Os ventos que vêm do interior

Coluna Econômica

Uma visita ao interior de São Paulo ajudará a entender um pouco do dinamismo da economia brasileira. Nos dois últimos dias estive em Marília, em uma feira de negócios.

Primeiro ponto a chamar a atenção é que os principais fatores de modernização já estão presentes no universo de discussão das empresas. Temas como gestão, inovação, planejamento estratégico, parceria com universidades. Dez anos atrás, dificilmente esses temas frequentariam ambientes empresariais fora dos grandes centros.

Outro ponto relevante é que para cada um desses temas existem parceiros aparelhados nas áreas pública e corporativa.

No caso de pesquisas tecnológicas (área de alimento), o Ital (Instituto de Tecnologia de Alimentos, da Unicamp). Para prospecção de mercado, o Sebrae. No próprio Ital, cenários para o setor nos próximos vinte anos. As Fatecs discutindo a formação de tecnológos. O Senai e o CIESP centralizando os trabalhos de disseminação da inovação.

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HojeHoje em dia, a cidade tem uma forte presença na indústria de alimentos. Reivindica para si o título de “capital dos alimentos”. Tem algumas empresas fortes, de fora, e algumas empresas locais, de bom porte e de gestão familiar. Esse é um dos pontos fracos do interior: a dificuldade na profissionalização da gestão.

Pouco se recorre ao mercado de capitais. E ainda não se chegou ao ponto de montar órgãos de planejamento estratégico, envolvendo empresas, poder público, universidade e sindicatos. Mas chega-se lá.

Em contrapartida, a região já possui alguns exemplos bem sucedidos de parceria universidade-empresa. Como o polo eletrônico de Garças, que surgiu recentemente, com algumas empresas de porte capazes de influenciar na cultura empresarial da região.

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O problema maior – comum a grande parte das cidades do interior – é a grande carência de informações em relação a muitos aspectos da gestão econômica.

Praticamente ignora-se a existência de linhas de financiamento a pesquisas. Instituições como a Finesp (Financiadora de Estudos e Pesquisas) e mesmo a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) não fazem parte do planejamento estratégico das empresas.

Também são bastante prejudicadas pelas informações que recebem acriticamente da velha mídia. Há casos de empresários que já descobriram o grande mercado em formação no nordeste, por exemplo, mas só depois que foram conhecer de perto. A visão geral, do empresário médio, absorve o profundo pessimismo divulgado pela velha mídia nos últimos meses.

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Daqui a dez anos, é possível que o tamanho das empresas e a importância da cidade seja multiplicado por várias vezes. A explosão do mercado popular de consumo beneficiará principalmente os setores de alimentação, vestuário, móveis e eletrodomésticos.

Além disso, as novas possibilidades trazidas pelas redes sociais, os desafios de saber trabalhar o novo consumidor classe C, abre horizontes enormes para empresários com instituto empreendedor mais apurado.

Nos próximos anos, as cidades médias de São Paulo, Minas, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, assumirão um protagonismo maior no desenvolvimento brasileiro. 

Luis Nassif

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