1933 e a grande queima de livros pelos nazistas

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Sugerido por CB
 
 
1933: Grande queima de livros pelos nazistas
No dia 10 de maio de 1933, foram queimadas em praça pública, em várias cidades da Alemanha, as obras de escritores alemães inconvenientes ao regime.
 
Da DW
 
Reprodução: http://www.fmanha.com.br/
 
O dia 10 de maio de 1933 marcou o auge da perseguição dos nazistas aos intelectuais, principalmente aos escritores. Em toda a Alemanha, principalmente nas cidades universitárias, montanhas de livros ou suas cinzas se acumulavam nas praças. Hitler e seus comparsas pretendiam uma “limpeza” da literatura.
 
Tudo o que fosse crítico ou desviasse dos padrões impostos pelo regime nazista foi destruído. Centenas de milhares de livros foram queimados no auge de uma campanha iniciada pelo diretório nacional de estudantes.
 
Albert Einstein, Stefan Zweig, Heinrich e Thomas Mann, Sigmund Freud, Erich Kästner, Erich Maria Remarque e Ricarda Huch foram algumas das proeminências literárias alemãs perseguidas na época.

 
O poeta nazista Hanns Johst foi um dos que justificou a queima, logo depois da ascensão do nazismo ao poder, com a “necessidade de purificação radical da literatura alemã de elementos estranhos que possam alienar a cultura alemã”.
 
Assim como desde a pré-história se acreditava nos poderes purificadores do fogo, o regime do mestre da propaganda – Joseph Goebbels – pretendia destruir todos os fundamentos intelectuais da por ele tão odiada República de Weimar.
 
Oportunismo e distanciamento
 
A opinião pública e a intelectualidade alemãs ofereceram pouca resistência à queima. Editoras e distribuidoras reagiram com oportunismo, enquanto a burguesia tomou distância, passando a responsabilidade aos universitários. Também os outros países acompanharam a destruição de forma distanciada, chegando a minimizar a queima como resultado do “fanatismo estudantil”.
 
Entre os poucos escritores que reconheceram o perigo e tomaram uma posição estava Thomas Mann, que havia recebido o Nobel de Literatura em 1929. Em 1933, ele emigrou para a Suíça e, em 1939, para os Estados Unidos.
 
Quando a Faculdade de Filosofia da Universidade de Bonn lhe cassou o título de doutor honoris causa, ele escreveu ao reitor: “Nestes quatro anos de exílio involuntário, nunca parei de meditar sobre minha situação. Se tivesse ficado ou retornado à Alemanha, talvez já estivesse morto. Jamais sonhei que no fim da minha vida seria um emigrante, despojado da nacionalidade, vivendo desta maneira!”
 
Também Ricarda Huch retirou-se da Academia Prussiana de Artes. Na carta ao seu presidente, em 9 de abril de 1933, a escritora criticou os ditames culturais do regime nazista: “A centralização, a opressão, os métodos brutais, a difamação dos que pensam diferente, os autoelogios, tudo isso não combina com meu modo de pensar”, justificou. Em 1934, a “lista negra” incluía mais de três mil obras proibidas pelos nazistas. Como disse o poeta Heinrich Heine:
 
“Onde se queimam livros, acaba-se queimando pessoas.”
Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

14 Comentários

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  1. parafraseando heine, aqu

    parafraseando heine, aqu iprimeiro “queimam” pessoas

    (assassinatos ed reptuação, vazamentos, conluio grande mídia et caterva)…

    só falta o merdal ou um  dosseus sucedaneos qualquer dia dizer:

    se alguém falar em democracia (cultua, como disse goebbels),

    puxo o revólver.

  2. a obra do teatrólog alemão

    a obra do teatrólog alemão bertold brecht é permeada de casos desse tipo,

    da ascenção do nazismo,

    as pessoas começaram a se reunir nas SS e, no limiter,

    passaram a dedurar até familiares ao regime nazista…..

    horror!!!

  3. Muito pertinente a lembrança

    Muito pertinente a lembrança desse episódio característico da Alemanha Fascista-Nascista e que guarda certa similaridade com o que ocorre hoje no país. 

    A intolerância e a obtusidade também emergem nas agressões físicas e verbais por simples vezos ideológicos; os aplausos para os linchamentos; o culto a figuras nefastas reacionárias-pedantes que pululam nas páginas de jornais, programas de TV e redes sociais; os insultos aos que ousam defender os direitos humanos mais básicos, deturpando suas árduas e nobres missões como “direitos dos manos”; e satanização da esquerda, em particular do Partido dos Trabalhadores; e coisa semelhantes.

     

  4. Enquanto isto aqui no Brasil….

    Enquanto isto aqui no Brasil de hoje, dado a enxurrada de estupidez que temos visto nas manifestações da extrema direita, tão bem exemplificada na agressão gratuita e despropositada a Chico Buarque de Holanda, a impressão que fica é a de que, ao invés de livros, como na Alemanha de Hitler, aqui, estamos a queimar os poucos neurônios de uma juventude sem-noção, completamente dissociada da história recente deste País.

    1. Avaliação precipitada

      Avaliação precipitada talvez?

      Meus medos, meu pesadelo mais profundo – bem sabes qual é – batendo à porta em 2017.

      Os loucos tomaram as rédeas de nossos destinos e me parece vislumbramos uma parede na qual seremos esmagados ou enterrados vivos.

  5. Aqui tb houve incêndio d livros e d uns q ninguém pensaria hoje

    A Igreja Católica, que definitivamente nao tem senso de ridículo, incluiu no Index Librorum Proibitorum nada menos do que os LIVROS INFANTIS DE MONTEIRO LOBATO! E os colégios católicos pediam aos alunos que entregassem os livros e faziam fogueiras com eles. Lobato, hoje tao recomendado pelos pais aos filhos!

    Censuravam o divórcio da Emília (do porquinho!), a nudez em A Chave do Tamanho, as mençoes ao evolucionismo e a Nietsche. Há inclusive um livro de um padre, o padre Sales Brasil (acho, estou citando de memória), chamado Monteiro Lobato ou o comunismo para crianças.

      1. Pior? Parece que bebe!

        Num caso houve censura, queima dos livros. No outro nem proibiçao houve, apenas os livros foram desrecomendados para leitura escolar sem acompanhamento. Coisa completamente diferente.

        Sou absolutamente louca por Lobato, a quem atribuo ser quem sou. Mas que os livros dele podem ter uma influência negativa na auto-estima de crianças negras é óbvio, porque Emília, a personagem principal, sem dúvida emite julgamentos racistas. Como a Emília era aquela que dizia alto o que os outros pensavam sem dizer, isso até pode ser interpretado como uma crítica da hipocrisia, mas vai tentar explicar isso para uma criança de oito anos que vê a personagem principal do livro chamar Tia Nastácia de “negra beiçuda”.

      1. Esse mesmo

        Inacreditável o monte de besteiras que diz. Bom, parece que estamos voltando no tempo, talvez nao seja mais tao inacreditável, pensando bem.

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