Painel internacional

EUA e Reino Unido têm diferentes maneiras de combater os déficits

Os EUA e o Reino Unido têm dois dos maiores déficits orçamentários do mundo, mas enquanto o recém-eleito governo da Grã-Bretanha adotou a austeridade na tentativa de cortar rapidamente o déficit, Washington continua batendo o tambor por mais gastos, dizendo que isto é essencial para resgatar a economia global. Outros líderes europeus, notadamente a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente do Banco Central Europeu, Jean -Claude Trichet, ecoaram a abordagem britânica. Mas, dadas as semelhanças entre as chamadas economias anglo-saxônicas, o contraste entre as abordagens dos EUA e Reino Unido são as mais gritantes.

As diferentes condutas têm várias explicações. Os ciclos políticos das duas nações não estão em sincronia: o governo de coalizão do Reino Unido mal tomou posse, enquanto o presidente Barack Obama enfrenta uma eleição intercalar em novembro. Além disso, a economia dos EUA é considerada mais dinâmica, enquanto o Reino Unido está preocupado em ser atingido pela crise da zona do euro.

No curto prazo, alguns economistas dizem que o remédio amargo do Reino Unido poderia jogar a combativa economia de volta à recessão. Mas espera-se que outros fatores melhorem o corte de gastos, como uma libra mais fraca e política monetária mais branda do Banco da Inglaterra. Analistas do Royal Bank of Scotland argumentam que esses fatores irão prover o Reino Unido de “crescimento razoável”, enquanto cessa o déficit.
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China diz que mudanças em suas reservas cambiais “não devem ser politizadas”
A maldição da incerteza econômica
Criação de emprego é prioridade, diz OCDE
Obama e Netanyahu: os limites da intimidade

China China diz que mudanças em suas reservas cambiais “não devem ser politizadas”

O gestor de reservas cambiais da China no exterior disse que o mercado de títulos dos EUA é importante e as mudanças de posição nos treasuries (títulos da dívida dos EUA) “não devem ser politizadas”. Os benefícios de investir na dívida do governo dos EUA incluem a segurança “relativamente boa”, liquidez e baixos custos de negociação, disse hoje a Administração Estatal de Câmbio (SAFE, na sigla em inglês), em declaração no próprio site. O aumento ou redução de montante da dívida dos EUA que a China possui “é normal” e as decisões são feitas com base nas condições de mercado, disse.

“Estamos acompanhando de perto e monitorando todos os tipos de mudanças” que afetem os preços da dívida pública dos EUA e “fazemos ajustes dinâmicos para os nossos investimentos, que não devem ser politizados”, disse o SAFE. As preocupações de que a China pode considerar uma opção “nuclear” de desovar suas posições no Tesouro é “completamente desnecessária”, acrescentou o regulador. As reservas de câmbio da China no estrangeiro, as maiores do mundo, totalizaram US$ 2,45 trilhões no final de março, e o país tem a maior participação de treasuries no exterior, tendo aumentado em abril seus investimentos em títulos de US$ 5 bilhões para US$ 900,2 bilhões. O total ainda está abaixo do recorde de US$ 939,9 bilhões registrados em julho de 2009.
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A maldição da incerteza econômica

Thomas F. Cooley
Há um debate extremamente mal-humorado em curso em relação à tensão entre o desejo de uma política fiscal coerente e a anêmica recuperação da economia global. A voz mais abrasiva é a de que o economista Paul Krugman, que tem atacado os políticos alemães por resolver os seus déficits orçamentários, está insistindo sonoramente na necessidade de mais estímulos nos EUA e rotulando de asinino todo mundo que discorda. Houve muita discussão no último encontro do G20, mas não tem apoio para a visão da administração Obama de que a sustentabilidade fiscal deve ser um objetivo de “médio prazo” (o que quer que isso signifique) e que não deveria abandonar os estímulos no momento em que a recuperação é frágil.

Em nítido contraste com os EUA, os membros da União Europeia (UE) estão cortando gastos e enfrentando déficits crescentes. Entre as mudanças mais dramáticas da direção é o orçamento recente do Reino Unido, que propõe cortes de gastos e aumentos de impostos totalizando 113 bilhões de libras (US$ 172 bilhões) para reduzir um déficit de 11% da produção econômica. Muitos dos cortes de gastos enfrentados pelo setor público cresceram muito ao longo do período dos governos Blair e Brown. A maioria dos membros da zona do euro anunciaram também orçamentos de austeridade, e muitos têm usado a crise da dívida soberana europeia como impulso para iniciar as reformas necessárias em seus mercados de trabalho e atacar o inchado setor público.
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Criação de emprego é prioridade, diz OCDE

A taxa de desemprego nas economias ricas pode ter atingido o pico , mas 17 milhões de novos empregos são necessários para retornar ao nível pré-crise, afirmou o OCDE. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) disse que a criação de emprego tinha “que ser prioridade máxima para os governos”. Criar empregos ao mesmo tempo em que se cortam déficits foi “um grande desafio”, acrescentou o grupo. Ele disse que havia um risco de que milhões podem perder contato com o mercado de trabalho.

“O elevado desemprego como um novo padrão de normalidade não pode ser aceito e tem que ser resolvido através de estratégia política global”, disse o secretário geral da OCDE, Angel Gurria. Dos 17 milhões de empregos desperdiçados durante a crise, 10 milhões foram perdidos nos EUA, afirmou o grupo de 31 nações desenvolvidas. Na Espanha, que tem a maior taxa de desemprego na zona da OCDE, de 19,9%, 2,5 milhões de empregos foram perdidos.

No total existem 47 milhões de pessoas desempregadas na região, mas esse número poderia ser 80 milhões se aqueles que desistiram de procurar trabalho, ou aqueles que trabalham meio período mas que buscam trabalho de tempo integral, são levados em conta, disse o grupo.
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Obama e Netanyahu: os limites da intimidade

Logo no início do conturbado relacionamento entre Barack Obama e Benjamin ” Bibi” Netanyahu, o embaixador israelense Michael Oren disse a seus colegas norte-americanos que o que faltava entre os dois líderes era “intimidade”. Essa palavra se tornou rapidamente a pedra de toque para tudo o que os israelenses queriam, mas não estavam recebendo da administração Obama. No verão passado, quando os dois lados estavam enfrentando a exigência dos EUA para que Israel congelasse o avanço da ocupação da Cisjordânia e Jerusalém Oriental, Netanyahu mesmo usou a palavra três vezes na presença de diplomatas norte-americanos: “o que estamos procurando é uma sensação de intimidade, onde a confiança está lá”, disse, segundo os presentes.

Na terça-feira, 18 meses depois que Obama assumiu o cargo, Netanyahu parece finalmente ter conseguido seu momento de intimidade. Em uma reunião cuidadosamente planejada no Salão Oval, Obama e ele sorriram para as câmeras e professavam uma intimidade que ninguém poderia romper. Perguntado por um repórter se ele confiava em Netanyahu depois de ter lhe dado um “abraço frio” mais cedo, Obama disse: “confiei no primeiro-ministro Netanyahu desde que o conheci antes de ser eleito presidente”. Obama ainda andou com Netanyahu até seu carro e esperou durante vários segundos até que o primeiro-ministro se afastasse.

Amobos, Obama e Netanyahu, têm muitos motivos para fazer bonito. O presidente foi atingido por denúncias de legisladores democratas que canalizaram o furor entre alguns dos eleitores judeus que acusam o governo de ser hostil com Israel – a fúria que os legisladores dizem ter se traduzido em problemas de captação de recursos antes da eleição. “A Casa Branca alega ter apoio de 80% dos judeus”, diz um democrata judeu no Congresso. “Mas eu digo a eles que são os outros 20% a quem toda semana estamos pedindo dinheiro”. Netanyahu, por sua vez, precisa da cobertura diplomática dos EUA, diante de uma comunidade internacional cada vez mais hostil que busca responsabilizar Israel por alegados crimes de guerra e de punição coletiva em Gaza.
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Luis Nassif

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