Qual é o número ideal de humanos sobre a Terra?, por José Eustáquio Diniz Alves

Enviado por Almeida

Crescimento perpétuo é uma necessidade metabólica do Capitalismo, por isso tornou-se a grande ilusão ideológica da sociedade industrial moderna. Ilusão que percorre, de forma quase unânime, todas as correntes do espectro político. A Ciência desqualifica a possibilidade de crescimento infinito numa Terra limitada. O século XXI terá de encarar “O Mito do Desenvolvimento Econômico”. O debate sobe o Fim do Crescimento terá de ganhar centralidade na Economia Política.

Do EcoDebate

Qual é o número ideal de humanos sobre a Terra?

Por José Eustáquio Diniz Alves

Muitas pessoas, recorrentemente, perguntam qual é o número ideal de humanos sobre a Terra?

Contudo, em geral, a maioria fica frustrada ao saber que não existe um número mágico como resposta. Globalmente, o número ideal de humanos depende de vários condicionantes econômicos e éticos.

O primeiro condicionante econômico é o padrão de vida. O número de pessoas que a Terra pode sustentar depende do modo de produção e consumo adotado por estas pessoas. De acordo com a Global Footprint Network, em 2013, a biocapacidade global do Planeta era de 12,2 bilhões de hectares globais (gha). Como a população mundial estava em 7,2 bilhões de habitantes, a biocapacidade per capita era de 1,71 gha. Ou seja, a Terra poderia ter 7,2 bilhões de habitantes em equilíbrio com o meio ambiente se a pegada ecológica fosse de 1,71 gha. Porém, a pegada per capita estava em 2,87 gha em 2013, somando 20,6 bilhões de gha, o que provocava um déficit ambiental de 68%.

Assim, segundo os dados da Global Footprint Network, de 2013, a presença humana sobre a Terra estava gerando um excesso de demanda em relação à capacidade de oferta de serviços ecossistêmicos do Planeta. Para equilibrar oferta e demanda, ou a população mundial (com pegada de 2,87 gha) tinha de cair para 4,3 bilhões de habitantes ou os 7,2 bilhões de habitantes tinham de reduzir a pegada ecológica para 1,71 gha.

Portanto, considerando estes parâmetros, o número ideal (que garante o equilíbrio entre a oferta e a demanda de serviços ecossistêmicos) seria 7,2 bilhões de pessoas com pegada per capita de 1,71 gha ou 4,3 bilhões de pessoas com pegada de 2,87 gha. Desta forma, o número ideal de pessoas dependeria do padrão de consumo.

Vejamos um exemplo de país rico. A pegada ecológica per capita dos Estados Unidos (EUA) era de 8,6 gha em 2013, refletindo um alto padrão de consumo. Caso a população mundial adotasse o estilo de vida americano, o número ideal de humanos sobre a Terra seria de 1,4 bilhão de habitantes para caber dentro da biocapacidade global de 12,2 bilhões de gha.

Agora vejamos um exemplo de país de baixa renda e consumo. A pegada ecológica per capita da Índia era de somente 1,1 gha em 2013. Caso a população mundial adotasse o estilo de vida médio indiano, o número máximo de humanos sobre a Terra para manter o equilíbrio com a biocapacidade de 12,2 bilhões de gha, seria de 11,1 bilhões de habitantes.

Desta forma, o tamanho ideal da população mundial para manter o equilíbrio entre a pegada ecológica e a biocapacidade é de 11,1 bilhões de habitantes, no caso de uma pegada per capita de 1,1 gha, ou de 1,4 bilhão de habitantes, no caso de um pegada per capita de 8,6 gha. Portanto, o tamanho ideal da população depende do padrão de consumo e da forma de produção dos bens e serviços à serviço da humanidade, que são os fatores principais que impactam negativamente o meio ambiente.

Evidentemente, a pegada ecológica é maior nos países ricos que nos pobres e é maior, especialmente, entre as elites ricas dos países ricos. Todavia, mesmo se houvesse uma distribuição igualitária da renda e do consumo, a humanidade estaria utilizando 1,68 planeta, apesar de haver apenas 1 planeta. E o pior, mesmo se eliminarmos da contabilidade global os 1,1 bilhão de habitantes dos países ricos com uma pegada ecológica de 6,8 bilhões de gha, assim mesmo haveria déficit ambiental. Ou seja, a pegada ecológica dos países de renda média e baixa (sem os países ricos) é maior do que a biocapacidade global. Portanto, mesmo num cenário de completa igualdade social, ou de eliminação dos países ricos, o padrão médio de consumo mundial ainda seria deficitário.

Mas além dos condicionantes econômicos também existem os condicionantes éticos. Será justo manter uma enorme população humana ao mesmo tempo em que se reduz as populações das outras espécies que habitam a Terra muito antes do Homo sapiens?

Será justo manter bilhões de indivíduos da espécie humana, enquanto desaparecem os rinocerontes, os leões, os leopardos, os elefantes, as girafas, os gorilas, os tigres, os ursos polares, as abelhas, etc.? Será justo aumentar o asfalto e o cimento das cidades e do campo enquanto as áreas de floresta são transformadas em monoculturas e desertos e a defaunação se espalha pelo mundo? Será justo manter o alto padrão de vida humana enquanto os rios urbanos são enterrados vivos e transformados em esgotos e as fontes de água potável são monopolizadas por uma elite ou poluídas, sendo que o processo de acidificação e eutrofização ameaça todas as formas de vida aquática?

Não há muitas alternativas viáveis: ou a população de 7,5 bilhões de habitantes, em 2017, abandona o modelo “Extrai-Produz-Descarta” e constrói um sistema de produção e consumo mais amigável ao meio ambiente ou o fluxo metabólico entrópico vai reduzir as atividades antrópicas por meio de um colapso ecológico.

O fato é que o volume da população atual multiplicado pelo consumo médio global é incompatível com a capacidade de carga do Planeta.

A continuidade do progresso humano global tem esbarrado nos limites das fronteiras planetárias. Por exemplo, o aquecimento global (e suas consequências) pode tornar a Terra inabitável, senão nos próximos anos, nas próximas décadas.

Enfim, o número ideal de humanos sobre a Terra é aquele que não degrada os ecossistemas, mantém o equilíbrio homeostático do clima e garante a sobrevivência e convivência harmoniosa entre todos os seres vivos da comunidade biótica. Certamente, o tamanho ideal da presença humana sobre a Terra (população vezes consumo) é de uma dimensão inferior ao seu impacto atual.

Mas há quem pense diferente. O economista Julian Simon defendia a ideia bizarra de que não havia limites ao crescimento populacional. Ele afirmava que “quanto mais gente melhor”, desde que o mundo seguisse as regras do mercado e os princípios do neoliberalismo. Simon foi assessor do presidente Ronald Reagan nos EUA e um dos líderes dos negacionistas das mudanças climáticas. Ou seja, um antineomalthusiano ferrenho e ideólogo do capitalismo degradador do meio ambiente. Simon consegue enganar muitas pessoas com seu discurso que o crescimento populacional desregrado não é um problema para a sociedade e o meio ambiente (Alves, 16/05/2012). Por incrível que pareça, há demógrafos brasileiros (Greenwashing) que referendam este tipo de pensamento antiecológico (Rosa, 13/04/2018)

A escola da Economia Ecológica mostra que a economia é um subsistema da ecologia. Assim, manter o ininterrupto crescimento demoeconômico é ambientalmente insustentável. Não se trata de produzir mais com menos, mas sim produzir menos com muito menos exploração dos recursos naturais.

O número ideal de humanos sobre a Terra é aquele que garanta a sobrevivência da espécie no longo prazo e que não empobreça o meio ambiente e nem reduza a biodiversidade do Planeta. Atualmente a humanidade já ultrapassou a capacidade de carga da Terra. Somente com o decrescimento das atividades antrópicas a humanidade atingirá o número ideal de indivíduos.

Se a população ficar em torno de 7 bilhões de habitantes a pegada ecológica precisa cair para 1,7 gha. Mas com a pegada ecológica de 2,87 gha o número ideal para se atingir o equilíbrio ambiental seria de 4,3 bilhões de habitantes. O fato é que o número ideal de humanos é aquele que não provoque um desequilíbrio no clima e nem uma extinção em massa dos seres vivos que compõe a rica e essencial biodiversidade da Mãe Terra.

Referências:

ALVES, JED. O positivismo e o fundamentalismo de mercado de Julian Simon e dos céticos do clima, Ecodebate, 16/05/2012

http://www.ecodebate.com.br/2012/05/16/o-positivismo-e-o-fundamentalismo-de-mercado-de-julian-simon-e-dos-ceticos-do-clima-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/

ALVES, JED. Decrescimento demoeconômico ou pronatalismo antropocêntrico e ecocida? Ecodebate, 20/05/2015

http://www.ecodebate.com.br/2015/05/20/decrescimento-demoeconomico-ou-pronatalismo-antropocentrico-e-ecocida-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/

ROSA, Guilherme. Crescimento da população não ameaça planeta, consumo sim. Entrevista com Roberto Luiz do Carmo, Revista Galileu, republicada no LADEM, 13 de abril de 2018

http://www.ufjf.br/ladem/2018/04/13/crescimento-da-populacao-nao-ameaca-planeta-consumo-sim-entrevista-com-roberto-luiz-do-carmo/

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: [email protected]

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 09/07/2018

Redação

36 Comentários

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    1. E o salário mínimo JUSTO e

      E o salário mínimo JUSTO e IDEAL de 4 889 reais–segundo todos indicadores brasileiros e mundias.

       E eu transando com a Jenifer Aniston.

        Oh. como o mundo é ijusto.

    2. Gostei da trilha sonora e da sugestão de negócio.

      Penso em comprar um terreno barato no sertão baiano, colocar quatro muretas de tijolos e concreto armado (dez pedras é exagero e custa caro o transporte), escrever quatro mensagens curtas ao futuro, que já bastam, em trocentos idiomas:

      1 O sertão vai virar mar e o mar virar sertão.

      2 Em festa de jacu, inhambu não pia.

      3 Oi! Trepa no coqueiro, tira coco. Jipe, jipe! Nheco, nheco!

      4 Paca, tatu, cutia não.

      Duro da porra será traduzir as últimas pra qualquer idioma além do brasileiro, não faz mal, fica ainda mais esotérico.

      Depois espalhar que Dom Sebastião se prepara para voltar, com apoio de Padim Ciço, que já se aliou ao vigário dos índios e Dom Pedro, para acabar com a falseta.

      Assim me tornarei pastor e arrecadador-mor de dízimos, mais um fiofósofo de redes sociais, e me apresentarei como Supremo Guru da Proclamação da Conspiração do Crioulo Doido :

      [video:https://youtu.be/6wZWOZASfF4%5D

      1. Faça isso

        não lhe faltarão seguidores.

        Postei esse trechinho porque foi o primeiro que achei.

        Há uma vasta pesquisa na internet sobre esse estranho monumento, só que quando a gente procura, ou já não está mais disponível ou só tem um trechinho manipulado.

        O que tenho do original, é arquivo pessoal e nem sei como postar.

        Esses sites esotéricos, tipo Laura Botelho blogspot ainda podem ter o assunto bem esclarecido em seus arquivos mais antigos.

        É o que posso dizer.

        No mais, espero que dê certo o seu monumento de 4 tijolos e que como esse, ele ganhe a visibilidade do mundo.

        Abraços

         

         

  1. Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é ……

    Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é tolo ou não tem arte.

    A pergunta que deve ser feita quando se vê artigos como este que simplesmente jogam no colo de todos a responsabilidade de manter o mundo “sustentável”, é qual os cenários de consumo e de qualidade da produção que aqueles que calculam estes índices, partem.

    1. Assunto que envolva todos, tem de ser colocado no colo de todos.

      Feito isto, cada uma saberá a parte que lhe cabe no latifúndio. O que vemos é para a maioria o relento ou uma cova rasa. Essa economia mata, destrói a mãe Terra, sua lógica é de crescimento desmesurado e permanente, isso é insustentável. Crescimento sustentável é oximoro, na natureza do bioma terrestre não se conhece nada que cresça indefinidamente no tempo; talvez a estupidez humana.

      Se você tem discordâncias dos índices apresentados no artigo, proponha novos índices, mas não se esqueça de embasá-los em pesquisa sólida e revisada por pares. Você tem liberdade de cátedra pra isto.

        1. Proponha outros

          Você faz parte da Academia, os pares vão apreciar, vai que eles concordem? A gente sempre mede com as medidas que temos, até aparecer uma melhor.

          Já pensou, uma medida em sua homenagem? No futuro vão dizer assim: “o meio ambiente se apresenta com temperatura de x graus Celsius, pressão atmosférica em y Pascal, e uma Cuia de sustentabilidade”.

          Eles botaram Cuia por acharem ela a verddeira autora, tinham convicção que tinha mais miolo do que o proponente.

  2. Excelente artigo. Parabéns. . .

    Excelente artigo. Parabéns. Vejo o sistema capitalista neoliberal como um câncer, o câncer como me disse um médico é um tumor burro que acaba por matar o hospedeiro e morre junto. O câncer precisa cada vez de mais sangue (O2) para se multiplicar e o sistema capitalista como disse o autor no artigo precisa de cada vez mais consumo, mesmo que isso venha a representar a degradação total dos mares, do meio ambiente, do aquecimento global e do empobrecimento da biodiversidade. Isso não significa que eu apoie o contrário, o comunismo, mas nem tanto ao mar nem tanto à terra.

    1. Comunismo

      Jofran

      Comunismo é o comum a todos!

      Comunismo é distribuição com igualdade pois todos têm o mesmo direito!

      Comunismo é menos violência pois todos são iguais!

      Não é por menos que Jesus Cristo defendeu o comunismo pois distribuiu peixes e pão para todos!

      O comunismo não é predador pois todos, em tese, são atendidos com igualdade!

      Como você mesmo entende o capitalismo como câncer e é pura verdade, o comunismo não é!

      O seu “o contrário” embute a crença do vencedor, o capitalismo americano!

      Nós fomos escravizados pelo capital que nos impôs o “direito de propriedade” que em nada serve para a sociedade!

      A tese do capitalismo de que temos que ganhar, ter lucro, é exatamente o gene do câncer que se auto alimenta!

      Basta uma pequena reflexão para se ver que o comunismo socialista é melhor que o capitalismo selvagem!

      Não me venha que o comunismo é a violência da URSS de Stalin!

      Nós estamos vivendo a violência do capitalismo americano!

      É só reflexão pois o comunismo foi derrotado e o vencedor, o capitalismo, vai nos derrotar a todos!

       

  3. Paradoxo de Fermi

    Será essa a resposta ao Paradoxo de Fermi?

    Ainda não encontramos civilizações alienígenas porque, depois de passar as limitações e agruras impostas pela seleção natural, os seres inteligentes que chegam a constituir civilizações tecnológicas se auto-destroem, pela via do excesso populacional, antes de serem capazes de se lançar ao espaço, contactando vizinhos? 

  4. nem uma palavra sobre consumo de produtos animais?

    Qualquer reflexão sobre o desastre ecológico que paira sobre nós é SEVERAMENTE INCOMPLETA se não aborda a questão de consumo de animais como produtos em escala industrial.

    Nem vou entrar na questão ética, que para pessoas éticas deveria bastar. (Os animais são individuos, não produtos. Sim eu sei que eles são mais burrinhos q a gente, mas eles têm interesse em suas próprias vidas e, logo, direito a elas. Mas deixa isso pra lá.)

    o consumo de produtos animais se não é a maior de todas as pragas para o meio-ambiente está perto de ser. Eu devia linkar dados para o que digo abaixo. Mas estou com preguiça. De qqr forma não é difícil encontrá-los. Eles são suficientes para convencer qqr um q negar o q digo abaixo é se colocar no time do Donald Trump ou do Julian Simon citado no texto.

    “Mas além dos condicionantes econômicos também existem os condicionantes éticos. Será justo manter uma enorme população humana ao mesmo tempo em que se reduz as populações das outras espécies que habitam a Terra muito antes do Homo sapiens?”

    —> será justo matar as galinhas/vacas/porcos etc etc viverem a vida que vivem na indústria alimentícia e morrerem do jeito q morrem para manter qqr população humana? responda sob a perspectiva da vaca, do porco, da galinha etc

    Será justo aumentar o asfalto e o cimento das cidades e do campo enquanto as áreas de floresta são transformadas em monoculturas e desertos e a defaunação se espalha pelo mundo?

     —> monoculturas para alimentar os rebanhos até irem para o abate, perto disso o tamanho das cidades é café pequeno.

    Será justo manter o alto padrão de vida humana enquanto os rios urbanos são enterrados vivos e transformados em esgotos e as fontes de água potável são monopolizadas por uma elite ou poluídas, sendo que o processo de acidificação e eutrofização ameaça todas as formas de vida aquática?

    —> uma refeição com carne custa dezenas e dezenas e dezenas de litros d’água, a proporção é mais ou menos assim não comer carne um dia economiza tanta água qto ficar quase um mês sem tomar banho;

    – –> sobre os rios: hj e  a agropecuária é uma das maiores poluidoras de rios

  5. Esse é um debate vital, e já
    Esse é um debate vital, e já que teremos que repensar o estado brasileiro, devemos seriamente considerar um modo de vida sustentável, isso inclui.. .. acabar com o agronegócio, que é um câncer.. .. acabar com a indústria de proteína animal, que é outro câncer.. .. há tanto a se fazer neste sentido..

      1. As pedras do caminho

        A pedra de Sísifo é a pedra da vida de todos nós.

        As pedras da Geórgia podem ser as pedras da morte de todos nós.

        Não vim com 10 pedras na mão.

        Elas estavam lá e juro que não coloquei nenhuma delas.

  6. já tinha intuido e feito algumas contas baseado ….

    no numero de ricos e seu padrão de consumo. Mas os numeros trazidos jogam luz onde a midia trabalho com ferro e fogo para esconder.

    Muito Obrigado pelo artigo!

  7. Esse conceito de “pegada

    Esse conceito de “pegada ecológica” da Global Footprint Network (GFN) é uma contrafação pseudocientífica, assim como o falacioso “dia da sobrecarga da Terra” que costuma acompanhá-la, o dia do apocalipse ambiental, em que a humanidade, supostamente, esgotaria a capacidade anual de renovação dos recursos naturais (no ano passado, 2 de agosto). Tais conceitos são meros desenvolvimentos das ideias surradas do reverendo Thomas Malthus e, mais recentemente, dos falaciosos “limites ao crescimento” popularizados pelo Clube de Roma, a partir da década de 1970. O seu objetivo é, simplesmente, convencer os países retardatários no processo de desenvolvimento que o planeta não poderia suportar a sua ascensão aos níveis de progresso e bem-estar já atingidos pelas economias mais avançadas, simples assim. E não estou falando de que cada habitante do planeta venha a ter um automóvel consumidor de combustíveis fósseis, mas que cada um dos atuais 7,5 bilhões de terrestres tenha acesso a serviços modernos de água, energia, transportes, comunicações, saúde e educação públicas, além de dispor de condições para desenvolver plenamente os seus potenciais individuais inatos. Isto não é utopia, estaria ao alcance de toda a humanidade, em um prazo de uma geração ou pouco mais, se estivesse na agenda política. Se não está, a causa não é a “incapacidade de suporte”, escassez de recursos naturais ou outra falácia qualquer, mas a falta de vontade política e de conscientização de que tal meta é viável (para o que esse discurso catastrofista contribui bastante).

    Jean Ziegler, o sociólogo suíço que é uma das maiores autoridades mundiais em alimentação, afirma com conhecimento de causa que a humanidade poderia alimentar adequadamente 12 bilhões de pessoas, apenas com a atual capacidade de produção de alimentos, 4,5 bilhões a mais que a população atual.

    Fiz pessoalmente a avaliação da minha “pegada ecológica” no sítio da GFN e, para minha estupefação, descobri que o meu “dia do apocalipse” seria 22 de março; fui informado de que se todos os habitantes do planeta tivessem um padrão de vida semelhante ao meu seriam necessárias 4,5 Terras para sustentá-los. Ora, sou um brasileiro de classe média, residente em uma casa de vila na Zona Norte do Rio de Janeiro, com os eletrodomésticos e equipamentos comuns a qualquer lar de classe média, uso preferencialmente transporte coletivo (metrô), restringindo o automóvel a trajetos curtos em fins de semana (quase sempre acompanhado), fazendo algumas viagens aéreas por ano e ão me considero consumista, esticando ao máximo a vida útil de tudo que utilizo, de roupas a aparelhos elétricos. Dizer que um nível de vida semelhante não poderia ser estendido a toda a humanidade implica em passar um atestado de incompetência e fracasso do processo civilizatório.

    Não é por qualquer parâmetro ambiental ou de disponibilidade de recursos naturais que quase 1 bilhão de pessoas ainda padece de fome, 1,5 bilhão não disponham de eletricidade, quase 2 bilhões tenham que fazer suas necessidades fisiológicas ao ar livre e mais de 3,5 bilhões não tenham acesso a água limpa e esgotos. É por acomodação ao status quo de desigualdades cada vez mais acentuadas que caracteriza o momento presente da humanidade. Ou, em outras palavras, por falta de vergonha na cara em escala planetária. 

    1. Numa coisa concordamos

      “… que cada um dos atuais 7,5 bilhões de terrestres tenha acesso a serviços modernos de água, energia, transportes, comunicações, saúde e educação públicas, além de dispor de condições para desenvolver plenamente os seus potenciais individuais inatos”.

      Ótimo, mas a economia que está aí não foi feita para isto. Foi feita para acumulação de riqueza nas mãos de plutocratas e de uma elite de privilégios. Por ser cria da acumulação, ela procura reproduzir seu processo e volta a acumular mais ainda, o que a mantém em estado de infinda expansão, de modo que qualquer brecada no crescimento, ela entra em crise. 

      Nenhuma espécie de ser vivo atinge populações, em números superiores ao que permite equilíbrio com o seu habitat; nenhum ser vivo cresce indefinidamente, nem a população, nem o indivíduo. O ser humano tem um habitat, todo organismo vivo é obrigado ter, não pode romper o equilíbrio com ele, não pode crescer indefinamente.

      1. Numa sociedade sem fome e com as necessidades básicas……

        Numa sociedade sem fome e com as necessidades básicas atendidas, a população naturalmente tem tendência a estabilizar ou decrescer.

        1. Também concordo.

          Mas para chegar a esse tipo de sociedade, temos de romper com a lógica de acumulação, baseada no consumismo, na busca incessante pelo padrão American Way of Life. Esse padrão é impossível para todos, ele é necessariamente excludente. Exclui países, promove desigualdades entre eles e, no interior dos países, produzem igualmente exclusões de grupos, produz disparidades sociais. O mundo está sendo consumido por uma minoria de países e classes sociais.

          1. Não gosto de falar em antes se faz isto, depois se faz aquilo.

            Não gosto de falar em antes se faz isto, depois se faz aquilo.

            Nunca devemos dar ideias de jerico e deixar solta as pontas, pois a mente do homem é pródiga em pensar e fazer besteiras e crimes contra os fracos. Por exemplo esta concepção de emergência populacional da raiz a pensamentos tremendamente cruéis, como por exemplo, a eugenia. Para não achares que digo besteira só leia o que foi feito no século passado nos países nórdicos.

            Entre 1934 e 1975 foram esterilizadas nada menos nada mais de 62.888 jovens suecas, uma pequena percentagem era esterilizada compulsoriamente por teoricamente apresentarem problemas mentais, porém estudos posteriores feitos a mando do governo sueco (o estudo que deveria ser extenso foi abreviado o mais possível), verificaram que mais de 20.000 foram feitos sobre coerção (Selling eugenics: the case of Sweden), do tipo, ou esteriliza ou não sai do hospital ou cadeia, na Noruega foram 40.000, na Dinamarca 11.000, na Finlândia 2.777 (Concerning eugenics in Scandinavia), ou seja, tomando como a proporção dos outros países seguisse a mesma proporção (que na realidade foi maior) seria algo em torno de 40.000 jovens esterilizadas por questões eugênicas, e segundo depoimentos no congresso sueco, para não sobrecarregar a previdência social.

            Se verificarmos que em 1960 a população somada destes países era de em torno de 20 milhões e em torno de 1900 eram 10 milhões, tomando um valor médio de 15 milhões e considerando duas gerações (30 milhões) daria algo de 1,3% de cada geração dos países nórdicos durante o período que foram esterilizados por motivos eugênicos e para melhorar as contas da previdência.

            Ou seja, na Suécia, na Noruega, na Dinamarca e na Finlândia, que todos os socialistas pequenos burgueses dão como exemplo de sociedades livres e democráticas, 1% da população era esterilizada por motivos eugênicos, e o mais interessante de tudo que quem tinham mais problemas “genéticos” eram os ciganos, os lapões e os fino-suecos, as minorias populacionais. Sabendo que estas minorias são muito pequenas, em torno de 2% a 3%. Pode-se grosseiramente estimar que algo em torno de 10% destas populações foram esterilizadas.

             

          2. O dilema populacional não é só da modernidade.

            Devemos olhar o passado, para não repetir práticas que rejeitamos na atualidade. 

            O infanticidio era comum na antiquidade, em várias civilizações havia rituais religiosos para a prática. O mito do sacrifício de Isaac é relacionado a isto. Entre os antigos povos semitas, existia costume de infanticidio. Era uma das formas de controle de natalidade da época, outra era o aborto. Simbolicamente, a mão do deus hebreu impede o costume, mas não há nenhuma recomendação explícita aos hebreus, no texto bíblico,  tipo “não abortarás”. 

            Os que condenam o aborto, fazem com uma interpretação da Bíblia, chegam a recorrer a descobrimentos da Ciência, para condenar o aborto desde a fecundação. A primeira observação do espermatozóide é da segunda metade do século XVII, a descoberta do óvulo nas fêmeas dos mamíferos é da primeira metade do século XIX, o quedeu início à Embriologia moderna; a Embriologia humana obteve seus avanços com técnicas desenvolvidas na segunda metade do século XX. Não havia microscópio, nem ultrassom, nos tempos bíblicos; os antabortistas atuais mesclam a moral deles com cientificismo. 

            Não cabe defender o infanticídio no mundo atual, nem vulgarizar o aborto como fórmula ideal de contracepção, há fórmulas contraceptivas menos traumáticas para os envolvidos. As famílias modernas assimilaram a necessidade de controlar o número de participantes, fazem da forma mais humana, controlam a entrada, fazem contrôle de natalidade. É esta forma humana, já posta em prática pelas famílias, que temos de adotar como forma de controle da população.

            Controlar a entrada é uma das duas formas de contrôle populacional, outra é apressar a saída. Esta segunda forma é adotada desde os tempos imemoriais e, no momento em que teclo, está em prática em várias partes do mundo; da Baixada Fluminense até os vilarejos da Síria, dos campos de fome na África até as balsas do Mediterrâneo. É a eliminação pelas guerras, pela miséria, pela exclusão, pela fome, pelo abandono, pela migração forçada, pelo genocídio, enfim, embora todos da boca pra fora condenem tais coisas, elas continuam em prática. 

          3. A queda dos níveis de natalidade com a melhora de ……..

            A queda dos níveis de natalidade com a melhora de condições de vida é NATURAL.

            Após o fim dos governos do PT na prefeitura de POA, falei com um arquiteto que na época havia sido transferido para o Departamento Municipal de Habitação Popular. Ele falou que por um estudo que era só para avaliar as necessidades habitacionais da população atingida por programas públicos de habitação subsidiada, chegaram a uma conclusão “notável”, que quando as pessoas eram relocadas para pequenas habitações com qualidade de vida decente, NATURALMENTE havia uma queda na natalidade quase que instantânea.

            Explico isto por razões INSTINTIVAS NATURAIS da população, ou seja, como qualquer animal, a natalidade serve como uma reação as condições de manutenção da prole, as condições melhoram, a mortalidade infantil diminui e NATURALMENTE as famílias não necessitam de um número maior de filhos para manter a sua herança genética, aquelas famosas expressões que se ouvia muito há quarenta ou mais anos, do tipo:

            -Eu tive oito filhos, mas só se criaram três!

            É nada mais nada menos do que a verbalização de uma expressão da necessidade de manter a herança genética, ou seja, os casais tinham mais filhos simplesmente porque o organismo induzia a isto.

            Logo a única preocupação procedente seria de dar boas condições de vida para todos, e procurar uma produção baseada no compromisso de sustentabilidade (qualidade, durabilidade dos produtos e intercambialidade com atualização dos mesmos).

            Em resumo, não há um limite para a quantidade de homens, o que devemos aumentar é a humanidade das sociedades.

             

          4. É complicado explicar ações humanas por “instintos”.

            Durante a grande depressão dos 1930, observou-se queda de natalidade no EUA, em contraste com o período seguinte. Quando a economia foi reativada pelo esforço de guerra, após 1945, abriu-se os chamado anos dourados do capitalismo industrial e verificou-se o fenômeno do “baby boom” entre os americanos, um aumento da taxa de natalidade só interrompido com a chegada da pílula. Não dá para associar a queda de taxa de natalidade, simplesmente a melhoria de condições de vida, outros fatores pesam.

    2. Tudo depende da sociedade que se tem ou que se deseja criar.

      Se partimos dos níveis de consumo daquilo que é a nós propostos nos dias atuais, ou seja, que para se comer uma caixa de cereais precisa-se comprar propaganda, marketing e além de tudo uma caixa de papel mais um saco plástico que deverão ser jogados fora, o consumo é um. Se por outro lado quando se quisesse comprar cereais se fosse até um armazém próximo a sua casa em que tivéssemos diversas tulhas com cereais de diversos tipos em que se comprasse e colocasse dentro de recepientes reaproveitáveis, o consumo seria outro.

      Criar conceitos de pegada ecológica que são universais é uma piada, um gaúcho que come churrasco e que a carne vem de 200km de distância criada em pasto natural não é a mesma coisa que um europeu que come a mesma quantidade de carne. O custo ambiental e o CUSTO DE ENERGIA não é o mesmo. Ou seja, um gaúcho comedor de churrasco, é muito mais sustentável do que um europeu comedor de bife.

      São tantas variáveis que isto tudo é uma fantasia, pois até os hábitos alimentares não são constantes no espaço como no tempo.

      1. Comemos petróleo, embora não pareça.

        Você tocou num ponto chave: Custo de Energia. O sistema de segurança alimentar atual da humanidade é intenso no consumo de energia. Por “sistema de seguarança alimentar”, entenda-se como algo que vai além da atividade agrícola, embora esta tenha um papel central, outras atividades são necessárias no processo; vai da extração de minerais para produção de insumos e seu transporte para unidades de processamento, passa pela transformação dos minerais nos insumos desejados, é transportado para milhões de unidades agrícolas dispersas, envolve gastos de energia no plantio e colheita, é transportado dos dispersos estabelecimentos agrícolas para unidades de beneficiamento, depois tranportados para milhões de dispersos estabelecimentos comerciais, até chegar na mesa do consumidor.

        A safra dos três cereais básicos que seguram a humanidade é de mais de dois bilhões de toneladas, fora outros cereais, as batatas, os feijões, a soja, as frutas, os latícínios, carnes peixes e outras proteinas. É uma das principais cargas do ssitema de  tranportes que é, em mais de 90%, impulsionado por petróleo. Fiz uma estimativa sobre o consumo de petróleo envolvido. Estimei que se 15%, um em cada seis barris, do petróleo extraído fosse para o sistema alimentar, para cada caloria que ingerimos, uma é gasta de petróleo: comemos petróleo. 

        Não é exagero, há estudos acurados que demonstram essa estimativa. Os alimentos hoje são kilométricos. Numa refeição oferecida em Londres, pode-se encontrar ingredientes, cuja soma das distâncias, que cada um percorreu, dá duas voltas ao mundo. Você encontra no Ceará frango vindo de Santa Catarina. Ainda viajou pouco, pois do mesmo Oeste Catarinense o frango vai parar no Japão. Antigamente a galhinha que ia pra panela era colhida no quintal, era o tempo em que se vendia feijão, arroz e outros cereais na tulha no armazém. Acorda, hoje em dia você não ouvirá uma mãe pedindo ao filho: “vai lá no armazém comprar um quilo de arroz”; ele já nem usa a palavra armazém, poderá não entender o significado, o armazém de bairro foi extinto pelas redes de supermecados, estão todos interligados com as corporações agromercantis, as que dominam o sistema de segurança alimentar da humanidade. Você percebe que mudar para um sistema onde “se fosse até um armazém próximo a sua casa…”, nós teríamos de revogar o atual controlado por multinacionais?

        A Ciência é um método aberto, todos seus conceitos estão sob constante crítica e transformação, mas enquanto o conceito não for substituído por uma mais acurado, ele não pode ser dito anticientífico. Até onde sei, posso estar enganado, o Rio Grande não produz petróleo, uréia, potássio, fósforo e outros insumos fundamentais pra sua produção agrícola; o “pasto natural” gaúcho não é tão natural assim, quando chega a estiagem, quando a geada queima o capim, o criador a “pasto” não natural pra alimentar o gado. O minério de ferro sai de Minas, vai até a China, volta sob a forma de placas, barras, peças, equipamentos inteiros de uso industrial e agrícola que vão para no… Rio Grande, que não produz minério de ferro, mas consome muita energia e não é auto-suficiente em sua produção. Então, menos, até sua avaliação de suposta baixa pegada ecológica dos gaúchos é vulnerável.

        PS: O e-mail do autor do artigo está no final da postagem, ele é acadêmico como você, um demógrafo, faça a ele sua consulta e mostre suas considerações, talvez você o ensine demografia, sempre se aprende quando se dialoga, quem sabe você aprende alguma coisa de pegada ecológica.

        1. O Rio Grande do Sul e sua capital tem singularidades que…..

          O Rio Grande do Sul e sua capital tem singularidades que poucos sabem.

          O primeiro exemplo é a carne gaúcha, grande parte das pastagens são NATURAIS MESMO, não tem adubação e no máximo tem correção de acidez obtida por calcário gaúcho da cidade de Pantâno Grande (é Pantâno grande mesmo, não Pântano Grande) e outras. Estes campos preservados, não foram preservados simplesmente porque os pecuaristas eram grande defensores da ecologia, foram preservados porque são campos totalmente impróprios para a agricultura.

          O segundo exemplo é o cinturão verde que há em Porto Alegre, a capital do RS é uma das poucas do país que ainda tem amplas extensões de áreas agrícolas, e por exemplo, no meio da greve dos caminhoneiros quando se ia as feiras se verificava que a quantidade e a qualidade dos produtos oferecidos eram ainda abundantes, não faltaram os hortifrutigranjeiros.

          O exemplo da POA é um caso típico de segurança alimentar, mesmo se não houvesse uma gota de combustível, os pequenos produtores poderiam trazer de carroça!

          Deveria haver um pequeno estímulo a estes cinturões verdes, não trazer aí do centro-oeste alfaces e outros produtos que não duram mais de dois dias no refrigerador.

  8. O problema destes grandes estudos são generalizações …….

    O problema destes grandes estudos são generalizações completamente equivocadas.

    Comparar a produtividade de uma lavoura industrial de arroz que existe no ocidente com as lavouras de arroz do oriente é uma verdadeira piada. Só para chamar atenção, em 1995 a China, a Índia, o Bangladesh, e mais uma série de países asiáticos eram autossuficientes na produção de arroz, não importavam, mas também não exportavam. Por outro lado, os USA tinham de excedente na sua produção de mais de 114% na sua produção. Porém se formos comparar o consumo energético da plantação com uso intensivo de mão de obra nos países orientais com as plantações com uso intensivo de energia no ocidente, há uma disparidade imensa. A produtividade do arroz no mundo (incluindo a China) era entre 1994-96 de 3,69 ton/ha, já na China sozinha era de 5,97 ton/ha, ou seja, como a China produz 121,1 milhões de toneladas ou seja aproximadamente 1/3 do arroz do mundo (360,2 milhões de toneladas) fazendo algumas pequenas contas, que não vou fazer, corresponde uma produtividade mais do que o dobro, com um consumo energético que não sei corretamente dizer mas deve ser muito menor do que no resto do mundo dito civilizado.

    Se considerássemos que a América Latina tem uma área disponível para a produção de arroz equivalente a China, podemos dizer que só a região latino-americana poderia, caso as pessoas tivessem dispostas a pagar 50% a mais no preço do arroz, poderíamos alimentar mais 1 bilhão de pessoas com um custo energético baixo com a produção em pequenas propriedades.

    Só fazendo um outro pequeno comentário, Almeida se referiu ao consumo de ureia como um insumo importado para determinadas regiões, porém esquecem todos que a urina (animal ou humana) é um ótimo adubo para a produção de vegetais, é surpreendente que hajam artigos técnicos de 2016 que chamam a atenção de coisas que são evidente há séculos, por exemplo, um artigo obtido ao azar como o “Human Urine as a Low Cost and Effective Nitrogen Fertilizer for Bean Production”, artigo que relembra que uma grande cidade pode produzir adubo a custo praticamente zero.

    Há uma total e completa vassalagem ao grande capital das formas de produção, tanto na indústria como na agricultura, criando verdadeiros paradoxos que seriam facilmente superados com uma visão holística da produção com a economia de energia e matéria prima.

    Vou colocar aqui outra ideia que pode parecer absurda, a de sujeitar a produção de bens industriais a manutenção e atualização dos mesmos. Exemplo, os computadores montados com os fantásticos e poluentes computadores da Apple, enquanto o primeiro tipo podia ser atualizado aproveitando parte dos antigos, o segundo tem uma tecnologia fechada, que quando se torna obsoleto tem que colocar tudo no lixo. Outro exemplo: Por que se vê ainda automóveis de trinta ou mais anos andando por aí, simplesmente porque dentro da concepção do passado eles poderiam sofrer manutenção e renovação. Se poderia criar automóveis modulados, em que se pudesse trocar o motor facilmente quando surgisse tecnologias mais economizadoras de energia.

    São milhões de ações que poderiam ser feitas dando EMPREGO a imensa massa de desempregados estruturais, economizando matéria prima e combustíveis, de tal forma que estes limites definidos por estas continhas estúpidas de comitês de “expertos” nem passam pelas suas cabeças.

     

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