União Europeia suspende compra de pesca brasileira em 2018

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Setor movimenta mais de R$ 4 bilhões por ano e gera emprego para cerca de 1 milhão de pessoas no Brasil
 
 
Da Anffa Sindical 
 
Ao suspender compra de pescados brasileiros, UE evidencia fragilidades do sistema de inspeção
 
A União Europeia (UE) anunciou ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que, a partir de 3 de janeiro, suspenderá a importação de pescados e produtos de pesca de origem brasileira.
 
Em setembro, uma missão veterinária da UE concluiu que mudanças solicitadas em visitas anteriores ainda não tinham sido realizadas. Então, a Comissão do bloco econômico comunicou, nesta semana, que o sistema de controle da produção de pescado brasileiro tem graves falhas e deficiências, especialmente no que se refere à qualidade dos barcos pesqueiros. A suspensão vai atingir em cheio pelo menos 67 empresas e 2 barcos-fábrica que atualmente exportam pescados para a UE.
 
Tais missões são realizadas geralmente a cada cinco anos, e as autoridades brasileiras já tinham sido notificadas das exigências outras vezes, ou seja, não houve nenhuma surpresa. O problema é que as ações corretivas não foram possíveis por causa de uma conjuntura que se mostra grave e é denunciada há tempos pelo Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical): falta pessoal e capacitação na área de inspeção e fiscalização agropecuária no Brasil.
 
De acordo com o presidente da entidade, Maurício Porto, a suspensão por parte da União Europeia deixa claro um problema latente, que pode piorar em breve, caso seja aprovada a terceirização da inspeção de produtos de origem animal. “O que está acontecendo agora com os pescados mostra que a política do governo brasileiro necessita de um rumo diferente do que vem sendo tomado. É preciso valorizar o auditor fiscal federal agropecuário (AFFA), promover novos concursos e dar melhores condições de trabalho”, defende Porto.
 
Ainda de acordo com o Anffa, a situação está agravada com o descaso da Secretaria de Pesca, que já teve status de ministério, pertenceu ao Mapa, ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) e agora está para ser transferida para a Presidência da República. “São mudanças que enfraquecem as políticas voltadas para a atividade pesqueira. Vemos tal movimentação com preocupação”, diz o presidente da entidade.
 
Impactos econômicos
 
O continente europeu é um dos principais mercados desse setor e, em 2015, comprou 9 mil toneladas de pescado brasileiro. Em 2016, foram 7 mil toneladas, e a principal espécie é o atum. Em nota, a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) afirmou que o setor movimenta mais de R$ 4 bilhões por ano e gera emprego para cerca de 1 milhão de pessoas.
 
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

4 Comentários

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  1. União….

    Quem sabota Empresas e Economia Brasileiras? Sabemos, a culpa é do Trump !! Mas Empresários Brasileiros, que gastam esforço, competência e milhões produzindo para tentar entrar num mercado tão competitivo, também sabemos, são todos covardes e oportunistas. Não é assim que dita nosso Manual Ideológico anti-capitalista? Empregos jogados no lixo, sabotados pelo seu próprio governo. Uma extensão de ‘Carne Fraca’. Damos a bola, pingando. Mas nossos Comandantes de Brasília, dizem que estamos quase fechando excelentes acordos com União Europeia. Fata apenas um detalhe: ‘Abaixar as calças’. O Brasil é de muito fácil explicação. 

  2. Uma vez quadrilheiros sempre quadrilheiros

    Essa é uma das características de uma quadrilha. Não se preocupam com coisa séria com os compromissos assumidos. Passam o tempo todo forjando novos planos de roubo ou  tratando de esconder os crimes já cometidos. Para esses caras não há tempo para coisas sérias.

  3. O problema está na mentalidade. . .

    O problema está na mentalidade de alguns empresários do setor de alimentos do Brasil, de carnes e de pescados, que pensam que o consumidor europeu, americano e asiático é do mesmo nível dos brasileiros que nunca reclamam de nada e que a fiscalização desses países é igual à do Brasil, do tipo “faz de conta que estamos fiscalizando”.

  4. Peixe do “Brazil”

    O Brasileiro consume em média 14,4 Kg de peixe por ano, abaixo da media mundial (que é acima de 20 Kg). Ainda, daqueles 14,4 Kg, apenas 2,5 são de peixe nacional (ultima produção anual registrada em 2015: 493.000 t/ peixe no Brasil). Ou seja, quase 12 Kg/ano, equivalente a mais de 2 milhões de toneladas de peixe são importados, principalmente do sudeste asiático e o tal de bacalhau (bicho sem cabeça) que chega dos mares frios do Norte. Assim, este drama da EU deixar de comprar parte da nossa fraca produção não é tão relevante como a equivocada construção do nosso consumo com base em peixe importado.

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