Painel internacional

Cinza vulcânica dá prejuízo de US$ 1 bilhão na Europa

Parece exagerado falar que um vulcão teve impacto no crescimento econômico? Desde que a nuvem de cinza vulcânica apareceu no espaço aéreo europeu na última quinta-feira, os voos das companhias aéreas na maioria das cidades europeias foram cancelados, com uma única exceção – ironicamente, o aeroporto de Reykjavik, na Islândia, continuou a operar, enquanto os ventos empurravam as cinzas para longe da ilha. Analistas estimam que a erupção vulcânica já custou às companhias aéreas US$ 1 bilhão em receitas perdidas e poderia colocar em perigo a sobrevivência de algumas das companhias menores. Jarrod Castelo, analista do UBS, calcula o prejuízo acumulado das seis maiores companhias aéreas europeias, entre 120 milhões e 140 milhões de euros por dia. No início do pregão de segunda-feira, as ações da Lufthansa caíram quase 5%, elevando suas perdas desde quinta-feira para 7,5%, as da Air France KLM recuaram quase 4% para uma perda de 7,26% desde a quinta-feira, a Ryannair estava 3,6% desvalorizada, com uma perda de 6,6% desde quinta-feira, e a British Airways cedeu quase 3% para uma perda total de 7,1% desde a quinta-feira.
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E mais:
Piratas de mocassim – Paul Krugman
Criação de serviço diplomático europeu está em xeque
União Europeia e FMI preparam ajuda à Grécia
O sistema de insolvência por quebradeira

Piratas de mocassim

Paul Krugman
Em outubro passado, vi uma charge de Mike Peters em que um professor pede a um aluno para criar uma frase que usa o verbo “sacar (sacks, em inglês)” como saque e pilhagem. O aluno responde: “Goldman Sachs”. Como todos esperavam, na semana passada a Securities and Exchange Commission (SEC, a comissão de valores mobiliários dos EUA) acusou os rapazes de mocassim Gucci do Goldman de se envolverem no equivalente à pilhagem de colarinho branco. Estou usando o termo no sentido definido pelos economistas George Akerlof e Paul Romer em um documento de 1993 intitulado “Pilhagem: o Submundo Econômico da Falência por Lucro.” Este texto, escrito no rescaldo da crise de poupança e empréstimos dos anos Reagan, argumentou que muitas das perdas com a crise foram resultados de fraude deliberada. É a mesma verdade na atual crise financeira? A discussão sobre o papel da fraude na crise concentrou-se em duas formas de engano: o empréstimo predatório e a deturpação dos riscos. Claramente, alguns mutuários foram atraídos para pegarem empréstimos complexos e caros que eles não entendiam – um processo facilitado pelos reguladores federais da era Bush, em que ambos falharam em frear os empréstimos abusivos e de evitar os estados a agirem por conta própria. O que estamos vendo agora são as acusações de uma terceira forma de fraude. Sabíamos há algum tempo que o Goldman Sachs e outras empresas comercializavam títulos lastreados em hipotecas mesmo enquanto tentavam lucrar apostando que esses ativos poderiam despencar de valor. Esta prática, entretanto, embora sem dúvida condenável, não era ilegal. Mas agora o SEC está acusando o Goldman de criar e comercializar títulos que foram deliberadamente projetados para falir, de modo que um cliente importante poderia ganhar dinheiro com isso. Isso é o que eu chamaria de pilhagem.
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Criação de serviço diplomático europeu está em xeque

Membros do Parlamento Europeu estão ficando mais críticos em relação a Catherine Ashton, a principal representante da União Europeia (UE) para assuntos estrangeiros. Ashton é incapaz de criar o novo serviço diplomático da UE, afirmam. Quatro meses e meio depois que Catherine Ashton assumiu o cargo de Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, crescem as dúvidas sobre sua aptidão ao cargo. Ashton não tem ideias nem planos, critica Inge Grässle, membro do Parlamento Europeu pela União Democrata-Cristã (UDC), partido de centro-direita da Alemanha. Ashton é “simplesmente superficial” quando se trata da criação do novo serviço diplomático da UE, o Serviço Europeu para a Ação Externa (EEAS, na sigla em inglês), disse Grässle à Spiegel. As coisas estão “totalmente no caminho errado”, acrescentou. Diferentes instituições da UE estão empenhadas numa luta de poder sobre a forma que o EEAS deveria tomar. Em meio à disputa, a ideia de um corpo diplomático europeu eficiente com até 7.000 funcionários “caiu no esquecimento”, reclama a deputada do Partido Verde Franziska Brantner. Elmar Brok, deputado da UDC, relator oficial do Parlamento Europeu sobre a EEAS, chegou mesmo a ameaçar um bloqueio. Se a disputa por influência continuar, não haverá “nenhuma solução” no Parlamento Europeu e, portanto, “sem EEAS”, disse.
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União Europeia e FMI preparam ajuda à Grécia

As autoridades da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI) deveriam ter viajado a Atenas no início desta semana, para estabelecer as condições do pacote de resgate de 45 bilhões de euros (US$ 61 bilhões), enquanto a raiva do público se acumula cada vez mais com as medidas adicionais de austeridade. A decisão do primeiro-ministro George Papandreou de pedir conversações provocou uma reação de “raiva” entre 48% dos gregos entrevistados na enquete do jornal Eleftheros Typos ontem. Nove das 10 pessoas entrevistadas disseram esperar que o FMI insista em um aperto maior. Os sindicatos já ameaçaram novas greves com a perspectiva de mais cortes de orçamento. “O governo grego conseguiu escapar da tempestade de protesto público, em que a maioria foi razoavelmente pacífica”, escreveu Colin Ellis, economista do Daiwa Capital Markets Europe em Londres, em um e-mail para os investidores. “Mas se a oposição pública endurecer com mais medidas de austeridade, o governo grego poderá ter mais dificuldades para colocar as finanças públicas de volta a uma situação sustentável”.
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O sistema de insolvência está falido

Ann Cairns
É um clichê dizer que empresas vivem globalmente, mas morrem nacionalmente. O ritmo de expansão das empresas globais, e a consequente integração de funções para além das fronteiras, não tem sido acompanhado pela harmonização internacional das leis que entram em jogo quando eles enfrentam a extinção. E o conflito entre as regras de insolvência internacional nunca foi mais aparente do que na reestruturação e administração do Lehman Brothers. O Lehman é um emaranhado de ativos sujeitos a 76 processos diferentes de insolvência. Naturalmente, a complexa e firme estrutura que vemos em empresas de serviços financeiros não é replicada na medida mesma em qualquer outro setor. Ainda que a rápida deterioração do Lehman levante inúmeras questões para todas as empresas com modelos de negócios globalmente integrados, desde o setor automotivo ao de tecnologia. As respostas são um pouco mais difíceis de encontrar. Provavelmente, as empresas tornaram-se demasiado grandes – o Lehman tinha mais de 3.000 pessoas jurídicas em todo o mundo – e complexas demais para ser gerenciadas de forma abrangente a partir de um centro. Portanto, não há razão para achar que desativá-las seria mais fácil. Enquanto os políticos profissionais, de insolvência e as associações industriais pediam em alto e bom som para os governos estabelecerem protocolos de insolvência global, é difícil prever a harmonização das regras nacionais profundamente arraigadas. No entanto, somente uma revisão completa da legislação sobre insolvência internacional resultará na mudança sistêmica necessária para contornar a abordagem do “cada um por si”.
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Luis Nassif

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