Enviado por Claudio W
Sobre a greve nas universidades paulistas
Da Adusp
As sérias consequências do arrocho salarial
Muitas informações interessantes podem ser extraídas deste gráfico, em particular o resultado dos movimentos de greve em 1994, 2000 e 2004. O que talvez mais chame a atenção é que após a enorme perda imposta em apenas dois anos — entre 1989 e 1991 — foram necessários quase 25 anos para que recuperássemos uma parcela significativa do poder aquisitivo real médio que nos tomaram. Aparentemente, um novo ciclo de arrocho se inicia com o mandato de Zago e Vahan. A história nos ensina que é preciso resistir com firmeza a este tipo de iniciativa, pois deixa marcas indeléveis no corpo e nas atividades-fim da universidade.
O arrocho de salários, como já vimos acontecer na educação pública básica, contribui para a corrosão e eventual destruição da capacidade instalada, constituindo-se em enorme desperdício de investimento público anteriormente destinado ao setor. Além disso, potencializa a privatização interna da universidade pública, em particular através das fundações privadas, ditas “de apoio”.
De pouco vale a “temperança” que a atual administração tenta passar aos docentes por meio de vídeos e cartas. O fato é que sem a luta — que empreendemos e continuaremos a empreender — por mais investimento nas universidades estaduais paulistas, assistiremos, em pouco tempo, ao desmonte destas instituições como universidades que mereçam esse nome.
Causa surpresa que a Reitoria considere inapropriado responsabilizar o governo estadual pela falta de financiamento perene e adequado para contemplar a expansão das universidades estaduais paulistas, ou que defenda como legítimo, por exemplo, o desconto do montante da Habitação da base de cálculo do repasse a que elas fazem jus. Todos aqueles que leem com atenção (e um mínimo de isenção) a argumentação amplamente divulgada pelo Fórum das Seis e pela Adusp sabem que tínhamos duas frentes:
Arrocho é inaceitável e há espaço para negociação;
A situação das universidades estaduais é séria e precisamos agir de forma enérgica para mudar o enunciado do artigo 4º da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de forma que recebam o mesmo tratamento que os municípios, o que nos levou a defender a introdução da expressão “total do produto do ICMS”. Isto porque estamos no Brasil; em países organizados não seria necessária a mudança de redação para que as bases de cálculo de municípios e das universidades estaduais fossem as mesmas.
Adicionalmente, cabe destacar que, conforme mostra estudo do Sindicato dos Agentes Fiscais de Renda do Estado de São Paulo (Sinafresp), a lei que instituiu a Nota Fiscal Paulista viola preceitos básicos e precisa ser revista. Em particular, como já escrevemos, ainda que seja uma iniciativa destinada a combater a sonegação, não pode ser financiada por meio da retirada de recursos dos municípios e do financiamento de direitos sociais fundamentais, tais como educação e saúde públicas.
Argumentar, como fez o reitor da USP, que um artigo do secretário da Fazenda responde a essas questões é o mesmo que argumentar ser indevido suspeitar de raposa indicada para cuidar de um galinheiro. Afinal, o governo Alckmin é mais um exemplo dos que têm ojeriza da vinculação de verbas para o financiamento dos direitos sociais fundamentais da população paulista.
Os demais membros do atual Cruesp reconheceram a validade e oportunidade das propostas (1) e (2) acima, tanto é que, à sua maneira, tentaram intervir na Assembleia Legislativa (Alesp) durante o debate da LDO-2014. Só o reitor da USP, isolado, publicamente avisa o governo e propala aos docentes da USP que as universidades estaduais não precisam de mais recursos. Interessante esta postura, mais adequada a um representante do governo na USP, do que a um mandatário da USP perante o governo.
Registre-se que o Cruesp há tempos sabe que os 9,57% são insuficientes. Ofício datado de 29/7/2005, assinado pelo professor Marcos Macari, então presidente do Cruesp, reivindicava a passagem dos 9,57% para 10,27%. Os argumentos apresentados no ofício envolvem, entre outras ponderações, a expansão das estaduais paulistas. Vai ver que a atual administração da USP também não sabia disto; no entanto, suas declarações desqualificam seus pares do Cruesp, de ontem e de hoje. Aparentemente, a atual gestão reitoral da USP não parece importar-se com isto. Fato é, porém, que se trata de atitude incompatível com o exercício dos cargos de reitor e vice-reitor.
Interessante também a repetida assertiva da atual administração de que de nada sabia, tudo ignorava, embora seus expoentes compusessem a administração J.G. Rodas. Será que não era para desconfiar da origem dos recursos destinados por J.G. Rodas às Pró-Reitorias, em particular a de Pesquisa, com os quais financiou-se um grande número de Núcleos de Apoio à Pesquisa (NAPs), os quais tiveram suas verbas confiscadas tão logo Zago e Vahan tomaram posse como reitor e vice-reitor?
Carta alguma da atual administração fará os docentes esquecerem as páginas amarelas da Veja, a entrevista no Estadão, as ameaças de corte do RDIDP, a desqualificação do pessoal docente que há anos dedica-se à USP, a manutenção no cargo do coordenador da Superintendência do Espaço Físico (SEF) depois de insultar docentes e estudantes, o modo desrespeitoso como foi tratada a questão da EACH, a ameaça de corte de ponto e o desrespeito ao direito de greve, a indisposição ao diálogo, à argumentação e à contestação… A lista já é longa e estamos apenas no primeiro semestre de mandato.
Salário real
Enquanto a Reitoria tergiversa, a tabela 1 indica o valor real do nosso salário em relação ao de maio de 2013, utilizando uma variedade de estimadores da inflação: ICV-DIEESE (o nosso padrão de estimativa), IPC da Fipe e Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPC-A).
Frise-se que, em tempos de inflação não muito alta, perdas de cerca de 7% são muito significativas. Se a evolução inflacionária acirrar-se, esta situação pode agravar-se consideravelmente. É por isto que insistimos em não aceitar arrocho de salários: quando começa, é muito difícil de reverter.
A sangria continua
A perda de recursos por não termos a mesma base de cálculo dos municípios (i.e., não ter no artigo 4º da LDO a expressão “total do produto do ICMS”) permanece em 2014 e continuará vigorando em 2015! Até o mês de junho de 2014, não foram incluídos na base de cálculo das estaduais paulistas R$ 1,305 bilhão, incluindo o desconto mensal de R$ 104 milhões correspondente à Habitação. Se incluirmos os 75% de R$ 999,8 milhões distribuídos pela Nota Fiscal Paulista em abril/2014, o montante faltante na base de cálculo dos 9,57% das estaduais paulistas atinge, apenas no primeiro semestre de 2014, R$ 2,055 bilhões! Ou seja, até agora essa prática já subtraiu, em 2014, R$ 197 milhões das universidades públicas estaduais!
Ida ao Palácio
Faz parte da nossa luta contra o arrocho salarial, continuarmos a nos empenhar em obter mais investimento em Educação Pública em geral e nas universidades estaduais paulistas em particular. Com esta perspectiva, o Fórum das Seis protocolou pedido de audiência com o governador do Estado e realizará, no dia 14/8, Ato Público no Palácio dos Bandeirantes. Até agora, não recebemos resposta do governo. Apresentamos ao governador Alckmin no ofício, e o faremos também no Ato, nossas reivindicações de maior investimento na Educação Pública em geral, assim como na USP, Unesp, Unicamp e Centro Paula Souza.
Somente nossa mobilização e nossa organização podem, de fato, garantir condições dignas de vida e trabalho para o corpo da universidade, resistindo ao descompromisso do governo estadual em dar a devida prioridade à educação, bem como às ameaças e à intransigência que têm caraterizado a administração da USP até agora.
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Não falou quanto ganha os servidores….
Professores?????????????????
Funcionários??????????
salários
Pois é, ia fazer a mesma pergunta. O povo, que sustenta a USP , não tem idéia dos valores recebidos por professores e servidores a título de salários e vantagens (inclkusive aposentadoris cheias) e a relação com a prestação de serviços. O povo não tem idéia da contrapartida social das universidades públicas financiadas pelo governo do estado de São Paulo. Depois de ter sido divulgado que a USP compromete em salários mais de 100% do que recebe, é preciso ficar de olho nas “inteligências”.
Causa surpresa que a Reitoria
Causa surpresa que a Reitoria considere inapropriado responsabilizar o governo estadual pela falta de financiamento perene e adequado para contemplar a expansão das universidades estaduais paulistas,
hahaha. De fato, o Tucanistão não tem Governo, é uma anarquia, por isso é inapropriado jogar a culpa em lideranças.
Salários nas universidades estaduais e federais
Gostaria de ver uma comparação entre a remuneração nas universidades paulistas e as federais. Aí sim, teríamos melhores condições de avaliar melhor. Se isso acontece com professores universitários, com os demais servidores estaduais a situação deve ser de calamidade.
Não ria, por favor!
Prezado, sou professor adjunto III (acima de meu nível, só o adj. IV, associado e titular, que é, virtualmente, impossível de alcançar), 40h, DE, numa IFES; sou, também, coordenador de meu curso há quase quatro anos. Atuo, ao mesmo tempo, na graduação, no mestrado e num projeto de aperfeiçoamento voltado para professores da educação básica da rede pública. Participo de várias comissões oficiais e de um dos conselhos superiores da universidade. Sou professor desde 1985; doutor (pela USP) desde 1998; tenho, livros, capítulos e artigos publicados; sou parecerista de revistas A2 do Qualis/Capes. Meu salário deste mês? R$ 8.000. Vamos compará-lo ao de qualquer profissional com qualificações semelhantes em qualquer outro ramo de atividade?
Vamos sim entao, porque nem o
Vamos sim entao, porque nem o gerente nacional de convencoes e meetings da MacMillan-McGraw Hill fazia 3800 dolares por mes. E eu o conheci.
E ele tem doutorado, Ivan? Francamente!
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Cara Anarquista lúcida, creio
Cara Anarquista lúcida, creio que há um engano no post do professor Carlos. Eu que entrei a 6 anos no magisterio federal e ainda só com o mestrado tenho o salário igual o dele. Alias sou adj III também.
Ele nao se enganou nao
Sou aposentada por uma universidade federal, adjunto II, com doutorado. Ganho líquido um pouquinho mais de R$7.000,00, já incluindo vários triênios (entrei como assistente, tive vários anos antes de completar o doutorado e passar a adjunto). E você é adjunto só com mestrado e 6 anos de serviço na universidade? Conta outra.
Prof.Carlos, era justamente
Prof.Carlos, era justamente aí que eu queria chegar. Nas universidades federais o salário inicial de professor com doutorado já é mais de 8.000; Alguem com o seu currículo e com o seu tempo de serviço, estaria ganhando pelo menos o dobro.
Srs leitores creio que houve
Srs leitores creio que houve um engano no post do Professor em lide, a renda que ele alega receber é bem diferente da que eu conheço.
A vertical eh em que?
A vertical eh em que? Reais?!
Logo que apreceu esse eu
Logo que apreceu esse eu apostei que iria aparecer caso de salário de familiar de Lula, mesmo que em empresa de direito privado, pois se fosse em estatal o PIG faria grandioso escândalo.
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http://epoca.globo.com/tempo/eleicoes/noticia/2014/08/os-salarios-que-o-sesi-paga-aos-bapadrinhados-do-ptb.html