Com violência na Líbia, Estados Unidos desocupa embaixada

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Depois de duas semanas de confrontos entre ex-guerrilheiros rebeldes, os Estados Unidos desocupou a sua embaixada na capital Trípoli. A equipe diplomática foi transportada com segurança militar até a fronteira com a Tunísia. A informação é do Departamento de Estado norte-americano.

Enviado por Rodolfo Machado

Da Reuters

EUA evacuam embaixada da Líbia após escalada de violência em Trípoli

TRÍPOLI (Reuters) – Os Estados Unidos desocuparam sua embaixada na Líbia neste sábado, transportando o sua equipe diplomática sob pesada proteção militar até a fronteira com a Tunísia, devido à escalada de conflitos entre milícias rivais em Trípoli, afirmou o Departamento de Estado norte-americano. 

A segurança na capital líbia tem piorado nas últimas duas semanas de confrontos entre brigadas de ex-guerrilheiros rebeldes, que trocaram tiros de foguetes, canhões e artilharia no sul de Trípoli, próximo à região da embaixada. 

“A segurança tem que vir primeiro. Infelizmente, tivemos que tomar essa medida pois o lugar onde fica a nossa embaixada é muito próximo de onde acontecem intensos confrontos violentos entre facções líbias”, disse a porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos Marie Harf em um comunicado. 

Caças F-16 e aeronaves Osprey providenciaram a segurança da equipe na viagem de cinco horas para a Tunísia, e não houve nenhum incidente. 

A Organização das Nações Unidas (ONU) já retirou seus funcionários do país norte-africano, e a Turquia suspendeu as operações de sua embaixada por causa da violência em Trípoli. 

A Turquia removeu cerca de 700 funcionários do país, afirmou o Secretário de Estado norte-americano, John Kerry, a jornalistas na casa do embaixador norte-americano em Paris, antes de uma reunião com diplomatas do Catar e da Turquia no Oriente Médio. 

A porta-voz do Departamento de Estado disse que o corpo diplomático deve retornar a Trípoli quando a cidade for considerada segura. Até lá, as operações serão conduzidas de algum outro lugar na região, e de Washington. 

Os confrontos pelo controle do aeroporto internacional de Trípoli são os últimos de uma série de combates entre grupos de ex-guerrilheiros que já lutaram lado a lado contra o ex-líder do país Muammar Gaddafi, mas que agora disputam o controle de regiões do país.

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. and the Winner is:

    O “IMPÉRIO DO CAOS”…

    Afeganistão, Iraque, Egito, Líbia, Síria… Venezuela, Brasil…

    implantam a destruição, grantem seus interesses economicos e deixam o CAOS atrás de si.

    Terríveis EEUU, terríveis. O gigante da diplomacia do big stick!

  2. E então…………………

    Porque estão fugindo, se foram eles mesmos que derrubaram o governo de Kadaf, e implantaram este caos!

    Será que já saquearam o suficiente e agora querem mais é que se matem numa luta fraticida!

    Depois vem com o lenga-lenga de que estão implantando a democracia ocidental naqueles paises, quando na realidade não enganam mais ninguem, a não ser os trouxas, de que se servem!

    Para finalizar, não são tão herois como o cinema os enaltece, pois ao invés de usarem soldados próprios, utilizam para desestabilizarem governos hostis, esquadrões de mercenários sanguinários!!!

    Democratas……, fazem-me rir!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

     

  3. Capitalismo, violência e decadência sistémica

    Duas considerações, primeiro, a mais de um ano o Nassif elevou a post um texto do Voz da Rússia que eu postei no fora de paute sobre a “somalização” da Líbia,  https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/libia-vive-processo-de-somalizacao, na época os defensores desta visão de mundo americana desacreditaram o texto, que na verdade se mostrou profético, alias, que fique claro aos progressistas do blog que a defesa dos valores americanos feita por alguns comentaristas aqui no blog, especialmente na questão da Ucrânia, é a defesa do caos perpetrado por uma potencia decadente que  almeja a terceira guerra mundial, como vem insistindo Paul Craig Roberts em seus textos, para não admitir o fracasso de sua economia movida a inúteis injeções de dinheiro sem lastro.

    Segundo, um texto brilhante de Jorge Beinstein postado no Resistir.info, http://resistir.info/crise/beinstein_violencia_jun14.html,  elucida a questão do caos, ele se tornou realmente proposital, não mais interessa colonizar e implantar governos fantoches, o caos é proposital, o maior exemplo é a própria Libia.
    Acredito que este texto de Jorge Beinstein merece uma reflexão mais aprofundada, como já postei ele no fora de pauta segue um trecho relevante:

    …Estas intervenções quando têm “êxito”, como na Líbia ou no Iraque, não concluem com a instauração de regimes coloniais “pacificados”, controlados por estruturas estáveis, como ocorria nas velhas conquistas periféricas do Ocidente, e sim com espaços caóticos dilacerados por guerras internas. Trata-se da emergência induzida de sociedades-em-dissolução, da configuração de desastres sociais como forma concreta de submetimento, o que coloca a dúvida acerca de se nos encontramos diante de uma diabólica planificação racional que pretende “governar o caos”, submergir as populações numa espécie de indefensão absoluta convertendo-as em não-sociedades para assim saquear seus recursos naturais e/ou anular inimigos ou competidores… ou, ao contrário, trata-se de um resultado não necessariamente buscado pelos agressores, expressão do seu fracasso como amos coloniais, da sua alta capacidade destrutiva associada à sua incapacidade para instaurar uma ordem colonial (“incapacidade” decorrente da sua decadência económica, cultural, institucional, militar). Provavelmente encontramo-nos diante da combinação de ambas as situações.

    Também é possível supor que o Império, na sua decadência, se encontra prisioneiro de um emaranhado de interesses políticos, financeiros, mafiosos… conformando uma dinâmica auto-destrutiva imparável que o obriga a desenvolver operações irracionais se observamos o fenómeno com um certo distanciamento histórico, mas completamente racionais se reduzimos a observação ao espaço da razão instrumental directa dos conspiradores, ao seu micromundo psicológico (a razão da loucura como razão de estado ou astúcia mafiosa impondo-se à racionalidade no seu sentido mais amplo, superior)…

     

  4. Um Al-Sisi para Libia ?

    Será que existe ? Ou um novo “Khadafy ” ? Existe a “Libia ” ?

     A libia enquanto Estado, somente existiu pela força bruta de Khadafy, um assassino, ditador, estrupador, déspota – um criminoso – mas manteve aquele vasto território de enclaves tribais, unido sob um unico governo centralizado. ( os métodos utilizados, incofessáveis e tenebrosos, por décadas foram aceitos )

     Libia, não existe – é uma criação européia – americana, de 1951, são três regiões distintas, historicamente e culturalmente, todas antagonicas: Tripolitania, Cirenaica e Fezzan, dominadas por clãs tribais, a Libia é bem retratada no site: http://www.davidblink.com/QTW/pages/resources/glossary.aspx

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