A Mansão Matarazzo poderia ser um museu e parque na Avenida Paulista. Por que isso não ocorreu?

Interessantes notícias mostram que a mídia tem dado apoio à Promotoria da Habitação, que está dificultando a inauguração de mais um shopping com torre de escritórios na Avenida Paulista, onde era a Mansão Matarazzo. O juiz Murillo D’Avila Vianna Cotrim, da 5ª vara da Fazenda Pública de SP, acolheu parcialmente uma ação civil pública proposta e determinou que a construtora faça um relatório de impacto de vizinhança e de tráfego, e execute obras para amenizar os efeitos no entorno do empreendimento, previsto para ser inaugurado em novembro de 2014, sob pena de multa diária de R$ 100 mil.

O empreendimento será mais uma tremenda fonte de atração e despejo de carros na já congestionada região. Mídia e promotoria fazem questão de lembrar a sacanagem dos herdeiros dessa família, que para evitar tombamento, derrubaram a mansão durante algumas poucas horas, inviabilizando qualquer ação da comunidade em sua defesa.

Na época,  Luiza Erundina fora eleita prefeita e estava no início de sua gestão. Pobre, nordestina, mulher, petista, atrevida, Luíza enfrentava toda sorte de preconceitos. Tomando conhecimento do fato, tentou desapropriar a área da mansão. Em vez de termos mais uma torre, teríamos um parque e um museu, como planejado pela prefeita.

A mídia caiu matando, não faltou quem dissesse que a prefeita delirava, que fazia dívidas que o município não conseguiria pagar, que era incompetente, que estava se vingando de uma família tradicional da cidade e etc. Foram manchetes e mais manchetes, que açularam o Ministério Público e o Poder Judiciário. A sociedade organizada e setores populares ainda não tinham força acumulada e a prefeita teve que recuar. Em vez de termos uma área de lazer e um parque, mais uma atração turística, mais um marco da história da cidade, temos mais um problema, no mínimo mais uma torre de escritório com 21 andares e um templo de compras agravando os congestionamentos na região. A mídia deveria estar se refestelando pela vitória. Os paulistanos devem se lamentar e não a mídia ou os que combateram a prefeita na época.

É bom lembrar episódios como esse, repetidos quando da implantação do bolsa-família e do início da implantação dos corredores de ônibus e agora com o “mais médicos”. Memória e arquivos devem ser acumulados, para mostrar o lado truculento e atrasado da sociedade. No momento,  a sociedade tem diversas oportunidades de criar parques e tombar prédios históricos. Um desses parques pode ser criado no terreno existente na Rua Caio Prado com Rua Augusta, uma região que precisa ser revitalizada. Não percamos a oportunidade.

Redação

8 Comentários

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  1. Um crime

    As autoridades, naquele tempo, deveriam obrigar os Matarazzos a reconstruirem a  mansão sob pena de prisão de todos eles. Aquela mansão e outras que foram destruídas para dar lugar a prédios horrorosos, faziam parte da história de São Paulo. Destruíram a memória daquela cidade. Até hoje não me conformo com esse crime. Imagine se Paris resolver botar abaixo todos seus prédios antigos, ou Londres…

  2. Um crime

    As autoridades, naquele tempo, deveriam obrigar os Matarazzos a reconstruirem a  mansão sob pena de prisão de todos eles. Aquela mansão e outras que foram destruídas para dar lugar a prédios horrorosos, faziam parte da história de São Paulo. Destruíram a memória daquela cidade. Até hoje não me conformo com esse crime. Imagine se Paris resolver botar abaixo todos seus prédios antigos, ou Londres…

  3. Sensatez
    É o que

    Sensatez

    É o que precisamos.

    Quem conhecia ao menos de passagem sabe que a Mansão Matarazzo era horrorosa. Aquilo ali não era história, não servia para nada. Um sobrado imenso, já bem deteriorado por décadas de abandono.

    Ok, um parque arborizado a exemplo do Trianon eu concordo, mas gastar caminhões de dinheiro para preservar uma casa velha e deteriorada? A troco de quê?

  4. Que porcaria

    Colocado em foco na mídia devido às denúncias de que teria sido o operador das propinas nas licitacões do metrô paulista , Andrea Matarazzo , neto do conde , logo foi convidado para ir ao programa do Ronnie Von , TODO SEU  , na TV GAZETA ,  e teve a oportunidade de lembrar a todos sobre sua alta extirpe , seu pedigree , sua tradicão , tudo que sua familia já legou à cidade de São Paulo. 

    A elite forma uma grupo coeso. Não só é bem relacionada entre si. Também monopoliza todos os meios judiciais e de comunicacão. Se têm algum problema , seja de que ordem for – jurídico , policial , de imagem – não importa , não há nada que um  telefonema não consiga resolver .

  5. isso não é exclusividade de SP

    quando eu era guri em Pelotas correu um projeto de tombamento dos casarões antigos, e na vespera da aprovação, uma onde de explosões e marretadas. e muitos destes casarões amanheceram sem a fachada. inclusive uma imobiliária ridícula que ostentava o nome de casarão, mas destruiu a fachada do próprio imóvel para não ser tombado. deviam ter trocado o nome para tapera.

  6. Desconheço a “qualidade da

    Desconheço a “qualidade da obra para o tombamento, mas em termos de se pensar as cidades gosto de olhar o google Maps e passear pelo Canadá, No Brasil a última coisa a se pensar (pensa-se?) é a qualidade de vida.

  7. Matarazzo

    O texto só peca ao cair no comum sobre a ex-prefeita Luiza Erundina. Especialmente se considerar que um dos herdeiros, o Eduardo Suplicy, era justamente do mesmo partido, e foi um dos que lucrou muito com a venda do terreno. 

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