Discurso de Bolsonaro na ONU busca amenizar crise diplomática, mas poderá aprofundar

Mandatário insistiu em discursar e espera-se que um tom de rebater as críticas de sua atuação na Amazônia e alegando "soberania nacional"

Foto: Adriano Machado/Reuters

Jornal GGN – A grande expectativa sobre o discurso de Jair Bolsonaro na ONU, durante a 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas, se dá em momento de crise das relações internacionais do Brasil com o mundo. Após o mandatário insistir em manter a agenda, mesmo após passar por uma cirurgia de correção de hérnia, espera-se que o discurso seja fortemente no tom de seu conceito de “soberania nacional” e em confronto aos que criticaram a atuação do presidente nas queimadas da Amazônia.

Bolsonaro embarcou na manhã de hoje (23) para Nova York, nos Estados Unidos, ele será o oitavo mandatário a apresentar seu pronunciamento na ONU. Historicamente, desde 1949, o Brasil é convidado a abrir o debate da Assembleia Geral, o que não ocorrerá com o governo de Bolsonaro.

A crise diplomática foi desencadeada, entre outras razões, pela crise ambiental, incluindo declarações do mandatário sobre o aumento das queimadas na Amazônia, o que ele sugeria para reduzir os impactos ambientais (em frases polêmicas como sugerir “fazer cocô dia sim, dia não” para reduzir a poluição), os incentivos a fazendeiros a promover o “dia do fogo”, e a tentativa de omitir os dados sobre o aumento dos focos de queimada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), chegando a demitir o diretor Ricardo Galvão.

Mas as ofensivas de Bolsonaro extrapolaram o campo nacional, atacando diretamente outros países, primeiramente a Alemanha e a Noruega que são os principais financiadores do Fundo Amazônia, depois retrucando as críticas do presidente da França, Emmanuel Macron, que alertou para os riscos contra a Amazônia e o mandatário brasileiro chegou a ofender a esposa do político, Brigitte Macron; e elogiando a ditadura do Chile que torturou o pai da ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet, que hoje é Alta Comisária de Direitos Humanos na ONU, entidade que emitiu relatório alertando para os retrocessos em temas de direitos humanos.

A postura de Bolsonaro, não somente para as problemáticas internas do Brasil, mas também gerando polêmicas a nível internacional, demarcou uma crise diplomática, fazendo o país ser mal visto junto a lideranças em diversos países. Nesse cenário, o discurso de Bolsonaro poderá enfatizar o teor polêmico do mandatário, acarretando na piora da crise de relações internacionais, ou tentar amenizar sua imagem para o mundo.

Por isso, é alta a expectativa sobre o tom que será adotado em sua fala amanhã. Em uma transmissão ao vivo nas redes sociais na semana passada, Bolsonaro adiantou algumas de suas manifestações, afirmando que “está na cara” que ele será cobrado por outros chefes de Estado sobre a questão ambiental, e que deve ter uma posição defensiva relacionando à defesa da soberania, mas disse que não irá “fulanizar” ou “apontar o dedo para nenhum chefe de Estado”.

Por outro lado, o presidente do Brasil irá rebater as críticas de sua postura em meio à destruição da Amazônia e, para isso, tentará convencer que se preocupa com o desenvolvimento sustentável, mas deverá enfatizar suas intenções no fortalecimento do agronegócio, que é uma das causas dos incêndios.

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Redação

9 Comentários

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  1. Este nosso presidente (?) adolinquente mitosco que nos envergonha de forma inédita e planetária, tem o CINISMO de mencionar uma situação anterior de RESPEITO mundial pelo nosso COMPROMISSO AMBIENTAL (que não é perfeito pois nosso banditismo ruralista é alto), construído por governos anteriores responsáveis, a que ele mesmo se opõe e quer destruir.
    Ou seja, arrota vantagem construída por PREDECESSORES (aos quais critica) e que ele mesmo quer descaradamente destruir agora (e está, de fato!).
    Além disso, traz à tona uma discussão de soberania que, embora sempre tenha existido de forma velada, só entra em discussão aberta caso nos mostremos incompetentes dela cuidarmos.
    Pior, seus planos, como em Alcântara, incluem não o aproveitamento soberano ou pela multiplicação de parcerias internacionais sob nosso controle, mas a cessão da exploração (em detrimento da floresta) à um único país, em uma sociedade “caracú”, onde eles entram com a cara e nós …
    …com o olhar…

  2. Quem é a indígena fashion Ysani Kapalalo que Bolsonaro vai levar à ONU?

    1) Segundo a Folha de hoje:
    “A participação da índia na viagem aos EUA, porém, é alvo de contestação de um grupo de defesa de direitos indígenas. A Atix (Associação Terra Indígena Xingu) afirma em nota divulgada neste sábado (21) que Ysani não foi indicada por nenhuma entidade representativa para compor a comitiva do governo e acusa o Planalto de desrespeitar “povos e lideranças indígenas renomados do Xingu.”
    Apoiadora de Bolsonaro desde a campanha eleitoral, Yasani diz ser da aldeia no Parque Indígena do Xingu, mas a Atix declara que a índia é “residente e domiciliada em Embu das Artes”, na Grande São Paulo.”
    No texto assinado por 14 caciques, a associação diz que a índia “vem atuando nas redes sociais para ofender e desmoralizar as lideranças e o movimento indígena no Brasil.”

    2) No Facebook do jornalista M.A. Piva, uma amiga dele absolutamente séria e idônea, que conhece profundamente os indígenas do Xingu, comentou:

    “Piva, vc sabe alguma coisa sobre esta garota? eu sei, fui sua vítima, Waldemar , grande pintor já falecido e indigenista tb foi. …o Xingu inteiro tb é sua vitima….Esta garota é o que há de pior na raça branca…sim, branca, pq ela juntou em si mesma o que temos de mais baixo e mais canalha, o que temos de mais desonesto. Já teve parente dela que se suicidou de vergonha do que ela faz… Nasceu em SP, vive em Embu das Artes, embora seja de origem xinguana. Tem historia dela que não acaba mais…todo dia eu descubro uma barbaridade nova. Está rolando um documento de repúdio sobre sua participação na ONU assinada por todos os caciques do Xingu.eu publiquei o documento e fiz comentários sobre o caso no meu perfil…E fala- se que ela recebeu uma boa grana de Bolsonaro para fazer aquele vídeo em que declara que as queimadas são provocadas pelos indígenas.”
    E continua: ” Reforço – ela nasceu em São Paulo e mora em Embu das Artes…nunca morou no Xingu…sua família veio de lá fugida por causa de conflitos locais, segundo ela mesma me relatou.”

    Ou seja, uma fraude, como tudo nesse “governo”.

  3. O presidente adolinquente mitosco, como toda “boa” cédula de 3 reais, qualquer dia desses vai estar acompanhado publicamente pelo Hélio Negão, por essa índia urbana, por um transexual skinhead e um mendigo (por ex. aquele foragido do Pânico).
    Sim, por 45 a 55%, nós merecemos …

  4. Enquanto (tudo) isso, lê-se no portal Ig que neste agosto, o desmatamento cresceu 67% e a degradação 675%.
    Enquanto o mundo discute esta aberração presidencial brasileira, ele vai “criando o fato de fato”.
    Tem o idiota passivo, o ativo e o HIPER-ATIVO.
    Em qual destas 3 opções cabe nosso (?) presidente (?) adolinquente?

    PS: no mesmo portal, lê-se que nosso (?) sinistro da edukassão declara: “onde houver balbúrdia, vamos para cima!”.
    Tamufú…

  5. ” Historicamente, desde 1949, o Brasil é convidado a abrir o debate da Assembleia Geral, o que não ocorrerá com o governo de Bolsonaro.”
    Em menos de um ano de mandato o palhaço sem-graça e neofascista conseguiu fazer o Brasil virar um paria internacional. O que sera com os três anos e tanto restantes…

  6. Se esta rotina diplomática for efetivamente alterada, não seria somente uma demonstração por parte da Dir. da ONU, do descontentamento da maioria dos seus membros, com a postura do governo brasileiro(em todos os níveis, e principalmente no que concerne à Amazônia) mas a retirada do Brasil, do protagonismo no qual sempre estivemos, e uma completa desmoralização da nossa participação neste 74a Reunião dos países membros.

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