“Vamos para embate político dentro do Congresso”, anuncia ministro de Dilma

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Depois da reunião de coordenação política, Eliseu Padilha disse que o governo buscará diálogo, mas defenderá seus interesses
 
 
Jornal GGN – Em resposta às tratativas de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, desde que anunciou seu rompimento com o governo, o Palácio do Planalto deu sinal verde para o “embate político”, ainda que buscando o diálogo. No campo da articulação, o ministro da Secretaria de Aviação Civil Eliseu Padilha afirmou que o segundo semestre será de “diálogo mais profundo e mais próximo” com o Congresso Nacional, mas que o governo defenderá seus interesses na chama “pauta-bomba”.
 
“Vamos para o embate político do voto dentro do Congresso Nacional, por isso, temos o trabalho de articulação política; por isso, estamos com o processo de convencimento”, disse o ministro, depois da reunião de coordenação política convocada pela presidente Dilma Rousseff, hoje (27).
 
Na Câmara, o presidente da Casa havia anunciado que o governo deve esperar um segundo semestre de mais obstáculos. Dentro dos temas da “pauta-bomba” estão a criação das CPIs do BNDES, dos Fundos de Pensão, em que Cunha articula não apenas deixar o PT fora do comando das comissões, mas também garantir a presidência ou a relatoria à oposição. 
 
Cunha também despachou 12 pedidos de impeachment contra a presidente, prontos para serem analisados pela Casa, assim que o recesso parlamentar acabar. Somado a isso, o peemedebista marcou na pauta a votação de todas as prestações de contas pendentes de presidentes de mandatos anteriores, para livrar o caminho assim que o Tribunal de Contas da União (TCU) julgar o balanço de Dilma.
 
A votação de vetos com impacto nas contas públicas, como a do fator previdenciário, já deverá entrar na próxima semana. 
 
“Não é pauta-bomba, é a pauta normal que já existe. O que muda é que a base do governo vai diminuindo à medida que a economia piora e a popularidade diminui. A dificuldade do governo aumenta na medida em que diminui o índice de aprovação. Isso faz a real diferença”, afirmou, na última semana.
 
Do lado do Planalto, um dos pontos delicados é o aumento do reajuste do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O governo também precisa garantir a redução das desonerações da folha de pagamento de empresas e pode sofrer pelo Congresso a derrubada do veto sobre a negativa do reajuste dos servidores do Judiciário. 
 
O ministro de Dilma deixou claro que a aprovação de medidas na pauta-bomba e as derrubadas de vetos poderão desencadear efeitos negativos para a governabilidade e, como consequência, para as contas do país.
 
“Não conseguimos separar o efeito apenas sobre o governo, porque o governo de hoje pode ser a oposição de amanhã, e os efeitos dessas bombas podem ser consumados por muito tempo. Temos que ter essa responsabilidade”, alertou.
 
Apesar do anúncio de “embate político”, Eliseu Padilha minimizou as divergências do governo com Cunha. “Eu confio no Cunha, sei que ele vai agir corretamente”, afirmou.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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