Transações correntes fecham 2014 com déficit de US$ 90,9 bi

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – As transações correntes (saldo apurado das compras e vendas de mercadorias e serviços do Brasil com o exterior) encerrou o ano de 2014 com um déficit de US$ 90,9 bilhões, equivalentes a 4,17% do PIB (Produto Interno Bruto), segundo dados divulgados pelo Banco Central. O resultado supera o déficit de US$ 81,1 bilhões registrado em 2013, que, até agora, era o maior desde o início da série histórica, iniciada pelo Banco Central (BC) em 1947, enquanto a proporção em relação ao PIB é a maior desde 2001.

Em dezembro, o resultado foi negativo em US$ 10,3 bilhões, ao passo que o balanço de pagamentos registrou deficit de US$ 9,8 bilhões em dezembro, e superávit de US$ 10,8 bilhões em 2014.

No mês, a conta financeira apresentou ingressos líquidos de US$ 1 bilhão, com destaque para os ingressos líquidos de investimentos estrangeiros diretos (IED), no valor de US$ 6,7 bilhões. No ano, a conta financeira acumulou saldo positivo de US$ 99 bilhões, destacando-se novamente os ingressos líquidos de IED, que atingiram US$ 62,5 bilhões.

A análise dos componentes mostra que a conta de serviços foi deficitária em US$ 4,9 bilhões em dezembro, acima do saldo negativo de US$ 4,2 bilhões registrado em dezembro do ano anterior. Em 2014, a conta serviços registrou despesas líquidas de US$ 48,7 bilhões, o que representa uma elevação de 3,3% na comparação com 2013. As despesas líquidas com aluguel de equipamentos atingiram US$ 2,8 bilhões no mês e US$ 22,7 bilhões no ano, acréscimo de 18,8% em relação a 2013.

Já a conta de viagens internacionais apresentou deficit de US$1,6 bilhão no mês, influenciado pelos recuos de 9,6% dos gastos de estrangeiros no Brasil, e de 3,3% dos gastos de brasileiros no exterior, ambos na comparação com dezembro de 2013. No ano, as despesas líquidas de US$18,7 bilhões constituíram o recorde da série, elevação de 2,3% em relação ao ano anterior, com receitas e despesas atingindo os níveis máximos de US$6,9 bilhões e US$25,6 bilhões, respectivamente.

As despesas líquidas com transportes somaram US$ 651 milhões em dezembro, levando o déficit acumulado no ano para US$ 8,9 bilhões, abaixo dos US$ 9,8 bilhões apurados em 2013. O deficit em serviços de computação e informações atingiu US$426 milhões em dezembro e US$4,4 bilhões no ano, recuo de 0,9%, comparativamente ao ano anterior. As remessas líquidas de royalties e licenças somaram US$223 milhões no mês e US$3,3 bilhões no ano, 8,8% acima do resultado de 2013.

Segundo os dados do BC, as remessas líquidas de renda para o exterior somaram US$ 6 bilhões no mês, 20% inferiores ao observado em dezembro de 2013, acumulando US$4 0,3 bilhões em 2014, acréscimo de 1,2% na comparação com o ano anterior. Em dezembro, as saídas líquidas de renda de investimento direto somaram US$ 4,3 bilhões, dos quais US$ 3,8 bilhões em remessas líquidas de lucros e dividendos.

As remessas líquidas de renda de investimento em carteira totalizaram US$ 1,1 bilhão, dos quais US$ 841 milhões foram relacionados a juros de títulos de renda fixa. As remessas líquidas de rendas de outros investimentos somaram US$ 639 milhões em dezembro. No ano, os pagamentos líquidos de juros alcançaram US$ 14,1 bilhões, ante US$14,2 bilhões no ano anterior. As remessas totais líquidas de lucros e dividendos somaram US$ 26,5 bilhões, elevação de 1,8% na comparação com 2013.

No mês, as transferências unilaterais somaram ingressos líquidos de US$ 258 milhões, acumulando US$ 1,9 bilhão ao longo de 2014, o que representa uma redução de 42,9% na comparação com 2013. O ingresso bruto referente à manutenção de residentes atingiu US$1,9 bilhão em 2014, situando-se 1,7% abaixo do resultado do ano anterior.

 

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

3 Comentários

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  1. Esse é o problema económico mais grave,

    mas totalmente escondido pela mídia, e fora do escopo do “pacotão” Levy “á la tucanô”.

    A subida da Selic já inverteu a curva de cambio, levando a uma volta do círculo vicioso do tal “tripé” com cambio valorizando, indústria sendo depenada, e no fim os cortes orçamentários + alta de impostos indiretos pagos pelos 99% produzirão a tal recessão prometida pela mídia aos 1%.

    Dilma não acordará a tempo…

     

  2. Entre cerca de 200 países estamos em boa companhia,,,

    Ese déficit acontece com os EUA (gigantesco), Reino Unido, França, Austrália, India, Japão, Itália, Turquia, Espanha…

    Não que seja bom, mas faz parte, podendo ter inúmeras causas e efeitos diversos. Por exemplo, o pedacinho dos gastos de viagem ao exterior é sinal de que a população está “podendo mais”, principalmente num ano de Copa, onde os contra gastos estrangeiros foram até maiores e o dólar subiu.

    Não destacam que o balanço de pagamentos (que inclui capital) foi positivo em 10 bilhões. Não destacam que o IED (investimento produtivo, que fica aqui) foi de 65 bilhões, ainda um dos melhores do mundo. Só destacam os trechos negativos das frases…

    E ainda insinuam que para “equilibrar”, devemos incentivar o capital especulativo (dinheiro que entra x e sai x+y). Talvez para aumentar mais os juros e assim, os ganhos da banca, como Armínio e seus 45%… (hoje escandalosos 12,5%…).

    Também manchetaram que “a criação de empregos caiu 64%”. Distraidos poderão pensar (já que é manchete!) que o emprego “caiu” drasticamente, mas na verdade ele continua subindo, numa velocidade menor.

    Assim como a escandalização de qualquer índice negativo, através do terrorismo miRdiático que há mais de década nos fustiga e vai criando um clima de fracasso, minando o otimismo e a motivação de todos, quando poderíamos crescer (ou ter crescido) muito mais, se estivéssemos num ciclo virtuoso de motivação, já que mais de 90% dos índices sócio-econômicos no Brasil são melhores sob a direção trabalhista do que a neoliberal.

    O clima sistematica, continua e incansavelmente criado acaba derivando nisto mesmo: piora dos índices, por desmotivação e medo. 

    Para eles, como somos um país rico em recursos e gente, devemos apenas pagar aluguel de dinheiro…

    Deles e de sua mega-assessoria de relações públicas: nosso PIG.

  3. E SE TUDO ESTIVER ERRADO?

    Se sabendo o que acontece, já é difícil solucionar um problema, imaginem quando não se sabe. Há muito tempo grandes grupos econômicos brasileiros devem estar envolvidos com a formação de carteis internacionais. A lógica é simples, em vez de concorrer (prática saudável do capitalismo) , preferem se associar aos concorrentes maiores, normalmente estrangeiros. Desse jeito, alguns segmentos importantes da economia apenas fingem concorrer, mas no fundo entram no jogo. O problema é que nesse jogo, o que está em disputa são as riquezas do Brasil.

    Não existe nada que dê mais lucros, do que produzir num país, onde o valor da mão de obra é reduzido através de trambiques, e depois vender esses produtos num mercado saudável, com uma renda normal, como o da Europa e EUA. Isso é possível, na medida em que o poder econômico cartelizado e corrupto passa a influir no governo, devido ao grande número de parlamentares que consegue eleger, garantindo a aprovação de praticamente tudo o que quer no Congresso. 

    À primeira vista, poderíamos dizer, que os grandes empresários não permitiriam essa prática, porque com o povo ganhando menos, eles também venderiam menos, diminuindo seus lucros. Ou seja, o arrocho salarial serviria apenas para beneficiar aos exportadores; já que teriam preços mais competitivos no exterior, podendo vender mais barato e ainda lucrar mais que seus concorrentes. A não ser que os carteis internacionais agissem, associando-se com esses poderosos seguimentos econômicos do Brasil.

    Mas o que poderiam fazer, para atrair esses empresários nacionais? Não é algo tão difícil, não se esqueçam de que a lucratividade de se produzir com os miseráveis (nós) e vender aos ricos (eles), é algo tentador. Se fosse oferecido a alguns grupos econômicos nacionais a própria participação em empresas multinacionais com a transferência de ações, eles também seriam beneficiados, e passariam a defender esse sistema colonial de arrocho salarial e transferência indevida de riquezas ao exterior. Algo do tipo poderia sim justificar vermos o escoamento de nossas riquezas para fora do país, por incapacidade de consumo, e praticamente sem tributação alguma. Cada concessão, cada trambique, cada medida aprovada no Congresso com os políticos comprados, seriam retribuídas com ações dessas empresas no exterior, que nem precisariam ser declaradas ao imposto de renda. 

    Ou seja, quando nos dizem que recebemos 62 bilhões de investimento estrangeiro em 2014, a maior parte disso deve ser repatriação de dinheiro vindo de trambiques, esquentado no exterior, para que depois seja reesquentado aqui dentro. Com eles ficando com a faca e o queijo nas mãos, e dando as cartas ao governo. Pois se querem derrubar um governo, ou aprovar alguma medida, basta segurar esses “investimentos”; que a economia despenca, e são atendidos. Quando informam que remeteram 30 bilhões ao exterior em 2014, na forma de remessa de lucros de multinacionais e royalties, no fundo foi muito mais. Porque normalmente quando exportam, as filiais daqui vendem para as suas matrizes no exterior, e por um preço bem abaixo do que deveriam. Ou seja, as filiais ficam no prejuízo, e as matrizes com o lucro; já que compraram os produtos de graça, e os venderão num mercado de renda elevada, Só que o lucro vindo desse trambique não aparece em nossa contabilidade do governo, nem é tributado por aqui…

    Por isso, para não ficar exposto à vontade de ladrões e traidores, depois que o comunismo foi derrubado na Rússia, e o novo país, democrático e capitalista, começou a admitir a presença de multinacionais; seus políticos diziam que, apesar de tudo, não haveria a latinoamericanização da economia russa. Pois, embora as multinacionais pudessem se instalar no país e remeter seus lucros ao exterior, isso deveria ser feito na moeda nacional. Ou seja, não poderiam transformar seus lucros em dólares, fortalecendo a moeda americana, e desvalorizando a nacional. E também, essas multinacionais não poderiam exportar. E por motivos óbvios, já que passariam a subornar os políticos locais, para promoverem um arrocho salarial. E pasmem, a Rússia mesmo assim atrai muitos investimentos estrangeiros. A diferença é que vão para lá, explorar um mercado normal, e não para desviar suas riquezas ao exterior. Precisamos aprender logo essa lição, pois quando os russos tiverem condições de exportar tanto capital em forma de multinacionais, como os americanos e europeus, eles também deverão abolir essa prática; já que os lucros com isso serão bem maiores que os prejuízos, os “doutores” de Harvard assinarão embaixo, e a mídia aplaudirá com entusiasmo… 

    Se medidas assim fossem tomadas no Brasil, não estaríamos enfrentando esse tipo de problema. Pois a remessa de lucros (30 bi fora os trambiques, que devem dar mais de 100 bilhões/ano) seria feita em real, e os impostos seriam pagos aqui, gerando receitas ao governo. Uma vez que não pudessem exportar, deveriam obter lucros, vendendo seus produtos aos próprios brasileiros. Ou seja, exigiriam dos seus políticos comprados, que elevassem o rendimento do trabalhador nacional, para que pudesse comprar seus produtos, como ocorre em qualquer país desenvolvido. O que acabaria com nossas dificuldades financeiras, e aqueceria nosso mercado, favorecendo as pequenas e médias empresas, que também venderiam muito mais. Aliás, se tributássemos a exportação de comodities, como até a Argentina faz, nossas pequenas e médias empresas passariam a beneficiar esses produtos, que aí sim poderiam ter sua exportação isenta de impostos, desde que os produtos sobrassem no mercado interno, e houvesse necessidade de entrar dólares no país. Porque, caso contrário, melhor seria poupar esses recursos naturais, que não são ilimitados, para explorá-los no futuro. Dessa forma, o que se exporta hoje através de meia dúzia de multinacionais, de forma fraudulenta e subfaturada, seria feito por milhares de pequenas empresas brasileiras. Por exemplo, uma montadora deixaria de vender nos EUA, os seus automóveis produzidos aqui. Só que os americanos continuariam precisando desses veículos. Ou seja, teriam que ampliar suas montadoras por lá, e comprar chapas de aço, parafusos, pneus, vidros, dispositivos eletrônicos, etc, de pequenas e médias empresas brasileiras. Por isso eles investem tanto na corrupção política hoje, para evitar esse tipo de coisa. 

    COLÔNIA NÃO PODE CONSUMIR, PRODUZ PARA O CONSUMO ALHEIO!

    COLÔNIA NÃO POUPA RECURSOS NATURAIS, É DEPENADA POR OUTROS PAÍSES!

    https://www.facebook.com/democracia.direta.brasileira/photos/a.300951956707140.1073741826.300330306769305/546704845465182/?type=3&theater

     

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