O que faz uma professora pesquisadora de universidade pública? E quanto ela ganha?
por Patrícia Valim
Uma professora adjunta DE, em regime de dedicação exclusiva, como eu (estou indo para adjunta III): leciona 8 horas em sala de aula e quando leciona na pós-graduação (um semestre obrigatório por ano) são 12 horas/aula. Cumpre destacar que a dedicação exclusiva é sobre a jornada de trabalho e não a vida: temos companheiro, filhos, casa, família e tal. Como em qualquer carreira.
O restante do tempo de trabalho é dividido em orientações de pesquisa de IC, monografia de conclusão de curso, mestrado e doutorado; a elaboração da própria pesquisa docente que requer muito tempo, pareceres de artigos e livros, escrita de livros e artigos, seminários, congressos, palestras, organização e coordenação de eventos científicos, participação em bancas de defesa de mestrado e doutorado e bancas de concurso público – pelo país afora.
Para lecionar na pós-graduação e orientar mestrados e doutorados, a docente precisa submeter ao colegiado um projeto de pesquisa, deverá publicar um livro a cada 3 anos e dois artigos por ano em periódicos Qualis A ou B, preferencialmente. Essa avaliação ocorre de quatro em quatro anos, de maneira que o corpo docente do PPG não é vitalício e depende das atividades realizadas de seus membros.
A maioria de nós lê em um mês o equivalente ao dobro da média anual da população, sem exageros. Muitos de nós acumulam cargos na administração universitária: direção, coordenação do PPG, chefia de departamento, sindicato e colegiados – fui do CONSUNI/UFBA por dois anos, por exemplo, com leituras de relatórios imensos, propostas de plano pedagógico da instituição, pareceres e tal.
Tudo isso precisa ser comprovado semestralmente em relatórios com documentos probatórios e aprovado por comissões formadas por outros docentes que emitem outros relatórios sobre o desempenho do docente avaliado, que deverão ser aprovados ou não na Congregação.
O nosso salário está disponível no portal da transparência do governo federal, apequenado diante da campanha indecente de desmoralização do funcionalismo público no geral e dos professores e pesquisadores brasileiros em particular. Se comparado com a média salarial da população brasileira ganhamos bem mesmo sem aumento salarial há três anos , mas estamos longe de levar uma vida nababesca como diz o atual ocupante do MEC, com o objetivo descarado de acabar com a pesquisa e privatizar as universidades públicas desse país.
Ele mente. Ele deturpa. Ele nos ataca.
E nós estamos em combate e lutaremos.
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Precisamos empreender. Nada de criticar. Nada de pesquisar. Precisamos lucrar… Para essa fim, não há muito o que aprender. Ensinar, pra quê?!… Eis a linguagem do MEC atual. Nada neste país será salvo. E, por falar nisso, como vão as escolinhas de tiro ao alvo?!…
“E nós estamos em combate e lutaremos.”
Professora,
-Lute a única batalha eficaz, com consequências.
Trata-se de libertar o preso político em Curitiba.
Essa batalha é a única que o golpe teme perder.
O resto é desgaste e perda de tempo!