Crise hídrica chega às zonas nobres de São Paulo

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – O racionamento existe, mas não é assumido. Agora a zona nobre de São Paulo tem seu quinhão de falta de água, mesmo que a Sabesp negue. Moradores e negociantes da região já registram corte no abastecimento nas madrugadas e, segundo relatos, a interrupção ocorre entre 22h e 6h. Entende-se o problema da falta de água, já que está mais do que evidente, só não dá para entender a omissão da Sabesp em reconhecer o fato e assumir o ato. Leia a matéria do Estadão, que responsabiliza Sabesp mas se esquece do governo do Estado de São Paulo.

do Estadão

Corte de água durante a noite já atinge ruas dos Jardins; Sabesp nega

LUIZ FERNANDO TOLEDO – O ESTADO DE S. PAULO

Em ruas como a Haddock Lobo e a Alameda Tietê, condomínios, bares e restaurantes têm registrado interrupção do fornecimento

SÃO PAULO – Condomínios, bares e restaurantes do bairro dos Jardins, zona sul de São Paulo, têm registrado corte no abastecimento de água durante toda a madrugada. Em ruas como a Haddock Lobo e a Alameda Tietê, zeladores e comerciantes relataram que a interrupção ocorre entre 22 e 6 horas. O problema só não é percebido pelos moradores porque todos os imóveis têm reservatório próprio. 

Diante da crise hídrica que atinge o Estado de São Paulo, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) tem praticado a redução na pressão da água na rede durante a noite, como parte de um programa de sua gestão operacional. Apesar dos relatos, a companhia nega corte de água.

 
Em uma lanchonete na Rua Haddock Lobo, funcionários relataram ao Estado que o abastecimento é cortado há pelo menos um mês depois das 23 horas. “Como temos caixa d’água, não há problema, mas algumas vezes já chegou a faltar”, afirmou uma gerente, que preferiu não se identificar.De acordo com ela, nestas ocasiões os atendentes chegaram a armazenar água em galões para suprir a demanda de clientes – o estabelecimento só fecha na madrugada. 
Rafael Arbex/Estadão
Economia. Zelador faz aviso para conscientizar moradores

 

Na mesma rua, o Estado apurou que pelo menos dois condomínios passam pela mesma situação. O porteiro Antonio Everaldo da Silva, de 63 anos, contou que “dia sim, dia não” nota a falta d’água. Como o banheiro do funcionário é o único do prédio que é abastecido diretamente pela água da rua, a torneira deixa de funcionar. “A gente precisa usar um banheiro lá no fundo, que recebe da caixa d’água”, explicou. 

O zelador Antonio Mendes confirmou a informação. “Os moradores só não reclamam porque o reservatório é de 60 mil litros, então o problema não chega nos apartamentos”, disse. Para conscientizá-los, Mendes colou um aviso escrito por ele no elevador, pedindo economia. “A Sabesp já está interrompendo o fornecimento durante a noite. O problema da falta de água em SP é real”, diz o texto. 
 
Outro condomínio na mesma via enfrenta o mesmo problema. O porteiro Luís Lino, de 43 anos, foi o primeiro a notar. “Estamos sem água à noite há uns 15 dias. Percebo porque não dá para usar o banheiro aqui”, disse. De acordo com Lino, os moradores no local tomaram consciência de um possível racionamento e, há três meses, decidiram economizar no uso. “A conta diminuiu uns 30%.”
 
A mesma história se repete em um restaurante na Alameda Tietê, em que o abastecimento é interrompido pontualmente às 22 horas. Assim como nos outros locais visitados, um funcionário do local contou que se não fosse a caixa d’água, o problema poderia comprometer o atendimento no local. 
 
Para todos os casos, a Sabesp negou falta de abastecimento. De acordo com a companhia, todos os endereços mencionados pela reportagem foram visitados por técnicos e apresentaram abastecimento normal, com pressão mínima de 10 metros de coluna d’água (mca). “Não há registros de ocorrência de falta d’água na central de atendimento para nenhum imóvel mencionado”, completa a nota da assessoria de imprensa.
 
Crise. Bairros da zona norte foram os primeiros a sofrer com o corte. Os casos começaram a se intensificar em fevereiro, quando a Sabesp tornou público que o Sistema Cantareira – que responde por 45% da Grande São Paulo e parte da capital – estava em crise.

A chuva que atingiu a região do Cantareira, o principal sistema que responde por 45% do abastecimento da região metropolitana de São Paulo, na sexta-feira, 26, e no sábado, 27, não foi suficiente para fazer com que o nível do reservatório caísse novamente.

De acordo com dados da Sabesp, o reservatório operava neste domingo, 28, com 7,1% de sua capacidade, nível mais baixo registrado na história. No sábado, o índice era de 7,2%. No mesmo período, há um ano, esse nível chegava a 40,8%.
 
De acordo com a companhia de saneamento, choveu 22,7 milímetros no sábado enquanto a média histórica para o mês de setembro é 91,9 milímetros. Ainda segundo as informações da companhia, até agora, a pluviometria acumulada no mês é de 62,9 milímetros. No domingo, não choveu na região dos reservatórios.
 
Volume morto. A Sabesp acredita que a sequência de chuvas prevista pode até elevar o nível das represas, que só caem desde abril. Desde julho, o sistema opera exclusivamente com água do volume morto, a reserva profunda dos reservatórios. 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

22 Comentários

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  1. Era previsto.E já estão

    Era previsto.

    E já estão tratando de fazerem seus poços artesianos.

    E ainda assim votarão em Alckmin

    Ano que vem será bem pior

    1. Verdade

      Continuo vendo pessoas lavando a calçada com mangueira, as empregadas tirando as folhas com jato de água em vez de vassoura, lava-rápido funcionando a todo vapor, com filas enormes.

      A maioria das pessoas ainda não têm consciência da gravidade da situação, e muito menos que o próximo ano vai ser terrível, mesmo que comece a chover agora para amenizar a crise atual.

      Vamos entrar em 2015 com um nível muito abaixo deste ano, mesmo com as chuvas normais de verão, o que significa que o ano que vem não haverá para onde correr.

  2. Cérebro vazio + Alckmin = PSDB.

    Sei que no ano que vem haverá racionamento severo, mesmo que São Pedro se eleja governador de São Paulo. O que me choca é a postura de ovelhas do eleitorado paulista, que acha que a crise hidrica era inevitável, em função da seca. O planejamento do abastecimento d’água de uma população superior à da maioria dos países europeus é um dos pontos centrais da administração pública. Sem planejamento e com roubalheira, com a nomeação de gente completamente irresponsável, como essa mulher cujo nome, por acaso, também é Dilma, tudo isso é um achincalhe. Mas numa massa estúpida e reacionária que vota com o fígado, massa essa educada pela imprensa mais pusilânime do planeta, o voto de 55% de idiotas pode ferrar a vida de 44% de gente honesta e decente. A conta não fecha? Essa diferença de 1% é para enfiar, sabem onde, de quem provocou o racionamento de água.

  3. Votem no moço, mas depois não reclamem.

    Tá bom, já entendi, os pauistas vão votar em massa no atual governador. É todo um direito que têm. Com seca ou sem seca.

    Mas, por favor, depois não reclamem. Esta conversa que o sindico do prédio tal está denunciando que tal hora faltou agua, etc, não vale.O pig, o partido da imprensa golpista, suprirá as caixas d’agua de toda sp. Dará um jeito.

  4. O porteiro Antonio Everaldo

    O porteiro Antonio Everaldo da Silva, de 63 anos, contou que “dia sim, dia não” nota a falta d’água. Como o banheiro do funcionário é o único do prédio que é abastecido diretamente pela água da rua, a torneira deixa de funcionar.

    Ou seja, até em prédio de rico, quem se ferra primeiro é o pobre.

    1. Morei 23 anos e Guarulhos,

      Morei 23 anos em Guarulhos, possuo parentes por lá e a informação não confere. Na medida do possível, está tendo água sim.

      Mas não se engane, quem abastece o SAAE (Sistema de água e esgoto de Guarulhos) é a SABESP…

       

  5. onde  voces  ja viram

    onde  voces  ja viram  TUCANOS (PSDB ALCKJIN SERRA  E CIA ) constituir provas  contra eles. Nunca  eles  contam  com um  midia  que  apoia  eles  e  nunca falam  nada.  vamos  ver quando  eles chegarem em casa  suado  de um dia  de trabalho e nao ter agua  se eles  vao continuar  na conivencia. 

  6. A ponta do iceberg
    Assim como Itu é a ponta do iceberg da crise hídrica paulista, a falta d’água em São Paulo é a ponta do iceberg de uma crise hídrica nacional, cuidadosamente escamoteada.

    As secas são mais frequentes e menos espaçadas porque as condições climáticas foram alteradas por macro-vetores de origem humana: o desmatamento amazônico ASSOCIADO ao desmatamento atlântico e à destruição sistemática da capacidade de sustentação e regeneração fluvial no centro-sul do país.

    O que está por trás de tudo isso é, em larga medida, o novo Código Florestal, em que a lógica predatória do atual modelo desenvolvimentista fez todas as concessões imagináveis ao agronegócio (ambientalmente predatório).

    Palavras de Mário Mantovani, diretor da SOS Mata Altântica:

    “Do ponto de vista da Mata Atlântica, que só tem 8% da área original, não existe ação de governo. O desmatamento continua ocorrendo. É aquilo que prevíamos com o Código Florestal. Ficou evidente que os donos de terra aproveitaram a aprovação do código e meteram fogo.

    Hoje 80% da madeira que sai do Brasil é ilegal. Continua uma barbárie sem nenhum controle. Desde 1973, não conheço momento que foi pior para o meio ambiente. Este governo riscou o setor ambiental do mapa. Ele reduziu o meio ambiente a licenciamento (etapa para autorização de obras), jogando nele a culpa por sua incompetência em realizar transposições, Belo Monte etc.

    (…)

    Nenhum candidato (à Presidência) tem dado à questão a atenção que ela merece, o que diz muito sobre o forte retrocesso que tem havido na agenda ambiental brasileira. Fico preocupado quando falamos de crise da água pensando só no abastecimento. Hoje 80% dos rios no Brasil recebem esgoto, como na época medieval.

    O cocô da casa cai no primeiro córrego e vai para outro, que contamina rios e tudo. No Brasil 80% das doenças são de origem hídrica, como na África. Você vê um candidato falando em construir hospitais, mas não em evitar doenças.”

    A entrevista completa encontra-se em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/09/140926_eleicoes2014_crise_hidrica_candidatos_jf_rm

  7. Não tem falta d’água em São Paulo!

    Não existe falta d’água em Sampa. Aliás, não existe problema nenhum em Sampa. Se existisse o Alckmin não estaria sendo reeleito no 1° turno…

  8. Agua Potavel

    Ainda vou ouvir o Alckmin com aquele jeitão de falar devagarinho que ” agua potavel é agua de potes e a Sabesp não tem a obrigação de vender água potável !”

    Depois que a água acabar como ele vai justificar as contas para poder pagar dividendos aos acionistas de wall street?

    taxa de manutenção dos hidrodutos ?

  9. Que moram de bico seco.

    Que moram de bico seco.

    Só livro a cara das crianças e idosos.

    O Resto que se lasquem prá lá, e reelejam o alkimim em 1° turno.

  10. Elite paulistana

    Essa elite paulistana pode estar tomando banho de canequinha, fedendo a bosta mas estará votando no Alckmin. Para mim é um caso perdido. Que continuem com esse governador irresponsável e sejam infelizes.

  11. São Paulo não era para estar

    São Paulo não era para estar passando por isso se o governador tucano fosse competente. Logo após a eleição os paulistanos vão dar de cara com uma dura realidade, torneiras secas, como nunca antes aconteceu na história desta cidade, e o Alckmin reeleito. Como dizia minha avó: mais vale um gosto que dez contos no bolso ou: o que é de gosto é regalo da vida. Pois que se regalem por mais quatro anos com seu picolé de chuchu.

  12. Só pra dizer que diminuíram a

    Só pra dizer que diminuíram a pressão da água nas torneiras da minha casa desde JULHO do ano passado. Moro na periferia da zona leste de São Paulo e, SIM, os bairros nobres só estão vendo agora que a crise da água realmente existe.

    Que as torneiras dos eleitores do Alckmin fiquem secas!!! 

     

  13. Só pra dizer que diminuíram a

    Só pra dizer que diminuíram a pressão da água nas torneiras da minha casa desde JULHO do ano passado. Moro na periferia da zona leste de São Paulo e, SIM, os bairros nobres só estão vendo agora que a crise da água realmente existe.

    Que as torneiras dos eleitores do Alckmin fiquem secas!!! 

     

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