Bolsonaro tentará impor critério ideológico na gestão das universidades federais

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Da Carta Campinas
 
Bolsonaro toma medidas para impor critério ideológico na gestão das universidades federais
 
O governo Bolsonaro já está atuando para impor critérios ideológicos na administração das universidades federais e antes de assumir, durante a transição, já editou norma para impedir que a comunidade acadêmica escolha os reitores. A ideia é restringir a democracia dentro das universidades federais para controlar politicamente.
 
A primeira medida do governo foi uma nota técnica assinada pelo Ministério da Educação no dia 13 de dezembro de 2018, na transição entre governos. A nota tira autonomia das universidades federais ao considerar irregular a votação paritária.
 
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Na eleição paritária, os votos são contados em equidade entre as três categorias da instituição (professores, funcionários e alunos). Esse modelo é adotado pela maioria das universidades federais, com pequenas alterações entre uma e outra.
 
Texto de Ana Luiza Basílio, da Carta Educação, registra que “a nota técnica 400/2018, assinada pelo então Secretário de Educação Superior (Sesu), Paulo Barone, traz grafado “votação paritária ou que adote peso dos docentes diferente de 70% será ilegal, e deve assim ser anulada, bem como todos os atos dela decorrente”. O texto substitui a nota técnica de 2011 que trazia “a realização (…) de consultas informais à comunidade universitária com a configuração dos votos de cada categoria da forma que for estabelecida, inclusive votação paritária, não contraria qualquer norma posta”.
 
A prática é o Ministério da Educação referendar as indicações da universidade, nomenando o mais votado na numa lista tríplice. Mas isso já mudou e o critério ideológico do governo já está em prática. O governo não vai respeitar as escolhas das universidades, exceto se for uma escolha afinada ideologicamente com o governo.
 
Para o presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), Antonio Gonçalves, o governo Bolsonaro pretende intervir livremente nos processos de nomeação dos dirigientes das universidades.
 
E isso já está acontecendo. Gonçalves revelou que na nomeação do novo diretor-geral do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), órgão do Ministério da Educação, o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, indicou o nome que ficou segundo lugar na eleição interna, ignorando a decisão da comunidade acadêmica. E assim deve acontecer com as próximas escolhas em todas as universidades. (Com informações da Carta Educação)
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

6 Comentários

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  1. Será que o “campo acadêmico”

    Será que o “campo acadêmico” vai acordar, vai aderir ou vai continuar na palermice?

    É impressionante, com uma exceção ali, outra acolá, nem um artigozinho se vê por aí.

    1. Cacilda, Lucinei Deixe de implicância a priori e cega!

      Quem vc acha que é o “campo acadêmico”? A Andes já se manifestou, a Andifes já se manifestou, sociedades científicas têm se manifestado, e é nas universidades que há mais reaçoes contra esse governo e o anterior. Agora é moda ficar dizendo que todas as categorias nao reagem? Pombas!

      1. Não é de agora, estou falando

        Não é de agora, estou falando isso desde (antes, mas, principalmente) o começo de 2015, quando ficou claro que recusaram o resultado das eleições e cooptaram o Eduardo Cunha para paralisar o governo e tocar o impedimento de Dilma enquanto demonizavam a esquerda politica.

        Essas notinhas, mesas de debate e abaixo assinados não me impressionam, tampouco aos adversários. Considero uma “reação” muito débil. Aceito que chame de “implicancia”…Mas, a meu ver, o “campo acadêmico” tem uma estrutura básica, e um código, o que é verdade, e o que não é verdade. Além de alguma capacidade de prognose, o conhecimento científico precisa dar atenção aos fatos atuais, e não ficar somente com uma visão retrospectiva.

        Esse pessoal que está no centro do poder já proferiu todo tipo de barbaridade sobre Educação, Ciencia, História, Movimentos Sociais, Direitos Humanos mas não receberam resposta alguma à altura. Os cientistas, da Sociedade e da Natureza, por assim dizer, deixaram passar varias e várias polêmicas sobre Darwin, Paulo Freire, Sexualidade, Diireitos Humanos…A lista é enorme.

        Tenho fundadas suspeitas de que temem ser chamados de “petistas”, por isso tanta inibição.

        1. Desculpe, mas acho que vc está sendo INJUSTA

          Em todas as categorias sociais deste país, cerca de 50%, ao menos 40%, das pessoas votaram em Bolsonaro. E nas universidades e sociedades científicas é exatamente onde ocorreram mais das poucas reaçoes que houve. Nao bastaram para vc? Bom, o desejável seria greve geral, insurreiçao, etc., mas vamos deixar de sonhar?

  2. é triste observar que a

    é triste observar que a ditadura voltou no setor do ensino superior….

    à época, o governo indicsva o nome do reitor…..

    um cara de direita,obviamente,

    com todas as infamias ligadas a essa ideologia….

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