A cartilha do novo ministro da Educação, o colombiano Vélez, que quer “refundar” o MEC

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Em um texto onde revela seu plano para o MEC, Vélez escreveu que pretende “seguir a caminhada patriótica empreendida pelo nosso Presidente”

Jornal GGN – A nomeação do colombiano Ricardo Vélez Rodriguez como ministro da Educação de Jair Bolsonaro nem bem completou 24 horas, mas sua produção intelectual, alinhada aos ideias do presidente eleito – conservadores nos costumes e intolerantes com pautas atribuídas às esquerdas – já correm pelas redes sociais e pela imprensa, alertando para o que virá: 
 
Indicado para o cargo por Olavo de Carvalho, Vélez, autor de livros sobre liberalismo e a atual situação política do País, mantém publicações em um blog onde demonstra apreço pela ditadura militar e total repúdio pela “petralhada” e sua obra no governo federal. E como se sua escolha fosse certa, Vélez já havia escrito um texto, em 7 de novembro, indicando que, enquanto ministro, mira na “refundação” o MEC.
 
A ideia de Vélez é dar corpo ao discurso de Bolsonaro: “Menos Brasília, mais Brasil”. Para isso, pretende empoderar as prefeituras, permitindo que cada município crie diretrizes para a educação segundo os costumes locais.
 
“Enxergo, para o MEC, uma tarefa essencial: recolocar o sistema de ensino básico e fundamental a serviço das pessoas e não como opção burocrática sobranceira aos interesses dos cidadãos, para perpetuar uma casta que se enquistou no poder e que pretendia fazer, das Instituições Republicanas, instrumentos para a sua hegemonia política”, anotou.
 
“Aposto, para o MEC, numa política que retome as sadias propostas dos educadores da geração de Anísio Teixeira, que enxergavam o sistema de ensino básico e fundamental como um serviço a ser oferecido pelos municípios, que iriam, aos poucos, formulando as leis que tornariam exequíveis as funções docentes.”
 
“Essa tarefa de refundação passa por um passo muito simples: enquadrar o MEC no contexto da valorização da educação para a vida e a cidadania a partir dos municípios, que é onde os cidadãos realmente vivem.”
 
Segundo Vélez, “a proliferação de leis e regulamentos sufocou, nas últimas décadas, a vida cidadã, tornando os brasileiros reféns de um sistema de ensino alheio às suas vidas e afinado com a tentativa de impor, à sociedade, uma doutrinação de índole cientificista e enquistada na ideologia marxista, travestida de ‘revolução cultural gramsciana’, com toda a coorte de invenções deletérias em matéria pedagógica como a educação de gênero, a dialética do ‘nós contra eles’ e uma reescrita da história em função dos interesses dos denominados ‘intelectuais orgânicos’, destinada a desmontar os valores tradicionais da nossa sociedade, no que tange à preservação da vida, da família, da religião, da cidadania, em soma, do patriotismo.”
 
No mesmo texto, Vélez critica o Exame Nacional do Ensino Médio que, na edição de 2018, abordou temas que incomodaram os eleitores de Bolsonaro. O novo ministro reproduziu o discurso do chefe: “A perpetuação da atual burocracia gramsciana que elaborou, no INEP, as complicadas provas do ENEM, entendidas mais como instrumentos de ideologização do que como meios sensatos para auferir a capacitação dos jovens no sistema de ensino.”
 
No modelo de Vélez, “as instâncias federal e estaduais entrariam simplesmente como variáveis auxiliadoras dos municípios que carecessem de recursos e como coadunadoras das políticas que, efetivadas de baixo para cima, revelariam a feição variada do nosso tecido social no terreno da educação, sem soluções mirabolantes pensadas de cima para baixo, mas com os pés bem fincados na realidade dos conglomerados urbanos onde os cidadãos realmente moram.” 
 
Em outras publicações, o novo ministro disse que o dia 31 de março de 1964, que marca o golpe militar no Brasil, é “uma data para lembrar e comemorar”. “Nos treze anos de desgoverno lulopetista os militantes e líderes do PT e coligados tentaram, por todos os meios, desmoralizar a memória dos nossos militares e do governo por eles instaurado em 64″, destacou o Painel da Folha desta sexta (23).
 
Vélez também fez duras críticas à Comissão da Verdade, “que, a meu ver, consistiu mais numa encenação para ‘omissão da verdade’, foi a iniciativa mais absurda que os petralhas tentaram impor”.
 
Sobre mortes e torturas na ditadura, ele disse apenas que “houve excessos no que tange à  repressão”.
 
Os links para os textos de Vélez:
 
https://pensadordelamancha.blogspot.com/2018/11/um-roteiro-para-o-mec.html
 
https://pensadordelamancha.blogspot.com/2014/12/omissao-da-verdade.html
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

16 Comentários

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  1. Coletânea de pérolas do Olavo

    Coletânea de pérolas do Olavo de Carvalho:

    “…não é de se admirar que hoje a Teoria da Relatividade é apenas uma empulhação elegante…” – Olavo de Carvalho, o físico

    “Isaac Newton não apenas disseminou o ateísmo na sociedade ocidental mas também uma burrice formidável.” – Olavo de Carvalho, o físico

    “Não sei se as vacinas funcionam ou não, mas quem cuidará da saúde dos meus filhos não é a medicina estatal mas sim Nosso Senhor Jesus Cristo.” – Olavo de Carvalho, o infectologista

    “Cantor era uma besta, não sabia distinguir números de nome de números.” – Olavo de Carvalho, o matemático

    “O General Geisel era comunista. Mandou prender todos os comunistas porque gostaria de ser o único comunista do Brasil.” – Olavo de Carvalho, o historiador do Brasil

    “Einstein e Planck já desmentiram a dualidade cartesiana por completo. Nada é tão arqui-provado como as experiências de quase-morte.” – Olavo de Carvalho, o físico quântico

    “A Teoria da Evolução está completamente desmoralizada. Darwin era de uma família de ocultistas e o livro do médico indiano comprova que esta teoria é totalmente furada.” – Olavo de Carvalho, o biólogo

    “Quem quer que nunca tenha estudado a Astrologia em algum momento da vida é um idiota.” – Olavo de Carvalho, o astrólogo

    “As reservas de petróleo que foram encontradas apenas no Colorado são 20 vezes maior do que da Arábia Saudita, eu li isto no boletim da USGS.” – Olavo de Carvalho, o geólogo

    “É mentira que nunca foram encontradas armas de destruição em massa no Iraque, o fato de não informarem não significa que não as encontraram.” – Olavo de Carvalho, o estrategista político

    “Essas religiões afro atraem a desgraça, veja o Haiti, a África.” – Olavo de Carvalho, o geólogo

    “Milagres acontecem todos os dias mas são ocultados pela mídia. Na Malásia, uma menina cujo crânio estava rachado, teve seu crânio colado na frente de milhares de pessoas.” – Olavo de Carvalho, o perito Papal

    “Na Ditadura Militar haviam eleições democráticas e não havia censura. Existe muito mais censura hoje do que no tempo da Ditadura Militar.” – Olavo de Carvalho, o jornalista

    “Cigarro não faz mal, isto tudo é uma empulhação da Indústria Farmacêutica que vendem remédios que matam a população. Cigarro faz bem para a atividade cerebral e diminui o colesterol, quantas pessoas com Alzemheier fumantes você já viu.” – Olavo de Carvalho, o Médico

    “George Bush é vendido para o CFR que é vendido para os grandes atores da nova Ordem Mundial que visam implantar o socialismo em escala global.” – Olavo de Carvalho, o analista político

    “O método científico é o pior método para se descobrir qualquer coisa, a humanidade está bestificada pela Ciência, como os Santos percebiam a existência de Deus sem a Ciência? Eu sinto também os desígnios divinos pelo instinto e não pela ciência.” – Olavo de Carvalho, o especialista em direito canônico, informando que Deus conversa diretamente com ele e que os cientistas são burros.

    “Nossa Senhora já explicou que luzes apareceriam no céu e isto seria um sinal de que deve ser feito o Rosário pela Consagração da Rússia ao catolicismo.” – Olavo de Carvalho, o católico

    “A Santa Inquisição reduziu as torturas, coisa que ninguém tinha coragem de fazer, ademais era um Tribunal Democrático que não condenava ateus.” – Olavo de Carvalho, o historiador

    “Os negros escravizaram os brancos durante séculos.” – Olavo de Carvalho, o historiador

    “As Cruzadas foram uma reação tardia à opressão católica.” – Olavo de Carvalho, o historiador medieval

    “A mera pretensão de que a consciência é causada pelo cérebro deve ser rejeitada como uma simples estupidez, uma lenda, crendice.” – Olavo de Carvalho, o neurocientista

    “Veja você, a Pepsi-cola usa fetos abortados como adoçante.” – Olavo de Carvalho, o químico industria

  2. Um discurso abissal

    A profundidade do discurso é abissal,nos leva bem além do fundo do poço,

    uma doutrinação de índole cientificista e enquistada na ideologia marxista,

    travestida de ‘revolução cultural gramsciana’,

    com toda a corte de invenções deletérias em matéria pedagógica como a educação de gênero,

     

    Temo que ele não saiba o significado de nenhum  dos termos utilizados, mas devem estar todos nos escritos também abissais de Olavo de Carvalho delirante, que é tratado pelo presidente como intelectual.   Ai que saudades de Merchior, no tempo em que o pensamento de direita tinha um intelectual 

    Sequer se refere à realidade das escolas e sobre o  que está sendo ensinado. Cita Anísio Teixeira, sem sequer imaginar que Anísio, Darcy, Freire e outros  conviviam muito bem obrigado. Sequer se lembra de citar que paira sob a morte de Anísio suspeitas  da mão nada democrática da Ditadura Militar a quem elogia.

    Tudo que este senhor fala é ideoĺógico. Aliás sem nenhuma   menção  à realidade da educação no país, fala generalidades sempre atacando  os outros, a quem acusa de  terem criado o conflito entre nós e eles.

    Ataca ENEN sem sequer saber o que é a prova do ENEN. No fundo ele quer como tudo neste governo, criminalizar, todas as políticas sociais. Até o momento este governo tem sido apenas ideológico em todos os setores, com ênfase da educação, pois querem transformar a educação e as escolas em madrassas religiosas, as Universidades em escolas técnicas e ou Universidade sem Partido, se possível eliminando as ciências humanas. Quanto a economia  na mão de um Paulo Guedes, pouco ou nada podemos esperar a não ser  transformar nossa economia num setor de prestação de serviços ao mercado.

     

  3. Professores doutrinadores

    O colombiano, cotado para ser ministro, deve saber com propreidade do que fala:

    “Rodríguez conta que abandonou as convicções de esquerda ao ser apresentado a pensadores liberais na PUC Rio. “De militante trotskista virei estudioso do liberalismo”, afirma.”

    Citado em:

    Ministro de Bolsonaro diz que militou em “organizações consideradas terroristas” 

    https://blogs.oglobo.globo.com/bernardo-mello-franco/post/ministro-de-bolsonaro-diz-que-militou-em-organizacoes-consideradas-terroristas.html

    A prova da existência dos prefessores doutrinadores provém do próprio Vélez Rodrigues. Seus professores o doutrinaram com zelo e eficiência levando-o abandonar suas primeiras concepções, vindo posteriormente a adotar sem reservas as teses de seus doutrinadores.

    Ah, se a “Escola sem Partido” já existisse naqueles tempos…

  4. Militares assassinaram Anísio Teixeira

    ” Aposto, para o MEC, numa política que retome as sadias propostas dos educadores da geração de Anísio Teixeira”. 

    É muita hipocrisia ! Anísio Teixeira foi assassinado pelos militares durante a Ditadura Militar defendida por esse educador.

  5. não pode ser ministro

    Esse cara é COLOMBIANO.

     

    A constituição diz que só brasileiros podem ser ministros de estado.

     

    OPS!!!   eu falei “constituição”?

    Isso ainda vale no Brasil?

    1. Título II   Dos Direitos e

      Título II   
      Dos Direitos e Garantias Fundamentais

      Capítulo III   
      Da Nacionalidade

       

      Art. 12. São brasileiros:

            § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:

              I –  de Presidente e Vice-Presidente da República;

              II –  de Presidente da Câmara dos Deputados;

              III –  de Presidente do Senado Federal;

              IV –  de Ministro do Supremo Tribunal Federal;

              V –  da carreira diplomática;

              VI –  de oficial das Forças Armadas;

              VII –  de Ministro de Estado da Defesa.

       

      https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_18.02.2016/art_12_.asp

  6. Final dos tempos…

    Final dos tempos chega quando você compreende que o General Mourão, quem diria o general Mourão!!!

    Aquele general de direita torna-se a voz mais sensata de governo eleito pelo voto democrático!!!

    A posição dele lembra desenhos animados quando o herói descobre furos num dique que vai ruir e inundar toda a cidade e ele passa a tampar os furos com os dedos!

    E numero de furos só aumentam!

    É isso que vai acontecer…

    O Paulo guedes está distribuindo destruidores de Brasil por todos os lados!

    É gente que não se preocupa com gente, a menos que sejam ricos ou estrangeiros!

    O Mourão não vai conseguir impedir a quebra do Brasil…

  7. escola sem ciencia

    “doutrinação da ideologia cientificista”? o ministro “rocinante”parece querer incluir no rol das ‘ideologias’ proibidas do projeto Escola fascista a fisica, a quimica e a biologia. Como o ‘bosoline’ quer nos transformar em subcolonia dos EUA não precisaremos de cientistas e os brasileiros serão rebaixados ao nivel intelectual do futuro presidente.

  8. Refundar para esta gente é colocar de novo o país no século 15

    É realmente, para implantar o atraso numa nação, basta a união dos maus tratos com a má educação

  9. Urgência da revogação da Portaria nº 554, de 20 de junho de 2013
    Urgência da revogação da Portaria nº 554, de 20 de junho de 2013, do MEC A avaliação do docente pelo discente está prevista na Portaria nº 554, de 20 de junho de 2013, do MEC que estabelece as diretrizes da avaliação do desempenho de servidores do Magistério Federal das Instituições Ensino. Na prática, os alunos avaliam os professores. Uma prática comunista. Está difícil de lecionar nas universidades.

     

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