Prevent, a empresa que brigou (e perdeu) com a Volkswagen

Jornal GGN – Grupo com 51 empresas em 13 países, a Prevent, fabricante de autopeças, se tornou conhecida recentemente por enfrentar a Volkswagen em negociações de ajustes de preços que chegaram a paralisar a produção das fábricas da montadora alemã no Brasil. A disputa chegou ao fim com a vitória judicial da VW, que fez acordo com novos fornecedores e suspendeu os contratos com a Prevent.

A fabricante de peças ficou sem o cliente que era responsável por 85% da receita e agora terá de lidar uma enorme dívida trabalhista. Marino Mantovani, presidente da empresa no Brasil, diz que a Prevent queria um reajuste de 25% a 30% para repassar os custos (principalmente com aço) e que a Volks endureceu a negociação porque pretendia trocar de fornecedor. Ele também diz que a VW se aproveitou da situação para adequar a produção à queda da demanda.  “Usaram nossa empresa como bode expiatório para ajustar o inventário”, afirma.

David Powels, presidente da Volskwagen no Brasil, refuta essa tese e diz que a situação com a Prevent trouxe prejuízos para a montadora e para a rede de concessionárias, dizendo que a cadeia de fornecedores “é um dos maiores problemas no Brasil”. A VW também diz que foram descumpridos 11 acordos comerciais e que teve que recorrer à Justiça para reaver equipamentos que estavam com a Prevent.

Com o imbróglio, 724 funcionários foram demitidos da Prevent, que tem uma dívida trabalhista que ultrapassa os R$ 30 milhões. Mantovani diz que a empresa não tem como pagar a dívida, mas que irá à Justiça atrás de indenização por parte da Volskwagen e também procurará outras montadoras para tentar se reerguer.

Leia mais abaixo, na reportagem de Marli Olmos no Valor:

Do Valor

Prevent quer ser conhecida por ter enfrentado a Volkswagen

São raras as histórias de fabricantes de peças que enfrentam as montadoras em negociações de ajustes de preços a ponto de suspender a entrega de itens essenciais. Ainda mais quando o cliente é uma multinacional do porte da Volkswagen. Praticamente desconhecido no Brasil até março de 2015, o grupo Prevent ganhou fama como a empresa responsável por uma série de paralisações, durante meses, nas três fábricas de carros e uma de motores que a Volks tem no Brasil. Para a montadora alemã, o episódio (que foi parar na Justiça) chegou a um final feliz com a suspensão dos contratos com a Prevent, acordo com novos fornecedores e a volta dos empregados ao trabalho a partir de amanhã. O grupo Prevent perdeu o cliente que garantia 85% da receita e assumiu milionária dívida trabalhista. Mas acredita que sua história rompeu a rotina de relações de forças na indústria automobilística.

Muito pouco se sabia até agora sobre quem está no comando do grupo Prevent. O presidente da operação brasileira, Marino Mantovani, que passou pelo episódio praticamente incógnito, tem perfil parecido com o de tantos outros que dedicaram boa parte da vida à indústria automotiva. Advogado de formação com experiência na área de recursos humanos, passou por empresas tradicionais, como a Carborundum, de discos abrasivos de corte, e VDO, antiga fabricante de painéis de veículos.

Há três anos, Mantovani aproximou­-se da Prevent, grupo com 51 empresas espalhadas em 13 países e que, além das autopeças, atua nas áreas de construção naval, serviços e vestuário de segurança. Com sede na cidade alemã de Wolsfburg, também sede da Volks, o grupo foi fundado pelo bósnio Nijaz Hastor, que deixou seu país após a guerra e hoje dirige a companhia junto com seus dois filhos.

Aos poucos, a Prevent comprou várias fornecedoras de componentes no Brasil, que atendiam sobretudo a Volks. A fabricante de estruturas de bancos TWB foi a primeira, em 2012. Outra de tecidos foi, depois, agregada, o que abriu caminho para o grupo ser fornecedor exclusivo de conjuntos completos, com seis empresas no país.

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Redação

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