Os efeitos da recessão sobre as contas públicas

A política econômica não pode ser vista como um arquipélago de esforços isolados, cada qual tocando sua tarefa independente dos demais.

O conhecimento das ferramentas fiscal e monetária é simples. É como o médico que conhece o antibiótico para cada infecção. O desafio é a dosagem, a combinação adequada das duas políticas de maneira a não intoxicar o organismo do paciente.

Ponto 1 – Quando a economia caminha em uma direção – seja de desaquecimento ou aquecimento – qualquer medida pró-cíclica (isto é, na mesma direção) potencializa os movimentos. Desde o último trimestre do ano passado a economia vem despencando.

Ponto 2 – Além da queda de renda e do consumo, já estava no ar o efeito Lava Jato que sabia-se iria prolongar no tempo.

Ponto 3 – Aí entra o Banco Central como se fosse a ilha autônoma e se propõe a fazer a “sua” recessão, induzida pelo aumento da Selic.  Aplica uma política monetária virulenta, explodindo os juros e spreads bancários, pegando no contrapé todas as empresas e pessoas físicas que se valiam do capital de giro bancário.

A resultante final

O objetivo final do ajuste fiscal é estabilizar a relação dívida/PIB. Mas o que acontece se o PIB cai?

Veja o exemplo simples:  33,8 (dívida líquida) / 100 (PIB) = 33,8%

Suponha que o PIB caia 2% e a dívida permaneça a mesma: 33,8 / 98 = 34,5%

Ou seja, só pelo efeito PIB em queda, mudando o numerador,  a relação aumentou 0,7 ponto percentual.

Para exemplificar, vamos montar contas bem simplificadas em cima dos seguintes grandes números:

  1. PIB = 100

  2. Dívida líquida = 33,8

  3. Arrecadação = 35,95

  4. Superávit nominal = 1,2

  5. Gastos públicos 3-4 = 34,75

Esses 34,75 financiam todas as despesas e investimentos públicos.

Efeito queda do PIB

Se o PIB cair 2 pontos, conforme já se viu, a relação dívida/PIB aumenta 0,7 ponto percentual. O superávit teria que subir para 1,9 para manter a relação anterior. Mas como o PIB caiu para 98, esse 1,9 representará 1,914% do novo PIB. Os gastos públicos teriam que cair de 34,75 para 34,07 (em termos nominais) para gerar o superávit necessário.

Efeito queda da arrecadação

Para não complicar as contas, suponhamos que a receita caia com a mesma intensidade do PIB. Ou seja, 2%.  Essa queda representará 0,72 nominal ou 0,73% do novo PIB que caiu 2%. Somado ao efeito queda no PIB, o superávit teria que subir de 1,2% para 2,65% do novo PIB para manter estável a relação dívida/PIB. E os gastos públicos cairiam para 33,36.

Efeito juros

O BC calculava que superávit primário de 1,2% do PIB seria suficiente para estabilizar a relação dívida/PIB. Com 4 pontos a mais de taxa real, e o PIB caindo 2 pontos percentuais, para voltar à relação anterior seria necessário  aumentar em 2,03 (ou 2,07% do novo PIB) o superávit primário. Significaria reduzir as despesas para 31,33 – ou 3,42% do PIB antes da queda.

Conclusões

São cálculos que levam em conta apenas alguns fatores. Não se incluíram aí os efeitos do desarmamento das danosas operações de swap reverso – uma política indecente de transferência de lucros para o setor financeiro. Nem os efeitos da inflação sobre a despesa nominal.

Mas é um desenho simplificado dos problemas trazidos por uma política recessiva.

Redação

38 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Lembrando que o nome do homem

    Lembrando que o nome do homem que assina esse assassinato via juros à queima-roupa chama-se Tombini. 

    Enfim, a equipe econômica é uma orquestra sem maestro ( ou maestra, para os puxa-sacos que dizem presidenta).

     

    1. PUXA BOSTA

      Ai, de novo! O substantivo presidenta está gravado no Dicionário Aurélio desde sua primeira edição. Como é difícil para um “puxa-saco” como eu ter que ler o resultado mental de um “rola bosta” sobra o mesmo tema.

  2. Os efeitos da recessão sobre contas públicas.

    De acordo com o que o Nassif falou, não adianta tomar remédio simplesmente. Tem que a dose certa, do remédio certo para cada doença. O Governo peca na iniciativa de querer controlar toda uma situação, mas não faz o dever de casa. Se uma construção estiver ruindo, o problema está no alicerce, mas se tem goteiras, o problema vem do teto.

    Será que ninguém avisou que, para haja um controle mais absoluto das contas, seria primordial desfazer de, pelo menos, 18 ou 20 Ministérios e extinguir metade dos cargos comissionados, se não todos. Esse ajuste tem que vir de cima para baixo e não de baixo para cima, como está tentando fazer. Do jeito que está fazendo, parece a construção de um CASTELO DE AREIA na  a beira do mar. Não vinga, pois há eminência de desmoronar com a primeira onda. 

    Fala sério! Até a BOLSA FAMÍLIA, FIES já estão prejudicados, mas fazer o óbivio não tem coragem, nem determinação de lider na administração Nacional. Vai muito mal! 

  3. Minha lógica é outra

    E agora entendi as manifestações contra o governo. É a macroeconomia, estúpido.

    Meta 01 – Selic: 20% aa (com inflação – 8% aa)

    Objetivos:

    a) Dólar: R$ 1,50 – importar produtos sofisticados e viajar para o exterior – EUA, França, Caribe, Polinésia, etc.

    b) Aplicação renda fixa: R$ 10 milhões – Rendimento de cem mil mensais, descontada a inflação.

     

    Meta 02 – SM: abaixo de 100 dólares (desemprego em: 20%; aprovação da lei das terceirizações*)

    Objetivos:

    a) Redução do custo da mão de obra (doméstica e empresarial).

    b) Redução da pressão por aumento salarial

    *Revogação da Lei das empregadas domésticas.

     

    Como consequencia disto virá uma pressão social das camadas mais pobres da população.

    Proposta: Redução da maioridade penal; Pena de morte (independente da idade); Privatização dos presídios (com premição de juízes por condenação penal-prisional).

  4. O superávit já começou

    Há contingenciamento informal e corte de gastos desde o ano passado. Só não foi divulgado. Polícia sem dinheiro para abastecer carros, terceirizados com repasses atrasados, enfim, sucateamento do serviço público para mais dinheiro para juros. E depois criticavam o PSDB

  5. É o preço que se paga pela

    É o preço que se paga pela leniência com a inflação perto do topo da meta desde 2011 (e controlada pelos preços administrados). Quanto mais rápido se corrige o rumo, a despeito da queda do PIB no curto prazo. mais rápido será a recuperação da economia e a redução da taxa de juros (a partir de 2016, com a inflação sob controle).

  6. Os cabeças de Planilha

    Nassif, voltei a ler seu livro, Os Cabeças de Planilha. O que me parece é que a maior oportunidade que o Brasil teve foi em 2008 com Lula. Mas e o que fez o BC? Aumentou os juros indo na contramão de todo o mundo. O cavalo passou encilhado. A Dilma até tentou e baixou a 7,5 pp a Selic, mas não deu nem tempo sequer para fazer um miojo no microondas. O que vemos agora é só cortina de fumaça, crise política, discursos contra a corrupção, reforma política que ao que parece ficará pior do que o sistema que já está aí. O que o Banco Central está fazendo é simplesmente criminoso. Os juros no Brasil daria sim, uma bela de uma CPI. Tá todo mundo perdendo com as ações do governo, consumidores, trabalhadores, empresas, serviços, indústira, setores produtivos e etc. Mas os financistas, como diria o Lula, “nunca antes na história deste país”, ganharam tanto dinheiro e continuam ganhando. E como se não bastasse, vem mais alta de juros. Gostaria muito que você fizesse um post daqueles de três páginas. Os juros no Brasil, não são indecentes, não são imorais: SÃO CRIMINOSOS!

     

     

  7. Faltou o de sempre…

    Explicar os caminhos que nos levaram a esse quadro. Até parece que a crise brotou do nada, quando, ao contrário, foi cultivada ao longo dos últimos 12 anos.

    É como tentar dizer que a 2a Guerra Mundial se deu por causa da invasão da Polônia.  

    Esse é o keynesianismo brasileiro, sempre incansável e que não se ruboriza. Quebraram o Estado brasileiro (de novo), passaram a conta para nós (mais uma vez) e agora ficam de dedinho em riste e mãozinha na cintura (como sempre fazem), pregando uma matemática que nunca é aplicada a tempo de evitar o rombo.

    Keynesianos raramente usam a matemática. E somente à posteriori, para tentar consertar ou justificar o estrago, de preferência tentando debitar na conta dos liberais (que não são nem nunca foram governo).

     

  8. Na prática

    Há 01 ano fiz empréstimo para capital de giro no Banco do Brasil – BB Microcrédito Invest – com juros de 0,4% mês. Não perdi a oportunidade de propagandear que finalmente e pela primeira vez na história o sistema financeiro do Brasil (ao menos os bancos públicos) estava oportunizando juros decentes como acontece nos países do primeiro mundo. 

    Bom, ontem, 02/06/15 voltei ao Banco para nova consulta do mesmo programa (ou produtos, como dizem). O juro está em 2,8% mês. 

    – Então terminou o juro barato no Brasil? – a atendente: é, e acho que nunca mais vai haver novamente. – Mas por quê? – tinha porque era ano de eleições… e também está havendo muito inadimplência destes empréstimos  de juros quase zero. – Por que não continuam ao menos para os que pagaram direitinho? – Bom, aí ela não sabe…!

     

  9. Um mantra

    Todas as vezes que alguém for defender o governo Dilma e o PT, é bom que se repita, como um mantra:

    Este foi um governo que aumentou a taxa de juros no meio de uma recessão.

    Este foi um governo que aumentou a taxa de juros no meio de uma recessão.

    Este foi um governo que aumentou a taxa de juros no meio de uma recessão…

    Só de falar uma desgraça dessas dói o ouvido.

    Se a gente conta uma dessa pra um estrangeiro ele deve pensar que estamos ficando doidos.

    E estamos.

  10. Hora de…

    …Mudanças já,

    Governo a serviço do sistemas financeiro, isso que a dilma é. Assim mesmo, com letras minúsculas. Eu deveria ter votado em outro partido, com gente “picareta”, mas que não faz de conta.
    Pelo menos eu não teria a desilusão que tenho ao acordar todos os dias e pensar: qual será a trapalhada da semana?
    Justifica sua corrupção alegando que os passados também eram corruptos. Esse além de corrupto, tem uma uma falta de habilidade política e uma incompetência no gerenciamento jamais vista na história deste País. Corrupção é corrupção. Está errado e ponto. Simples assim. Criar teorias complexas para justificar a “lambança”  é perda de tempo. Acho que a discussão deve ser em como sair dessa barafunda.
    E o desemprego chegou no final do mês de  abril em 8%. Ahhh, não é nada. Só alguns milhares de Pais de famílias com seus sonhos e planos destruídos. 

  11. Há um grupo muito peculiar
    Há um grupo muito peculiar que malha a Dilma com incontido cinismo: os ufanistas arrependidos.

    Passados DOZE anos, ingressamos em mais um período de quatro.

    Transcorridos dois terços, nao tem responsabilidade do PT, nao tem responsabilidade do Lula. A culpa é da Dilma.

    Como diz o ditado mineiro, “um cão danado, todos a ele”.

    .

    O José Alencar foi um politico ordinário e um sujeito milionário incapaz de assumir uma filha.

    Passou boa parte do tempo sob os holofotes clamando pela redução dos juros. Em vão.

    .

    Numa entrevista à Carta Capital, Delfim Neto, o fraco, disse que numa reunião improvisada no BB com o ” Guido”, Beluzzo e o Sr. Luis Inácio ficou “decidido” que os juros deveriam cair. Em vão.

    Todas as circunstâncias eram favoráveis naquele momento nas dimensões politica e econômica.

    .

    Por que o ex-presidente foi incapaz?

    Há varias respostas. A única que nao saberemos é dos ufanistas arrependidos para os quais a governabilidade serviu de escudo para rechaçar qualquer mudança.

    .

    Agora, esperam ousadia da Dilma e se calam quanto ao momento de “gloria” vivenciada cinco anos atrás.

  12. Um cogito especulativo

    Penso que a banca, se pudesse e conseguisse enfiar goela abaixo do Brasil, aumentaria a SELIC direto para 55%.

    Titubearam, não emplacaram o Fraga e na dúvida, já nas garras do Diabo, derem tiro para todos os lados.

    Coisa de amador desesperado.

    O tempo joga a favor do Brasil, é questão de tempo para os juros pornográficos serem extintos.

    1. 380 milhões de Dólares de cala boca

      Foi o quanto a Petrobrás pagou para dar um fim à chantagem que estava sendo vítima. 

      A Lava Jato já é um não-problema.

  13. Burrice ou pura má fé?

    Sou médico. Para tentar entender um pouco do que acontecia na economia brasileira comecei a ler  os livros que não se utilizassem apenas do incompreemsível economês, uma linguagem do tipo “engana trouxa” (acho que inventada justamente para esse fim). As lições de “aritmética” do antigo ginasial me faziam desconfiar que alguma coisa estava errada nas decisões dos doutores economistas. Assim me tornei assíduo leitor do Nassif, artigos, livros e depois o blog.. Não preciso dizer que sua análise de hoje, como em outras tantas vezes, deixa clara a verdadeira intenção desses “magos dos números” (alheios, é claro): complicar muito para que não entendendo nada, acreditemos em suas fórmulas descabidas que engordam cada vez mais a conta dos rentistas, “Levytando” seus ganhos já absurdos e afundando cada vez mais a economia brasileira, diga-se, do povão. Mas o pior de tudo é ver a impassividade dos ditos intelectuais e economistas do PT, e a verdadeira ingenuidade (?) da presidenta. Me desculpem, mas eu acho que esta é apenas um clone da verdadeira valente e torturada Dilma Roussef. 

    1. Vc disse econimistas e

      Vc disse econimistas e intelectuais do PT ?…e desde quando o PT teve algum intelectual ? e desde quando  um cara de esquerda pode ser considerado INTELECTUAL ??……se o cara é de esquerda já está implicito que ele jamais poderá ser um intelectual ……..ou seja : Inteligencia com esquerdismo são excludentes ……

    2. Resposta supimpa!

      Concordo com o Nassif, mas sua conclusão foi ótima! Parabens! Alías, tais medidas somente beneficiam os rentistas e banqueiros!

  14. Obviedade

    Não acho necessário ser economista para entender que, numa recessão, diminui a arrecadação. Se o governo, dominado pelos rentistas (não pode haver outra explicação plausível), aumenta a cada mês os juros (providência inexplicável e absolutamente desnecessária), acentua a recessão. Como tornou-se para o governo dogma de fé que os interesses dos bancos e rentistas não podem ser prejudicados, só resta tomar recursos dos que têm pouco ou quase nenhum. Haja, então, cortes de investimentos, supressão de direitos, desemprego e tudo o mais. E, a cada aumento da SELIC, festejado pelos que vivem disso, mais necessidade se apresenta de buscar recursos onde eles já estão perto do “volume morto”, ou seja, nas classes menos favorecidas. A pergunta que não quer calar é: Dilma e seus ministros mais próximos são mesmo do PT?  

  15. Pgto juros elevados – crime, fora do alcance da le

     

    Somebody love  – “O objetivo final do ajuste fiscal é estabilizar a relação dívida/PIB.?”

     

    Mias importante que relação divida / PIB é a relação despesas de juros / PIB.  Não existe ingenuidade, acontece por falta de limites estabelecidos e falta de governança sobre o BACEN.. Ekipconomicas com foco no interesse dos banqueiros e especuladores internacionais abusam de manter relação acima de 7% do PIB. No periodo FHC estudos publicados, descontado ajuste cambial, atingiu acima de 12%. do PIB. FHC / Malam / Fraga torraram mais de US$ 70bi da vendas de ações de estatais, sacrificando dinheiro da saúde (CPMF) traição ao Abid, educação, defesa, infraestrutura  etc etc, tudo para proporcionar a felicidade geral dos rentistas. Crime tacitamente. A saber nos países com gestores honestas não é para ser acima  de 2% do PIB.

  16. caraca nasif, vc parece que

    caraca nasif, vc parece que fez uma conta de padeiro, tá tudo errado! o objetivo do ajuste fiscal é controlar a inflação, a relação dívida/PIB é secundária, inclusive o alvo da relação é móvel… o objetivo tanto da política fiscal quanto monetária é sim produzir recessão e controlar a inflação.. que se não for controlada agora acaba com o projeto político do PT, simples assim.

  17. “É a Lei de Responsabilidade Fiscal, estúpido!”

    (o título corresponde a uma corruptela da frase atribída a James Carville, durante a campanha de Clinton, em 1992)

    Ao seu tempo, e ainda no início do Plano Real, os gastos não-financeiros tiveram grande importância no crescimento da dívida pública, e não só no plano federal, mas em todos os níveis de governo. Já a partir de 1994, quando o superávit primário do setor público alcançou 5,21% do PIB, os anos seguintes, até 1998, enfrentaram um déficit primário médio de 0,2% do PIB e um déficit nominal médio de 5,41% do PIB. 

    Os fatos econômicos mostravam claramente que as políticas adotadas para a estabilização monetária estavam deteriorando rapidamente as contas públicas e, em razão disso, já no final de 1998 o governo central retoma o discurso da “necessidade de equilíbrio das contas públicas” e lança o Programa de Estabilidade Fiscal Brasileiro, que tem como premissa que “…o Estado não pode viver além dos seus limites, gastando mais do que arrecada.” (MIN. FAZ. 1998). Este programa trazia em seu bojo o germe de uma lei que “…definirá princípios básicos de responsabilidade, derivados da noção de prudência na gestão de recursos públicos, bem como limites específicos referentes a variáveis como nível de endividamento, déficit, gastos e receitas anuais”.

    Já em 1999, sob a égide desse programa e após a maxidesvalorização, conseguiu-se interromper essa trajetória de deterioração das contas públicas momentaneamente, alcançando-se, no biênio 1999/2000 uma melhora substantiva nos resultados primário e nominal, sendo o superávit médio nesse biênio de 3,38% do PIB e o déficit nominal medio de 4,59% do PIB.

    Em 4 de maio de 2000, e dando consequencia ao programa de estabilização, entra em vigor a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), com o objetivo expresso de estabelecer uma coordenação mais rígida das políticas fiscais de todos os entes da federação, nos vários níveis de governo, e de afirmar no país o Equilíbrio Fiscal como obrigação da administração pública. No entanto, em que pese o esforço a Dívida Líquida do Setor Pùblico vinha apresentando trajetória crescente durante todos os anos do Plano Real e, se em janeiro de 94 representava 31,11% do PIB, em julho de 2001 já representava 52,82 do PIB, pouco menos que o dobro e, a partir daí evolui como no quadro abaixo, alcançando o seu máximo em 2002 e a partir daí declinando, com o seu mínimo em 2014:

    A LRF teve, então, bom resultado? Sim,parece que sim, mas…

    Lamentavelmente a LRF enquadra apenas os GASTOS NÃO FINANCEIROS do setor público, enquanto os gastos financeiros, muito especificamente os juros da dívida pública, não são limitados. Como consequencia, os governos “ajustam” a DLSP/PIB pela imposição de metas de superávit primário, cortam investimentos visando ao serviço da dívida e, aumentam as taxas de juros para se refinaciarem e continuarem gastando.

    Ou seja, hoje, a dinâmica da taxa de juros interna é determinada pelo desequilíbrio das contas externas, não como “política de combate à inflação” como é propagandeado. O que impõe essas taxas de juros é a necessidade de financiar esses déficits de transações correntes num cenário de maior instabilidade no fluxo de investimentos estrangeiros, por efeitos da própria crise econômica mundial, gerando, através da política de juros altos, o fluxo de recursos necessários para o financiamento do déficit na conta corrente do Balanço de Pagamentos, ou, não o fazendo, aceder em acomodar-se ao disparo do desajuste inflacionário.

    Nesta visão, a questão do ajuste fiscal não é cingida exclusivamente à política fiscal adotada. Passa também pela necessidade de mudanças nas políticas monetária e comercial e envolve reformas profundas nas próprias estruturas política e econômica brasileiras, a começar pelas reformas política e tributária.

  18. Tá feia a coisa !

    O dinheiro sumiu do mercado.

    Voltamos aquela fase onde para você conseguir dinheiro no banco, só provando que não precisa dele.

    Se for para trabalhar, para empreender, se houver risco para o banco, esqueça.

    Ouvi de um gerente de um banco público esta semana a seguinte afirmação : “Estou me sentindo como um cavalo preso ao poste sendo açoitado para correr. Um monte de empresas sérias, honestas e pontuais querendo dinheiro para tocar seus negócios e eu não consigo aprovar nada.”

  19. relação divida/ PIB pode ser acima de 100% desde que gratis

     

    Divida publica 2014 Japão (1.2 trilhões de dólares) relação mais de 100% divida/pib

    Bank of Japan – Taxa de juros japonesa BoJ (juros de base) é 0,100 %

    2014 dívida pública dos EUA é de 17,3 trilhões de dólares.  relação mais de 1005 divida /pib

    . 2014 EUA PIB 16,9  trilhões de dólares, de acordo com o Bureau of Economic Analysis.

    Taxa de juros americana FED (juros de base) é 0,250 % desde 2007 longos 8 anos. – Dinheiro free.

    Será que os dirigentes de Bancos Central do mundo inteiro estão errados. E Tombini na contra-mão está certo ainda que paradoxalmente:

    Não existe problema em ter relação alta divida/ pib. desde que dinheiro de grátis

    BACEN paga juros medio de 20% a.a. Negocio da China ?, não negocio du Brazil.

    somos idiotas ?

    .

     

     

     

  20. Desmoralizar o PT

    O objetivo do aumento dos juros é desmoralizar o PT. A oposição sabe muito bem que Lula saiu com mais de oitenta por cento de aprovação, e um mito assim não seria esquecido pelo povo tão fácil.

    Então conseguiram “levar” Dilma para o lado deles, assim, com um “governo” petista desastrado, talvez pior do que FHC daqui a alguns anos , conseguirão implodir o PT de dentro para fora.

     

  21. LOUCURA TOTAL: Copom eleva a taxa a 13,75%

    Mais meia volta, de uma vez só, no aperto da porca dos juros no parafuso da economia. A “escada”, de muitos degraus e cada vez mais curtos e lisos, está ficando mais íngreme e balançando; “permanecer” é cada vez mais difícil e, subir…

    Em honra à urbanidade não vou escrever o que estou pensando.

    1. Inacreditável !

      Vão parar o país.

      Só uma coisa me vem a cabeça para justificar esse absurdo : tem gente aí que está refém e está querendo salvar sua biografia mesmo que foda com a economia do país.

  22. com um tiro no próprio peito

    encurralado por circunstâncias que não foram as de sua escolha, Getúlio foi obrigado, para fazer História, a disparar contra o próprio peito. com seu gesto heróico, colocou o povo nas ruas e abortou o golpe.

    as massas não se movem sozinhas, é preciso que os agentes sociais atuem como indutores.

    assim como antes, só há hoje um único agente social capaz de reverter a tragédia que se abate sobre a nação, trazendo os trabalhadores às ruas: “Fora Levy”, “Não ao Ajuste”, “Viva o Povo Brasileiro”.

    todos sabemos de quem se trata. ele próprio sabe muito bem do que se trata. e desta vez, não mais será necessário sair da vida para definitivamente se tornar o maior personagem de nossa História.

    somente a luta muda a vida! .

    .

  23. Os idiotas, referindo me aos

    Os idiotas, referindo me aos economistas, falam apenas em efeitos de juros e nunca em começar com a indução de princípios de valores naturais estabelecidos pela própria produção.

    Em aplicações práticas basta reclamar a causa em todos os fatos do PIB, como ele suscede com os primeiros princípios, para que a economia não fique subordinada a questões de investidores, especuladores e porcos sujos, como presidente do Banco Central e seus diretores. 

    Por isso, o país não é suscetível de qualquer progresso de espécies do trabalho que sirvam de delineamento geral, e conclui-se que o tempo descobridor do futuro não pôde traçar o começo que recorda o que estabeleceu antes do todo; quando as questões das causas foram formuladas para aclarar as influências que as segueriam.

  24. Não é possível imaginar que

    Não é possível imaginar que os formuladores da atual política econômica, Levy, Tombini, Nelson Barbosa,  e a própria Dilma desconheçam os efeitos adversos da austeridade fiscal, combinada com aperto monetário, num cenário recessivo.

    Um dos principais objetivos declarados do ajuste fiscal era estancar o aumento do déficit fiscal e da relação dívida bruta/PIB. O objetivo de um superávit primário de 1,2% do PIB neste ano, e de 2% em 2016, visava exatamente isso.

    A queda da relação dívida bruta/PIB seria o principal fator que recuperaria a confiança dos investidores. Mas tudo indica que isso não irá acontecer tão rapidamente como o esperado.

    A agência de classificação de risco Moody’s acaba de reconhecer que o nível da dívida brasileira deve continuar a crescer e se manter elevado , apesar dos esforços fiscais do governo. Isso porque “o contínuo corte dos gastos irá compensar somente parcialmente o declínio das receitas”.  “Mesmo que o Brasil alcance as metas de superávit primário, as elevadas taxas de juros irão manter alta a carga de pagamento de juros do governo em 2016”. (Mauro Leos, vice presidente da Moody”s).

    Se até os mais decididos defensores da austeridade fiscal concordam que essa política não reduz a relação dívida bruta/PIB (essencial para a melhoria das expectativas), qual a razão de adotar essa política?

    E, principalmente, qual a razão da Dilma defender essa política, sabendo de antemão que o aprofundamento da recessão poderá prejudicar não só o segundo, mas talvez o terceiro e mesmo o quarto ano do seu segundo mandato? E prejudicar o PT nas eleições de 2018.

    Minha opinião é que a presidente Dilma não tinha outra opção, senão atender aos mercados, que pediam o ajuste fiscal, na esperança que pudesse ter, nos seus dois últimos anos de mandato, um bom crescimento.

    Foi uma aposta arriscada. 

    1. Veja o resto das posições do PSDB

      Veja o resto das posições do PSDB para o governo do PT nos programas da Globo News.

  25. NASSIF, GOSTARIA DE SABER A DÍVIDA EXTERNA DOS BANCOS

    Sei que temos em reservas aproximadamente 370 bilhões de dólares.

    E que a dívida externa pública ( União, Estados e Municipios) alcança o valor de 100 bilhões de dólares mais ou menos.

    Também, por dados do BC,  foi divulgado que o setor privado tem uma dívida externa em torno de 200 bilhões de dólares.

    Com a elevação do dólar, o setor público mantém-se intocado.

    Porém, o setor privado tomou um prejuízo próximo de 1/3 de sua dívida.

    Qual seria, então,  a divida de bancos brasileiros privados?

    Será que estamos pagando pelos prejuízos dos bancos?

    Era importante investigar a dívida externa do setor privado, inclusive para se verificar se em torno dela, não se está exportando dólares brasileiros.

    Há, ainda, pelo que tomei conhecimento há algum tempo, dívida externa de filiais de multinacionais perante à sua matriz, em torno de 100 bilhões de dólares, o que torna a questão das divisas mais dramáticas para o setor privado.

    Sei que, no fim, o responsável pela dívida é o País. Se o setor privado não pagar,  todos nós brasileiros iremos pagar.

    Não cabe aqui uma indagação sobre esta situação?

    Será que já começamos a pagar, praticando uma Selic com 13,5%?

  26. Os caras passaram 8 anos aqui

    Os caras passaram 8 anos aqui defendendo a “nova matriz econômica” que deu nesse quadro bisonho que temos hoje. Aí quando o BACEN entra em “modo desespero”, vira o vilão.

    Enfim, em breve os bravos “desenvolvimentistas” brasileiros terão mais uma oportunidade de nos brindar com suas fórmulas de atraso eterno. Como têm feito há 50 anos, com o breve intervalo dos governos de FHC e Lula I. Curiosamente, foi nesse período que o país se organizou institucionalmente um pouquinho…

     

     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador