Um projeto para as multi brasileira

Do Último Segundo

Coluna Econômica 29/03/2010

Gravado na sexta-feira, o programa “Brasilianas.org” – da TV Brasil – será sobre as multinacionais brasileiras.

Será tema cada vez mais relevante dos debates sobre o futuro da economia.

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É recente o fenômeno da internacionalização das empresas brasileiras. Nos anos 80 houve um movimento das empreiteiras, depois de conquistarem padrão internacional com as grandes obras hidrelétricas dos anos 70.

Afora elas, apenas Petrobras, Vale, Weg e poucas outras.

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Nos anos 90, esse movimento ampliou-se. Em parte por empresas buscando ambientes econômicos mais estáveis. A partir de determinado momento, empresas que, fortalecendo-se no mercado interno, partiram para vôos externos mais consistentes.

Para tanto foi importante uma conjugação de fatores.

De um lado, a ampla liquidez internacional tornando acessíveis os grandes financiamentos internacionais. De outro, a reestruturação da economia internacional, com os grandes grupos dos países centrais desfazendo-se de subsidiárias de menor valor agregado.

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A melhoria da imagem do Brasil, no plano internacional, ajudou em muito esse processo.

Mas ainda não se chegou ao estado da arte de outros países, como a Espanha, que transformaram a internacionalização de suas empresas em projetos de Estado – finamente articulados pelo governo e pelo setor privado.

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Na privatização das telecomunicações brasileiras, ficou clara a diferença entre países com projeto – Espanha, por exemplo – e países sem projeto – o Brasil.

A falta de uma regulação adequada permitiu que a Telefonica entrasse no Brasil como porta de entrada para um enorme conjunto de empresas espanholas, de fornecedoras de serviços de manutenção a serviços de software.

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O Brasil ainda não chegou nesse estágio. Nos próximos anos, seguramente será um dos temas centrais da agenda econômica.

Da parte do governo, tem que fornecer apoio diplomático, o peso do Executivo nas grandes negociações internacionais, facilidades fiscais e financeiras – como linhas de crédito, aval, seguro etc.

Do lado das empresas, há que se pensar em um conjunto de contrapartidas.

Por exemplo, tem que haver uma análise minuciosa das chamadas externalidades positivas e negativas (os efeitos indiretos de cada operação). Entre as externalidades positivas das novas multinacionais se têm a abertura de novos mercados para produtos brasileiros, o fortalecimento da cadeia produtiva interna, a melhoria da qualidade dos fornecedores, a geração interna de emprego e absorção de tecnologia. Entre as negativas, o desvio da produção para as subsidiárias em outros países, o enfraquecimento da cadeia produtiva (devido ao processo prévio de cartelização da economia interna).

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Todos esses fatores terão quer ser levados em conta em um futuro pacto entre governo e setor privado visando consolidar os novos gigantes brasileiros na economia global.

Nos últimos tempos, a ampliação dos programas industriais brasileiros – contemplando setores produtivos e não empresas individualmente – foi um primeiro passo. Agora, aguarda-se um plano estratégico a ser apresentado pelo futuro presidente.

Luis Nassif

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