A crise da educação no Brasil não é uma crise, é projeto, por Roberto Amaral

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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A crise da educação no Brasil não é uma crise, é projeto

por Roberto Amaral

Cortes deliberados em ciência, tecnologia e educação são parte do plano antinacional de inviabilização do futuro do Brasil

A frase de Darcy Ribeiro que titula este artigo sintetiza o governo que nos assola desde o golpe do impeachment: a dita crise, criada de fora para dentro, é um projeto de desconstrução, com início, meio e fim, que percorre todos os vãos da vida nacional, mas se concentra na inviabilização do futuro do país, cortando de vez as possibilidades objetivas de retomada do desenvolvimento, pois todas elas dependem de ensino, pesquisa e tecnologia, o alvos mais frágeis.

Esse projeto tenta, como nenhum governo nacional ou estrangeiro jamais ousou, a destruição da Amazônia – doando ao desmatamento, à grilagem e à mineração predatória (alguém se lembra de ‘Serra pelada’?) uma área superior ao território da Dinamarca, enquanto abre nossas terras de fronteira à especulação internacional.

Com a privatização da Eletrobras — e aí está o ataque frontal à economia produtiva depois da destruição da engenharia brasileira –, teremos, por inevitável, o aumento do preço da energia, inviabilizando as indústrias intensivas em consumo de energia. O volume de crédito para empresas caiu e o juro subiu, apesar da queda da Celic.

Mediante os mais variados procedimentos empreende a desmontagem de ativos estratégicos indispensáveis ao nosso desenvolvimento e à nossa soberania, como a Petrobras e o BNDES.

Como coroamento, interdita o único caminho que nos levaria para o futuro: o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, e a universalização do ensino, como direito fundamental de todos.

Com o corte geral dos investimentos (a ‘PEC do teto de gastos’ ou ‘PEC do Fim do Mundo’) decreta a interdição, por 20 anos, dos investimentos públicos em áreas como infraestrutura, educação e saúde, além da já citada C&T.

Trata-se, portanto, de projeto, tão bem alinhavado, quanto diabólico e impatriótico: transformar a pobreza de hoje num destino irrecorrível, aumentar a desigualdade social com o desmantelamento da escola pública, gratuita e de boa qualidade.

O golpe certeiro foi anunciado (para quem quis ver), logo nos primeiros dias da nova ordem, com a destruição do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, transformado em um uma secretaria sob a chefia geral de um ministro sem qualificação, sem visão de conjunto, sem visão de Brasil.

A pá de cal viria com o criminoso corte dos recursos destinados às universidades públicas, à pesquisa, ao ensino e à inovação.

A comunidade científica e acadêmica assiste perplexa (demoradamente perplexa e sem resposta à altura do desafio) à deterioração crescente das condições mínimas necessárias para manter de pé o ensino de qualidade e a pesquisa, especialmente nas universidades públicas – e em nosso país a pesquisa é quase uma exclusividade das universidades públicas, acompanhadas de umas poucas instituições privadas de ensino, as quais, todavia, têm seus programas financiados pelo poder público, via CNPq, FINEP, CAPES e agências estaduais de fomento, como a FAPERJ e a FAPESP.

Não sem lógica, portanto, o orçamento das universidades federais teve um corte de 3,4 bilhões. Os recursos para as bolsas do CNPq chegam ao fim do poço neste setembro, criando insegurança e pânico a milhares de pesquisadores.

Esse hediondo crime que se pratica contra o presente e principalmente contra o futuro de nossa gente e de nosso país, é o fruto óbvio da redução drástica do orçamento tanto do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) como do Ministério da Educação (MEC).

No caso do MCTIC, seu orçamento para 2017, corresponde a cerca de 25% daquele que teve nos governos lulistas, que mesmo então ainda não era nem o desejável nem o necessário. Mas não é só.

O Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), principal fonte de apoio à infraestrutura física e laboratorial, teve seu orçamento inicial reduzido de cerca de R$ 3,5 bilhões para R$ 1,3 bilhão. Logo em seguida, uma nova redução para R$ 720 milhões, valor que não permite o pagamento dos projetos em execução e impede que instituições de fomento como o CNPq e a FINEP apoiem novas pesquisas e projetos de inovação, fundamentais para o desenvolvimento de novas tecnologias pelas indústrias aqui instaladas.

Importantes e tradicionais instituições que integram o MCTIC, como o Observatório Nacional, o Centro Brasileiro de Pesquisas Científicas, o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia, o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, o Laboratório Nacional de Computação Científica,  entre outros, podem encerrar suas atividades já no final deste mês. Todas as universidades federais estão em crise, e estaduais como a UERJ, não têm mais condições de funcionamento normal.

Todo este quadro leva a um profundo desânimo por parte dos pesquisadores, incentivando  a migração para outros países, nos quais vislumbram caminhos de continuidade de seus projetos e suas pesquisas, depois de haverem tido suas formações custeadas pelo povo brasileiro.

Mas o pior está anunciado para 2018.

O projeto de Lei Orçamentária para 2018, enviado pelo Planalto ao Congresso Nacional reduz ainda mais os recursos do MCTIC, dos atuais e minguados 15,6 bilhões (o menor da história) para 11,3 bilhões. A proposta de Meirelles-Temer risca do mapa projetos estratégicos (são sempre eles os mais atingidos) como o Sirius (novo acelerador de partículas) e o Reator Multipropósito, destinado à pesquisa e à fabricação de radiofármacos.

Esses projetos, considerados prioritários pelos governos Lula-Dilma e pela comunidade cientifica, integravam o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A proposta para o FNDCT em 2018 é de R$ 390 milhões, cerca de metade do já catastrófico orçamento disponível para 2017.

No mundo da quarta revolução industrial, delineando a ‘era do conhecimento’, com profundos impactos sobre a forma de produção de bens e serviços e sobre a vida dos cidadãos e os destinos das nações, nós que chegamos à revolução industrial com cem anos de atraso, nos vemos apartados, por muito tempo, de qualquer sorte de desenvolvimento.

Este, se não detido, é o legado de um governo de natureza ilegítimo, sem mandato para o programa que está impondo ao pais. E nesses termos nos achamos na contramão do mundo: enquanto cortamos os recursos federais, a União Europeia, em crise, decide (exatamente para sair da crise) investir 3% de seu PIB em Ciência e Tecnologia, a China aumenta em 26% seus investimentos em pesquisa básica, e os EUA, a maior potência mundial também em C&T, vai investir 2,7% de seu PIB.

Sempre é bom citar a Coreia do Sul, nos anos 1950 um país de camponeses devastado por uma guerra fratricida, hoje um país desenvolvido, de quem importamos manufaturados de elevado teor tecnológico: de 2000 a 2014, o investimento sul-coreano em ciência e tecnologia saltou de 2,19% para 4,29%!

Enquanto isso, no Brasil de Temer et caterva, reduzimos os investimentos em ensino e pesquisa.

Não se trata de acaso, mas de política antinacional deliberadamente adotada.
Se nada mudar, estaremos, muito em breve, condenados a comprar a preço de ouro, e em condições de subserviência, o acesso àquela ciência e àquela tecnologia que os países que as detém se dispuserem a ceder, aquela ciência e aquela tecnologia cujo desenvolvimento nos está sendo negado pelo regime Meirelles-Temer.

Em muitos casos, porém, tais tecnologias sequer estarão disponíveis para compra, especialmente aquelas que apresentem potencial de acesso a clubes tecnológicos fechados para países não-membros. Pior. Os controles exercidos pelos países desenvolvidos sobre tecnologias de uso dual, incluindo as áreas nuclear e espacial, vêm sendo ampliados com propósitos que extrapolam questões de segurança e avançam claramente sobre a área comercial.

Ou seja, esses controles funcionam, em última análise, como mais uma barreira ao acesso dos países em desenvolvimento às tecnologias de que tanto necessitam.

O controle das tecnologias, claro está, é forma de dominação. Donde produzir sua própria tecnologia é o caminho a ser percorrido por quem deseja emancipar-se. É o caminho que nos foi fechado pelo governo ilegítimo, que assim atenta, também e conscientemente, contra nossa soberania.

Conhecimento científico e tecnologia estão no cerne dos processos por meio dos quais os povos são continuamente reordenados em arranjos hierárquicos. Desde sempre se sabe que o conhecimento comanda a hierarquização dos povos, motivo pelo qual se faz necessário assumir a evidência de que não há possibilidade de Estado soberano sem autonomia científica e tecnológica e, conclusivamente, não há possibilidade de inserção justa na sociedade internacional, na globalização como se diz agora, sem soberania.

Um governo conciliado com o interesse nacional teria à sua frente a árdua tarefa de, a um só tempo, promover o desenvolvimento científico e a aplicação tecnológica, e ensejar a mais rápida introdução das inovações ao processo produtivo.

Mesmo em circunstâncias normais tratar-se-ia de ingente corrida contra o tempo, corrida que desde a partida nos encontrou atrasados, atraso esse que se acentua em face do ritmo lento de nosso desenvolvimento científico-tecnológico.

É esse atraso que a dupla Meireles-Temer e seus comparsas de súcia estão, deliberadamente, aprofundando, ameaçando-nos com um ponto sem retorno.

Trata-se de projeto político que visa à destruição do presente e do futuro de nosso país, e só isso explica o ataque brutal à geração do conhecimento, mediante a destruição da universidade pública, da pesquisa e da ciência, e dos ensaios de inovação.

A crise é o governo que aí está.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

12 Comentários

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  1. Mas faz tempo isto. O Di Gênio (UNIP/cursinho Objetivo) fatura

    em cima da mediocrização da educação. Um país que assume que o aluno precisa de cursinhos extras para entrar nas, cada vez mais rebaixadas universidades. Di Gênio sempre foi amigo próximo de FHC e Sarney e quantos outros liberalizadores do caminho que ajudaram a pavimentar a fácil estrada da fastfoodização do ensino universitário via UNIP (Universidades Paulistas)

  2. Quando ocorreu o golpe, há um

    Quando ocorreu o golpe, há um ano atrás, disse com todas as letras que se tratava de um projeto de destruição da nação em seu amplo aspecto. Nunca tive informações privilegiadas, entretanto, meu modelo mundial de conspiração sempre esteve correto em suas previsões.

  3. Sinto muito, mas a

    Sinto muito, mas a universidade pública já foi fatiada e privatizada por famílias.

    viraram cartórios.

    o nepotismo é vergonhoso.

    Precisam ser privatizadas, urgentemente.

     

  4. Darcy Ribeiro e a constituição anti-golpe

    Em 1987 no programa “Aventura” da TV Manchete, Darcy Ribeiro respondia a perguntas de Roberto Davilla sobre as expectativas em relação a assembléia constituinte quando de repente dispara que  somente acreditava numa constituição de fosse anti-golpe.  Eu tinha então 19 anos e fiquei interessado na ideia. Como elaborar uma constituição anti-golpe ? Darcy Ribeiro tinha essa capacidade de provocar o interlocutor. Quando entrei na UnB em 1988 encontrei novamente Darcy Ribeiro, desta vez ao vivo, em uma aula magna onde falava sobre universidade e para que precisamos de universidade ao lado do Reitor Cristovam Buarque no auditório Dois Candangos. Darcy Ribeiro teimava em entender o Brasil sob diversos ângulos. No documentário “Barra 68” de Wladimir Carvalho, Darcy Ribeiro relata a invasão da UnB em 1964 e o impacto que teve sobre ele. 

     

    Fazendo um corte brusco para 7 setembro 2017, cá estamos discutindo o que aconteceu nesse país onde não temos um dispositivo anti-golpe na constituição  e no qual a crise educacional é um projeto. O antídoto para enfrentar esta questão pensado por Darcy foi bastante  ousado: começar a mudar a universidade brasileira por dentro. Daí a ideia de se inventar a UnB. Uma universidade ousada seria capaz de pensar alternativas a este atraso educacional.

     

    E agora, o que fazer ? Darcy Ribeiro sempre apostou na educação como alternativa para este país. Para 2018 minha sugestão é pensar numa rede integrada de investimento: ensino superior, ensino fundamental e médio de tal forma que seja impossível um governo aventureiro chegar e acabar com toda uma serie de investimentos no setor educacional publico. tal rede de investimento seria definida pelos 3 segmentos do ensino de forma articulada. Ao definir uma política de investimento em tecnologia voltada para ensino os 3 segmentos precisariam estar envolvidos.

  5. O conjunto da destruuição brasileira faz parte de um contexto!

    A destruição do estado brasileiro e seu povo faz parte de um conjunto de orientações vidas do exterior, destinadas a nos tornar dependentes das potencias extrangeiras. Tudo comandado pelo grande irmão!

    Noticias da reunião dos Brics, enquanto Russia a China falavam sobre moedas de troca (evitando o dolar), a “Silk Road”, conjunto de meio de transportes que uniria a China aos mercados da Europa e Africa, onde os paises por onde passasse fiocariam mais ricos, o nosso “presidente golpista” só falava em vender áreas da amazonia, privatizar energia elétrica, enfim vender o nosso patrimônio e foi totalmente ignorado, apesar de ser o B do BRICS. Até a Turqia mostravasse muito interessada, pois a Silk road passaria por lá, (a ponto de deixar de lado sua usual subserviencia aos usa), Siria/ Irã/ e outros que tem petroleo para vender e a China como compradora, estava estasiados pois a rêde ferroviará os colocaria dentro da China, Coreia do Norte e talvez a do sul mais na frente e em contrapartida o nosso “temeroso vendido” “só falava naquilo”, a ponto de comentaristas internacionais acharem ridícula a posição brasileira.

    O que a ciencia tem com isto, perguntariam e eu respondo: sem tecnologias desenvolvidas nós não somos e não seremos nada, não teremos acesso a nada, não participaremos de nada como iguais!

  6. Bem-vindos à Banânia!O golpe

    Bem-vindos à Banânia!
    O golpe se deu por razões de geopolítica, em prol do neocolonialismo.
    Gente com muito dinheiro e poder já decidiu que o Brasil não pode ser para os brasileiros.
    Nossos recursos naturais não podem ser usados por nós. Nossa água não pode matar nossa sede, nossos alimentos não podem saciar nossa fome, nosso petróleo não pode financiar nossa saúde e nossa educação, nossos minérios não podem enriquecer nosso país, reduzir nossas desigualdades históricas.
    Vivemos em uma imensa fazenda, somos o gado, o escravo, a mão de obra barata.
    Os donos do mundo soltam algum cascalho para que mídia, polícias, judiciário e outros prepostos – verdadeiros feitores desta colônia extrativista – mantenham a massa amansada, bestializada.
    Os anos de dignidade que vivemos durante os governos Lula e Dilma serão, em breve, apenas uma lembrança na mente dos que não se deixam levar pela propaganda de guerra de Gloebbels e similares.
    Próximo passo: induzir a balcanização daquilo que poderia ter chegado a ser um grande país.

  7. Amaral está certo, como certo

    Amaral está certo, como certo estava Darcy Ribeiro quando, em 1988, afirmou categoricamente que o projeto era o emburrecimento.

    E, depois, quando venho aqui e sento o sarrafo em TODO sistema educacional brasileiro, ainda tem gente que acha ruim e me chama de troll.

  8. Náuseas de políticos e politiqueiros.
    Que tal falarmos em um projeto de ação, sem lados e sem politicagens!! Há que ingenuidade, que burrice, somos vaca de presépio, pessoas que reagem sempre do mesmo jeito, do jeito esperado e estimulado, pelos que com muito educação, manobram a nossa reação e nossos sentindoos; chega…que grande porcaria é nossa “liberdade” de falar o que pensamos, pois, em nome do “esclarecimentos” causa-se revolta e mais escurecimento. O povo está só é sem direção, fracamente…discursos partidários não ajudam, atrapalham ainda mais!! Chega de asneiras partidárias, quero meu juízo e meus olhos esclarecidos e não mais partidarismos.

  9. Ensino em decâdencia

    Esta conversa de que o aluno de escola deve fazer cursinho para poder tentar um vaga na faculdade, é por que o ensino público está em falencia. Todos deveriam ter o mesmo direito, Mas hoje só tem direito se tem dinheiro. E quem não tem ?

  10.                         A

                            A IGNORÂNCIA DO HOMEM

     

    Estamos aqui, respirando, pensando, existindo. Nasce o sol, vem a noite, o frio, o calor, desfrutamos, sofremos e passamos por tantas coisas…   
           Mas, o que é isso que denominamos vida? Isso que denominamos morte? Por que estamos aqui? Onde estávamos? E,  para onde vamos? Podemos ir-nos quando quisermos?  Podemos pedir para vir ou para ir? A quem? Temos como ou a quem nos queixar se estivermos aqui contra nossa vontade ou sofrendo?   
           Tudo é um tremendo mistério. Nossa ignorância sobre isso é total. Como viemos a isto que chamamos de existência? O que é isso a que damos o nome de ‘eu’? O que sou eu? Haverá alguma razão para tudo isso? Fomos criados por uma inteligência superior? Como o universo surgiu um dia? De um ‘big bang’, explica a ciência de hoje. Mas, o que deu origem ao ‘big bang’? Uma singularidade, um ponto infinitamente pequeno no qual estariam concentradas todas as possibilidades. E desse ponto surgiu uma força dotada de tanto poder que, bilhões de anos após seu advento, ainda está em expansão, movendo um sem número de sóis, estrelas e galáxias?! Será que, vamos compreender algum dia? Haverá um plano, um objetivo a ser atingido? Ou eventos, fenômenos, tudo está fluindo aleatoriamente, sem qualquer finalidade? Quantas interrogações que ninguém sabe responder! 
           Nós não sabemos nada! Nossa mente não é sequer capaz de imaginar um universo ou qualquer coisa que seja infinita; ou mesmo de imaginar um universo finito; ou algo eterno, isto é, que não teve começo e que não terá fim no tempo. 
            Homens sábios deixaram recomendações sobre como proceder para encontrar essas respostas. Mas, seus ensinamentos chegaram até nós de modo a não deixar dúvidas? Sabemos que não! É provável que aqueles que interpretaram suas palavras o fizeram de forma imperfeita. Senão, como explicar a existência de teorias, crenças e suposições tão diferentes? Pontos de vista tão conflitantes que têm provocado até guerras? Qual o significado de tudo isso que está aí, à nossa frente, em torno de nós, isso que dizemos ser nosso mundo, nossa vida?
           E por que alguns possuem essa enorme vontade de encontrar respostas a essas questões? Porque essas perguntas, que ninguém sabe responder, perturbam tanto alguns e não outros?
           É verdade que quando tudo está transcorrendo sem qualquer problema, ou quando tudo está muito mal, o homem nem reflita acerca desses assuntos. Para quê, se tudo vai bem? E se tudo vai mal, haverá tranqüilidade para procurar os porquês de tudo isso? 
           O fato é que estamos aqui, e aqui, presos. Se observarmos o que ocorre em torno e dentro de nós, vamos perceber que a vida traz para a maioria, se não para todos, muito mais desgostos, e sofrimentos, do que alegrias. Todos estamos cansados de saber que é assim. Os fatos estão aí, à nossa volta, nas conversas de todos, em toda a historia do ser humano, nos noticiários, em nossa própria família, em nós mesmos.
           Tragédias trazidas pelas forças da natureza ou pelas ações dos homens, doenças e epidemias, violências e guerras, discórdias e incompreensões, ignorância, perdas, dores morais ou físicas, inveja, preocupações, ansiedade, medo, ambição, cobiça, miséria, fome, injustiça, dúvidas, desejos de toda espécie que não se concretizam e muito mais. Talvez, só não perceba que é assim aquele que ainda não chegou à idade da reflexão, de observar aquilo que está acontecendo em torno e dentro dele mesmo; ou aquele que está fechado no que diz respeito apenas ao seu próprio ego.Mas, mais dia, menos dia, o sofrimento chega para todos. A perda de um ser querido, a dor, a doença, a falência, a demissão, o amor não correspondido; o medo de não conseguir o que desejamos e, se o conseguimos, o medo de perdê-lo; a luta pela subsistência, o receio de não darmos conta de nossas obrigações, o fracasso, a cruel competição entre todos, a violência, a traição, a luta para conservar a saúde, a juventude, a beleza, o que amamos, o que conseguimos a duras penas, as injustiças e tantas coisas mais.   
           Os momentos de alegria e tranqüilidade, comparados a isso, são tão poucos!
           É provável que, desde sempre, o homem tenha procurado explicações para essas coisas que o acometiam e que o perturbavam. No início, deve ter-lhe nascido o medo daqueles fenômenos e coisas que não compreendia, mas que o inquietavam: o escuro e estranho firmamento repleto de pontos luminosos, o sol aquecendo e espantando a escuridão da noite cheia de medo e de predadores, o frio e o calor, a fúria das tempestades, terremotos,  vulcões, inundações; fome, doenças, dores, etc. 
           Primeiro, deve ter sentido medo; depois, deve ter mostrado respeito, chegando a reverenciar aquilo que desconhecia, mas que era tão poderoso. 
           A imaginação, as crenças sem fundamento devem tê-lo perturbado por muito tempo. Tentou agradar e chegou até a … CONTINUA …

    Clique aqui para ler mais: http://www.forumespirita.net/fe/outras-doutrinas-espiritualistas/a-ignorancia-do-homem/#ixzz4mWuKV0XA

    … Tentou agradar e chegou até a endeusar aquelas forças que não compreendia; não há como duvidar que sempre, por trás de tudo isso, estava o medo nascido de sua absoluta impotência frente àquelas poderosas forças. Assim,  viveu longas eras, cheio de ansiedade e angústia.     
           A submissão, adorações e súplicas, não traziam a tranqüilidade de que necessitava. As superstições, com certeza nascidas da imaginação, dominaram o homem. Surgiram crenças e, com elas, a suposição de que os ‘deuses’ deveriam ser agradados. Criaram-se, então, rituais e cerimônias para isso e, depois, locais para a realização dessas cerimônias. Deve ter sido assim que nasceram os templos. Sacrificou animais e humanos iguais a si mesmo, e se martirizou na tentativa de apaziguar ‘a ira dos deuses’. Mas o homem continuou sofrendo. As ações dos ‘deuses’ eram implacáveis e continuavam.
           Com o correr do tempo, homens de mais apurada percepção obtiveram vislumbres do porquê de todo esse medo e ignorância. Do que falaram nasceram outras crenças e as muitas religiões que temos hoje. Suas palavras chegaram até nós, trazidas pelas tradições e pelos relatos daqueles que tentaram nos transmitir o que julgavam ser a verdade. Mas, as interpretações foram muitas e conflitantes. Por isso esse grande número de crenças, tradições, escrituras, costumes, doutrinas e religiões, que estão aí aceitas pelas diferentes culturas do mundo. 
           Mas, porque interpretações tão desiguais? Talvez porque tudo aquilo que o homem tentou nos comunicar não foi fruto de sua experiência pessoal. Nasceu do que lhe disseram os antepassados, das tradições respeitadas pelos costumes e culturas. E não é a mesma coisa que, hoje, acontece conosco? Ouvimos, lemos, aprendemos através de discursos e sermões, escrituras, tradições, costumes e culturas, aquilo que julgamos sejam as respostas sempre procuradas; respostas que, cremos, sejam a verdade sobre a razão de nossa existência e do que nos sucede. Mas tudo é de ‘segunda mão’! Nada é fruto de nossa experiência pessoal!
           Aqueles que entreviram o que julgaram fosse a ‘verdade’, movidos pela compaixão despertada ante o sofrimento nascido do medo e da ignorância dos homens, tentaram trazer paz aos semelhantes e não se calaram. Mas suas palavras estiveram sujeitas a muitas traduções e diferentes interpretações em face do entendimento variável dos homens.  
           E o que temos hoje? Teorias que deram origem a crenças, doutrinas e religiões, todas diferentes entre si. Conhecimentos contraditórios que, para aqueles que conseguem se livrar dos preconceitos e investigam as religiões e crenças que aí estão, os deixam cheios de dúvidas e suspeitas. Qual estará certa? Qual aquela em que devemos crer? Alguém tem condições de responder a estas perguntas? O profeta, o filósofo, o sacerdote, o pastor, o médium, o guru, o ‘santo’ ou aquele que ‘ouviu’, ‘viu’ ou ‘sentiu’, por suas sensibilidades além dos sentidos, procuraram nos transmitir o que lhes pareceu ser a explicação da verdade. A ciência nenhuma resposta nos dá. Tudo o que nos diz refere-se ao ‘como’ são as coisas, ao ‘como’ chegamos até aqui, ao ‘como’ ocorre isto ou aquilo; mas nunca nos explica os ‘porquês’ de tudo isso. Portanto, o que sabemos, continua sendo de ‘segunda mão’. E, assim mesmo, muitos têm ‘fé’ nisso que aí está, sem qualquer prova e sem sequer questionar o fato de existirem enormes divergências entre as doutrinas e crenças que se dizem, cada uma, ‘a única certa’.    
           O homem nem sabe o que ele é; não passa de uma tremenda interrogação para si mesmo. Porque eu existo? Porque eu sou feliz e você é infeliz? Porque um vem à vida no Ocidente e outro no Oriente, ambos sujeitos a sofrer devido aos diferentes problemas dessas regiões? Um tem sua consciência aqui e outro lá? Porque um é homem e o outro é mulher? Um é branco, outro é negro? Alto ou baixo, sadio ou doente, rico ou pobre? Criminoso ou honesto? Corrupto ou íntegro? Uns têm fé e outros não? Porque alguns estão passando a vida em alegrias e festas, outros estão nos leitos dos hospitais, nas prisões ou na miséria, sofrendo e vendo os seus sofrerem? Enfermidades fisiológicas ou mentais? Inteligência, discernimento, percepções totalmente desiguais? Há explicações para tudo isso?  
           Algumas filosofias, abraçadas por doutrinas religiosas, dizem que sim; que o homem sofre as conseqüências de atos errados que cometeu no passado. Outras afirmam que nem mesmo devemos questionar, que nunca saberemos as respostas, pois os ‘desígnios de Deus são insondáveis’. Mas, todas elas, ao mesmo tempo em que nos apresentam tais explicações, parece que se esquecem de que ‘aquele’ que criou todas as coisas, do infinito universo à mais ínfima partícula é, conforme suas próprias crenças, onisciente, onipotente, onipresente, sabedoria e infinito amor.   
           E não há dúvidas de que viemos, à existência, ignorantes,  imperfeitos e simples; que muitas filosofias e doutrinas há que tentam nos ensinar regras e leis para vivermos melhor, num relacionamento ideal que envolva, não somente os humanos, mas todos os seres vivos. Mas, qual a razão porque alguns seguem essas regras e outros não? Porque, conforme elas, seremos penalizados e sofreremos tanto pelo fato de não segui-las?

     CONTINUA …

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  11. (JR.32.6) VEIO A MIM A

    (JR.32.6) VEIO A MIM A PALAVRA DO SENHOR, DIZENDO: (PV.3.1) FILHO MEU, NÃO TE ESQUEÇAS DOS MEUS ENSINOS, E O TEU CORAÇÃO GUARDE OS MEUS MANDAMENTOS: (SL.91.16) SACIA-LO-EI COM LONGEVIDADE, E LHE MOSTRAREI A MINHA SALVAÇÃO: (AR.7.1) E É PRA JÁ:

     

                            SALVAÇÃO OU EVOLUÇÃO?

     

                                             VIVA JESUS!

    Boa-noite! queridos irmãos.

    “É assim que tudo serve, que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo.”   
    Todos nós, Espíritos imortais, ao sermos criados, partimos de um mesmo ponto, recebendo como herança a capacidade de progredir, em medida absolutamente igual, em consonância com a indefectível justiça de Deus. Ao longo dos milênios sucessivos, através do esforço evolutivo individual, vamos revelando a luz divina que trazemos dentro de nós, conforme se depreende da recomendação de Jesus: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens ”. 2

    Jesus não teria feito essa recomendação se não soubesse da existência dessa herança divina imanente em todos os seres, cantada com o nome de amor pelo poeta:  

     “O amor em nós, certo existe desde o nosso alvorecer,
    remontando a priscas eras, no esboço do nosso ser.

     Em estado de latência, no dealbar da existência,Deus concede de antemão, a sua herança bendita,que a alma busca contrita nas asas da evolução”.3

    A exteriorização mais ou menos intensa dessa herança divina que trazemos é que nos torna diferentes uns dos outros. Só dentro de uma perspectiva evolutiva é que podemos ver um silvícola feroz e um Francisco de Assis como filhos de um mesmo Deus justo, pois o que diferencia esses dois Espíritos não é a sua natureza, a sua origem, mas, apenas, evolução. As diferenças individuais se originam no homem, não em Deus.

    A evolução do Espírito se efetiva através de inúmeras vidas sucessivas, que lhe oferecem oportunidades variadas de incorporar em si as experiências que o meio lhe propicia, num processo que se pode chamar de desenvolvimento da inteligência e das virtudes que lhe são imanentes. Essa visão da evolução do Espírito é muito clara no Espiritismo.

    Em outras religiões reencarnacionistas, a reencarnação é vista apenas como oportunidade de os Espíritos faltosos retornarem à Terra a fim de reparar seus erros ou de concluir aquilo que deixaram inacabado. Admitem, também, a reencarnação de Espíritos mais adiantados, que retornam ao mundo físico em missão, para ensinar o caminho do Bem. Essas religiões não têm a perspectiva evolutiva.

    O Espiritismo não nega essas duas situações, indo, todavia, mais além, ensinando que não se reencarna só em missão ou resgate, mas que a reencarnação é absolutamente necessária, indistintamente, a todos os Espíritos, por ser inerente ao processo evolutivo.

    Portanto, a reparação de faltas anteriormente cometidas não é vista como punição, mas como elemento essencial da escalada evolutiva rumo à perfeição, a que todos estamos sujeitos. Igualmente, no desempenho de missão sacrificial, o Espírito Superior que a leva a efeito não está fora do processo evolutivo, porque também ele está progredindo, embora nada deva à Terra, tendo o seu retorno sido motivado apenas pelo amor.

    No Espiritismo, a reencarnação ocupa lugar de destaque, constituindo-se num dos pilares básicos de toda sua estrutura doutrinária, contrapondo-se frontalmente à tese salvacionista, ensinada por outros setores do Cristianismo. Em verdade, a respeito de salvação, o Espiritismo vai muito além de outras religiões, pois ao nos ensinar que não existem penas eternas, leva-nos a concluir que todos estamos salvos, porque somos cidadãos do Universo, filhos amados de Deus, habitantes da “Casa do Pai”, conforme ensinou Jesus.

    Em verdade, o Mestre nunca apresentou soluções mágicas de salvação gratuita, com base apenas na fé. Pelo contrário, suas lições sempre foram no sentido de acordar a criatura para a necessidade de assumir sua vida, tomando em suas mãos as rédeas do seu próprio destino: “ renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me”. 4

    São muitas as recomendações do Mestre no sentido de a criatura despertar para a necessidade de progredir: “Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei o bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem”  e, mais adiante, continua a recomendação: “Sede, pois, vós outros, perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial”. 6

    E por ser uma doutrina eminentemente evolucionista e não salvacionista é que o Espiritismo prioriza a oração consciente, o estudo, a reflexão, obediente à recomendação do Espírito da Verdade: “Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo”.

    Assim, se bem atentarmos para a amplitude e profundidade dos ensinamentos de Jesus, veremos que, em última análise, seus ensinamentos se constituem numa ampla proposta de aperfeiçoamento do Espírito, num chamamento ao esforço individual, que não pode ser desenvolvido numa só vida. Por isso, quem medita sobre os ensinamentos e exemplos de Jesus encara o Evangelho não como um livro sagrado que deva ser lido de mãos cruzadas sobre o peito em atitude de reverência, mas o vê como um manual de evolução do Espírito, que traça um roteiro de luz, a ser seguido ao longo de milênios sucessivos.
    Referências:
    1 – O Livro dos Espíritos, item 540.
    2 – Mateus, cap. 5, vers. 16.                                                              3 – José Soares Cardoso (Acordes Espirituais).
    4 – Mateus, cap. 16, vers. 24.
    5 – Mateus, cap. 5, vers. 44.
    6 – Mateus, cap. 5, vers. 48.
    7 – O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 6, item 5. 
                                              José Passini

    Clique aqui para ler mais: http://www.forumespirita.net/fe/accao-do-dia/salvacao-ou-evolucao/#ixzz4OO3dxVEJ

     

     

     

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