Presidente do Carrefour é alvo de críticas

Por MiriamL

Do Le Monde

Carrefour, transformado em “acidente industrial”

Claire  Gatinois

  • Para os profissionais, Olofsson não é o homem certo para o trabalho
    Para os profissionais, Olofsson não é o homem certo para o trabalho

O presidente do grupo de distribuição, Lars Olofsson, é acusado pelos investidores de ter “quebrado a mecânica”

Quando foi nomeado presidente do Carrefour em janeiro de 2009, o sueco Lars Olofsson foi apresentado como o “viking” que iria reerguer o número dois do mundo no setor de hipermercados. Hoje, o mercado só espera por uma coisa: a saída desse “ás” do marketing e da comunicação, acusado de ter acelerado o colapso do grupo em menos de três anos. “Ele quebrou a mecânica, está descredibilizado, queimado!”, vocifera um analista. Com Olofsson, o Carrefour se transformou em um “acidente industrial”, reforça outro.

Os resultados da distribuidora são, de fato, cada vez piores: sua cotação na Bolsa está despencando (-63% desde abril de 2007), as perdas se acumulam (-249 milhões de euros no primeiro semestre) e os “alertas sobre os resultados” se multiplicam. A ponto de os especialistas não os levarem mais em consideração.

Na quinta-feira (13), durante a apresentação do faturamento do terceiro trimestres, estável (+0,3%) em 22,8 bilhões de euros, o grupo ainda engrossou a lista desses “profit warnings”, contando com um recuo dos lucros anuais de 15% a 20%, e não mais somente de 15%.

Olofsson não é o único culpado. Na França, o moral e o poder de compra das pessoas, em seu nível mais baixo, contribuíram para a queda de 2,3% (em número de lojas equivalentes e fora custo com combustível) nas vendas no país.

Mas no mesmo ambiente a concorrência tem se saído melhor. Sua rival Casino apresentou no mesmo período um crescimento em seu faturamento de 1,2% em variação orgânica (fora custo com combustível) na França. Já a Leclerc tem roubado fatias de mercado…

Para os profissionais, os analistas financeiros, os pequenos acionistas e os sindicatos, Olofsson não é o homem certo para o trabalho. “Ele é realmente charmoso. Mas não basta charme para dirigir uma empresa”, resume Hervé Defforey, filho de Denis Defforey, cofundador do grupo em 1959. Olofsson “é um homem de marketing. O setor de distribuição é uma história de homens, não de produtos”, analisa também o consultor Gilles Goldenberg.

O homem com porte de atleta, que chegou ao Carrefour após mais de 30 anos na Nestlé, acreditou que imporia seus métodos. Foi esse seu primeiro erro: “a brutalidade”, acredita Claudette Montoya, representante da Confederação Geral do Trabalho. Seis meses após sua chegada, o presidente anunciou um plano radical de cortes de 4,5 bilhões euros em três anos. Mas as equipes, que raramente viram o sueco pôr os pés nas lojas, não acompanharam.

“Um combate de rua”
Olofsson também quis aplicar no Carrefour uma organização centralizada à moda anglo-saxã, pouco adaptada à França. A forte presença de gerentes de lojas independentes faz da distribuição “um combate de rua”, explica um analista. É preciso estar no local, e não na sede para reagir.

Segundo erro de Olofsson: a comunicação. “Ele prometeu demais. Ele decepcionou demais”, observa um especialista. Os analistas ainda se lembram dessa reunião de setembro de 2010, durante a qual o dirigente projetava um crescimento de dois dígitos dos hipermercados até 2015 nos grandes países da Europa, graças ao conceito “Carrefour Planet”. Um ano mais tarde, as vendas ainda estão estagnadas.

Acima de tudo, Olofsson não soube enfrentar os acionistas influentes do grupo: o fundo de investimentos Colony e o grupo de luxo LVMH, que juntos detêm 14% do capital e 20% dos direitos de voto. “Ele é complacente demais”, acredita um administrador. “É um bom soldado a serviço de uma missão”, diz.

Mas os dois investidores – que chegaram ao Carrefour em 2007, quando a ação do grupo valia quase 50 euros, contra os 18 euros de hoje – querem primeiramente rentabilizar seu investimento. Por não poderem externalizar o patrimônio imobiliário, eles levaram à cisão da bandeira de descontos do Carrefour (Dia), e estariam tentando vender tudo que conseguissem. Resultado: os funcionários estão em pânico e desmotivados. O Carrefour, fragilizado desde sua fusão fracassada com a Pomodes em 1999, só tem afundado.

Após a saída dos “tenentes” de Olofsson, o diretor para a Europa, Vicente Trius, ex-Walmart, em fevereiro, e o diretor para a França, James McCann, ex-Tesco, em maio, o presidente seria o “último bode expiatório”. Resta a ele encontrar um sucessor, mesmo que o grupo afirme não estar considerando a saída do presidente.

Para esperar receber sua aposentadoria complementar, avaliada em torno de 500 mil euros, Olofsson deverá permanecer até janeiro. Poderá o Carrefour se permitir esperar até lá?

Tradução: Lana Lim

Luis Nassif

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