Discurso de Janet Yellen agrada economistas

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – Um dos eventos mais esperados ao longo da última semana foi o discurso da presidente do Federal Reserve (o Banco Central dos Estados Unidos), Janet Yellen (foto), na conferência de bancos centrais realizada em Jackson Hole, nos Estados Unidos. Se por um lado ela tinha de se desvencilhar da imagem de seus antecessores, como Ben Bernanke, o início do ciclo de alta dos juros não deve começar tão cedo, e alimentar o tema não seria algo muito positivo. E, na visão dos analistas, ela conseguiu atender as expectativas. 

Segundo o jornal britânico Financial Times, “ela resolveu o dilema com um discurso técnico sobre o mercado de trabalho, que pouco diz diretamente sobre a política monetária, mas que tem implicações políticas importantes”. Para o periódico, “ela deu mais peso às possíveis mudanças estruturais no mercado de trabalho, e apontou para o perigo de que o ajuste dos juros comece tardiamente, ou muito cedo”. O pronunciamento também destacou o grau de incerteza sobre quando os juros terão de subir, o que levantou a hipótese de que eles podem precisar ser ajustados mais cedo do que o esperado.

 Ao mesmo tempo, informações da agência de notícias Reuters falam sobre a preocupação entre algumas autoridades do Federal Reserve quanto ao nível de estímulo de política monetária do Banco Central do país. Ao mesmo tempo em que a taxa de desemprego do país tem caído em ritmo mais rápido do que o esperado, Yellen disse que os problemas econômicos apurados no país ao longo dos últimos cinco anos deixaram muitas pessoas fora do mercado de trabalho, ou então alocados em vagas de meio período – e ambos os casos não são capturados pelos indicadores de desemprego. 

Julgar se a economia está perto do pleno emprego é algo “complicado pelas mudanças contínuas na estrutura do mercado de trabalho e a possibilidade de que a recessão severa tenha provocado mudanças persistentes no funcionamento do mercado de trabalho”, disse Yellen. “Avaliações do grau de ociosidade remanescente no mercado de trabalho precisam se tornar mais diversificadas devido à incerteza considerável sobre o nível de emprego consistente com o duplo mandato do Federal Reserve” de preços estáveis e pleno emprego, completou ela, ressaltando que, como a economia norte-americana perto dos objetivos estipulados, a ênfase do FOMC (Comitê Federal de Mercado Aberto) passa a questionar o grau de folga restante, a rapidez com que os juros devem começar a subir e, desta forma, abordar “a questão das condições em que devemos começar a retroceder com nossa acomodação”. 

Em linhas gerais, pode-se dizer que o discurso de Yellen tentou capturar o dilema vivenciado pela autoridade monetária. Ao mesmo tempo em que admitiu o risco de o Federal Reserve em ter errado na sua interpretação do grau de ociosidade no mercado de trabalho e possa ajudar os juros mais rápido que o esperado, ela disse que também existe uma chance de que a economia decepcione ou de que trabalhadores afastados possam retornar à força de trabalho, aliviando qualquer pressão inflacionária. “Não existe receita simples para uma política apropriada”, disse, pedindo uma postura “pragmática” que dê às autoridades espaço para avaliar dados conforme eles chegam, sem se comprometerem com um caminho pré-determinado. 

Em meio ao aumento dos debates sobre o mercado de trabalho norte-americano, o Federal Reserve tem mantido suas taxas de juros perto de zero desde dezembro de 2008, e tem sinalizado com alguma frequência que vai esperar “um tempo considerável” depois de finalizar o programa de compra de títulos em outubro antes de começar com os ajustes. O período em que esse ciclo vai começar tem preocupado principalmente os mercados que tem obtido rendimentos maiores, como o Brasil, diante da possibilidade de fuga de capital para os Estados Unidos quando os juros começarem a subir.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

7 Comentários

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  1. O Banco Central discutindo a

    O Banco Central discutindo a estrutura do mercado de trabalho, tema simplesmente proibido para os neoliberais brasileiros.

    Não veremos Armínio Fraga, Giannetti e André lara resende considerando o mercado de trabalho em suas propostas de política monetária.

    1. Faça o que eu digo mas, não

      Faça o que eu digo mas, não faça o que eu faço!

      O Estado Estadunidense  é Keynesiano e, esses mensageiros do inferno esconde o fato.

      Enquanto isso, marina silva se esquiva do caixa 2 do PSB – Jatinho invisível  do SPACE GHOST

  2. Ótimo discurso. Escorregou

    Ótimo discurso. Escorregou legal pelo meio de tudo sem mexer em nada e sem desagradar a ninguém! Uma enrolação absolutamente genial, que consegue ganhar para cada ator do sistema um pouquinho mais daquilo que todo o sistema deseja ardentemente: Tempo. Mais um pouco de tempo para tentar respirar.

  3. a autoridade estaduinidense

    a autoridade estaduinidense falando em desemprego e os ventríloquos e seus seguidores daqui ancorados na grande mídia e nos sórdidos meandros do capitalismo selvagem da avenida paulista exigindo menor consumo e diminuição do pleno emprego no brasil.

    é o contrasenso lógico elevado à categoria de proposta economica para  a oposição.

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