Bolsonaro estará em “fórum anti-Davos” de Steve Bannon, sobre “nacionalismo e supremacia branca”

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Enquanto magnatadas reunidos no Fórum Econômico Mundial de Davos tendem a discutir o risco do populismo na América e em países da Europa, Steve Bannon reúne representantes da extrema-direita em um evento paralelo. Na pauta do guru de Trump, supremacia branca, ultra-nacionalismo, defesa da família tradicional contra a “ideologia de gênero”. Bolsonaro, é claro, “se inscreveu” para o anti-Davos, revela jornalista do La Vanguardia
 
 
Jornal GGN – Jair Bolsonaro aproveitará a viagem ao Fórum Econômico Mundial de Davos para dar uma escapadinha e participar de um evento que tem as digitais do guru da extrema-direita internacional, Steve Bannon. É o que revela o jornalista do La Vanguardia, Andy Robinson, em artigo publicado em seu blog, o Diário Itinerante, no último dia 19.
 
Andy foi barrado em Davos oficial neste ano porque se indispôs com parte da elite econômica que circula no local após a publicação de um livro que revela os bastidores do Fórum – ele concedeu uma entrevista exclusiva ao GGN, em 2015, para falar disso. E, dessa vez, tampouco irá ao evento de Bannon porque, além de indesejados, lá os jornalistas correm o risco de “levar uma boa surra”, afirmou.
 
Segundo Andy, Bannon ajudou a organizar um “evento alternativo” ao Fórum de Davos, e mantém a data fora do conhecimento da imprensa.
 
O “anti-Davos” é um encontro da cúpula do Movimento, grupo criado por Bannon para fortalecer a ascensão da extrema-direita ao redor do mundo.
 
A conferência está a cargo do belga e “sócio” de Bannon, Michael Modrikamen. “Líderes desta nova extrema-direita [crescente na Europa] – certamente haverá representante da VOX [partido espanhol] – serão apresentados como defensores dos valores da pátria contra os globalistas de Davos.” 
 
Bannon, pessoalmente, fará parte de uma agenda que defende “os valores da tradicional família branca, com olhos azuis e cabelos bem arrumados, contra as perversões da ideologia de gênero e a imigração descontrolada.” De acordo com Andy, “Bolsonaro se inscreveu” neste debate.
 
No anti-Davos, o Brexit, por exemplo, será celebrado por seu caráter nacionalista. Enquanto isso, no Fórum de Davos, os magnatas falarão contra o Brexit.
 
No evento oficial, os “representantes cosmopolitas da comunidade internacional de ricos farão um esforço corajoso para defender a globalização, o liberalismo e a democracia: uma sociedade aberta diante da perigosa invasão, na política europeia e americana, dos novos populismos nacionalistas e iliberais [democracia liberais com doses de autoritarismo]”.
 
“(…) Davos reivindicará mais do que nunca um mundo diversificado, multicultural e tolerante com todas as minorias”, incluindo na programação discussões sobre o movimento feminista #MeToo e a discriminação contra a comunidade gay.
 
Apesar disso, Andy ressaltou que, em Davos, “ninguém vai se opor a ouvir um Jair Bolsonaor que, diferente de outros representantes da nova direita intolerante, é um neoliberal que já entregou as rédeas da política econômica do País para um gestor de fundos de investimentos chamado Paulo Guedes. Guedes é um chicago boy ultraliberal, que se encaixa perfeitamente no perfil do financista global que frequenta Davos. Com Guedes no comando da política econômica, Davos fechará os olhos quando Bolsonaro proibir a ‘ideologia de gênero das escolas’ ou classificar homossexuais como uma aberração.”
 
Andy, ao final, escreveu que não participará de nenhum dos dois fóruns. Em Davos não entrará por causou “tensões” decorrentes do livro “Um repórter na Magic Mountain”, sobre a hipocrisia e os bastidores do Fórum. E no evento com dedos de Bannon tampouco entrará porque “eles não só vetam um jornalista que não lhe cai bem, como lhe dá uma boa surra.”
 
“De qualquer forma, para a saúde mental, decidi que é melhor manter uma distância segura tanto do Davos globalizado quanto do anti-Davos da ultra-direita não globalista. Ambos são altamente tóxicos.”
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

4 Comentários

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  1. Interessantes estes encontros

    Interessantes estes encontros em que cada um diz que o seu país é o melhor. 

    E não sai briga. 

    Deve ser pq cada um defende a sua elite em seu quintal. 

    Ou pq riem um bocado.

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