Rui Daher
Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor
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O que esperar do agronegócio em 2018, por Rui Daher, em CartaCapital

Hortaliças, frutas e legumes

O que esperar do agronegócio em 2018

por Rui Daher

em CartaCapital 

(para o GGN)

Atenção! A fusão entre as canadenses Agrium e Potash, importantes produtoras de potássio, e grandes exportadoras do nutriente fundamental para o plantio no Brasil, abalará fortemente o custo da produção agrícola brasileira. Com a palavra os analistas do GGN.

(em CartaCapital)

E voltamos com a coluna.

Na edição impressa nº 984, CartaCapital pede a 15 personalidades opinião sobre “que esperar de 2018”.

As análises passam pela volta do Brasil à insignificância internacional, retrocessos econômicos com o rentismo sobrepondo-se aos setores produtivos, ameaças com a continuidade de um sistema judicial baseado em delações e indícios, prognósticos eleitorais, perda de direitos, e a mesmice em mais de meio século de história, que em meus textos chamo de Acordo Secular de Elites para sustento da Federação de Corporações.

O auge está no que hoje em dia assistimos. Insinuado já em 2003, no primeiro mandato de Lula, com resultado pífio diante do sucesso da gestão governamental, continuou sendo tramado até que, em abril de 2016, o corpo mole da oposição se fez núcleo duro, aliando-se Congresso, Judiciário e Mídia para trazer o caos atual. Escreveu o Diretor de Redação, Mino Carta: “nunca em quase 72 anos de Brasil sofri como agora tamanho desencanto com a situação do País”.

Embora não tenha sido chamado a opinar, confirmaria o mesmo travo amargo na boca. Mas, também, sua mesma esperança: “sei, porém, que o desafio de Lula à injustiça e ao desgoverno ainda dará frutos”.

A lamentar, a total ausência de comentários sobre caboclos, campesinos, sertanejos, ruralistas sem bancadas, visitas frequentes de Andanças Capitais neste site, quando se expande aos agronegócios.

Pois é, “que esperar de 2018”. Não me perguntaram, assim mesmo respondo. Não há demérito nenhum em comemorar o que vai bem, sobretudo quando se recorre a Paulinho da Viola: “vista assim do alto, mais parece um céu no chão”. Até porque o sucesso do setor nada tem a ver com o governo usurpador. Já, quando se pega a lupa, a coisa pega e, aí sim, em grande parte, as mazelas são temerosas.

Grãos, volumes, valor da produção e preços

Pouco liguem ao que as folhas e telas cotidianas divulgam, baseadas nos levantamentos de CONAB, IBGE, Ministério. Ainda não se têm noção exata do que irá acontecer. O clima correu bem em praticamente todas as regiões; previsão de queda na produtividade da soja começa a ser revista; tecnologias foram aplicadas; área, produção e produtividade se manterão estáveis ou podem crescer.

Pouco importa oscilações no valor total bruto da produção. Certamente, se manterão no intervalo entre R$ 530 e 550 bilhões. Nada que possa enfraquecer o setor.

Depois de atingirem seus picos entre 2011 e 2014, as cotações das commodities agrícolas tiveram queda média de 25%, se recuperaram em 8% e, assim, permaneceram estáveis durante 2017. Apesar das altas produções em EUA, Brasil e Argentina, deverão se manter. Basta orar às divindades chinesas.

Em seus pratos executivos ou refeições a quilo, não será o setor primário agrícola que assaltará seus bolsos. Estes é que estarão vazios devido à política contracionista do governo.

Infraestrutura

Puta nó. Dificulta a competitividade da agropecuária e aumenta o desperdício de alimentos. Nada esperem. Em ano eleitoral, tudo será promessa. O modelo econômico, sob comando de Henrique Meirelles, não permite investimento público e favorece a atividade rentista em detrimento da produtiva.

Amazônia e meio ambiente

Continuará sem uma política que, ao mesmo tempo, preserve o ambiente e proporcione renda às populações locais, extrativistas ou não, mas honestas. Atividades adequadas à biodiversidade da região e que possam agregar renda aos trabalhadores da região.

Nossas terras têm palmeiras onde cantam sabiás

Continuarão sendo vendidas a estrangeiros, desrespeitando legislação e regulamentação anteriores. Pior, as leis serão afrouxadas por ação da bancada ruralista. Hoje em dia, vários estratagemas são usados para burlar a lei. A lassidão apenas lhes trará menos trabalho e custo com advogados.
FIESP

Não acreditem em seu relatório de perorações “Outlook FIESP – Projeções para o Agronegócio Brasileiro 2027” (chique, não?). Ao atrelar resultados positivos no campo às reformas Temerosas, faz política.

Inovações tecnológicas

Muitas. Pena não chegarem à iniciativa privada ou vencerem convenção e submissão às multinacionais dos plantadores brasileiros. No planeta, cresce a utilização de resíduos orgânicos, úteis ambientalmente e de baixos custos. Permitem reduzir as aplicações de agroquímicos e diminuem a dependência de energia oriunda de combustíveis fósseis.

Nossa salada diária

Mesmo que ainda inacessível a milhões de brasileiros, e talvez por isso mesmo, os produtores de hortaliças sofrem a cada ano mais. Ajuda nisso a bancada de apresentadores do Jornal Nacional (TV Globo), que arca as sobrancelhas e escolhe os vilões da vez.

Segundo estudo encomendado pela CNA à consultoria Markestrat, de Ribeirão Preto/SP, dos US$ 20 bilhões gerados pelo setor, apenas 25% ficam com os produtores. O saldo vai para distribuição e varejo.

Tem mais
Na próxima coluna. Se eu não mudar de ideia. Feliz 2018!

 

Rui Daher

Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

4 Comentários

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  1. o que….

    Caro sr. Rui, suas matérias assim como as de André Araújo captam todo o Fatalismo Tupiniquim. Com uma diferença significativa em relação aos outros. Mostram caminhos que muitas vezes não são perseguidos por quem reclama do problema. Joga luz sobre a Bipolaridade Tupiniquim. Parte da nossa Elite que foi expatriada a partir de 69, já em 79 estava toda de volta. Em 1982 já tinhamos a sociedade e estruturas de antes do Regime Miltar. E em 1988 já tínhamos uma Nova Constituição. Mas o Fatalismo, este nunca nos abandonou. O que esperar? Quem espera, espera por qualquer coisa. Espera pelo que vem. Quem constrói, constrói sua própria obra. Por que a ‘nossa’ soja deve ser precificada pelo comprador? Os automóveis ‘deles’ são avaliados desta forma? E o último celular da moda? No preço que eles querem, da forma que eles impõe a venda? Ah! Bão. O petróleo cotado nas Bolsas Internacionais, que a Euopa compra do Putin, são sob que condições? Do Putin ou da Europa? E não compra, pra ver se não congela inteira no Inverno?!! Poderosa Alemanha de Merkel, diz aí como são as condições? – Aquelas que o Putin mandar. Ah! Bão. Entendemos. Não existe Fatalismo Russo? Mas tirando o Petróleo, a Russia, aquele ‘Bloco de Gelo Nórdico’ tem que importar quase tudo. Fusão das Canadenses? Temos Vale do Rio Doce e Petrobrás, e estamos preocupados com fertilizantes Industrializados? Nós somos ‘Lunáticos’. Não tem outra explicação. As mazelas deste país, deram uma ‘melhoradinha’ com Lula e Dilma. Nada significativo. Nada estrutural. Foi uma revolução para os padrões tupiniquins das últimas décadas? FOI. Mas só arranhou o verniz. Não nos iludamos. Até porque a chance de verdadeira Democracia no Plebiscito do Desarmamento, foi jogado no lixo. Mostrou exatamente o que a Esquerdopatia pensa de Democracia. Alias nunca se convenceram que o Livre Direito do Povo em Eleições Facultativas devesse ser o Pilar da Nação. E isto não é retórica. O sr,. que pertenceu a grupos de esquerda na juventude, sabe muito bem. E tem gente que diz não entender 2017 e a Bipolaridade Tupiniquim? Inacreditável. Um exemplo: a Justiça. Elites lembraram de Justiça e Poder Judiciário? Olhem para as Cadeias da Redemocratização. Pedrinhas, Alcaçuz, Sistema Carcerário. Descobriram o Sistema Judicial/Carcerário com Dirceu, Genoino ou Lula? abs.  

    1. o que….

      Só mais uma coisa a Petrobrás faz acordo bilionário com a Justiça Norte Americana. Temer pavimentando a volta das PRIVATARIAS, se de repente, se não derreter até Outubro, der Picolé de Chuchu. Ou algum agregado. CRIMES CONTRA A HUMANIDADE são imprescritíveis. Foi revelado o que todos sabiam, que a VOLKSWAGEN muito apoiou a Ditadura no Brasil. E pela América Latina. E outras Multinacionais. Onde estão os Processos e Condenações contra tais ingerências estrangeiras e o apoio aos assassinatos, sequestros, e perseguições neste período? Onde está a ‘tão’ corajosa Justiça Brasileira? E a Justiça Internacional? Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa? Entendemos as explicações. Anão Diplomático.  

      1. Zé Sérgio, meu caro

        mais uma vez, sua intervenção é uma aula para mim. Não gostaria de perder isso., mas você já deve ter percebido o pouco interesse do GGN pelas minhas postagens. O André, merecidamente, ainda está privilegiado, pois mantém o tom. Eu, biruta desfocado, não “subi” em meus últimos três textos. Não os considerei desimportantes … mas acho que por certas observações críticas perdi a credibilidade. Depois, dizemos que a Folha e seu ombusdman são o PIG, o que justifica suas crítidas sobre a esquerdopatia.

        Em todos os textos relativizados fui honesto e, creio, “focado”. A forma como ajo com quem acolhe meus escritos e como atendo aos comentários de meus leitores. Poucos, como você, virão aqui, se as postagens não subirem ao corpo principal.

        Não posso obrigar a me aceitarem ou abrigarem-me, em jornalões digitais. Pouco imprta o apoio que dei desde o início. As formulações mudam e a minha não agradou. Você já “pescou” o que faço, entre São Paulo, Sorocaba, Piedade, Passo Fundo e Petrolina. Aliás em um dos textos desprezados, deixo isso bem claro.

        Me acompanhe aonde eu estiver. Por enquanto, permanecerei por aqui, aguardando seus comentários, mesmo que a nós não deem a menor consideração. Em CartaCapital, estarei todas as semanas escrevendo sobre agronegócios. Meu e-mail para comentários está lá.

        Forte abraço e, mais uma vez, Feliz Ano Novo. 

        1. zé….

          Caro sr. Rui, não dou aula para ninguém. Só aprendo. Não lhe conheço, nem a André Araújo, Delfim, Samuel Pinheiro…. Os conheço por suas matérias, pelo conhecimento repassado pela mídia. Pela brasilidade e interesses patrióticos que estão escritos nas suas opiniões e matérias. E é tragico verificar que é muito pouco, num país destas dimensões. É muito pouco numa Imprensa que cobre de festinhas para cachorro à última tatuagem da moda de algum jogador ou celebridade do momento. É muito pouco ter 2 ou 3 especialistas sobre Agropecuária em toda mídia nacional especializada, num país que tem a economia dependente deste setor em 40%, milhares de profissões neste setor e bilhões de reais sendo gastos em implementos, tecnologia, conhecimento, produtos agropecuários. E milhões de Brasileiros dependentes deste Setor Econômico. Estamos na Era Medieval. Das Masmorras às Condições Sociais, e continuamos brincando de ser um país. Creio que ter 100.000 assassinatos, mais 100.000 mortes no trânsito por ano, está sendo pouco para o Brasil. O Ministro afirmar que o crime organizado é comandado pelo Bandido Eleito, também. E que o tal Bandido também controla a Polícia e a direção para onde apontar o revolver. Legalmente. Que Roberto Jefferson, criminoso condenado, depois de negociar com o Presidente da República, empossará sua filha como Ministra. E que no seu lugar como Deputada, ficará um pedófilo, estuprador, traficante, aliciador de crianças para prostituição infantil. CONDENADO.Mas tudo bem. Tudo neste país é normal. Inclusive, ao invés de termos Especialistas e Profissionais, dividindo seu conhecimento, principalmente para Uiversitários ou recém-formados ( a futura elite nacional) através da Mídia e da Imprensa, gastarmos tempo e espaço com doutrinações religiosas, supérfluos e perpetuação da ignorância. Mas estamos tão bem, inclusive em relação a nossos vizinhos de América Latina. Para que ler seu livro ou de outro Brasileiro, que tem o que dizer e escrever. Leiamos qualquer porcaria da moda. Desde que seja estrangeira.  Para que mudar nossa realidade?  Novamente Ótimo 2018. No país que de um jeito ou outro, construiremos. 

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