Dos R$ 8,3 bi, Forças Armadas recebem mais que SUS, Meio Ambiente e Direitos Humanos

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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A obtenção dos recursos foi possível graças a receita estimada com leilões de petróleo do pré-sal, marcados para outubro e novembro deste ano

Jornal GGN – O governo de Jair Bolsonaro liberou R$ 8,3 bilhões de recursos aos ministérios, que estavam bloqueados pelas restrições orçamentárias impostas pelo governo desde o início do ano. A divisão feita pelo governo privilegiou as Forças Armadas acima da destinação com o SUS (Sistema Único de Saúde), Meio Ambiente e Direitos Humanos.

A obtenção dos recursos foi possível graças a receita estimada com leilões de petróleo do pré-sal, marcados para outubro e novembro deste ano. Na divisão feita pelo governo, a maior concentração dos montantes ficará com as pastas de Educação, Economia e Defesa.

O Ministério da Educação, que hoje sofre um dos maiores contingenciamentos, sendo obrigado a cortar bolsas, paralisar financiamentos estudantis e colocar em xeque o funcionamento Universidades Federais, sobretudo em pesquisas, receberá a quantia de R$ 1,99 bilhão.

A quantia servirá para retomar as bolsas do CNPq, que haviam sido suspensas, até o final deste ano, além de bolsas do Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), que financia pesquisadores, e os gastos que haviam sido cortados de universidades públicas e institutos federais de ensino.

Em outras palavras, os recursos irão somente retomar algumas das paralisações feitas pelo governo Bolsonaro na Educação. A título de exemplo, o Capes já vinha sofrendo redução de orçamento, que estava contingenciado a R$ 4,25 bilhões. E a partir de 2020, Jair Bolsonaro já havia determinado um novo corte da metade destes recursos, passando a R$ 2,20 bilhões.

Por outro lado, pastas com demandas inferiores receberão quantias equivalentes dessa nova liberação de recursos. É o caso do Ministério da Economia, que receberá 250 milhões a menos que o MEC, com um total de R$ 1,75 bilhão, e o Ministério da Defesa, que irá arrecadar outros R$ 1,65 bilhão.

No caso da Economia, o uso destes recursos será destinado ao Fundo Garantidor de Exportações (FGE), ao Serpro, ao Dataprev e ao pagamento de tarifas bancárias. No caso da Defesa, a grande parte será destinada à manutenção das Forças Armadas, como já é bandeira do governo Bolsonaro, e em quantidades inferiores ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O SUS (Sistema Único de Saúde), por exemplo, dentro da pasta de Saúde receberá R$ 700 milhões, menos da metade do que receberá as Forças Armadas. As obras de Infraestrutura na malha rodoviária, que geram empregos, por exemplo, receberão R$ 450 milhões, que é cerca de um quarto do que obterá as Forças Armadas.

Em plenos esforços para a recuperação da Amazônia, afetada pelas queimadas, o Meio Ambiente ficará com a quarta menor destinação, R$ 70 milhões. E o Ministério que menos receberá recursos será o de Direitos Humanos, R$ 15,4 milhões.

Confira abaixo a divisão:

  • Ministério da Educação: R$ 1,99 bilhão
  • Ministério da Economia: R$ 1,75 bilhão
  • Ministério da Defesa: R$ 1,65 bilhão
  • Ministério da Saúde: R$ 700 milhões
  • Ministério da Infraestrutura: R$ 450 milhões
  • Ministério de Minas e Energia: R$ 340 milhões
  • Ministério da Justiça e Segurança Pública: R$ 330 milhões
  • Ministério das Relações Exteriores: R$ 250 milhões
  • Ministério da Cidadania: R$ 230 milhões
  • Ministério do Desenvolvimento Regional: R$ 200 milhões
  • Ministério da Agricultura: R$ 120 milhões
  • Ministério da Ciência e Tecnologia: R$ 80 milhões
  • Ministério do Meio Ambiente: R$ 70 milhões
  • Presidência da República: R$ 60 milhões
  • Advocacia-Geral da União: R$ 50 milhões
  • Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos: R$ 15,4 milhões
  • Controladoria-Geral da União: R$ 15 milhões
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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. É uma vergonha que a míRdia (des)informe que parte desse valor (2 BI e tal) seja de valor “recuperado” pela lava-jato, mantendo a propaganda goebbeliana da nefasta operação que, embora pudesse ter sido um ponto de inflexão positivo, acabou por trazer muito mais prejuízos ao país do que seus possíveis benefícios.
    Este valor não foi “recuperado”, mas foi um pagamento, em prejuízo da Petrobrás, ao governo/instituições americanas, CAUSADO PELA “TASK-FORCE” farsante, com devolução parcial, tentativa e pretensamente em FAVOR dos próprios CAUSADORES do prejuízo, para eles próprios, numa cara de pau sem precedentes na história de nossa justiça (?).
    Mas sacuméquié, água mole em cabeças duras tanto bate até que as convence …

  2. Esse imbecil tá rindo do povo……quero ver nos próximos anos, com os EUA não como aliado e sim donos do Brasil, Embraer, Pré sal, Base de Alcântara…..nós povo brasileiro ficaremos chupando o dedo : dever ser esse o motivo do riso do imbecil

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