Relatório do Banco Central: tá ruim, mas tá bom, por Marcelo Manzano

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Foto: José Cruz/Agência Brasil

Da Fundação Perseu Abramo

Relatório do Banco Central: tá ruim, mas tá bom

por Marcelo P.F. Manzano, economista

Na semana passada o Banco Central divulgou o seu Relatório de Estabilidade Financeira(REF),referente ao segundo semestre de 2016, no qual trata de medir a temperatura e a saúde do Sistema Financeiro Nacional.

Coube ao Diretor de Fiscalização do BC a tarefa de transmitir tranquilidade a respeito de números intranquilos do passado recente: o crédito nominal caiu 3,5% em 2016, o volume de recuperações judiciais foi recorde – alcançando 1.863 empresas – e a carteira de ativos problemáticos dos bancos cresceu assustadores 19% ao longo do ano.

Quanto às perspectivas sobre o futuro próximo, ficamos sabendo que “no curto prazo, o estoque de crédito deve continuar em declínio, e os ativos problemáticos, em ascensão”. Trocando em miúdos, empresas, famílias e governos subnacionais (estados e municípios) não deverão contar com o necessário e urgente auxílio das instituições bancárias nacionais para operações de rolagem das pesadas dívidas que carregam.

Assim, embora o objetivo do diretor do BC fosse acalmar os donos do dinheiro (no Brasil, genericamente chamados de “mercado”) dizendo que “o colchão de liquidez dos bancos, formado principalmente por títulos públicos federais, é robusto para suportar eventuais choques no curto prazo”, omitiu-se de contar o fundamental: que a despeito da boa saúde do Sistema Financeiro Nacional, não há e não haverá crédito nem empenho do governo para retirar a economia e a vida de milhões de brasileiros do buraco.

Em um quadro recessivo que já se estende por pelo menos oito trimestres consecutivos, essa não é, portanto, uma informação reconfortante, como quis fazer parecer a diretoria do BC – a não ser, claro, que se esteja pensando com os neurônios do mercado ou com os interesses de um governo que não depende das urnas para se sustentar.

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Redação

4 Comentários

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  1. Bom são os eufemismos:

    Bom são os eufemismos: carteira de ativos problemáticos, estoques de crédito, governos subnacionais etc. A casa caindo, mas a linguagem empolada e pernóstica não cede a vez.

    Mais uma vez(poderia ser diferente?) a máxima segundo a qual “um banco é aquela entidade que oferece uma guarda-chuva quando não está chovendo e retira o mesmo quando ocorre o contrário”. 
    Se tivessem um mínimo, não de sensibilidade social, porque aí seria pedir demais, mas de bom senso, tratariam de reduzir seus estrondoso ganhos através de renegociações das dívidas de clientes recuperáveis em condições mais amenas e com isso garantindo tanto o retorno dos seus capitais como a própria carteira de crédito. 

  2. UÉ, MAS TÁ DENTRO DOS OBJETIVOS

    O objetivo do BC é a meta de inflação e nada mais. Estamos abaixo dela. Ano que vem vão reduzi-la mais, pra 3%. Assim, os juros não deverão baixar muito, pra não comprometer a nova meta.

    Quanto ao resto, foda-se. Não faz parte do escopo do BC. Esse negócio de desemprego, quebradeira de empresas e tudo mais, pertence ao mundo do mercado e vai se ajustar sozinho. Parem de chorar. O Meireles tá cuidando do país. Tudo ficará bem, para alguém.

    É o liberalismo em estado de arte. E o povo hipernormalizado goza com a última eliminação do BBB.

  3. Por que eles não admitem logo

    Por que eles não admitem logo que são ladrões, e estão roubando os nossos impostos com os juros mais altos do planeta? Que vem corroendo nossos impostos? QUe nem o país mais rico do mundo, e muito menos o mais pobre do mundo ousa em praticar estes juros mais exorbitantes do planeta (cerca de duas vezes o segundo maior juros reais do planeta) afim de se endividar todo? Está muito mais que na hora de desmascararmos esta safadeza que vem destruindo o país para alguns poucos lucrarem!

  4. Nenhum grupo de dirigentes da

    Nenhum grupo de dirigentes da economia de um grande Pais tem como alvo APENAS A META DE INFLAÇÃO, sistema maldito que liquidou com a economia pujnate de um grande Pais. O CUSTO DA RECESSÃO, de riqueza não produzida e portanto perdida vale 10.000 Lava Jatos e no entando não há nenhum inquerito para investigar como tal insanidade é cometida.

    A meta para o Brasil deve ser o MAXIMO CRESCIMENTO com o MINIMO DESEMPREGO,  dolar flutuando no mercado SEM INTERVENÇÃO DO BANCO para baixar o dolar visando atingir a meta de inflação e que custa R$400 bilhões anualizados em swaps cambiais e a inflação é o que der, COM EMPREGO E DINHEIRO NO BOLSO O POVO SE VIRA COM A INFLAÇÃO.

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