Especialistas temem efeito gerado pela reação do Brasil sobre espionagem dos EUA

Jornal GGN – Especialistas em políticas de segurança e internet temem que as medidas implementadas pelo governo brasileiro como reação às denúncias de espionagem da NSA (Agência de Segurança Nacional), no sentido de proteger a população, possam causar um tipo de fragmentação geográfica, isolando o país da grande rede. Eles receiam que governos repressivos sigam o mesmo rumo, ampliando o poder sobre as comunicações digitais e minimizando um cenário de uma rede global com interferência mínima de governos.

Bruce Schneier, especialista em segurança digital, afirma que a reação brasileira é racional e compreensível frente à espionagem internacional sobre o governo e a população, mas acredita que as medidas brasileiras “provavelmente” vão incentivar nações de caráter totalitário a exercer maior controle sobre a internet de seus cidadãos. Schneier cita como exemplos Rússia, China, Irã, Síria, Tunísia e Egito. “A reação mundial está apenas começando, e vai ficar muito mais grave nos próximos meses”, afirma Sascha Meinrath, diretor do Open Technology Institute, entidade baseada em Washington e ligada à New America Foundation. “Essa noção de soberania nacional de privacidade vai ser um problema cada vez mais saliente ao redor do globo”, diz.

Medidas

Entre as medidas anunciadas pela presidente Dilma Rousseff estaria o desligamento da rede brasileira das redes norte-americanas, além de tentar fazer com que empresas e serviços internacionais mantenham os dados de usuários brasileiros em servidores instalados em solo nacional. Essa segunda medida poderia gerar um cenário que tornariam “inoperáveis” os aplicativos de software mais populares.

No fim do mês, durante a Assembleia Geral da ONU (Organização das  Nações Unidas), Dilma deve pressionar por novas regras internacionais sobre privacidade e segurança em hardware e software. Segundo os especialistas, a reação brasileira está sendo a “mais agressiva” do que a de qualquer outra nação – já que mais de 80% da pesquisa on-line, por exemplo, é controlada por empresas norte-americanas. E a maior parte do tráfego digital do Brasil passa pelos Estados Unidos.

Por isso, o governo brasileiro pretende lançar cabo submarino de fibra óptica diretamente para a Europa e criar um link para todas as nações da América do Sul, o que poderia livrar a rede de espionagem dos EUA. Além disso, o lançamento de um satélite para 2016, tanto para tráfego militar quanto civil, com apoio de países parceiros, é outra medida com a mesma finalidade.

Dados armazenados no Brasil

Caso passe a vigorar a medida para obrigar serviços como Facebook, Google e outras companhias de armazenar os dados geradeos pro brasilerios em servidores fisicamente instalados no país, os especialistas temem a multiplicação de gastos, inviabilizando o serviço por aqui. E são justamente os brasileiros que estão entre os usuários mais frequentes em redes sociais como Facebook, Twitter e YouTube. Outra potencial medida do Brasil seria criar um serviço de e-mail alternativo e criptografado. Denúncias vazadas pelo ex-agente da NSA, Edward Snowden, revelaram que Gmail e Yahoo colaboravam com as espionagens.

Segundo a agência de notícias Associated Press, “o Brasil pretende aumentar suas conexões independentes de internet com outros países” e, em especial, com a Europa, já que haveria um “entendimento comum” entre o país e a União Europeia sobre a privacidade de dados. A agência informa que “as negociações estão em andamento na América do Sul para a implantação de ligações terrestres entre todas as nações”.

“Socialismo soviético” digital

Por outro lado, os especialistas afirmam que uma rede mais rigorosa não será totalmente segura e que, do mesmo modo que usuários brasileiros vão encontrar formas de “driblar” o controle estatal, os espiões também o farão. Assim, a instalação de cabos para a Europa não tornaria o Brasil mais seguro em termos de inviolabilidade de informações, já que eles dizem que a NSA tem violado cabos de telecomunicações submarinos durante décadas.

Sascha Meinrath e outros especialistas dizem que o melhor caminho seria a criação de leis internacionais mais fortes para garantir a privacidade online. Matthew Green, outro especialista em segurança de computadores, diz que o Brasil não vai se proteger contra a intrusão ao isolar-se digitalmente, além de, com as medidas, desencorajar a inovação tecnológica ao recomendar que a nação inteira use um serviço de e-mail criptografado patrocinado pelo Estado. “É como uma espécie de socialismo soviético da computação”, diz, acrescentando que o modelo dos EUA “livre para todos” funciona melhor.

Com informações do Phys.org

Redação

18 Comentários

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  1. espionagem

    deixa eu ver se entendi: somos espionados pelos EUA e quando tomamos providencias para nos proteger estamos desencorajando a inovação tecnologica ? O contrário é o mais provavel pois estaremos desenvolvendo sistemas de proteção próprios…

    francamente…haja paciência !!

  2. E qual a soluçao que o especialista propoe?

    A questao é simples: nao dá pra nao se proteger e ficar quieto qdo assuntos internos do governo tornam-se objeto de espionagem seja de quem for.  Se os governos tomarem atitudes pra coibir a farra, o poder americano vai sofrer um revés. Por outro lado, a questao me parece mais simples de resolver a partir de uso de tecnologia propria para criptografar os dados e de uma rede alternativa que interligue paises nao alinhados ao imperio. E o governo brasileiro precisa urgentemente de uma politica de TI que resguarde nossas informaçoes, especialmente com o uso de sistemas operacionais livres (como o Linux). Mas se depender da inoperancia do marido da gleisi, os americanos podem ficar tranquilos…

  3. O piadista

    Esse tal de Schneier só pode ser um piadista, senão vejamos. Os EUA montam uma megarrede de controle, não só sobre seus cidadãos, como sobre cidadãos, estados e empresas pelo mundo afora, e o sujeito sustenta que a posição do Brasil contra a espionagem americana pode levar outros Estados, que ele chama de totalitários, podem dar um passo em direção ao controle dos seus cidadãos, ou seja, o que os EUA fazem e, como disse, ainda controla os de outras plagas! Boazinha essa. Aliás, o que será que o tal de Schneier chama de “totalitários”? Acaso não é uma forma, piorada, de totalitarismo a que o Estado americano aplica? Ou só se pode falar em totalitarismo do ponto de vista, puramente formal, da existência do pluripartidarismo legal? Será que ele enxerga tanta diferença assim entre republicanos e democratas dos EUA? Por acaso essa espionagem ampla, geral e, até aqui, irrestrita, não existe há anos, também nos governos republicanos? Não é uma política de Estado, e não simplesmente do atual partido no poder? Esses especialistas são mesmo especiais.

    1. Pois eh, Brandao.  Eh ate

      Pois eh, Brandao.  Eh ate embarassante ler uma coisa dessas e saber que ela esta sendo apresentada por “um especialista”!

  4. ….  os efeitos ja se fazem

    ….  os efeitos ja se fazem sentir.  a troca do todo poderoso embaixador dos senhores do norte por uma embaixadora. para bom entendedor ficou claro q a ideia é esfriar  o assunto colocando uma mulher, q em principio faria bom par com nossa Presidente.

    mas isso é muito pouco para quem colaborou com o golpe da ditadura de 1964;  para quem manobra quando estamos fechando a compra de avioes da França . eh atitude  de menosprezo ao povo brasileiro espionar a mandataria do país e sua principal empresa estrategica.

    tanto eh q nao conseguiram saber q gente de proprio quadro entraria com metralhas na administraçao da marinha americana para liquidar com alguns puxa-saco.  e olhem q ainda nao interviram na Siria  … teremos outro onze de setembro em breve.

    precisamos de atos mais fortes tipo tributar em 100% as compras feitas pelo povo brasileiro q insite em ir ver tio patinhas.  isso ajudaria em muito as contas externas.

     

  5. Não sei quem é esse tal Bruce

    Não sei quem é esse tal Bruce Schneier, mas ou não conhece nada de redes e mercado de TI ou é “ligeiramente” parcial. Vamos avaliar suas afirmações:

    “Caso passe a vigorar a medida para obrigar serviços como Facebook, Google e outras companhias de armazenar os dados geradeos pro brasilerios em servidores fisicamente instalados no país, os especialistas temem a multiplicação de gastos, inviabilizando o serviço por aqui. E são justamente os brasileiros que estão entre os usuários mais frequentes em redes sociais como Facebook, Twitter e YouTube”

    Concordo que isso talvez aumente o custo de armazenamento e hospedagem para servidores, mas em compensação irá diminuir tremendamente o tráfego, uma vez que o acesso de brasileiros aos dados brasileiros não precisariam passar por cabos submarinos. Considerando que como ele mesmo diz, os brasileiros estão entre os usuários mais frequentes, as empresas tem duas opções: atender à solicitação ou perder os usuários mais frequentes. O que você acha que vai acontecer?

    Na verdade, o ponto fraco dessa medida é que isso não vai impedir que as emrpesas tenham acesso aos dados dos barsileiros, e como são elas que dão acesso às infomações para a NSA, eles vão continuar acessando. Só que para isso vão ter que passar por redes brasileiras, permitindo que nós monitoremos o monitoramento deles.

    O ponto forte é que o custo de hospedagem e armazenamento vai ser gerado no Brasil, pagando impostos e gerando empregos.

     

    “Assim, a instalação de cabos para a Europa não tornaria o Brasil mais seguro em termos de inviolabilidade de informações, já que eles dizem que a NSA tem violado cabos de telecomunicações submarinos durante décadas.”

    Não sei de onde ele tirou essa informação. A NSA não viola cabos, o que, aliás, é técnicamente improvável. Cerca de 95% do tráfego de cabos submarinos passa pelos EUA, e praticamente 100% passam por EUA, Inglaterra ou França, que são “parceiros” de monitoramento. Então não precisam violar nada: os dados estão lá na ponta dos roteadores deles, para serem lidos quando quiserem.

    Aliás, na minha opinião, cabos para a Europa não resolvem nada. Minha sugestão seria propor aos BRICS a criação no anel Sul, ligando Brasil, Africa do Sul, Índia, China e Rússia pelo mar, e se possível fechando o anel com a costa oeste da América do Sul. Dessa forma teríamos a possibilidade de gerar tráfego mundial sem passar por nenhuma rede monitorada pelos americanos. Além de livrar os BRICS do monitoramento, essa medida aumentaria radicalmente a velocidade e disponibilidade de tráfego da Internet, criando rotas redundantes que no futuro poderiam ser utilizadas para a transmissão de informações seguras utilizando múltiplas rotas, quando uma mensagem é criptografada e quebrada em pacotes, que são transmitidos por caminhas diferentes e reunidos somente no destino, inviabilizando completamente qualquer tipo de monitoramente. Essa padrão já está sendo pesquisado hoje em redes NGN, e deve ser implementado sobre IPv6.

     

    “Sascha Meinrath e outros especialistas dizem que o melhor caminho seria a criação de leis internacionais mais fortes para garantir a privacidade online”

    Concordo que leis internacionais seriam boas, mas estamos falando do país que lança ataques de Drones sobre outros países sem a menor preocupação. Porquê eles respeitariam somente as leis da Internet, se não dão a mínima para nenhuma outra?

    De resto, a solução, pelo menos para o governo e as empresas, é criptografar os dados, utilizando certificados digitais gerados por empresas brasileiras, e evitar o armazenamento na nuvem em provedores internacionais, pelo menos para dados sensíveis.

    A época da Internet livre e impessoal já acabou há muito tempo, as pessoas só não deram conta ainda. Agora tudo é “business”, inclusive o terrorismo, cibernético ou não.

     

     

  6. Espionagem americana

    Para começar a tentar resolver o problema da espionagem americana,o primeiro passo é reestatizar todas as empresas telefônicas privatizadas a preço de banana durante o governo do Farol. Assim, ficaria restabelecido o monopólio estatal das telecomunicações, conforme determinava a Constituição Cidadã de 1988. Hoje essas empresas pertencem a grupos econômicos americanos ou a capachos mancomunados aos mesmos. Sugestão: reestatizar pelo preço que pagaram, com abatimento devido à depreciação ocorrida ao longo desses anos.

    1. Mas por que será que o

      Mas por que será que o governo, 10/11 anos de PT, não reestatizou-as ?

      Como o senhor é retrógado. Prefere não ter telefone a estatizar as porcarias estatais.

      Para quem? Seus funcionários com certeza.

      -E o sonhado estado sindicalista.

      O desastre estah próximo.

       

    2. Reestatizar empresas telefônicas?

      Com certeza o o prezado comentarista é muito jovem ou não se lembra de quantos anos levava para receber uma linha telefônica fixa, depois de totalmente paga. E sem justificativas ou pedido de desculpas. E paga a preços altíssimos, declarada no Imposto de Renda. As empresas foram vendidas e, se tivessem sido doadas, ainda assim teria sido bom negócio para os brasileiros.

        1. Infelizmente sim!
          Era normal

          Infelizmente sim!

          Era normal telefonicas “contratarem” tipo 20.000 pessoas antes de eleições. Seria assim hoje com contratações temporárias e etc..

          Se vc é jovem vou lhe explicar como era.

          Era assim para se “obter uma linha telefônica no Brasil

          Vc pagava pela AMPLICAÇÃO da rede, ou seja, pagava para que fosse criado um novo número. Esse número era seu e só seu.

          Vc pagava pela ampliação do capital das estatais e recebia ações da cia. O valor era de cerca de US$500. Pobre não tinha telefone.

          Tudo bem? Vc paga e recebe o tel. Ok, mas não era bem assim.

          Vc pagava e 15 anos depois, não é piada é LITERAL, SUA LINHA AINDA NÃO havia SIDO INSTALADA.

          E tem mais, 15 anos depois, não há previsão de isntalação. vc liga pergunta e a empresa diz pode ser ano que vem ou daqui a 10 anos. Não tem previsão.

          Uma coisa é ser contra privatizar a amigos do Rei. Outra é ser contra privatizações.

  7. espionagem

    O episódio de espionagem foi repugnante .Aceitar a responsabilidade brasileira na inviabilizaçãoda internet , da elevação de custos ou de diminuição da democracia no funcioncionamento da rede como propõe “especialista” deste artigo é passar recibo da condição de viralata vendido e depressivo.

  8. Segundo a agência de notícias

    Segundo a agência de notícias Associated Press, “o Brasil pretende aumentar suas conexões independentes de internet com outros países” e, em especial, com a Europa, já que haveria um “entendimento comum” entre o país e a União Europeia.

     

    Como eles sabem de tudo isso???

  9. Vamos aguardar as

    Vamos aguardar as inteligências brasileiras que são preocupadas sim com o sigilo e que não colocam questões ideológicas no meio da discussão. Aliás, dizer que isto incentivaria naões totalitárias…O que os EUA fazem podemos chamar de que? Claro que é mais barato passar tudo por la´! O problema deles é de custo e não estão nem um pouco preocupados com o país. Essa gente dar opinião sobre isso é piada! O Depto de Estado dos Estado Unidos acho que colocaria até com mais jeito a questão.

    Que se manifestem como disse, os brasileiros capacitados para o debate e que não seja excluido da discussão tanto Julian como snowden. Deve existir pelo mundo gente séria preocupada com o assunto.

    Quem gosta de xerifão é tucano, baba ovo!

  10. Bruce Schneier é EFETIVAMENTE
    Bruce Schneier é EFETIVAMENTE um especialista muito conceituado em segurança digital.
    Meu palpite é que, pra variar, tenham pinçado declarações dele fora de contexto.

    No mais, acho que está havendo tempestade em copo dágua. Pelo pouco de concreto que vi até agora o Brasil não “desconectar” a rede brasileira da rede mundial, simplesmente vai investir em infra-estrutura própria, para que o tráfego de/para o Brasil não passe necessariamente pelos EUA. Mesmo não se considerando o aspecto segurança, é uma coisa que já devia ter sido feita há muito tempo. Assim como, em minha opinião, o Brasil deveria estar investindo em aviões, tanques, navios, etc, prá não ter que ficar comprando material de países “muy amigos” como os Estados Unidos, ou seus capachos europeus.

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