Omissões na análise da China

Enviado por Milton Coelho da Graça

Caro Nassif,

desculpe, velho amigo, mas esse tal de Marcelo Nonnenberg é apenas mais um cabeça de planilha. Olha aqueles números da China e tira conclusões quase ridículas.

A dramática redução do analfabetismo não lhe merece mais do que uma rápida menção e ele nem sequer percebe os efeitos na economia. Também não registra outro dramático resultado: o aumento do número de engenheiros formados a cada ano (hoje mais do que os Estados Unidos) nem o fato de que pelo menos duas universidades – Hong Kong e Tsinghua – estão ao nível das melhores do mundo.

Os efeitos econômicos e políticos do controle da natalidade pelo jeito nem foram percebidos por esse rapaz, que me dá fortes dúvidas sobre a respeitabilidade de estudos feitos no IPEA.

Eu e você, Nassif, sabemos que não existe esse tal de “superaquecimento” e muito menos “excesso de poupança” na economia. Não se conhece nenhum caso histórico de fracasso econômico por conta desses conceitos.. Existem sistêmicos desequilíbrios entre oferta e demanda, cujas correções são feitas pela ação do Estado desde o crack de 1929.

O sujeito não vê entre as “causas do milagre” a clarividência política de Chu en Lai, que, sob a tempestade destruidora e idiota da “revolução cultural”, juntou as melhores cabeças do PC chinês no Ministério das Relações Exteriores para elaborar um novo projeto econômico, só aprovado 20 anos depois.

A reintegração de Hong Kong já estava incluída nesse projeto como também essa jóia do “milagre” que é o princípio de “uma China, dois sistemas”. Nonnenberg não sabe nada disso, ou pelo menos nem sequer menciona que a China assumiu uma outra revolução, a do container, que tornou possível a fantástica redução dos custos de transporte marítimo e manipulação portuária.

Um grande abraço do amigo e admirador

Milton

Luis Nassif

10 Comentários

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  1. “Dramáticos resultados”? Em
    “Dramáticos resultados”? Em que língua
    Milton Coelho da Graça, está escrevendo?Portinglês,creio.Mais parece tradução literal,do que da própria
    “verve”.

  2. É bom lembrarmos que a China
    É bom lembrarmos que a China não esqueceu de investir pesadamente na educação, enquanto por aqui andamos para trás também nesse quesito.
    A propósito, o cara de pau do Alckmin anda dando palestra em faculdades. Por que ele não leva o Chalita junto?

  3. Sobre os “efeitos econômicos
    Sobre os “efeitos econômicos e políticos do controle da natalidade” não consigo deixar de citar que a “coisa” mais valiosa na economia chinesa daqui a 20 anos será …. mulher. Não pensem em termos machistas, pois me refiro à mulher para casar e ter filhos.

    Logo teremos jovens ricos chineses percorrendo o mundo na procura de parceiras capazes dar herdieros ao nome da família.

  4. Caros Milton e Nassif, o
    Caros Milton e Nassif, o Milton economizou ao qualificar de ridiculas as conclusões. Parece mais eco da politica externa americana, que mistura temor ao poderio militar chines e fica criticando direitos humanos e pirataria. Acrescento que no caso de corrupção,a China é sem dúvida a que mais pune funcionarios corruptos, tendo há alguns anos condenado um governador (equivalente) de um provincia à morte por corrupção. Além do que é um estado que se livrou dos perdulários religiosos que, com sua falsa moral , querem dirigir a educação e a politica publica de planejamento familiar permitindo aumentar o numero de pobres e ignorantes. Aliás pobres e ignorantes são a principal matéria-prima das religiões para aumentar sua influencia e poder sobre combalidos estados, como é o Brasil e outros ignorantes da america latina, áfrica e oriente- medio. Aliás, se o III Reich não fosse derrotado o atual Papa seria um chanceler de Hitler, dado seu passado e carreira pré-clerical.

  5. Basta uma busca no Google
    Basta uma busca no Google para ver a quantidade de pessoas que estudaram os números e questionam a veracidade da afirmação que a China forma 100.000 engenheiros ao ano.

  6. Diz Milton Coelho da Graça:
    Diz Milton Coelho da Graça: “Eu e você, Nassif, sabemos que não existe esse tal de ‘superaquecimento’ e muito menos ‘excesso de poupança’ na economia. Não se conhece nenhum caso histórico de fracasso econômico por conta desses conceitos..”
    É fácil chamar o outro de “cabeça de planilha” e desqualificá-lo, mas fazer isso falando abobrinha é duro…
    Prezado Milton, sugiro o seguinte: pegue seu livro de história econômica (ou arranje um) e leia um pouco sobre o final do período Médici… não estou falando que o resultado vá ser o mesmo. Minha crítica é que na ânsia de sustentar sua posição dogmática sobre o assunto, você saiu criticando o outro comentador com um argumento economicamente banal (ou intelectualmente enviesado).

  7. Prefiro a análise do “cabeça
    Prefiro a análise do “cabeça de planilha” Nonnenberg. É claro que não é completa, mas vejo muito mais fundamentos. Além de achar grosseiro e prepotente a maneira como o Milton escreveu. É claro que ele está correto quando lembra que a China investiu muito em educação, mas tem enormes vantangens comparativas com os seus salários de miséria e sua pirataria, isso é fato. Particularmente não quero o modelo chinês para o Brasil.

  8. Também não gostei do post do
    Também não gostei do post do Milton. Quando se fala/escolhe algo, obviamente vc é obrigado a deixar de lado todo o resto, sem que isso seja omissão, pois o resto é infinito (sempre), portanto a crítica do Milton é barata, superficial e deselegante. O texto do nonneberg aborda os fundamentos, dos quais o Milton apenas aprofunda, e ingratamente acusa omissões. Exceto pela parte da educação este post não vale o espaço, nem a polêmica.

  9. Se algum dia chegarmos a
    Se algum dia chegarmos a viajar a outros planetas povoados por humanóides ninguém com a lógica comportamental dos terráqueos tentará interpretar o modo de vida dos extraterrestres. A mesma coisa devemos fazer com a China, quando pensamos neste país esquecemos que a cultura, a história e até a ciência tem um desenvolvimento completamente independente do nosso mundo ocidental. Procurar interpretar a economia chinesa com algumas leis “universais”, procurar entender o esforço do povo chinês com a nossa lógica é antes de mais nada ingenuidade da nossa parte. O símbolo que representa a China quer dizer “O Império do Centro”, ou seja, na ótica chinesa o centro do mundo. O império chinês até mais ou menos o século XV tinha características abertas ao resto do mundo e mais ou menos por esta época o império se fechou ficando as comunicações com o resto do mundo muito difíceis. O império inglês “abriu” a China ao mundo da pior forma possível e acontecimentos trágicos humilharam o povo chinês diminuindo a sua auto-estima. Mao Tse-Tung com todas as críticas que agora fazem a ele teve um mérito que talvez seja uma das chaves do atual progresso de seu país, ele mostrou ao povo chinês que eles muito mais poderosos do que pensavam. Existe uma frase atribuída ao presidente Mao que se todos os chineses batessem com o pé no chão ao mesmo tempo a Terra teria um pequeno deslocamento no seu eixo de giro. É uma frase de efeito que pode até não ter sido falada por Mao, mas ela de certa forma da à idéia do que ocorrerá se um bilhão de pessoas procurarem ganhar dinheiro num só país e ao mesmo tempo.
    A chave da expansão da China está numa mobilização nacional na direção da riqueza, se 1% dos chineses (capazes e inteligentes) acordarem e pensarem em ficar ricos, serão treze milhões de empreendedores, se desse 1%, noventa e nove por cento derem com os burro n’água sobram 130.000 ricos neste país.
    História é algo que todos esquecem, mas é como a piada do aposentado inglês que tinha um belíssimo jardim e um americano rico tentou levá-lo para cuidar dos seus jardins em Bevery Hills. Depois de muitas propostas e negativas o inglês disse ao jovem rico como ter um belo gramado Inglês. Boa semente, adubo, rega, rega e corta, rega, rega e corta, depois de uns quinhentos anos a grama vai estar igual!

  10. (…) Também não registra
    (…) Também não registra outro dramático resultado: o aumento do número de engenheiros formados a cada ano (…)
    DRAMÁTICO?? O que estão fazendo com o nosso idioma? Linguagem expressiva? Ah, tá! … (ou modismo).

    Outros modismos midiáticos:
    – Debruçar-se sobre algum assunto
    – Mandar alguém ‘conferir’ uma programação (viramos todos conferentes -> Ex.: “Confira no jornal das dez”)
    – Criar dez mil novos empregos (p.u.t.z. … se estão criando ou vão criar, só podem ser novos)

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