antes disso, os liberais sempre governaram a Venezuela e foi um fracasso atrás do outro. Apenas as elites ganhavam. O (ex-presidente Hugo) Chávez pelo menos melhorou o padrão de vida da população. Mas o mal do populismo é muito forte. Ele tinge tanto a esquerda quanto a direita – mas mais a esquerda e os desenvolvimentistas que os liberais.

 

Redação

9 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Antes de arrebentar o Nassif
    Antes de arrebentar o Nassif disse isso umas 20 vezes.
    Mas o Mantegna estava preocupado com inflação de 5% que deveria ser 4%.

    Não entendo pessoas que tem medo de fazer o correto.

      1. Te respondi lá.
        OAB é órgão
        Te respondi lá.

        OAB é órgão de classe, e só.
        Todo o mais, é golpe.
        Não quero saber a opinião da OAB sobre NADA. Sabe porque?
        Porque quem tem opinião é político.

  2. Pelo que entendi é do DNA do

    Pelo que entendi é do DNA do país que sempre teremos crises. Todo dia vem um e:

    “Aí, Cabral deveria ter ido para lá e veio para cá”

    “Aí, Dom João VI volta e leva o cofre do BB. Mas, deixa o filho”

    “Aí, Dom Pedro I cria um império para ele e mantém vaga no de lá”

    “Aí, a filha de Dom Pedro II liberta a rapaziada mas não cria formas de empregos aos libertos”

    “Aí, o Sarney fez um plano com o nome Bresser que não deu certo e destrambelhou a economia”

    “Aí, O FHC segura o dólar a R$1,00 até conseguir a reeleição e destrambelhou a economia”

    “Aí, o país cria uma nova forma de ofensa: “E você que é uma banda diagonal endógena”  e destambelhou a economia”

    “Aí, o Lula manteve o dólar a R$2,00 até fazer a sucessora e destrambelhou a economia”

    “Aí, a eleita desonerou um montão de coisas para se reeleger e destrambelhou a economia”

    “Aí, a reeleita refez as desonerações e destrambelhou a economia”.

    “Aí, uma vez estabelecido o rombo cria-se a CPMF porque é uma merreca e des-destrabelhará a economia”.

    “Aí, é só aumentar umas alíquotas aqui e ali e agora vai”.

    “Aí, veremos quando será a próxima crise”

     

     

     

  3. Cristo redentor nos aguarda de braços abertos

    Debatedores, bom dia

    Li com muita atenção  o livro do Bresser que foi citado acima.

    Quero dizer que não percebi qualquer desonestidade intelectual por parte do Bresser Pereira.

    O que ele disse me pareceu muito sincero, honesto e a favor do Brasil.

    Outros livros que tive a oportunidade de ler também seguem mais ou menos na mesma direção do livro do Bresser o que reforça a tese de que houve, de fato, muita honestidade intelectual por parte do Bresser.

    Confesso-lhe que aprendi muito com a leitura deste livro. ( não estou fazendo propaganda e não sou pago para falar bem do livro). Discordo de uma ou outra passagem do livro mas no geral, no meu entendimento, é um bom livro.

    Dentre várias passagens uma me chamou bastante atenção.

    A falta de PACTO no BRASIL.

    O Bresser citou o PACTO de 1978 ( salvo engano) e fez uma boa relação com a possibilidade de mudança de regime nos anos que se seguiriam, inclusive, com a possibilidade de uma nova Constituição da república. Foi uma análise brilhante, eu diria.

    Porém, pagamos o preço da desindustrialização precoce, já a partir da década de 1980. Exatamente com essa questão do dollár.

    Enfim, o livro é realmente muito bom e nos ajuda a compreender a nossa DOENÇA da vaca holandesa.

     

    O que resta agora é saber com faremos um PACTO interessante para o país.

    Nesse sentido, confesso-lhes: estou cada vez mais desanimado com essa sacanagem generalizada que ocorre aqui no Brasil.

    O UMBIGO é o que impera aqui.

    Quando surge alguém com ideias novas, com vontade de mudar alguma coisa, pronto! Lá vem o UMBIGO com toda a sua fúria impedir a implementação de projetos benéficos para o país.

    Sinceramente, não creio que sairemos dessa situação no curto, no médio e nem no longo prazo.

    Nosso negócio é  mesmo o de seguir a lição de David Ricardo: Use as suas “vantagens comparativas” e não faça mais nada. 

    Venda recursos naturais e compre produtos industrializados pois vocês, brasileiros, “nasceram” para isso. Ah, e o salário tem que ser baixo para “atrair” investimentos externos.

    Somos, portanto, a prova de que Aristóteles( gregos) estava certo, com sua cosmovisão.

     

    Saudações !

    obs: Cuide bem de seu recurso natural!

            Cuide de sua família. Matricule-a numa igreja qualquer e siga feliz pois o “reino do céus” terá um lugar reservado para os que são pobres…

     

     

  4. Do lado de fora tudo é mais fácil

    Bresser já foi ministro da Fazenda e foi um desastre. Não conseguiu ficar nem um ano no cargo.

    O seu Plano Bresser foi outro desastre, este sim desastre ferroviário. Deixou o governo com uma inflação no período da sua gestão em 366%.

    Do lado de fora é tudo mais fácil. Todos viram gênios. Tem todas as soluções para todos os problemas.

    O mais incrível de tudo é que sabendo como funciona o governo e tendo passado por lá e não resolvido nada, passa a criticar e propôe soluções que se resolve na cabeça dele. Porque quando teve a opotunidade só fez merda.

    Lembor-me muito bem quando quando foi indicado a ministro. Disse ele numa entrevista que tinha se preparado a vida inteira para aquele momento. Fico a imaginar se ele não tivesse se preparado.

    Economicamente Bresser Pereira é isso ai.

    Quanto a parte política falou um monte de asneira. Eu não sei de onde ele tirou essa informação que só ele tem ao dizer :         “(…) especialmente o José Dirceu, inventaram essa história de que era legítimo no capitalismo você financiar um partido com dinheiro de corrupção”.

    Primeiro que é uma insanidade afirmar isso (ele ouviu da boca de Dirceu afirmar isso?), e segundo, excluir todos os outros partidos das mesmas práticas.

    Em seguida critica o ódio mortal da classe média ao PT e seus governantes.

    Qual a surpresa?

    Ele também está fomentando esse ódio ao dizer essa asneiro do Zé Dirceu.

    Nós estamos acostumados a ouvir sempre que o país entra em crise expressões do tipo: o país só vai dar certo quando mudarem o povo.

    Pois é! Também acho. Desde que comece primeiro a mudar gente como Bresser Pereira.

  5. Uma bela entrevista, mas eu ainda faço uma crítica ao Bresser

     

    Luis Nassif,

    Havia pensado em dizer que houve um avanço na qualidade dos posts publicados aqui no blog nas duas últimas semanas. Parece que todos estão mais calmos e que já é possível discutir com mais racionalidade os nossos problemas. A racionalidade não garante correção, mas dá mais clareza às nossas interpretações e às interpretações dos outros o que pode levar no debate lógico à constatação dos equívocos que cometemos.

    Talvez em decorrência de não garantir o acerto com a mera escolha da racionalidade, talvez porque há aquelas implicâncias ranzinzas que obnubilam o nosso entendimento, talvez até pela necessidade de como jornalista e empresário de notícia você ter que fazer afirmações sem muito embasamento mas que geram polêmica e chamam atenção, mesmo quando se está nesse processo de melhoria de qualidade dos posts como eu considero que é o atual momento, e como foi o caso do post “Dilma e a falta de conhecimento sobre o exercício do poder” de quarta-feira, 04/11/2015 às 20:04, de sua autoria, há a possibilidade de alguém com assaz destreza desmontar com fundamentação tudo que você afirmara. Foi isso que Esmael Leite da Silva realizou em comentário que ele enviou terça-feira, 10/11/2015 às 01:40, para o post “Dilma e a falta de conhecimento sobre o exercício do poder” e que pode ser visto no alto da primeira página, logo após o comentário de Juliano Santo, que fora escolhido o comentário mais apropriado para acompanhar o post e que pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/noticia/dilma-e-a-falta-de-conhecimento-sobre-o-exercicio-do-poder

    Quanto a este post “O que arrebentou a economia foi o câmbio, diz Bresser-Pereira” de sexta-feira, 13/11/2015 às 10:53, trazendo, por sugestão de BFCosta, a entrevista que Luiz Carlos Bresser-Pereira concedeu a BBC Brasil e com o título “‘O que arrebentou a economia foi o real forte’, diz ex-ministro”, eu o incluo entre os que demonstram a melhor qualidade dos últimos posts, embora não haja nele nenhuma novidade.

    Não há novidade provavelmente porque quando se iniciou o processo de melhoria de qualidade dos posts, processo que deve ter ocorrido também em outras mídias, um dos primeiros exemplos foi o post “Bresser-Pereira defende ajuste e permanência de Levy” de terça-feira, 27/10/2015 às 11:41, que apareceu exatamente com uma breve apresentação do artigo “Não saia, caro Levy” de Luiz Carlos Bresser-Pereira e que fora publicado na Folha de S. Paulo. O endereço do post “Bresser-Pereira defende ajuste e permanência de Levy” é:

    https://jornalggn.com.br/noticia/bresser-pereira-defende-ajuste-e-permanencia-de-levy

    Lá no post “Bresser-Pereira defende ajuste e permanência de Levy” há um comentário meu enviado terça-feira, 27/10/2015 às 21:47, para Droubi junto ao comentário dele de terça-feira, 27/10/2015 às 13:31. Transcrevo a seguir o que eu disse lá para Droubi:

    – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

    “Droubi (terça-feira, 27/10/2015 às 13:31),

    Não sei se você é economista, se for tenho uma tarefa melhor para você do que ficar censurando o Bresser Pereira quando ele finalmente expõe na Folha de S. Paulo uma opinião que não acompanha a corrente principalmente da esquerda, mas que é também a minha opinião. Gostei deste artigo do Bresser Pereira porque eu que não sou economista (sem querer com isso me igualar ao Bresser Pereira que também não o é) sentia um tanto deslocado em não ver ninguém de qualidade defendendo o Joaquim Levy.

    No final de 2014, quando o nome de Joaquim Levy fora indicado, eu que vi com correção a escolha senti-me extremamente satisfeito quando li aqui no blog de Luis Nassif a defesa de uma política fiscal mais contracionista exposta pelo economista de esquerda Fernando Nogueira da Costa no post “Tática fiscalista e estratégia social-desenvolvimentista, por Fernando N. da Costa” de quarta-feira, 03/12/2014 às 17:04, contendo um texto dele para o Brasil Debate. O post “Tática fiscalista e estratégia social-desenvolvimentista, por Fernando N. da Costa” pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/blog/brasil-debate/tatica-fiscalista-e-estrategia-social-desenvolvimentista-por-fernando-n-da-costa

    Desde aquela data eu defendo a política econômica que estava implícita na escolha de Joaquim Levy. É bem verdade que atualmente Fernando Nogueira da Costa não mais defende a política de Joaquim Levy. É uma pena.

    Antes, entretanto, de falar sobre a defesa que Bresser Pereira faz de Joaquim Levy, eu quero abordar o que eu chamei de tarefa para você. A tarefa melhor que eu tenho para propor para você, é que você faça um estudo do PIB trimestral no terceiro trimestre de 2013 e descubra porque os investimentos tiveram aquela queda abrupta quando comparado com o trimestre imediatamente anterior. Foi algo normal, por exemplo, terá sido decorrente de uma decisão do governo que reduziu os investimentos da Petrobras naquele período, ou ainda dentro de um quadro de normalidade a queda teria sido fruto da própria marcha dos acontecimentos tendo em vista como a economia brasileira estava sendo administrada (Isto é o problema foi da má política econômica), ou foi algo anormal (Isto é eu estava certo em avaliar a política econômica de Guido Mantega como correta)? Se você no seu estudo chegar uma conclusão a disponibiliza para que quem o lê com atenção possa vir a conhecer o que pelo menos para mim parece ter sido uma grande incógnita.

    Lembrei em colocar a Petrobras como um fator de explicação natural para a queda do PIB no terceiro trimestre de 2013 em decorrência do post recente “Petrobras responde por maior queda do PIB, segundo Fazenda” de quinta-feira, 22/10/2015 às 15:42, publicado aqui no blog de Luis Nassif com matéria da Agência Brasil de autoria de Wellton Máximo, e que pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/noticia/petrobras-responde-por-maior-queda-do-pib-segundo-fazenda

    Eu enviei domingo, 25/10/2015 às 22:38, um comentário para o Wellton Máximo, salientando que assim como a Petrobras é responsável por parte da queda do PIB, ela pode ter sido responsável pelo crescimento dos investimentos nos três trimestres anteriores ao 3º trimestre de 2013, e a queda no 3º trimestre de 2013, que diante da retomada dos investimentos verificada nos três trimestres anteriores parecia algo fora do compasso, pode não ter sido tão anormal como eu imagino que foi. Só que este aprofundamento do conhecimento tem que ser feito por economistas. Só eles após estudo é que poderão dizer se a queda foi normal, e, portanto, explicada pela própria natureza do crescimento que ocorria e do sistema econômico existente ou foi uma queda anormal. E é este o desafio que eu lanço a você.

    Quanto a sua crítica ao Bresser Pereira pelo fato de elogiar o Joaquim Levy, eu imagino que você estará [No original eu escrevi está como uma referência genérica a pessoas de capacidade invejável de análise e que pensavam como ele, mas a minha intenção era dizer que outros que pensavam como o Droubi viriam até o post para dizer algo semelhante ao que o Droubi dissera] em boa companhia, isto é, o Andre Araujo vai também fazer a mesma crítica. Considero que você e Andre Araujo e também o Luis Nassif estão errados ao não compreender a necessidade da política de contenção que Joaquim Levy está fazendo.

    Eu fundamento esse meu entendimento crítico a vocês da seguinte maneira. Há duas possibilidades de um país entrar em ritmo de crescimento: Ou pelo aumento do déficit público ou pelo aumento da receita do setor privado que não seja pelo aumento do déficit público. O aumento do déficit público com a moeda muito valorizada, como estava antes, com a baixa taxa de crescimento (em muito em virtude do que aconteceu no terceiro trimestre de 2013), com o baixo índice de desemprego que existiu até 2014 e com problemas enormes no Balanço de Pagamentos e com a perspectiva de subida de juro nos Estados Unidos, é uma temeridade sem tamanho.

    O aumento da receita (aumento do faturamento sem aumento correspondente dos custos) do setor privado que não seja pelo déficit público [ou pelo aumento do crédito] ocorre quando há uma desvalorização. Quando há desvalorização o setor recebe em moeda nacional muito mais do que recebia antes. E quando há uma desvalorização, parte do setor produtivo nacional começa a receber mais receita decorrente da venda para o mercado interno em substituição as importações. Nessa hora é necessário no Ministério da Fazenda um João Ninguém. É isso que o Joaquim Levy é. Ele é um João Ninguém mãos de tesoura com muito conhecimento de matemática e ainda mais alguém com formação de Chicago que é uma universidade que não forma ninguém para servir aos governos, eu pelo menos não conheço ninguém de Chicago que tenha trabalhado em um órgão como o Ministério da Fazenda de qualquer país mais desenvolvido.

    Então quando há desvalorização você deve evitar a inflação a menos que você tenha o câmbio arrastado e possa com isso manter a desvalorização no nível desejado. Só que este processo leva a inflação para um nível politicamente perigoso ainda que seja para um nível que venha a favorecer a economia, ao reduzir a dívida pública e a dívida privada. E deve evitar que a desvalorização saia do controle. Então você tem que subir o juro e tem que evitar que os gastos maiores com os juros sejam ainda acrescidos com os gastos correntes ou de investimento do governo e, portanto, você tem que cortar os gastos públicos.

    Enfim o Brasil está fazendo tudo certo e sem que o juro precise ir a 40 – 45% como foi no início de 1995, após a desvalorização do México, no ano de 1998 [Na 29ª Reunião do Copom a taxa Selic foi para 42,12%, quando da crise russa, em 1999 [Após a 32ª reunião do Copom que elevou a taxa Selic para 37,34% houve um aumento da taxa para 44,95, em 04/03/1999, vigorando esse valor entre 05/03/1999 até 24/03/1999] quando da crise brasileira (E deve ter subido muito em 1997 quando houve a crise nos tigres asiáticos. [Na 18ª reunião do Copom, uma reunião extraordinária realizada em 30/10/1997, a taxa de juros foi para 45,67%]). Nunca na história do Brasil o juro subiu tão pouco para enfrentar a desvalorização.

    O Bresser Pereira só errou em dizer que é preciso abaixar o juro de imediato. Em meu entendimento é preciso ter três meses de inflação na faixa de no máximo 0,4% para que o Banco Central possa iniciar um ciclo de baixa. Creio que esses três meses só vão aparecer no segundo trimestre de 2016. Infelizmente a realidade está saindo pior do que eu imaginava, [pois avaliava que o câmbio chegaria no seu patamar ótimo no primeiro semestre e que no segundo semestre se teria taxa de inflação abaixo de 0,5%], mas não se pode perder a paciência com isso. É bem verdade que o desemprego não pode ser avaliado por quem está empregado, mas não vejo outra alternativa para o Brasil depois do que ocorreu no terceiro trimestre de 2013, e considerando que se trata de um país capitalista e democrático.”

    – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

    Eu pensei em falar sobre o desemprego de modo mais consubstancioso, utilizando frase de Antonio Delfim Netto, no artigo “Metas inflacionárias” publicado no Valor econômico de terça-feira, 04/10/2011, e que foi reproduzido no post “As metas inflacionárias, por Delfim Netto” aqui no seu blog, e que pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/as-metas-inflacionarias-por-delfim-netto

    E a frase que eu pretendia transcrever e que tão bela não a creio de lavra própria de Antonio Delfim Netto e considero que ela deveria ser colocada em todos os pórticos de entrada dos Bancos Centrais do Mundo era a seguinte:

    “A igualdade de oportunidade é objetivo fácil de ser enunciado, mas esconde enormes problemas conceituais e práticos. De qualquer forma, deve começar com a chance de todo cidadão ganhar a vida com o seu esforço. De todos os desperdícios de recursos naturais de uma sociedade, nenhum é mais injusto, mais prejudicial à integração social e à autoestima do cidadão, do que negar-lhe a oportunidade de viver honestamente e sustentar a família com o resultado de seu trabalho.”

    A intenção de fazer referência à frase era destacar o quanto é importante uma política de busca do pleno emprego e de combate ao desemprego. Não há, portanto, que compactuar com uma política de cortes de gastos públicos e de aumento de juro que freiam a economia. Há momentos, entretanto, em que não há alternativa. O que é importante é que numa situação em que uma política econômica que causa recessão tem que ser adotada, ela não pode ser acompanhada por completa desatenção com as classes mais desfavorecidas. Pelo menos é isso que eu espero do governo da presidenta Dilma Rousseff.

    E esta longa entrevista de Bresser Pereira monstra que ele tem essa visão. E ela é reforçada pelo artigo dele na Folha de S. Paulo, intitulado “Não saia, caro Levy” e por outros textos dele ou a respeito dele, sendo que um foi publicado recentemente no jornal Valor Econômico. Na sexta-feira, 30/10/2015, havia dois textos de meu interesse no jornal Valor Econômico. Um estava no Caderno B, na página B12, na seção Agronegócios e intitulava-se “Açúcar dispara em outubro e usinas brasileiras aproveitam”, escrito por Fabiana Batista e Camila Souza Ramos. Lendo a reportagem pode-se inferir que o problema passado pelo setor sucroalcooleiro brasileiro, era mais um problema mundial do que um problema provocado pela política equivocada do ministro Guido Mantega como acusam todos. Um link para a matéria “Açúcar dispara em outubro e usinas brasileiras aproveitam” é indicado a seguir:

    http://www.canaldoprodutor.com.br/comunicacao/noticias/acucar-dispara-em-outubro-e-usinas-brasileiras-aproveitam

    Não sei até quando estará disponível o link acima. No jornal Valor Econômico o link, que só é disponível a assinantes, é o seguinte:

    http://www.valor.com.br/agro/4293914/acucar-dispara-em-outubro-e-usinas-brasileiras-aproveitam

    Devo procurar algum post em que se reclamava da incompetência do governo da presidenta Dilma Rousseff, em especial em relação à política econômica no que diz respeito a política de preços de combustíveis, a política de energia elétrica e a política de desonerações e lá fazer a indicação da reportagem no Valor Econômico. Sempre procurei mostrar a inconsistência das críticas que se fizeram à presidenta Dilma Rousseff. A acusação de que a manutenção dos preços baixos de combustíveis descapitalizou o setor sucroalcooleiro é a mais fraca. Primeiro porque os preços foram segurados no governo de Lula, mas no governo da presidenta Dilma Rousseff houve aumento. Segundo porque não se pode incentivar muito a produção de cana por motivos de segurança alimentar uma vez que o cultivo de cana utiliza as melhores terras do Brasil. E agora pelo texto saído no jornal Valor Econômico pode-se perceber que a dificuldade que o setor enfrentava tinha sua origem não só no preço de álcool baixo, mas também no baixo preço do açúcar. É claro que uma das finalidades do pró-álcool foi permitir que o Brasil tivesse via álcool um controle mais efetivo do preço de açúcar em muito dependente dos desígnios dos europeus que sem tir-te nem guar-te despejavam no mercado de açúcar o estoque que eles acumulavam com preços subsidiados.

    E o segundo texto foi “Acusação de estelionato eleitoral é “uma bobagem”, afirma Bresser” consistindo de matéria publicada no Valor Econômico de sexta-feira, 30/10/2015, ele que fala da intervenção de Luiz Carlos Bresser-Pereira no encontro anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), em Caxambu. O link no Valor Econômico que infelizmente só disponível a assinantes é:

    http://www1.valor.com.br/politica/4294082/acusacao-de-estelionato-eleitoral-e-uma-bobagem-afirma-bresser

    Lá na matéria o Luiz Carlos Bresser-Pereira não diz nada de novo que já não dissera no artigo “Não saia, caro Levy” publicado na Folha de São Paulo e que resultou no post “Bresser-Pereira defende ajuste e permanência de Levy” já mencionado acima. Talvez o que havia na matéria “Acusação de estelionato eleitoral é “uma bobagem”, afirma Bresser” foi algo que ele também diz aqui na entrevista ao BBC do Brasil. Lá na matéria “Acusação de estelionato eleitoral é “uma bobagem”, afirma Bresser” o ele diz o seguinte:

    “O fato concreto é que Lula tinha economista heterodoxo que era o Mantega, a Dilma conservou o Mantega, que é um homem correto, mas não teve poder para enfrentar a própria Dilma e afinal foi um desastre. E o desastre caiu todo no colo da Dilma”.

    Aqui neste post “O que arrebentou a economia foi o câmbio, diz Bresser-Pereira” contendo a entrevista concedida por Luiz Carlos Bresser-Pereira à BBC, a passagem com o mesmo teor:

    “Agora, para Dilma receber essa taxa de R$ 2 foi receber uma missão impossível. Como a Dilma não é o Tom Cruise – é uma mulher corajosa, meio turrona, nem sempre muito brilhante -, fez o que pode. Não conseguiu o desenvolvimento econômico nos primeiros dois anos de seu primeiro mandato e depois foi irresponsável fiscalmente. E aí foi um desastre”.

    Aqui eu posso estar errado, pois trechos como esses argumentos trazem-me uma implicância. A implicância é com a simplificação do termo desastre. Imagino que primeiro há que se entender a razão da queda brutal dos investimentos ocorrida no terceiro trimestre de 2013, quando havia três trimestres em que se observava uma recuperação dos investimentos, para então poder qualificar os dois anos finais do primeiro governo da presidenta Dilma Rousseff como um desastre.

    E faço menção aqui há outras críticas que li nos comentários neste post com a entrevista de Luis Carlos Bresser Pereira à BBC Brasil. O comentarista Franciscopereira Neto em comentário enviado sexta-feira, 13/11/2015 às 13:34, viu como sofrível a resposta que ele deu à seguinte pergunta da BBC Brasil:

    “BBC Brasil – No seu livro A Construção Política do Brasil (Editora 34), o sr. fala das coalizões de classes que se formaram no país. A Lava Jato colocou em evidencia um problema estrutural da relação do Estado com o grande empresariado ou o que revelou foi uma exceção?”

    A resposta de Luiz Carlos Bresser Pereira foi a seguinte:

    “Não vejo nada de estrutural nisso. É natural que existam estatais e um Estado que faz compras e, nesse quadro, infelizmente, sabemos que a corrupção é grande. Nesse caso, ainda temos um fato adicional: o partido de esquerda no poder fez uma coisa que normalmente os partidos não fazem. Só posso entender isso como uma loucura stalinista que atingiu uma minoria do PT, mas o fato é que algumas pessoas com posição de líderes, especialmente o José Dirceu, inventaram essa história de que era legítimo no capitalismo você financiar um partido com dinheiro de corrupção.”

    Realmente dizer que líderes do PT inventaram essa história de que era legítimo no capitalismo financiar um partido com dinheiro de corrupção é uma afirmação que nem propriamente se poderia inferir dos fatos e menos ainda afirmar se tratar de concepção de alguns líderes do partido.

    O Franciscopereira Neto e o comentarista Carioca, este em comentário de sexta-feira, 13/11/2015 às 12:16, fazem crítica a passagem de Luiz Carlos Bresser Pereira no Ministério da Fazenda. O comentarista Carioca em um curto resumo de frases soltas sobre a nossa história afirma o seguinte:

    “Aí, o Sarney fez um plano com o nome Bresser que não deu certo e destrambelhou a economia”.

    Na verdade, o que destrambelhou a economia brasileira que estava em retomada de crescimento desde que o Brasil fora ao Fundo em 1983, foi o Plano Cruzado produzido pelo Andre Lara Resende e o Pérsio Arida em 1986. O Plano Bresser veio no ano seguinte, após o fracasso do Plano Cruzado.

    Nunca fui admirador de Luiz Carlos Bresser-Pereira e considerava que o apego dele a teoria da inflação inercial é um dos lados ruim dele. O lado bom sempre foi o didatismo e simplicidade dos textos dele. A passagem dele pelo Ministério da Fazenda também não me pareceu indicativo de boa capacidade. Agora ele pegou o cargo em um mau momento e não soube corrigir o rumo que o país estava tomando. Não soube ou não pode. Pelo menos a razão que disseram para ele ter sido demitido era que ele queria aumentar os impostos, mas Sarney não deixou. E posteriormente quando Mailson da Nobrega assumiu e fez uma reforma no Imposto de Renda simplificando as alíquotas, algo realmente necessário, mas acabando com as faixas mais altas de tributação, seguindo modelo adotado nos Estados Unidos, o Luiz Carlos Bresser-Pereira criticou a medida por não a considerar justa dando como exemplo o caso pessoal dele que passaria a pagar menos imposto.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 13/11/2015

  6. O que está provocando a recessão é o aperto monetário.

    A apreciação do câmbio foi um exagero, mas permitiu aumentar as Reservas Cambias para quase US$ 200 bilhões em 2008, sem a qual não teríamos  resistido a crise de liquidez no mercado internacional provocado pela quebra do Lehman Brothers.

    Depois as Reservas Cambiais aumentaram para os atuais US$ 379 bilhões e vai permitir resistir ao processo de aumento dos juros americanos se forem usadas adequadamente para estabilizar a taxa de câmbio no atual patamar, bem como financiar os exportadores enquanto durar o aperto na liquidez internacional que será provocado pelo aumentado juros americano.

    Dificilmente as Reservas Cambiais estariam neste patamar caso não houvesse uma apreciação significativa da taxa de câmbio.

    A atual recessão se deve ao modo como Banco Central do Brasil está respondendo a mudança  gradual da política monetária nos EUA que vem ocorrendo desde do final de 2013.

    A venda de swaps cambiais não foi suficiente para controlar a taxa de cambio, e o aumento dos juros da Selic está provocando o empoçamento da liquidez, como demonstra o atual patamar de quase R$ 900 bilhões da operações compromissadas realizadas pelo BC.

    Precisamos lançar um programa de venda gradual de parte das Reservas Cambiais, reduzir os juros da Selic e o compulsório bancário.

     

     

     

  7. Desdolarização da dívida pública interna.

    Além do aumento considerável das Reservas Cambiais, a apreciação do câmbio permitiu uma rápida desdolarização da dívida interna, a redução significativa da dívida externa pública em títulos, e a quitação antecipada da dívida junto FMI.

    Muito provavelmente em 2008 o Brasil teria entrado em depressão econômica junto com EUA e a zona do euro, e teria que recorrer aos empréstimos ao FMI, isto só não ocorreu porque o Brasil tinha reservas cambiais de quase US$ 200 bilhões.

    Com as contas públicas ajustadas, e o aumento da Reservas Cambiais, foi possível corrigir a taxa de câmbio sem grandes impactos nas contas públicas, e deve ocorrer um aumento das exportações e uma substituição de parte das importações pela produção nacional.

    Mas o Banco Central precisa utilizar o “colchão de liquidez” para estabilizar a taxa de câmbio no atual patamar , reduzir os juros da Selic e o compulsório bancário.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador