Trump acredita que “boa vontade” das empresas salvará contagiados do coronavírus

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Estados Unidos de Donald Trump resiste a adotar estratégias de proteção sanitária que podem impactar o avanço da economia do país para o empresariado

Foto: Divulgação

Jornal GGN – Chegando nesta sexta-feira (27) como o país com mais casos de contagiados pelo novo coronavírus no mundo, os Estados Unidos de Donald Trump resiste a adotar estratégias de proteção sanitária que podem impactar o avanço da economia do país para o empresariado.

Nos últimas dias, Trump foi alvo de intensas pressões para ativar a Lei de Produção de Defesa que, entre outras medidas, permite direcionar todos os esforços industriais do país na produção e fabricação de suprimentos de primeiras necessidades, como máscaras, equipamentos de proteção e até mesmo os ventiladores artificiais.

Entretanto, o mandatário dos EUA não cedeu e manteve as produções das empresas nacionais em seus segmentos, uma demanda da Câmara de Comércio dos Estados Unidos, que representa os interesses dos empresários norte-americanos.

Foram centenas de representatividades, desde até mesmo grupos comerciais, terceiro setor, organizações da saúde, até instituições oficiais como governadores, senadores democratas, procuradores e fiscais, que enviaram cartas, comunicados e pedidos a Donald Trump para ativar a lei.

A Lei de Produção de Defesa data de 1950, criada durante a Guerra da Coréia, e possibilita ao presidente determinar a concentração dos esforços nacionais, sendo público e privados, para o bem comum do país, neste caso, para combater os perigos à saúde pública.

Trump, por outro lado, restringiu-se a dedicar recursos à pandemia, em quantias que apesar de volumosas, já se mostraram insuficientes para fazer frente às faltas de suprimentos e equipamentos de saúde que serão necessários para atender a população afetada.

Em discurso no último 18 de março, o presidente dos EUA admitiu que se está vivendo “a maior mobilização da base industrial desde a Segunda Guerra Mundial”, mas disse estar convencido que “conseguimos o que precisamos sem colocar a mão pesada do governo para baixo”, disse, sobre a medida que é interpretada por ele como uma grande intervenção do estado no mercado.

Para não ativar a lei, o mandatário mostrou ter participado de um amplo lobby do setor industrial, parte deles que se disponibilizaram a dedicar recursos e também áreas das fábricas para as produções de equipamentos sanitários de maneira voluntária – tudo isso para evitar que grandes modificações da cadeia produtiva afetem estas empresas.

Leia sobre a Economia de Guerra aqui.

Entre elas, a Ford Motos, está colaborando com a 3M e a GE Healthcare para aumentar as produções de respiradores, entre outros materiais. Entretanto, estas voluntários já se comprovam ineficientes para atender a alta demanda que necessitará o país – além dos kits de teste do novo coronavírus, já se fala em 30 mil respiradores que Nova York necessitará já para os próximos dias. Até agora, o estado recebeu apenas 400 respiradores.

“As empresas estão fazendo o que pedimos, e elas estão sendo ainda melhores do que isso – estão chegando e ligando para nós”, disse Trump, insistindo que a benevolência do empresariado será suficiente para lidar com os contagiados pelo Covi-19, que nesta sexta-feira (27) marcaram a faixa dos mais altos do mundo.

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. No fundo Bolsonaro não quer é abrir o caixa do governo. Neoliberal defende o estado mínimo do mínimo. E estado mínimo nao ajuda ninguém. Só a sua turma.

  2. Em 2006, o Cláudio Lembo, então Governador de São Paulo, afirmou:

    minoria branca’ mudar sua mentalidade. ‘Nós temos uma burguesia muito má, uma minoria branca muito perversa. A bolsa da burguesia vai ter que ser aberta para poder sustentar a miséria social brasileira no sentido de haver mais empregos, mais educação, mais solidariedade, mais diálogo e reciprocidade de situações”.

    Agora a burguesia quer abrir a bolsa, mas não para sustentar a miséria social por ela gerada, mas para acumular muito mais às custas dessa miséria social e da pandemia

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