Retomada americana tem sido consistente, mas corte de incentivos preocupa

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – A economia dos Estados Unidos apresentou um ritmo de recuperação econômica mais consistente durante o segundo trimestre do ano. De acordo com dados divulgados pelo Departamento do Comércio, o PIB (Produto Interno Bruto) do país subiu 1,7% durante o segundo trimestre em termos anualizados, enquanto a variação apurada para o primeiro trimestre foi revisada para 1,1%.
 
“A percepção que existe é um pouco otimista, com o crescimento mostrando uma certa consistência da retomada”, diz o economista Celso Grisi, diretor-presidente do Instituto Fractal de Análises de Mercado, estimando inclusive um avanço do PIB norte-americano na casa de 2,5% para o terceiro e o quarto trimestres. “Também existe volume na criação de vagas no mercado de trabalho, o que tem surpreendido o mercado de alguma forma”. Dados divulgados pela ADP (Automatic Data Processing National Employment Report) indicam que o setor privado norte-americano registrou a abertura de 220 mil novas vagas de trabalho durante o mês de junho, com destaque para as 177 mil vagas criadas no setor de serviços.
 
“Por um lado, se percebe um crescimento das encomendas da indústria, e o mercado de trabalho superando alguns problemas, sobretudo com aumento de impostos. Todo mundo está otimista com a velocidade do crescimento norte-americano”, diz Grisi. “Por outro lado, existe um certo temor quanto à antecipação das medidas de redução dos estímulos monetários pelo Federal Reserve [ Banco Central norte-americano]”.
 
A percepção de que a autoridade monetária norte-americana vai começar a reduzir seu programa de bônus por conta da melhora dos dados econômicos causa alguma preocupação. O país tem injetado cerca de US$ 85 bilhões mensais no mercado via compra de títulos, como forma de estimular a economia do país por meio do aumento do fluxo de capital em circulação no mercado, mas o presidente do Fed, Ben Bernanke, afirmou que esse processo pode começar a perder força em breve.
 
O economista considera “adequado” que a retirada dos incentivos seja feita em um período mínimo de seis meses e máximo de um ano, desde que observe a realização dos agentes. Para ele, por um lado, o dinheiro barato é  interessante para produzir crescimento, mas, por outro. “existe o risco de esse dinheiro sair dos Estados Unidos e voltar para os emergentes”. Atualmente, os mercados emergentes passam por um ciclo de crescimento mais baixo, o que representa um risco maior para quem investe, fazendo com que os capitais escoem para mercados considerados mais seguros, como os Estados Unidos.
 
Outro ponto a ser considerado, segundo o economista, é que a manutenção dos juros em níveis tão baixos – a taxa norte-americana encontra-se entre zero e 0,25% desde dezembro de 2008 – “não só vai impulsionar a inflação, como será inimiga da retenção de capital dos Estados Unidos”, pontua Grisi. “Esse é um dos principais problemas que o Fed enfrenta. Ele pode ver o PIB acelerando, mas, por outro lado, não quer depender dessa necessidade de injetar US$ 85 bilhões em aquisição de títulos do Tesouro todo mês, mantendo a taxa de juros perto de zero”, diz o economista, ressaltando que a autoridade monetária obrigatoriamente terá de tomar uma decisão a respeito.
 

 

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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  1. Crescimento do 3º trimestre

    Crescimento do 3º trimestre de 3.6% surpreende…coincidente com a saída de Bem Bernanke

    A alta do dólar é resultado do anúncio – reiterado – da retirada gradativa do estímulo (“Tsunami de dólares”) pelo do presidente do FED, agora reforçado. O sucesso na exploração do gás de xisto nos EUA combinado com a eliminação dos estímulos traz como consequência a valorização do dólar – como já está ocorrendo – e às dificuldades da Petrobras na importação de combustíveis, com 22 bilhões de déficit acumulado no ano.

    – O anúncio de poços secos no Pré-sal que levou a queda nas ações das empresas “x”, gerou desconfiança e fuga de capitais de grandes empresas ao 1º leilão do pré-sal.

    Não constituiu surpresa alguma a valorização do Real frente ao Dólar que levou ao consumo de bugigangas importadas. Apesar de esgotados os estímulos permanecem. Agora ocorre a mesma coisa com sinal trocado: sabíamos que mais dia menos dia os dólares acabariam por voltar ao seu local de origem e porto seguro. Só não sabia quando. Desta vez – não mais como consumo de mercadorias baratas – mas como investimento. Viagens ao exterior se tornam mais caras, e brasileiros vão usar o dólar mais caro para comprar imóveis ou investir em empresas americanas.

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