Os possíveis riscos no uso de biocombustíveis

Do Vermelhos Não

Viver é uma ocupação de risco

A imprensa que repercute e alguns pesquisadores ultrapassam os limites todo o tempo. O estadão publicou uma matéria: Biocombustível de madeira pode matar, diz estudo. Trata do possível impacto causado pelas emissões dos compostos orgânicos voláteis a partir das árvores cultivadas. Concluíram que o número das mortes prematuras na Europa poderá atingir a 1.400 pessoas por ano. O grande culpado será o isopreno lançado na atmosfera pelos eucaliptos, choupos e salgueiros, as espécies escolhidas por crescerem rapidamente e grandes emissoras de COV.

O isopreno reage com componentes presentes no ar, como os óxidos de nitrogênio, e a luz solar. Com isto surge o ozônio (O3). Que em baixas altitudes é prejudicial à saúde humana. Mas isto ocorre em todos os locais do planeta. Onde existem plantas e o sol se faz presente.

A União Européia estima que o ozônio seja o responsável por aproximadamente 22.000 mortes prematuras anuais no continente. Nos seus estudos os principais vilões são os óxidos de nitrogênios e não as árvores. Os NOx são emitido principalmente pela queima dos combustíveis fósseis. Não sei se o estudo considerou na contabilidade a redução da emissão destes óxidos devido a menor utilização dos derivados de petróleo como combustíveis, visto que seriam substituídos pela produção dos bios.

Além do artigo li apenas o micro-resumo na Nature, não vou assinar a revista para ter acesso ao texto integral. Mas uma coisa me chamou a atenção: a quantidade do isopreno considerado no estudo foi a projeção para a emissão em 72Mha de cultivo. Setenta e dois mega hectares. Isto são 720.000 km2! É uma área inimaginável para o cultivo de qualquer coisa que seja na Europa. A não ser que substituam as plantações já existentes. Excluíndo-se as culturas permanentes e os vinhedos existem lá 110 Mha de área agriculturável. Com estas dimensões seriam forçados a trocar a produção dos alimentos por combustíveis. Com a redução da oferta de comida o número dos mortos prematuramente por carência alimentar seria inúmeras vezes maior que os vitimados pela “poluição” do ar.

Os biocombustíveis são ruins em qualquer hipótese. Representam a supremacia dos tanques sobre os estômagos. Mas isto não vem ao caso aqui. O que importa nesta pseudo notícia é a falsa preocupação. Não só pelos números irreais. Qualquer atividade humana ou até mesmo a falta dela produz mortes prematuras. O risco para nós está em qualquer lugar. Praticando esportes, comendo, descendo uma escada ou pegando algum objeto em cima do armário. Utilizar o critério da precaução total em todos os setores inviabilizaria a existência humana.

Luis Nassif

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