Bolsonaro diz que “se tivesse capacidade”, “nenhuma questão de ideologia” cairia no Enem

O presidente Jair Bolsonaro disse que não interferiu no Enem, mas que o faria se "tivesse essa capacidade"

Reprodução/EBC /fotografo

Jornal GGN – Alvo de críticas, o presidente Jair Bolsonaro disse que não interferiu no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), mas que se “tivesse essa capacidade” não teria “nenhuma questão de ideologia” na prova realizada neste domingo (21).

O presidente admitiu, assim, as intenções de interferir, em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, nesta segunda (22). Mas que, segundo ele, não haveria “essa capacidade”.

“Estão acusando aí o ministro [da Educação] Milton [Ribeiro] de ter interferido na elaboração das provas. Olha, se ele tivesse essa capacidade e eu, não teria nenhuma questão de ideologia neste Enem agora, que teve ainda”. O mandatário não especificou qual “questão de ideologia” se referiu.

As declarações ocorrem após a divulgação, na última sexta (19), de que o presidente teria pedido para trocar o termo “golpe militar” por “revolução” na prova.

A revelação foi feita por reportagem da Folha de S. Paulo. Segundo o jornal, o pedido não foi levado adiante pelo ministro da Educação, Milton Ribeiro, pela burocracia que envolveria internamente.

Ainda assim, funcionários do MEC e do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) alegam ter sofrido pressão interna para evitar trazer na prova questões que pudessem indicar ao governo Bolsonaro qualquer teor de “esquerda”. No início do mês, 37 funcionários pediram demissão.

Na semana passada, Bolsonaro disse que o Enem começava a ficar com “a cara do governo”, em críticas à prova. Desde 2019, nenhuma questão sobre a ditadura do regime militar brasileiro (1964-1985) caiu no Enem.

No primeiro dia de provas, realizado neste domingo (21), o Enem trouxe questões sobre racismo, escravidão, questão indígena, erotização da mulher, entre outros temas que poderiam ser classificados como “ideológicos” pelo mandatário.

Redação

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