Vale fecha 2015 com maior prejuízo da história da bolsa

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Mineradora tem prejuízo líquido de R$ 44,213 bilhões

Jornal GGN – A mineradora Vale encerrou o ano de 2015 com um prejuízo líquido de R$ 44,213 bilhões (US$ 12,129 bilhões), considerado o maior já registrado por uma empresa brasileira com ações na Bolsa desde 1986, quando começou o levantamento pela consultoria Economática.

No terceiro trimestre, o prejuízo líquido trimestral foi de US$ 8,569 bilhões, comparado a um prejuízo líquido de US$ 2,117 bilhões no terceiro trimestre. A redução de US$ 6,452 bilhões deveu-se principalmente aos impairments, os quais foram parcialmente mitigados pelo efeito nos resultados financeiros de variação cambial. O prejuízo básico recorrente foi de US$ 1,032 bilhão no quarto trimestre, contra um prejuízo básico recorrente de US$ 961 milhões no terceiro trimestre.

A queda foi causada principalmente por menor EBITDA – lucro antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações (-US$ 6,272 bilhões); maior impairment em ativos, contratos onerosos e investimentos (-US$ 8,189 bilhões) e (c) maiores perdas em variações monetárias e cambiais (-US$5,280 bilhões). Esta redução foi parcialmente compensada por impostos diferidos maiores (US$ 5,638 bilhões) e menores despesas financeiras (US$ 1,681 bilhão).

Em novembro, o rompimento de uma barragem pertencente à mineradora Samarco – cujos donos são a Vale a anglo-australiana BHP – gerou uma enxurrada de lama que inundou várias casas no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, deixando quase 20 mortos e feridos. Segundo o balanço publicado, a produção na região de Mariana foi reduzida, mas foi compensada por outras minas.

De acordo com os dados divulgados pela empresa (em dólares), a receita bruta totalizou US$ 26,047 bilhões em 2015, significando uma redução de US$ 12,189 bilhões em comparação com 2014, em função de menores preços de finos de minério de ferro (US$ 8,614 bilhões), pelotas (US$ 2,030 bilhões), níquel (US$ 1,394 bilhões) e outros. A redução na receita em função da queda nos preços foi parcialmente mitigada por maiores volumes de venda (US$ 2,060 bilhões). A receita bruta trimestral totalizou US$ 5,986 bilhões no quarto trimestre, uma redução de US$ 632 milhões em relação ao terceiro trimestre, como resultado de menores preços de finos de minério de ferro (US$ 739 milhões), níquel (US$ 112 milhões) e outros, parcialmente mitigados por maiores volumes de venda (US$ 325 milhões).

Segundo os analistas da Ativa Corretora, o impairment foi o maior explicador para o prejuízo de US$ 12,159 bilhões em 2015 na avaliação da parte contábil, respondendo por US$ 9,372 bilhões. “O nível de alavancagem (Dívida/EBITDA) da companhia manteve seu curso dos últimos trimestres, não por conta de novas emissões, mas pela persistente redução de EBITDA. No entanto, não apreciamos a elevação da participação da China nos destinos de venda de minério de ferro da Vale saindo de 50% em 2014 para 53,6% em 2015”.

EBITDA da Vale cai 47% no ano

De acordo com os dados divulgados pela Vale, o EBITDA (lucro antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações) ajustado foi de US$ 7,081 bilhões em 2015, 47% inferior ao de 2014, principalmente em função dos menores preços de venda que impactaram o EBITDA negativamente em US$ 14,005 bilhões. Os maiores volumes de vendas e menores custos e despesas compensaram parcialmente o impacto dos menores preços no EBITDA em US$ 1,237 bilhão e US$ 6,746 bilhões, respectivamente. A margem EBITDA ajustada foi de 27,7% em 2015.

Os investimentos totalizaram US$ 2,193 bilhões no quarto trimestre e US$ 8,401 bilhões em 2015, significando uma redução de US$ 3,578 bilhões em comparação com 2014. Os investimentos na execução de projetos totalizaram US$ 1,366 bilhão e US$ 5,548 bilhões no trimestre e no ano, respectivamente, enquanto os investimentos na manutenção das operações existentes somaram US$ 827 milhões e US$ 2,853 bilhões no 4T15 e em 2015, respectivamente. De acordo com a empresa, os investimentos totais no ano excederam a última previsão em US$ 200 milhões, em função da execução melhor do que esperada do projeto S11D e de sua logística associada.

A venda de ativos totalizou US$ 3,525 bilhões em 2015: US$ 1,316 bilhão proveniente da venda de doze navios VLOCs (very large ore carriers) para armadores chineses; US$ 1,089 bilhão da venda de 36,4% das ações preferenciais da MBR; US$ 900 milhões de mais uma transação de goldstream; e US$ 97 milhões da venda de ativos de energia. No 4T15, a Vale vendeu quatro navios VLOCs com capacidade de 400.000 t para o ICBC Financial Leasing em uma transação de US$ 423 milhões.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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