O aumento das cidades médias

Por João Paulo Caldeira
Da Agência Dinheiro Vivo 

Entre 2000 e 2007, o Brasil teve um aumento significativo no número de municípios de médio porte, com uma redução de centros locais. Junto com este crescimento, as cidades médias também enfrentam problemas típicos de metrópoles, como a violência e saúde pública.

Estes dados fazem parte da pesquisa “Características de rede de cidades: uma visão prospectiva da hierarquia brasileira”, realizado pelo Cedeplar (Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional de Minas Gerais, da UFMG), trazidos pelo professor Rodrigo Simões, em sua palestra no 15º Fórum de Debates Brasilianas.org, sobre Desenvolvimento Regional, realizado nesta quinta(13), em São Paulo.

Realizado a partir de 2005, a pedido dos Ministérios da Integração e do Planejamento, a ideia do trabalho era identificar o impacto de investimentos, como o PAC e o pré-sal, na rede urbana brasileira.

O professor levantou uma preocupação em relação ao crescimento das cidades médias. Com a ausência de uma presença maior do Estado e sem a rede de proteção social(através, principalmente, de laços familiares), existente em pequenas cidades, as cidades de médio porte podem desenvolver problemas típicos de metrópoles, mas sem contar com as benesses metropolitanas, como a oferta de emprego. Para evitar isso, Rodrigo Simões acredita que são fundamentais os investimentos em infraestrutura social, como escolas, hospitais, entre outros aparelhos.

Rodrigo ressaltou que o estudo não classifica como municípios, e sim como áreas de concentração urbana. O exemplo dado pelo professor foi a Grande São Paulo, onde não se pode separar o município de São Paulo de Guarulhos, já que ambos fazem parte da mesma aglomeração urbana e sua separação é mais formal do que prática.

Outra dado apresentado mostra que havia uma forte tendência de ocupação de municípios do Centro-Oeste e também do Nordeste. Porém, com a descoberta e os investimentos do pré-sal, o movimento agora é para cima, “mais litoraneizado”, como afirmou Simões.

Durante o debate, o professor da UFMG criticou o Programa Nacional de Irrigação do Semiárido Brasileiro, apresentado na abertura do Fórum pelo ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho. Rodrigo afirmou que o programa, do tamanho que está planejado, é “absolutamente temerário”, dando exemplos de rios que foram utilizados para irrigação e que secaram.

Luis Nassif

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