São Paulo aprende com Paris como acolher mulheres grávidas vulneráveis

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Com informações enviadas por Nina Santos

A primeira-dama da cidade, Ana Estela Haddad, conheceu o projeto francês que oferece moradia, apoio psicológico às mães e filhos e reinserção no mercado de trabalho

Ana Estela Haddad com mães acolhidas no Centro Sésame - Divulgação SECOM

Jornal GGN – Paris avança em uma iniciativa social a mulheres grávidas ou que acabaram de ter seus filhos, que vivem situações de vulnerabilidade, acolhendo-as com moradia, apoio psicológico e reinserindo-as no mercado de trabalho. Por enquanto em fase embrionária, o projeto atraiu a atenção da primeira-dama da cidade de São Paulo e coordenadora do projeto São Paulo Carinhosa, Ana Estela Haddad, nesta sexta-feira (25).

Em busca de trazer a inspiração para a capital paulista, Ana Estela foi à cidade francesa conhecer o Centro Maternal Sésame, que acolhe 28 mulheres para que alcancem autonomia e autoestima. O trabalho de apoio acompanha as mães até os filhos completarem 3 anos de idade. Além do Sésame, há mais nove como este em Paris.

Inaugurado em junho deste ano, o Sésame é o primeiro a trabalhar com o conceito de autonomia da mulher. Abriga as mães que não têm onde morar com seus filhos e que passam por situações familiares delicadas. O objetivo não é simplesmente prestar assistência em um momento de dificuldade, mas criar condições para que as mulheres possam retomar suas vidas e entender com tranquilidade e segurança seu novo papel de mães. Para isso, o centro oferece moradia em apartamentos, apoio pedagógico e psicológico, ajuda a encontrar oportunidades de emprego e a vencer os desafios do dia-a-dia da mãe e da criança.

Ao conhecer o projeto, Ana Estela identificou as semelhanças do modelo com a atual gestão de São Paulo em projetos sociais, trabalhando com pessoas em situação de vulnerabilidade “a partir da construção da autonomia”, afirmou a coordenadora de São Paulo Carinhosa.

Em conversa com a equipe multidisciplinar, Ana Estela ouviu as mulheres participantes, que contaram suas histórias de vida e como o Sésame as ajudou a se integrarem socialmente e fortalecerem a relação com seus filhos.

“Eles nos preparam para poder voltar à vida”, contou uma delas. “Não me sinto mais só. Se eu precisar de ajuda, sei que eles estão aqui”, relatou outra. “O comportamento da minha filha mudou depois que fui acolhida aqui. Ela se tornou mais sociável”, disse uma terceira.

Dentro do projeto, cada mulher tem uma conselheira a quem pode recorrer, e o grupo de mães ainda elege uma representante que cuida da relação entre elas e o Centro Maternal. As beneficiárias também contam com espaços de diálogo entre elas mesmas, para que possam falar livremente e trocar experiências.

Ana Estela Haddad identificou no modelo uma inspiração para a realidade paulistana e o desafio de acolher as adolescentes grávidas. “Soluções de outros países nos ajudam a pensar formas diferentes de abordar nossos problemas”, considerou.

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CENTRO MATERNAL SÉSAME

Inaugurado em 1 de junho de 2015, pela Prefeita de Paris, Anne Hidalgo. A proposta é criar 9 centros maternais, gerenciados por Paris ou por associações, e um outro centro associativo que acolhe jovens casais. O Centro Maternal Sésame é administrado pela ESSOR, associação nacional de utilidade pública reconhecida. Há 75 anos, gerem 43 estabelecimentos, incluindo 3 centros maternais.

1. PREFEITURA DE PARIS – GESTÃO ANNE HIDALGO (abril de 2014 a 2020 – 6 anos)

 1.1 Programas e Planos de Ação para primeira infância e famílias

Diretrizes da Gestão Hidalgo:

. “Carta Família” para acesso com descontos ao lazer/cultura;

. 5.000 vagas de creches com um piloto 24h/24h até metade do mandato – prioridades para crianças portadoras de deficiências, de famílias monoparentais (que deverão ser representadas nas creches proporcionalmente à presença dessas famílias em cada região parisiense), busca no aumento de alimentação orgânica, promoção de igualdade entre “meninos-meninas”.

. Acolhimentos individuais – revisão das políticas de assistências maternais em coordenação com órgãos nacionais (CAF “Caisse d´Allocations Familiales”, “Relais d´assistantes maternelles” e “création des maisons d´assistantes maternelles”) e um piloto para a política de pagadores isentos para famílias de baixa renda.

. Medidas de Proteção da Infância – acompanhamento parental, de crianças em sofrimento psicológico e em situações de risco, com racionalização das ofertas de acolhimento levando em conta a proximidade pelo atendimento nos territórios sem prejuízo da proximidade com as famílias.

. ASE (Aide Sociale à l´Enfance) – abertura da Ajuda Social para a Infância aos parceiros externos e fortalecimento da relação social/médico-social/saúde. Estima-se um trabalho de avaliação em parceria com o Observatório Departamental de Proteção à Infância e uma reavaliação da política.

. Observatoire Départemental de la Protection de l’Enfance – é vinculado ao Observatório Nacional da Infância e permite a identificação e comparação entre as informações transmitidas pelos atores locais, com a geração de uma base de dados. Deve avaliar os serviços e estabelecimentos responsáveis pela proteção da infância.

. Atenção às crianças em famílias de rua ou em situação de violência, incluindo crianças imigrantes em situações precárias. Medidas de proteção, escolaridade, acolhimento, inclusão e também de regulamentação dos espaços públicos, em coordenação com a polícia.

. Para as crianças de menor idade, estudar a organização de um espaço de acolhimento crianças-pais (LEAP – Lieu d’Accueil Enfants-Parents) ou um novo espaço de solidariedade e inserção (ESI –Espace Solidarité et Insertion). Suporte a ideia de criação de um ônibus-escola para sensibilizar as famílias de rua na escolarização (e para a saúde, etc).

1.2 Equipamentos 

. Centros Maternais em Paris

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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