Finep e agência de inovação norueguesa estreitam laços

Financiadora avalia auxiliar brasileiros na aquisição de empresas estrangeiras

Por Lilian Milena, Do Brasilianas.org

O casamento entre empresas brasileiras e norueguesas no setor de petróleo e gás natural “irá ocorrer mais dia ou menos dia”, afirmou José Malcher, analista do departamento de Petróleo e Gás e da Indústria Naval da Finep, empresa pública de financiamento ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), durante fórum de debates Brasilianas.org, promovido pela Agência Dinheiro Vivo, em São Paulo.

Há duas semanas, as agências de fomento à inovação de cada país, Finep e Innovation Norway, organizaram um encontro no Rio de Janeiro para discutir pesquisa, desenvolvimento e cooperação na área de petróleo e gás natural (P&G). O workshop recebeu apoio do Consulado Geral da Noruega, MCTI, Petrobras e da empresa norueguesa de petróleo e gás, Statoil.

Segundo Malcher, o pré-sal é, na realidade, uma grande fronteira internacional de conhecimento e a indústria brasileira tem chances hoje de se especializa ainda mais na exploração de reservas em águas profundas, podendo se tornar, nos próximos anos, a maior exportadora dessa tecnologia.

De 2000 a 2012, as operações de financiamento da Finep aumentaram em 400%, passando de R$ 933 milhões, para R$ 3,68 bilhões, por ano. Malcher destacou que a instituição “chegou num ponto” onde avalia o financiamento de empresas brasileiras na aquisição de empresas no exterior, se isso significar “absorver o conhecimento que faltava à determinada cadeia de inovação”, explicou.

A Noruega é atualmente referência em inovação aplicada na indústria de petróleo. Quando suas primeiras jazidas foram identificadas, na década de 1970, o país não possuía indústria de base. Hoje a realidade é bem diferente, a cadeia de petróleo representa 25% do seu produto interno bruto (PIB), empregando cerca de 140 mil pessoas, com impactos em todos os demais setores da economia interna.

A aproximação entre os dois países é fruto da estratégia de desenvolvimento norueguês de maximizar ao máximo os benefícios para a população, no que tange a exploração de petróleo e gás natural. Apenas 4% do patrimônio arrecadado no Fundo de Petróleo da Noruega, que acumula parte das receitas advinda da exploração de P&G, é usado na economia interna a cada ano. O restante é investido em empreendimentos localizados em outras partes do mundo, permitindo às empresas norueguesas ampliarem suas áreas de atuação.

Durante o Fórum de Debates Brasilianas.org, realizado na última quinta-feira (27), em São Paulo, Malcher destacou dois programas de fomento trabalhados pela Finep, no âmbito de Plano Brasil Maior, e que podem contribuir, nos próximos anos para o progresso das empresas nacionais no que tange a pesquisa e inovação na área de petróleo e gás.

O primeiro instrumento, Inova Brasil, financia projetos de inovação de empresas de médio a grande porte, com faturamento a partir de R$ 16 milhões. O programa é direcionado as empresas que já desenvolvem tecnologias próximas às fronteiras de conhecimento, mas que não possuem recursos para ampliar suas operações. “A Finep tem o trabalho de não apenas financiá-las mas de aproximá-las de grandes empresas nacionais”, pontuou Malcher.

O outro instrumento é o Inova Petro, criado para atender às estratégias de desenvolvimento da Petrobras, conforme o plano de sustentação da empresa nos próximos anos. O BNDES também participa das operações do programa que disponibilizou R$ 3 bilhões no primeiro edital lançado em setembro de 2012. Das 62 empresas que se inscreveram na rodada inicial, 20 foram selecionadas, com um ticket médio de R$ 74,5 milhões. Malcher adiantou que estão estudando o lançamento de um segundo edital do Inova Petro.

Luis Nassif

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