Bolsonaro recorre a governadores, dá aviso ao Congresso e corrige mal-entendido com Maia

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Marcelo Camargo/ABr
 
Jornal GGN – O presidente eleito Jair Bolsonaro aproveitou um encontro com os governadores eleitos e reeleitos, nesta quarta-feira (14), para trazer um recado fora do Executivo: “medidas que são um pouco amargas” serão propostas e deverão ser aprovadas. 
 
A notícia, na verdade, não impactaria em quase nada nos governadores eleitos, mas era um aviso ao Congresso, para tratar de propostas como a reforma da Previdência e outras que estão sendo escritas pela equipe de transição, sobretudo ligadas a Paulo Guedes, o futuro ministro da Economia.
 
“Algumas medidas são um pouco amargas, mas nós não podemos tangenciar com a possibilidade de nos transformarmos naquilo que a Grécia passou, por exemplo”, disse, quase em tom de preocupação, pedindo a união dos novos representantes do Executivo nos estados brasileiros.
 
Foi o segundo aviso de Jair Bolsonaro sobre as tratativas de seu governo, na data de hoje, em gestos quase cautelosos para antecipar os ânimos e preparar o terreno para a sua governabilidade a partir de 2019. “Temos de buscar soluções, não apenas econômicas. Se conseguirmos diminuir a temperatura da insegurança no Brasil, a economia começa a fluir”, acrescentou no encontro.
 
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Mais cedo, Bolsonaro decidiu “pacificar” um conflito gerado na última semana com o atual presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que reclamou em uma palestra a representantes do mercado que o futuro presidente não tinha feito nenhuma articulação ou contato com ele para acertar aprovações de matérias ainda neste ano e no começo do próximo.
 
Foto: Antonio Cruz/ABr
 
Jair Bolsonaro decidiu ratificar o que tentou interpretar como um “mal-entendido” ou “falha de comunicação” e, como de praxe sempre que seus gestos são mal repercutidos, jogou nas mãos do futuro ministro da Economia a responsabilidade pelo atrito com Maia.
 
É que Paulo Guedes havia mencionado, na semana passada, que era necessário dar uma “prensa” em deputados e senadores, para pressionar pela aprovação da Reforma da Previdência. A declaração repercutiu mal entre todo o Congresso, principalmente os presidentes da Câmara e do Senado.
 
Considerando que o DEM é um dos partidos fortes na base que mobiliza todo o Centrão e outros partidos nanicos desse eixo político, Bolsonaro ainda não quis se encontrar com o presidente do Senado, mas fez questão de dedicar um espaço especial na sua agenda de hoje para “corrigir” o clima com Rodrigo Maia.
 
Na manhã de hoje, o presidente eleito recebeu Maia no gabinete da transição para um café da manhã. O gesto não foi somente a Maia e ao DEM, mas um recado aos demais parlamentares de que Bolsonaro estaria “disposto a dialogar”, em busca, justamente, de garantir o apoio suficiente para a aprovação de suas matérias no ano que vem.
 
Esse desejo de consolidar as alianças com Instituições, Poderes e figuras que interessam para a sua governabilidade foi escancarado pelo próprio futuro mandatário no encontro com os governadores: “Não teremos outra oportunidade de mudar o Brasil. Nós temos que dar certo. Não teremos uma outra oportunidade pela frente. Temos que trabalhar unidos e irmandos nesse propósito”, disse.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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