O químico que criou Israel

Coluna Econômica – 14/01/2008

Quem assiste, hoje em dia, ao massacre de Gaza, não pode imaginar o que foi a odisséia dos judeus até conseguirem sua pátria, Israel. É um dos episódios nobres do século 20 – assim como a militarização de Israel e os massacres praticados, um dos pontos vergonhosos da história.

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A base da criação de Israel foi a chamada “Declaração de Balfour”, carta do Ministro das Relações Exteriores da Inglaterra, Arthur James Balfour, a Lord Rotschild, em 1919, estimulando a criação de uma pátria para os judeus. A carta evoluiu para o “Acordo de Balfour”, pelo qual a Liga das Nações lançava as bases do estado judeu, até seu reconhecimento pela ONU em 1948.

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Esse acordo – que selou o apoio inglês à criação do Estado de Israel – foi possível, em grande parte a um químico judeu, Jospeh Blumfeld, que morou no Brasil nos anos 40 e ajudou a desenvolver a tecnologia para exploração das areias monazíticas.

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Wolf Klabin, o patriarca da família, era casado com a filha de Arthur Haas, empresário francês cuja casa era freqüentada por Guimarães Rosa – figura chave para facilitar a vinda de judeus foragidos de gurra. O pai de Haas tinha sido intendente do exército francês na revolução napoleônica.

Francês de nascimento, com a anexação de sua cidade à Alemanha, Haas tentou se radicar na Rússia. Acabou vindo para o Brasil, onde ajudou na construção de Belo Horizonte. Mas sempre manteve relações próximas com as lideranças judaicas no mundo.

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Quando estourou a Segunda Guerra, Augusto Frederico Schmidit conseguiu atrair alguns químicos de altíssima categoria, judeus alemães e belgas, alguns recém-saídos de campos de concentração.

O mais ilustre era o químico Kurt Weill.

Por insistência de Getúlio Vargas, Klabin acabou se associando à Orquima. As ligações de Getúlio com os Klabin eram antigas.

Wolf conseguiu atrair para o Brasil Joseph Blumenfeld um dos judeus mais ilustres do século, concunhado Chaim Weizmann, primeiro presidente do estado de Israel.

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Blumfeld era a grande figura internacional da química atômica e teve papel fundamental mo Acordo Balfour, graças a uma barganha: Balfour prometeu o apoio inglês ao acordo de divisão do território palestino em troca da produção de acetona sintética, fundamental para o esforço de guerra inglês.

Junto com os químicos da Orquima, Blumenfeld desenvolveu uma tecnologia de extração do tório das areias monazíticas. Dois fatos concorreram para a Orquima não dar certo. O primeiro, a forte reação nacionalista contra a venda das areias monazíticas. O segundo, o fato da tecnologia do urânio ter saído vitoriosa sobre a do tório.

Nos anos seguintes, a casa de Wolf Klabin receberia conspiradores e lideranças judaicas da fase inicial do Estado de Israel, de Golda Méier e Pinhas Safir, político influente de Israel.

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Uma política racional poderia ter atraído para o Brasil um contingente enorme de cérebros judeus expulsos pelo nazismo. Mas ficou-se apenas nessa experiência. O país não estava preparado para ser grande.

Luis Nassif

17 Comentários

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  1. nassif:
    há um manifesto do
    nassif:
    há um manifesto do gandhi sobre a criação de israel que merece atenção.
    pode ser encontrado no “balaio porreta 1986”,do poeta moacy cirne.
    romério
    ps.estou no rio e o adelzon te manda um abraço.

    Continuamos aguardando os cariocas-mineiros para uma rodada no Alemão.

  2. não estava? apenas não estava
    não estava? apenas não estava como ainda não está. e, diante de todos os fatos que circundam e os que atingem o brasil, muitas vezes causados pelos próprios brasileiros, talvez muitos como eu, é difícil expectar quando estaremos, pelo menos, preparados.

  3. Vejam que curiosidade:
    Vejam que curiosidade:

    Cenario: Inglaterra. II Guerra Mundial. Início da colonização sionista na Palestina.

    “No seu laboratório de Manchester, o sucessor de Herzl na presidência da organização sionista mundial, Haim Weizmann, também participa no esforço de guerra aliado: aperfeiçoa um novo gás de combate e uma técnica de máscaras contra gazes. Em 1916, o Almirantado recorre a ele para remediar a falta de acetona, produto básico indispensável para a fabricação de explosivos. Quando Weizmann encontra uma fórmula de síntese, a partir do álcool de castanha-da-india, o Almirantado confia-lhe a direção do seu serviço de pesquisas.

    A pedido de Lloyd George, presidente da Comitê de munições de Guerra, o Dr. Weizmann monta uma fábrica-piloto destinada a reforçar o armamento britânico.

    Quando o cheque em branco e uma condecoração lhe são oferecidos em recompensa pelos seus serviços, ele responde a Lloyd George:
    – Nada desejo para mim mesmo.
    – Mas não haverá nada que possamos fazer em reconhecimento da preciosa colaboração que o senhor deu ao país?
    – Sim. Eu gostaria que se fizesse algo pelo meu povo.

    Desde o mês de março de 1916, que o secretário de Estado para negócios estrangeiros, Sir Edward Grey, entabula com ele para a futura sorte da Palestina turca e sonda Paris e Moscow, com vista a um eventual entendimento.

    Nomeado Primeiro-Ministro do Gabinete de Guerra, Lloyd George aborda a questão a fundo com o novo Ministro dos Negócios estrangeiros, Lord Arthur James BALFOUR, ele próprio interessado na qualidade intelectual, nos trabalhos do Dr. Weismann e sensível, GRAÇAS A UMA LEITURA ASSÍDUA E FERVOROSA DA BÍBLIA – seu livro de cabeceira – a tudo quanto as aspirações sionistas lhe evocam do Velho Testamento.”

    Do livro” Dois Exodos – Europa 5707” de co-autoria de Jacques Derogy e Edouard Saab.
    Ainda não li a parte do ponto de vista da Palestina.

    De livros antigos dá para TENTAR formular as próprias opiniões.

    Abraço

  4. Nassif,
    A Austrália atraiu um
    Nassif,
    A Austrália atraiu um bom contingente de cientistas ingleses, logo após o término da II Guerra, e fundou um centro de pesquisas que funciona até hoje e que desenvolveu uma série de equipamentos, com patentes australianas. Um dos mais famosos é o Espectrofotômetro de Absorção Atômica com chama, usado hoje por 10 entre 10 siderúrgicas e extremamente útil na análise de metais em geral. Mas há outros equipamentos e tecnologia australiana em vários outros desenvolvimentos.
    O que quero ressaltar é o fato de que a Austrália é um país ainda mais novo que o Brasil, mas soube aproveitar melhor esta oportunidade histórica, pelo menos nesse aspecto.
    Mas há casos brasileiros também. Fritz Feigl, que ajudou a formar vários químicos da UFRJ, trabalhou durante muitos anos no Brasil e desevolveu várias de suas pesquisas aqui – o que tem consequências até hoje na Química Analítica e na Química Orgânica brasileiras. Seria interessante levantar as contribuições dos refugiados de guerra no nosso país antes (quando começaram as perseguições), durante e depois do conflito. Garanto que há outras contribuições significativas.
    Abraços,
    Ademário

  5. Só vejo vergonha em toda essa
    Só vejo vergonha em toda essa história sionista.

    Se apropriar do alheio é sempre uma vergonha.

    Doar a terra dos outros, pior ainda.

    Oswaldo Aranha e nossa covardia, outra vergonha.

    Acho que poderiam ter doado a Florida para Israel, ou quem sabe parte de Londres. Mas a terra palestina, que não lhes pertencia, foi doada a terceiros de forma vergonhosa.

    Esse movimento sionista desde o inicio é sibilino, desleal, e vergonhoso.

    Leiam Ilan Pappé – um hebreu digno, que fala a verdade.
    Sobre o sionismo e sua origem.

  6. “Corrigindo a guerra” na
    “Corrigindo a guerra” na minha postagem acima:

    Ano 1916.

    Cenario: Inglaterra. Primeira Guerra Mundial. Início da colonização sionista na Palestina.

    Até.

  7. Uma coisa é inevitável após
    Uma coisa é inevitável após esse chacina de Israel aos palestinos. Independente de qualquer movimento revisionista, a vitimização israelense, um dos seus tentáculos para ter o aval do mundo, veio por terra. A informação, via internet, é bem mais leve que os brucutus soldados israelenses. Cada ataque, cada personagem, cada arma de fósforo branco, cada criança morta ou mutilada estará na memória da humanidade e, encontra agora, múltiplos cruzamentos de informações por toda a rede, e o Estado de Israel vai se desmoronando. O sangue palestino que deu liga a esse Estado terrorista, está agora bem mais explícito.

    Há, além da carnifina com crianças, mulheres e idosos, um dado que tem otimizado o repúdio a esse massacre, a indignação e a reação barulhenta e, com certeza, a pior delas após o conflito, a silenciosa contra qualquer coisa associada a Israel. A arrogância dos seus comandantes refletida nas pesadas botas dos soldados, querendo nos fazer crer que o resto da humanidade é mera barata e que podem esmagar, pior, rindo, tripudiando, rigojizando em cima da dor de qualquer homem deste planeta.

    Os próximos capítulos da derrocada de Israel que está perdendo flagorosamente no contexto desse conflito, apesar das baixas palestinas, a covardia, a desumanidade, o desprezo pela vida de quem não é seu aliado, virá com uma fatura que já começa a se apresentar. Difícil é saber, em termos de juros, o quanto tudo isso vai custar. A história está sendo naturalmente recontada, o que facilita, inclusive, o exagero contrário a Israel.

    A arrogância do sionismo refletida no exército israelense, como o maior império de toda a nossa história, porque a sua mão pesada está em muitos países ocidentais, pode ter um desfecho de contornos equivalentes ao tamanho do seu poderio, até ontem, oculto, hoje percebido e, agora, vigiado. A reação, com certeza, virá.

  8. O Brasil é grande,
    O Brasil é grande, Lucas!
    Pequenos, são os grupos de domínio com grande capacidade destrutiva que minam este pais.

    A nossa ingenuidade, é material aliado deste pesado grupo. O livro de Monteiro Lobato, “O ESCÂNDALO DO PETRÓLEO E FERRO”, nunca esteve tão atual.

    O povo brasileiro é uma orquestra perfeitamente afinada, quem sempre desafinou e desritmou o país, foram os sabotadores de fora.

    O Brasil, a cada avanço nas trocas de informações, como está acontecendo agora, via Net, caminhará para uma arrancada espetacula, pode acreditar.

  9. ajudem a minha bestial
    ajudem a minha bestial incompreensao: ser grande estar relacionado com desenvolvimento armamentista?

    Não, da química fina e das ciências em geral.

  10. O sionismo é um dos grandes
    O sionismo é um dos grandes poderes (ocultos?!) da economia mundial. A mídia e seus alicerses de barro vão desinformando a opinião pública há tempos…
    Um livro que merece atenção neste momento é do Daniel Estulin (O club Bilderberg) que nunca recebe nenhuma chamada da mídia…
    Abç.

  11. Nassif,

    a respeito de Artur
    Nassif,

    a respeito de Artur Haas:

    ele criou a “Casa Artur Haas” logo nos primeiros anos da fundação de BH, tendo em certa época transformado esse negócio numa revenda da General Motors.

    O curiosíssimo é que a tal Casa Artur Haas era mais antiga que a própria GM !

    Dizem que certa vez a GM resolveu construir uma fábrica de tratores em BH, a Terex, no Bairro São Francisco.

    Naquela ocasião, quem administrava a obra era a Artur Haas, não era ninguém da GM matriz nem da GM paulista !

    Daí, concluo que já naquela época a GM fosse um tanto bagunçada.

    Hoje a casa Artur Haas continua uma revenda com outro nome, e a Terex é uma fábrica de utilitários da Fiat, acho que se chama Stola.

    No muro externo desta concessionária a mesma pintou uma moldura, com os dizeres “Espaço reservado aos Senhores Pichadores”, e esses porcos (os pichadores) respeitavam as demais partes desse muro, só emporcalhando no espaço reservado para eles.

    (Solução mineira, né?)

  12. A criação do estado de Israel
    A criação do estado de Israel um dos momentos nobres do século?
    Se ele tivesse sido criado em Poços de Caldas e sua família tivesse perdido as terras por isso, não sei se vc teria essa opinião.

  13. Acho que faltou mencionar que
    Acho que faltou mencionar que a idéia original era criar o Estado de Israel e o Estado da Palestina.
    Aí depois, quando foi criado Israel, esqueceram convenientemente essa história de Palestina.
    Ou não foi assim? Acho que o historiador Eric Hobsbawn menciona isso no livro A Era dos Extremos.

  14. Israel foi um erro. O
    Israel foi um erro. O resultado prático é visível: uma fonte inesgotável de conflitos e instabilidade. Se trata de um projeto de colonialismo criado no momento histórico em que se desfazia os impérios coloniais. Israel foi fundado um ano após a Índia ter dado a largada na descolonização e no desmonte do Império Britânico, no que foi seguido por outros impérios; é interessante dar uma olhada no manifesto abaixo que relaciona o movimento da Índia em oposição ao de Israel.

    O manifesto de Gandhi, datado de 1938, sobre a questão judaico-palestina:

    Harijan, em 26 de novembro de 1938.

    “Recebi muitas cartas solicitando a minha opinião sobre a questão judaico-palestina e sobre a perseguição aos judeus na Alemanha. Não é sem hesitação que ouso expor o meu ponto-de-vista.
    Na Alemanha as minhas simpatias estão todas com os judeus. Eu os conheci intimamente na África do Sul. Alguns deles se tornaram grandes amigos. Através destes amigos aprendi muito sobre as perseguições que sofreram. Eles têm sido os “intocáveis” do cristianismo; há um paralelo entre eles, e os “intocáveis” dos hindus. Sanções religiosas foram invocadas nos dois casos para justificar o tratamento dispensado a eles. Afora as amizades, há a mais universal razão para a minha simpatia pelos judeus. No entanto, a minha simpatia não me cega para a necessidade de Justiça.
    O pedido por um lar nacional para os judeus não me convence.
    Por quê eles não fazem, como qualquer outro dos povos do planeta, que vivem no país onde nasceram e fizeram dele o seu lar?
    A Palestina pertence aos palestinos, da mesma forma que a Inglaterra pertence aos ingleses, ou a França aos franceses.
    É errado e desumano impor os judeus aos árabes. O que está acontecendo na Palestina não é justificável por nenhuma moralidade ou código de ética. Os mandatos não têm valor. Certamente, seria um crime contra a humanidade reduzir o orgulho árabe para que a Palestina fosse entregue aos judeus parcialmente ou totalmente como o lar nacional judaico…”

    Continua aqui.
    http://miltonribeiro.opensadorselvagem.org/um-semana-um-texto-o-manifesto-de-gandhi-sobre-a-questao-judaico-palestina/#comments

  15. A Palestina pertence aos
    A Palestina pertence aos palestinos? Nunca! Vocês não conhece História! A História diz que aquela terra perteceu aos Cananeus que depois…(aqui já é a bíbia que diz: Deus deu para Abraão, Isaque e Jacó… ) Em Levitíco 25.23 diz o seguinte ” A terra é minha” Portanto a Terra é de Deus!!! Depois a Terra de Israel foi dominada pelo imperio Babilônico, Assirios(só o reino do Norte), Medo-Persas, Grecia, Imp. Romanos (aqui o Imperador Adriano q/ com a volta de Bar Kochba colocou o nome de Syria-Paestina), Império Bizantino, Domínio Mulçumano(aqui começou), Dom. Cruzado, Mameluco, Dom. Otomano, Dom. Britanico e por fim voltou agora para Israel, pois Deus disse que nos últimos dia os judeus voltaria.(jeremias Cap. 31) também Deus disse que seria desse jeito que é hoje lé no Oriente Médio dê uma olhadinha no livro do profeta zacarias cap. 12 e 14. É preciso saber a História pra poder comentar com autoridade de causa, pois é preciso uma compeensão de História. ok

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