Jorge Alexandre Neves
Jorge Alexandre Barbosa Neves professor Titular de Sociologia da UFMG, Ph.D. pela Universidade de Wisconsin-Madison, nos EUA. Professor Visitante da Universidade do Texas-Austin, também nos EUA, e da Universidad del Norte, na Colômbia.
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Vozes do atraso, por Jorge Alexandre Neves

Como é comum no governo Bolsonaro, também o atual ministro da educação é ignorante ou mentiroso (ressaltando-se que o “ou” em questão não diz respeito a eventos excludentes)

Foto: Agência Brasil

Por Jorge Alexandre Neves

O que já foi ruim no passado recente deu um jeito de ficar pior. Em fevereiro de 2019, escrevi um artigo para o GGN (1) no qual mostrava a bobagem expressada pelo então ministro da educação sobre a universidade dever ser reservada para uma elite apenas. Agora, o atual ocupante da pasta vem com a mesma conversa, ao afirmar que as universidades devem ser reservadas para poucos (2).

+LEIA TAMBÉM: “Universidade é para poucos” e “alunos com deficiência atrapalham”: as pérolas do ministro da Educação

Este, por sua vez, se arriscou a tentar dar sustentação empírica à sua afirmação furada, recomendando que deveríamos seguir o exemplo da Alemanha, onde ocorreria o que propõe, a universidade para poucos. Como é comum no governo Bolsonaro, também o atual ministro da educação é ignorante ou mentiroso (ressaltando-se que o “ou” em questão não diz respeito a eventos excludentes).

O gráfico abaixo, com base em dados do Banco Mundial (3), mostra as taxas brutas de matrícula no ensino superior em oito países (4), incluindo o Brasil, e na OCDE (o chamado “clube dos países ricos”, no qual o governo Bolsonaro tanto sonha em colocar o Brasil). Observe-se que todos os países (bem como a OCDE) têm taxas de matrícula bem mais elevadas do que a brasileira.

O gráfico também mostra que todos os demais países formam claramente um conglomerado de elevado padrão (em torno de 60% ou mais de taxa bruta de matrícula), enquanto o Brasil, neste conjunto, fica isolado logo acima dos 40%. É importante, também, ressaltar que o Brasil passou por um expressivo crescimento da taxa de matrícula durante a década de 2000 e início da década de 2010 (algo que ressaltei no meu artigo anterior do GGN, citado na nota 1).

Não vou neste artigo me debruçar outra vez sobre a recusa à teoria do capital humano (uma abordagem econômica ortodoxa), por parte das elites tupiniquins, como fiz do artigo de 2019. Encerro ressaltando o claro viés “restaurador” que está por trás desse desejo das elites conservadoras brasileiras.

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Como ficou claro no meu último artigo aqui no GGN (5), uma elite estamental precisa desesperadamente ter o monopólio das melhores oportunidades educacionais. São as vozes do atraso tentando recuperar os privilégios da exclusão absoluta do povo que foram perdidos com os governos progressistas.

Jorge Alexandre Barbosa Neves – Ph.D, University of Wisconsin – Madison, 1997.  Pesquisador PQ do CNPq. Pesquisador Visitante University of Texas – Austin. Professor Titular do Departamento de Sociologia – UFMG – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas

Este texto não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Jorge Alexandre Neves

Jorge Alexandre Barbosa Neves professor Titular de Sociologia da UFMG, Ph.D. pela Universidade de Wisconsin-Madison, nos EUA. Professor Visitante da Universidade do Texas-Austin, também nos EUA, e da Universidad del Norte, na Colômbia.

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