Aos 72 anos, Eric Clapton confessa perda de audição e dificuldades ao tocar guitarra, por Sergio da Motta e Albuquerque

Aos 72 anos, Eric Clapton confessa perda de audição e dificuldades ao tocar guitarra

por Sergio da Motta e Albuquerque

O legendário guitarrista Eric Clapton revelou preocupação com sua idade, audição e capacidade em manter sua técnica com o passar dos anos. Em entrevista à rádio BBC2 (9/1), no programa “Steve Wright in the afternoon”, Clapton, ao final da conversa, não escondeu do público seus atuais tormentos: “ A única coisa que me preocupa agora, já na faixa dos 70 anos, é manter minha habilidade. Quer dizer, estou meio surdo, tenho “tinnitus”, minhas mãos mal trabalham, e eu espero que as pessoas venham me ver não só como curiosidade, mas mais que isso. Eu sei que (isso) faz parte. Afinal, eu mesmo considero incrível ainda estar por aqui”, confessou o guitarrista.

Eric Patrick Clapton teve uma infância complicada. Foi criado pelos avós, Rose e Jack Clapp. Não conheceu seu pai, e teve muito pouco contato com a mãe Que ele acreditava ser sua irmã. Em sua autobiografia (Clapton: The Autobiography, Crown/Archetype, 2007), ele conta que nasceu da união passageira entre sua verdadeira mãe, Patricia, e um soldado da força aérea canadense estacionado na Inglaterra durante a II Grande Guerra chamado Edward Fryer, um homem casado e que tocava piano (pág.6). Patricia teve a criança, mas foram seus avós que o educaram. Foram seus pais reais, que junto a ele viveram suas dificuldades e alegrias de criança. Clapton não contém elogios a avó em sua autobiografia.

Desde cedo o menino Clapton percebeu que havia algo diferente com ele. Junto com seus avós e tios, em uma casa pequena, sem eletricidade ou privacidade, os assuntos dos adultos não escaparam do garoto curioso que andava pela residência. Aos nove anos de idade ele já conhecia sua origem. Sabia de tudo. Sua mãe, que havia casado e morado um tempo na Coréia, teve dois filhos com outro soldado canadense e resolveu visitar a casa da mãe em 1954. Um dia, o menino Eric perguntou à ela, Patrícia, sua mãe natural,se ele agora já poderia chama-lo de “mãe”. Patrícia respondeu que não. “É melhor”, disse ela, “depois de tudo o que eles (avós) fizeram por ti, que você continue a chamá-los de papai e mamãe”. Eric teve uma mãe fria, que o rejeitou de forma frontal. Não sei se sobreviveria a tamanha decepção. Em seu livro de 2007, Clapton afirmou que sentiu-se completamente rejeitado, cheio de ódio e raiva naquele dia. “Tudo o que eu queria é que ela me tomasse nos braços e me levasse para onde quer que ela fosse”, revelou um desolado e triste Clapton (pág.18).

Estes e outros fatos relevantes de sua vida estão no filme que o guitarrista agora divulga, “Eric Clapton: a life in 12 bars” (“Eric Clapton: uma vida em 12 compassos”, da Showtime) a ser lançado em janeiro na Inglaterra. A ideia por traz do filme é determinar a relação entre o papel da música em sua vida e o impacto de todas as suas agruras em sua carreira. Na entrevista à BBC2, ele garantiu que só suportou seus tormentos de infância graças à música. Que ele usava como tratamento e cura para seus problemas. Mais que isso, ele explicou que não seria o músico que é sem seu passado difícil.

                                                                  Desprezo ao pop e amor ao blues

Na entrevista para a BBC2, Steve Wright perguntou a Clapton por que ele nunca interessou-se pela música pop. “Porque é fácil, e eu não valorizo muito nada fácil”, respondeu o entrevistado. O músico contou também sobre a felicidade e a distinção de ter sido aceito por Buddy Guy e B.B. King como “um deles” , e que isso para ele “era uma grande honra”. Clapton é um amante e defensor do blues. Ele tem prestado um serviço que não tem preço a todos os amantes da música, ao preservar a memória, a dignidade e a integridade do blues e seus maiores compositores. Afinal, como diz a frase atribuída a Willie Dixon ,baixista e um dos maiores compositores deste gênero, “the blues are the roots and the other musics are the fruits” ( O blues é raiz e as outras musicas são os frutos).

                                                                   As doenças do guitarrista

Em 2016, a revista, Guitar World (12/6) informou que o músico sofre de neuropatia periférica (que lhe afeta as mãos). A causa pode estar ou não associada ao passado de abuso de drogas e álcool do músico. Hereditariedade, injúria ou infecção também podem causar a doença., informou a Guitar World, com dados da Clinica Mayo. Além de simplesmente a idade avançada. Com ela, aparecem os males dos quais muitos de nós padecemos. Eric Clapton está envelhecendo, e não há nada demais nisso. Depois de seis ou sete décadas vividas, chegamos à velhice. Com ela, as síndromes e as doenças.

O problema com a audição (tinnitus) é comum e muito menos grave. Ele é caracterizado pela audição prejudicada por um zumbido ou frequência insistente de som que prejudica a acuidade auditiva. Não é uma doença, mas uma manifestação de deterioração da audição, com múltiplas causas. Uma delas é a exposição à volumes muito elevados de som. Há um precedente ligado a Clapton através de Felix Pappalardi, ex-baixista do Mountain e produtor do Cream (“power-trio” formado por Clapton, Jack bruce e Ginger Baker em 1966). Pappalardi foi obrigado a aposentar-se mais cedo com surdez parcial graças a alguns anos submetido aos volumes exorbitantes do repertório do “Mountain”. O produtor e músico, assassinado pela namorada em 1983, era admirador do Cream e da poderosa amplificação do grupo. Há outras causas para o problema de Clapton, entretanto. Como abuso de certas drogas, ferimentos, outras doenças ou, mais uma vez, a idade que chega.

Clapton envelhece mas é duro na queda. Sobreviveu à rejeição materna, passou pela fase das drogas pesadas entre a juventude e a meia-idade e a perda de um filho pequeno, em 1991. Aos 72 anos, ainda encanta audiências mundo afora. Em 2016 a Guitar World (12/6) avisou que ele declarou à revista Rolling Stone que não faria mais turnês depois dos 70 anos e pretendia aposentar-se. “Viagem é dificuldade”, explicou ele. O guitarrista acrescentou que depois dos 70 anos faria apenas shows isolados. A idade chegou para Eric Clapton e muitos de sua geração. Talvez ele no momento não se sinta muito bem ao envelhecer, mas poderia ser pior. Para outros companheiros de sua geração no meio musical, a velhice jamais chegará. Clapton é um homem de sorte, e o mundo inteiro ganha com isso.

Redação

10 Comentários

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  1. É lamentáel do ponto de vista

    É lamentáel do ponto de vista humanitário, mas como sempre há um lado positivo, é um ianque a menos para tirar espaço dos artistas brasileiros.

    1. Que comentário absurdo,

      Que comentário absurdo, criminoso. Desejar o mal por causa de origem nacional, seja quem for, uma criança do Sudão ou um gênio britânico, não importa. Se livre dessas toxinas mentais ou cale-se! Imb….! E quem lhe disse que a morte de um “ianque” (olha a xenofobia), vai abrir espaço para um brasileiro? Acorda pra vida…. taquepá….

  2. e tem ainda

    E tem ainda o amor conturbado  e “algo traicoeiro” com a mulher do George Harrison. Na verdade, não parece ter tido uma vida boa ou, pelo menos “amena”‘.

  3. Como fam do Eric Clapton não
    Como fam do Eric Clapton não poderia deixar de compartilhar esta notícia. Que ainda tenhamos sua presença entre nós.

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