Corpo de Mandela deixa Pretória e segue para Qunu, onde será enterrado amanhã

Por Danilo Macedo

Da Agência Brasil

 
O corpo de Nelson Mandela segue de avião para Qunu, onde será enterrado amanhã (15). Ele deixou Pretória às 8h de hoje (14), horário de Brasília. Ainda na base aérea, parentes, amigos e autoridades prestaram mais uma homenagem , organizada pelo Congresso Nacional Africano, partido pelo qual Mandela foi presidente. Durante a cerimônia, o caixão ficou coberto pela bandeira do partido. Mandla Mandela, neto do ex-presidente e responsável por acompanhar o caixão com o corpo, homenageou o avô e disse que o futuro da África do Sul é brilhante. 
 
Durante os três dias em que ficou exposto no Union Buildings, o palácio do governo da África do Sul, cerca de 100 mil pessoas passaram pelo local. As estimativas iniciais do governo eram menores, mas foram atualizadas depois de constatarem que, somente no último dia de visitação, mais de 50 mil pessoas foram prestar homenagens ao ícone da luta contra o apartheid.
 
Para quem esteve no local nos três dias, era visível o número maior de pessoas deixando ontem (13) o palácio a todo momento, após de passar ao lado do caixão. Muitas choraram por não conseguir se despedir e agradecer, no Union Buildings, ao ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1993. Quem teve esse privilégio se emocionou muito.  Para o cumprimento da programação da cerimônia, a visitação foi encerrada todos os dias por volta das 17h30.
 
O governo da África do Sul reiterou seu apreço à população de todo o país que foi a Pretória para dar o último adeus a Mandela. Também agradeceu à espera paciente na fila, que chegou a passar de seis horas, e compreensão de que havia um limite de tempo diário no qual o corpo podia ficar exposto, assim como limite de pessoas para serem suportadas no local.
 
“A expressão de amor e apoio trouxe imenso conforto à família e aos que amam Tata Madiba”, expressou o governo por meio de nota. O enterro do Mandela acontecerá na manhã deste domingo, na fazenda da família, em Qunu, no Sudeste do país. Apenas parentes e convidados participarão da cerimônia fúnebre.
Redação

3 Comentários

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  1. [ talvez… ] o que importa de verdade! seja ser criança de novo

    [ talvez… ]

    – nisso tudo do reconhecimento e.s.p.e.t.a.c.u.l.a.r planetário memorial do heroi negro Mandela – seja então, esta notícia de seu retorno sagrado à terra natal Qunu, o que mais importa na vida de verdade! ao Madiba, que mandou bem! na vida político-social entre homens de bem e do mal:

    [ talvez… ]

    seja o retorno feliz para ser criança de novo…e brincar e despertar

    lá na sua infância natal na sua encantada profunda quântica mãe áfrica

    [ talvez… ]

     

    A vida

    Não vale a pena e a dor de ser vivida.

    Os corpos se entendem mas as almas não.

    A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

     

    Vou-me embora pra Pasárgada!  [ Qunu! ]

    Aqui eu não sou feliz.

    Quero esquecer tudo:

    – A dor de ser homem…

    Este anseio infinito e vão

    De possuir o que me possui.

     

    Quero descansar

    Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei…

    Na vida inteira que podia ter sido e que não foi.

     

    Quero descansar.

    Morrer.

    Morrer de corpo e alma.

    Completamente.

    (Todas as manhãs o aeroporto em frente me dá lições de partir.)

     

    Quando a Indesejada das gentes chegar

    Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,

    A mesa posta,

    Com cada coisa em seu lugar.

    Manuel Bandeira – Estrela da Vida Inteira. Poesia Completa.

     

     

     

     

  2. A Vida e a Obra de Mandela

    Nassif,

    Acho que vale um post o artigo do Paulo Nogueira na Carta Maior. Segue:

    A maior lição de Mandela, segundo Zizek

    O melhor artigo que li sobre Mandela foi de Slavoj Zizek, e foi publicado no Guardian. Zizek saiu dos lugares comuns e produziu um texto que faz pensar.

    Paulo Nogueira

    O melhor artigo que li sobre Mandela foi de Slavo Zizek, e foi publicado no Guardian. Zizek saiu dos lugares comuns da beatificação ubíqua de Mandela, e produziu um texto que faz pensar.

    Seu ponto central é que Mandela só foi aplaudido por todo mundo, incluídos aqueles que queriam vê-lo enforcado, porque, paradoxalmente, fracassou.

    O fracasso de Mandela, nota agudamente Zizek, está estampado na abjeta desigualdade social que persiste na África do Sul, a despeito do fim do apartheid.

    No campo das especulações, Zizek atribui ao malogro no combate à iniquidade a “amargura” de Mandela em seus últimos anos de vida.

    Um dos mais aclamados biógrafos de Mandela, o jornalista inglês John Carlin, admitiu em sua eulogia de Mandela que em sua presidência de cinco anos ele fez bem menos do que se presumia que fizesse para a construção de uma sociedade economicamente mais justa.

    Onde ambos, Zizek e Carlin, divergem é na explicação para o avanço social tímido da África do Sul sob Mandela.

    Para Carlin, ele manobrou com cuidado para evitar uma guerra civil entre brancos e negros.

    A hipótese de Zizek me parece mais interessante. Mandela, de acordo com sua interpretação, viveu o drama das esquerdas contemporâneas, em toda parte: ao chegar ao poder, elas como que se acovardam, sob o pavor de serem punidas pelo assim-chamado “Mercado”, seja isso o que for.

    No fim, as esquerdas no poder acabam mudando, elas mesmas, mais do que o mundo que deveriam chacoalhar. Em vez de moldar uma nova ordem, elas se moldam à velha.

    Até no plano simbólico: barbas são aparadas, os guarda-roupas se renovam com o que há de mais caro na praça, a retórica passa a ser de conciliação – e por aí vai.

    É como se a esquerda se desculpasse por ser de esquerda e garantisse ao “Mercado”, de joelhos, que nada será feito muito diferente do que a direita faria.

    Não é preciso muito esforço para associar a visão de Zizek ao Brasil comandado pela esquerda nos últimos dez anos.

    O que foi a Carta aos Brasileiros senão a promessa de que nada de muito diferente seria feito? E Henrique Meirelles no Banco Central?

    “Não mordo”, o PT estava dizendo para a plutocracia.

    E de fato não mordeu. Lula fez questão, no correr de sua presidência, de dizer que nunca os empresários tinham ganhado tanto dinheiro.

    É uma verdade doída, sob o ponto de vista dos 99%, para usar a grande divisa do movimento Ocupe Wall St.

    Num país em que o 1% fez do Estado uma fonte inexaurível de mamatas e negociatas, algo de que surgiu uma das sociedades mais iníquas do mundo, não é exatamente animador que num governo de esquerda os mesmos de sempre continuassem a ganhar tanto ou mais do que sempre ganhavam.

    O espantoso, no caso brasileiro, é que a resposta da direita à conciliação e à moderação primeiro de Lula e depois de Dilma não foi um agradecimento ainda que discreto. Foi um ataque brutal ao governo, comandado por uma mídia que simplesmente abandonou o jornalismo para tentar repetir o que fez em 1954 e 1964.

    Nas duas ocasiões, a mídia buscou os generais para fazer o serviço. Desta vez, uma vez que os generais como administradores se desmoralizaram inteiramente depois do caos que promoveram em todas as esferas, a mídia tentou os juízes.A maior lição de Mandela, aplicada ao Brasil, talvez seja a seguinte: para fazer sentido, a esquerda tem que ser de esquerda.

     

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