Richa corta água e luz de prédio ocupado por secundaristas

Estudantes ocupam prédio de núcleo educacional após ação de reintegração de posse de 25 escolas 
 
 
Jornal GGN – O governo do estado do Paraná cortou o fornecimento de energia e água do prédio do Núcleo Regional de Educação (NRE), no bairro São Francisco, em Curitiba, sem mandato judicial. O local é ocupado desde segunda-feira (31/10) por secundaristas contra a reforma educacional e a PEC 241, propostas pelo governo Temer.
 
Efetivos da Polícia Militar também foram acionados para cercar o local impedindo a entrada de alimentos, água e de novos estudantes. Apenas servidores, aposentados e pensionistas têm permissão para sair e entrar do prédio. 
 
Ainda na terça-feira (1/11) representantes da comissão de Direitos Humanos da OAB e do Conselho Tutelar se dirigiram ao local para mediar o conflito. O movimento estudantil ocupou o prédio horas após a ação de reintegração de posse de 25 escolas. Até o momento a polícia conseguiu desocupar 20 colégios. As informações são da Gazeta do Povo.
 
Gazeta do Povo
 
Sem mandado, governo fecha entrada e corta energia e água do Núcleo de Educação
 
Medida foi adotada 24 horas após a ocupação do prédio por estudantes que protestam contra medidas encaminhadas ao Congresso pela gestão Michel Temer
 
Raphael Marchiori, Marcos Xavier Vicente e Eriksson Denk, especial para a Gazeta do Povo
 
A energia e a água do prédio que abriga o Núcleo Regional de Educação (NRE), no bairro São Francisco, foram cortadas nesta terça-feira (1º). O local está ocupado por estudantes desde a última segunda-feira (31). A Polícia Militar foi acionada. Colocadas ao redor do prédio, as equipes impedem a entrada de comida e de novos estudantes. Servidores, aposentados e pensionistas estão tendo acesso ao prédio, mediante liberação da polícia.
 
A informação do corte de energia e água partiu de um integrante da Procuradoria- Geral do Estado e foi confirmada por policiais que acompanham a ocupação no prédio administrativo da Secretaria Estadual da Educação.
 
Desde o começo da tarde, alunos se concentram em frente a um dos portões. Impedidos de acessar o prédio, alguns tentaram entrar no local por uma porta que fica mais abaixo da entrada principal. A tentativa, impedida pela polícia, gerou um pequeno tumulto.
 
Por volta das 15 horas, chegaram ao local representantes da comissão de Direitos Humanos da OAB e do Conselho Tutelar. Inicialmente, eles dialogaram com o coronel Antonio Zanatta Neto, que se recusou a conversar com alunos mascarados.
 
Pouco depois, um grupo de cerca de dez estudantes passou a integrar a conversa, que ocorre no interior do Núcleo.
 
Segundo o coronel, alguns aposentados estavam reclamando de abordagens dos estudantes. “Estamos abertos ao diálogo desde que saibamos com quem estamos falando. Nós só vamos conversar com quem sabemos quem é, que mostre o rosto e que a gente saiba o RG. Não sabemos se quem está mascarado é estudante ou vândalo”, afirmou.
 
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Uma estudante de 17 anos que participa do protesto reclamou. “É uma absurdo. Fomos de manhã para acompanhar a reintegração e não pudemos voltar o prédio. Temos o direito de ir e vir. Assim como deixamos o pessoal da ParanáPrevidência entrar, deveriam ter deixado a gente. Não estão cumprindo a parte deles.”
 
Indagada se o protesto não estaria prejudicando o atendimento aos aposentados, a estudante contra-argumentou. “Pelo contrário. Estamos até ajudando os aposentados, porque os funcionários do ParanáPrevidência não estão querendo atender e nós estamos pedindo pra que eles sejam atendidos.”
 
O presidente do ParanáPrevidência, Rafael Iatauro, informou que nenhuma depredação foi constatada no prédio onde estão os estudantes, onde são oferecidos serviços como os de cadastro dos pensionistas, perícias médicas e atendimento geral dos aposentados.
 
Ocupação
 
O movimento Ocupara Paraná, também conhecido como Primavera Estudantil, ocupou o prédio do NRE, que fica na rua Inácio Lustosa, horas após o início do cumprimento das ordens de reintegração de posse de 25 escolas de Curitiba.
 
A repartição pública, que fica no mesmo edifício do ParanáPrevidência, foi tomada por cerca de 35 alunos. Eles garantiram que não iriam atrapalhar o trabalho dos servidores do ParanáPrevidência, mas a diretoria do órgão orientou os funcionários a deixarem o local.
 
Foi o primeiro prédio administrativo do governo a ser ocupado na capital – núcleos de três outras cidades do interior (Laranjeiras do Sul, Pato Branco e Maringá) chegaram a ser ocupados, mas já voltaram a funcionar normalmente.
 
A Justiça deferiu na última quinta-feira (27) um pedido do estado de reintegração de posse de 25 escolas. Até o momento, 20 escolas já haviam sido desocupadas pelos estudantes.
 
Nesta segunda-feira (31), sete escolas foram reintegradas: Etelvina Cordeiro Ribas, Flávio F da Luz, Guido Arzua, Iara Bergman, Protásio de Carvalho, Rio Branco, Teobaldo Kletemberg. Nesta terça foi a vez do Tiradentes e do Professor Cleto. E as outras dez, segundo a Secretaria de Estado da Educação (Seed), foram desocupadas de maneira voluntária nos últimos dias, sem a necessidade de notificação judicial. A próxima unidade a ser reintegrada será a Professor Elias Abraão, no Cristo Rei.
 
O Colégio Estadual Santa Felicidade também foi desocupado antes da notificação, mas a saída dos estudantes foi motivada pela morte de um estudante de 16 anos que entrou em confronto com um colega da mesma escola. Já o Colégio Estadual do Paraná teve sua reintegração suspensa até a próxima semana.
 
Os estudantes começaram o movimento Ocupa Paraná no dia 3 de outubro em protesto contra a Medida Provisória que reforma o ensino médio e a PEC 241, que limita um teto de gastos para o poder público de acordo com a inflação do ano anterior. 
Redação

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  1. Michel Temer usa a PEC para
    Michel Temer usa a PEC para decapitar 3 gerações de brasileiros como se fosse Calígula. Nero Rixa brutaliza as vítimas do imperador na província paranaense. Quando derrubaremos os protagonistas deste novo império romano tropical?

  2. Reelegeram Richa em primeiro turno

    Reelegeram Richa em primeiro turno, agora estão sofrendo as consequências, ou melhor, os filhos dos que votaram.

  3. Nova mantra do PSDB: estudante bom é estudante morto

    O Malufismo tinha como mantra a expressão: “Bandido bom é bandido morto”. Ao redor deste mantra conseguiram aglutinar a fina flor do facismo paulistano e ganhar algumas eleições.

    Após a chegada do PSDB no poder em alguns estados, principalmente em São Paulo, o mantra voi se modificando progressivamente. O mantra agora é “Estudante bom é estudante morto”. E, novamente, a redor deste mantra se aglutinam a fina flor do facismo: policiais, juízes, promotores e classe média rentista.

  4. Advogados comentaristas, não

    Advogados comentaristas, não caberia um mandado de segurança em favor dos estudantes, restabelecendo pelo menos a água?

  5. COERÊNCIA E PERSEVERANÇA

    Correta e exemplar a decisão dos estudantes de desocupar as escolas e manter a mobilização política. Este é o caminho adequado para perseverar na luta democrática, sem permanecer em posição vulnerável a provocações e à repressão.

    Este é um exemplo de maturidade e de coerência política, pois fornece a senha para o prosseguimento da mobilização em bases mais amplas, com prudência e criatividade, através do uso dos meios democráticos de resistência.

    Vale lembrar que o discurso de radicalização, cuja propaganda repete o slogan sombrio e falacioso das pseudo primaveras, segue scripts que envolvem ocupações e repressão absurda por parte do poder público, em espiral evidenciada no Brasil em 2013, e que remetem às experiências trágicas vivenciadas na Ucrânia, na Líbia e na Síria.

    A estratégia correta para manter e ampliar o movimento de resistência dos estudantes e trabalhadores é a crescente mobilização política, impulsionada através da realização de atos públicos simbólicos e significativos, organizados com amplo apoio das instituições democráticas da sociedade brasileira. E tais iniciativas democráticas podem e devem ser incrementadas por meio de aulas e debates, em praça pública e em grandes auditórios, com a presença de especialistas em política e educação, fiéis aos princípios fundamentais da pluralidade cultural e da formação humanística.

    A força maior do movimento popular consiste exatamente na capacidade de demonstrar para a sociedade efeitos danosos dos retrocessos promovidos pelos setores reacionários do poder hegemônico. Diante dessa percepção, fica patente o acerto da decisão de ceder terreno com a desocupação das escolas e prédios públicos, para assim avançar com firmeza na defesa da democracia através dos meios democráticos, que pressupõem sempre o diálogo amplo com vistas à definição do modelo de sociedade e de educação adequado ao futuro da nação brasileira.

    Sigamos unidos e mobilizados, para perseverar na coerente resistência democrática.

  6. Sinto muito

    Não tive estômago para ler a matéria. Próximo passo será qual? Campo de concentração? Já tem uns porcos chauvinistas achando subterfúgios para justificar essa sandice. 

    Essas pessoas perderam as cabeças de vez. Torturar menores que estão se manifestando pela manutenção de suas escolas! 

    Não preciso dizer mais nada.

  7. A força bruta é o último recurso dos burros covardes

    Não tendo argumentos para refutar as razões do Movimento Estudantil, só resta ao gorilas recorrer à força bruta. Isso só demonstra que, além de burros, os nossos governos são covardes.

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