Resultados trimestrais confirmam quadro de desaceleração do varejo

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – O segmento de varejo foi um dos que apresentou os resultados financeiros mais fracos ao longo do terceiro trimestre de 2013, principalmente por ser um dos setores que reflete com mais força as variações da economia do país. E as expectativas para os próximos meses não se diferem muito, com exceção para o segmento mais atrelado a bens duráveis.

“Realmente, esse ano não foi muito favorável para o setor de varejo”, explica a analista Sandra Peres, da corretora Coinvalores. “Algumas empresas apresentaram queda de margem, e até volumes de vendas menores, especialmente no volume de vendas mesmas lojas (abertas há mais de um ano), ficando abaixo do visto em anos anteriores”. De acordo com a analista, isso se deve a fatores macroeconômicos, como elevação dos juros e as fortes oscilações da cotação do dólar, principalmente diante de um período em que a moeda norte-americana apresentou uma valorização representativa – o que, segundo Sandra, ajudou a piorar as margens das empresas e seus produtos. “Algumas empresas possuem itens de fora, e isso (oscilação do dólar) acaba prejudicando a companhia”.

Na avaliação dos três segmentos que compõem o varejo (vestuário, bens duráveis e bens não-duráveis), o vestuário acabou apresentando um desempenho mais fraco, como explica o analista Gabriel Ribeiro, da Um Investimentos. “Existiam algumas questões operacionais envolvendo as empresas, e as vendas nas mesmas lojas andaram apresentando retração. Não vemos uma perspectiva tão boa para o fim do ano, mas talvez exista alguma recuperação”.

Por outro lado, o setor de bens duráveis não teve dados ruins, principalmente empresas como Magazine Luiza e ViaVarejo. “Tais empresas apresentaram dados mais fortes, também ajudadas pelo programa de compras de eletrodomésticos do governo (programa Minha Casa Melhor, ligado ao Minha Casa Minha Vida), que está sendo bem representativo. E a expectativa é melhorar o desempenho e seguir em 2014”, diz Sandra Peres.

Quanto ao setor alimentício, o desempenho foi um pouco mais neutro por conta da inflação dos alimentos, embora o impacto não tenha sido tão expressivo por conta de sua elasticidade, um pouco diferente ante outros segmentos. “(Alimento) é produto de primeira necessidade, então não é tão atingida por questões macro. O consumidor acaba tendo esse consumo constante, mas o segmento foi afetado por conta da inflação de alimentos”, pontua a analista da Coinvalores.

Quadro para 2014 não apresenta muitas mudanças

Diante do quadro apresentado no terceiro trimestre, os analistas não esperam muitas mudanças para 2014, embora algumas avaliações exijam um estudo mais criterioso. “Estimamos uma taxa de juros na casa de dois dígitos, entre 10,5% e 11%, ficando assim ao longo de 2014”, diz Sandra Peres, da Coinvalores. “Com a continuidade de taxas altas de inflação, ficando perto da meta estipulada, e a manutenção da estabilidade do mercado de trabalho e crédito, não se muda muito o cenário ante 2013”.

Contudo, ao se avaliar alguns segmentos, a analista diz que o setor de bens duráveis apresenta uma perspectiva mais otimista por conta do programa Minha Casa Melhor e da proximidade da Copa do Mundo. “Não são todas as empresas que serão favorecidas, mas quem vende TV acaba sendo afetado pelo efeito Copa, e isso vai favorecer o setor, diferentemente de bens não duráveis e vestuário, uma vez que estabelecimentos serão fechados em jogos do Brasil, e quanto mais o país avançar na Copa, mais o fechamento será frequente, o que acaba reduzindo um pouco as vendas para 2014”.

Gabriel Ribeiro, da Um Investimentos, também aguarda dados mais concretos de recuperação do setor de vestuário, em um sinal de que o segmento ainda não é dos mais indicados para investimento. Entre as empresas que a corretora indica, estão Pão de Açúcar (“o papel possui bons fundamentos, só é preciso esperar algumas questões macroeconômicas e fiscais), e Magazine Luiza – neste caso, o analista explica que existem sinalizações de que a empresa tem um potencial maior para recuperação, com o crescimento das vendas diluindo parcialmente as despesas.

 

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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