A educação contra a barbárie, por Jota A. Botellho

A educação contra a barbárie

por Jota A. Botellho

Aos nossos imprescindíveis professores, numa singela homenagem ao Dia do Professor, estabelecido e comemorado sempre no dia 15 de outubro de todos os anos, trazemos aqui a história da professora judia da Alemanha de Hitler que se atreveu a desafiar o ódio e a intolerância contida na abominável perseguição do regime nazista aos judeus, sobretudo às crianças, jovens e adolescentes em idade escolar. Antes, abrimos o nosso post com as imagens filmadas pelo cinegrafista norte-americano Julien Bryan da escola fundada pela professora Leonore Goldschmidt (foto acima), em 1935, nos arredores de Berlim, a capital do deus Moloch nazista.

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O DOCUMENTÁRIO ‘A PROFESSORA QUE DESAFIOU HITLER’


Fotos do cineasta Julien Bryan (à esq.) e da professora Leonore Goldschmidt (à dir.).

Muito se tem escrito e/ou dito da pouca resistência dos judeus à ascensão do nazismo na Alemanha, mas isso não é verdade. Antes de tudo, os judeus residentes, principalmente os nascidos e criados no país, se consideravam alemães. Eles simplesmente caíram na ratoeira nazista. E no caso da professora Leonore Goldschmidt não foi muito diferente, mas como se tratava de uma mulher culta, inteligente e pragmática, ela logo percebeu a tempestade que estava por vir, especialmente quando foi atingida com sua demissão do cargo de professora em 1933 com a subida de Hitler ao poder, e posteriormente pelas leis raciais de Nuremberg, de 1935, as assim chamadas leis para a proteção “do sangue e da honra alemãs”, que privaram os  judeus alemães de sua nacionalidade e lhes proibiram, dentre outras coisas, de exercerem cargos públicos ou outras atividades da vida pública que ficariam entregues somente aos arianos de raça pura. Ela então se mostrou uma mestra, tanto em sala de aula quanto fora dela. A cada passo que o execrável regime nazista dava em sua caçada humana contra os judeus, a professora Lore, assim chamada carinhosamente pelos seus alunos, andava sempre à frente.

O documentário A Professora que Desafiou Hitler, narra a emocionante história dessa professora desempregada que se atreveu a desafiar a ditadura de Hitler, protegendo centenas de crianças judias ao conseguir construir uma escola no coração do inferno nazista.

Na Berlim de 1934, a ditadura nazista continuava em plena ascensão na busca pela sua consolidação no poder, praticando atos de extrema violência contra os judeus. O antissemitismo tornou-se uma doutrina de Estado e o racismo substituiu a educação, afetando profundamente os membros mais vulneráveis da comunidade judaica: as crianças. Mas uma mulher atreveu-se a enfrentar esse ódio e essa intolerância do novo regime. Esta é a história de Leonore Goldschmidt, uma professora demitida que descobriu uma falha na lei e abriu a Escola Goldschmidt, um santuário para centenas de jovens judeus, um oásis no coração da capital do deus Moloch nazista. Contra todas as probabilidades, ela e o marido, um notário, abriram essa escola judaica em plena Berlim, graças também ao seu primo Alexander Zweig, que foi assassinado, então Leonore ficou com parte da herança, como uma de suas herdeiras, com a qual financiou seu projeto.

Em 1935, havia em Berlim cerca de 27 mil crianças judias em idade escolar. Eram hostilizadas e discriminadas diariamente, e acabaram banidas do sistema de ensino e da vida pública, até que esta corajosa mulher resolveu desafiar a burocracia da administração nazista e fundar essa que não era apenas uma escola, mas também um abrigo para essas crianças perseguidas, onde ganhariam proteção, educação e autoconfiança, mas também preparação, juntamente com algumas de suas famílias, para um futuro exílio do país. O instinto e a percepção da professora Lore foi decisivo, além da sua grandiosa generosidade e de sua verdadeira paixão para o exercício de sua vocação profissional. Ela amava ser professora, cargo que exerceu até o ano de 1968, vindo a falecer em Londres no ano de 1983.  

O documentário A Professora que Desafiou Hitler, embora narre quase todos os detalhes, mas, no entanto, ele também reconstitui o quotidiano dessas crianças judias e conta a história de uma extraordinária instituição de ensino. Recorrendo a imagens originais e inéditas da escola e dos protagonistas, o filme também nos proporciona um raro vislumbre desse pequeno mundo na capital do nazismo.

[video:https://www.youtube.com/watch?v=WzBdGnUlWGo align:center
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Sobre a prof. Leonore Goldschmidt:
http://www.leonoregoldschmidt.com/ / http://www.leonoregoldschmidt.com/list_of_contents.htm
Sobre o cineasta Julien Bryan: http://internationalfilmfoundation.org/julien-bryan/

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Jota Botelho

1 Comentário

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  1. porque hitler e os nazistas odiavam tanto os judeus?

    Sempre me interessou entender: porque Hitler e os nazistas odiaram tanto os judeus? Porque o ódio tão grande e centrado neles? E, se foi um ódio inventado e construído pelos nazisas originais, como grande parte do povo alemão abraçou tal ódio?

    Pergunto isto mas, parece ser uma questão não respondível, pois, devido ao brutal massacre que os judeus sofreram nas mãos dos nazistas, ninguém tem espaço pra tentar procurar origens e motivações, sob medo de ser acusado de “justificar a barbárie nazista”.

    Mas uma coisa não se mistura com a outra. Genocídio é errado, é intolerável, é injustificável. Mas entender as causas pode ajudar a impedir que as tragédias se repitam.

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